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Política
Putin x Trump: A segunda Guerra Fria da economia
4 de julho de 2017 at 15:29 0

O período da Guerra Fria marcou um capítulo interessante na história da humanidade. Estados Unidos de um lado, União Soviética do outro, mas não apenas em termos ideológicos. Apenas a título de curiosidade, algumas das maiores produções do cinema americano se basearam na rivalidade entre as duas grandes potências da época.

Hoje, entretanto, o assunto não é cinema, mas a delicada relação que os dois países mantem ao longo do tempo. De um lado a Rússia - considerada herdeira da extinta União Soviética e com todos os problemas decorrentes dos anos passados sob o manto do comunismo, e Estados Unidos - ainda considerado o país maior potência mundial, porém lutando para manter a posição com as economias com os olhos voltados cada vez mais para o Oriente. Noticiários e periódicos parecem estar replicando as manchetes dos anos 60, 70 e 80 com notícias de espionagem, posicionamentos opostos dos presidentes dos dois países sobre conflitos armados, apoio a ativistas e outras ações que levaram alguns especialistas a declarar que estamos vivendo um novo período de Guerra Fria. Faltou apenas mencionar que ambos os países concordam em algo essencial neste momento de globalização: os negócios. Segundo a Câmara de Comércio entre Rússia e Estados Unidos, cerca de 10.000 empresas de diversos segmentos geram mais de 3 milhões de empregos, totalizando aproximadamente US$ 25 bi em importações e exportações entre os dois países. Aqui no Brasil, a cooperação entre os dois países é prevista em US$ 10 bi ao ano tanto em cooperação técnica nas áreas de energia e agrícola, principalmente. Com tanto potencial econômico envolvido, não é de se estranhar que o empresário Donald Trump quisesse investir no país. Suas tentativas de estabelecer negócios na Rússia datam dos anos 80, quando afirmou que nunca ficou tão impressionado com o potencial de uma cidade quanto ficou com Moscou. Todos esses anos de “namoro” com a Rússia estão bem documentados pela imprensa, deste complexos hoteleiros que não vingaram a sócios russos acusados de lavagem de dinheiro, manipulação do mercados de ações e relações com a máfia. As investidas do então empresário ficaram sob um manto de suspeita que tomaram uma proporção ainda maior quando decidiu migrar para a carreira política e se tornou presidente. Há alguns meses a Casa Branca se pronunciou oficialmente sobre a questão, informando que o agora presidente Trump contratou um grupo de advogados para garantir que não existam suspeitas sobre suas conexões com a Russia – os críticos afirmam que isso não seria necessário caso o presidente liberasse o acesso ao seu imposto de renda. A teoria de que o momento atual é fruto do revanchismo russo tem seus adeptos. Há quem defenda a crença de Putin de que a Rússia não teve um tratamento justo durante a perestroika, agravando problemas econômicos e empobrecendo a população. A admissão pela OTAN de países historicamente contrários ao regime comunista imposto por Moscou anteriormente a admissão da Rússia parece ter agravado essa percepção e cada movimento da Otan em territórios e disputas regionais foi recebido como um insulto. Antecessor de Putin, Boris Iéltsin costumava afirmar que as dificuldades do país eram apenas momentâneas não apenas pelo armamento nuclear, mas principalmente pelo forte espírito russo. Putin parece ter carregado consigo esse aprendizado e colocado em prática durante seus dois mandatos. Por um lado, permanece a certeza de que o país não deve abrir mão de seus interesses e que sua opinião não deve ser ignorada. De outro, a convicção de que as revoluções levam o país a instabilidades que diminuem sua importância frente aos negócios mundiais. A única certeza é que, assim como na guerra fria, um confronto direto entre os dois países não irá produzir um vencedor. O medo, dessa vez, é menos uma bomba atômica e sim o colapso da economia e o reordenamento do cenário mundial  
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Investimentos, Outros assuntos, Tecnologia
Bitcoin: futuro da economia ou moda passageira?
1 de junho de 2017 at 10:25 0
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O Bitcoin está na moda.

Depois do Japão anunciar mudança no regulamento para aceitar oficialmente o bitcoin (BTC) como método de pagamento, a moeda atingiu preços que deixaram surpresos até mesmo os investidores mais entusiasmados. A criptomoeda é apenas mais uma das várias que existem e foi apresentada pela primeira vez em 2008 como um sistema de código aberto, baseada em uma rede peer-to-peer, autorregulada e criada para ser livre, sem interferência de governos e outros agentes bancários.

Dentre as principais maneiras de se conseguir os bitcoins está a mineração, processo de validação das transações pela resolução de problemas criptográficos, gerando blocos que são posteriormente inseridos na blockchain - banco de dados que armazena as informações de saldo e as transações efetuadas utilizando a moeda digital. Essa é a primeira vez que se tem conhecimento que os dados contábeis de transações monetárias são públicos e descentralizados.

Um dos grandes problemas que o mercado vê em moedas digitais é que elas não tem lastro. As moedas dos países possuem o lastro em dólar. Com o BTC o lastro é a confiança que o sistema seja autossustentável e isso o torna bastante volátil para se investir. Atualmente o preço está em alta e já ultrapassa os US$ 2.700, ambiente perfeito para a criação de uma bolha.

Até há poucas semanas a moeda não possuía nenhum valor inerente, sendo utilizado basicamente em trocas na internet, muitas delas em mercados ilegais de tráfico, drogas e outros crimes. O reconhecimento formal do Japão de que a moeda é um meio de pagamento válido no país fez com que o valor de mercado do Bitcoin aumentasse cerca de US$ 1 bi, e parte disso é porque os japoneses, e por consequência o restante do mundo, passam a reconhecer seu valor fora das telas do computador.

A Ásia tem sido protagonista na transição do BTC para uma moeda “real”. Além do Japão, a Coréia do Sul também admite que as criptomoedas vieram para ficar, tanto que o Bank of Korea (BOK) divulgou recentemente um documento em que diz acreditar em um sistema que moedas fiduciárias e digitais possam coexistir, e ainda expandiu o modelo para um regime triplo, em que moedas digitais também possam ser emitidas por bancos centrais e não apenas por particulares.

Acredito, entretanto, que a China tem o papel de destaque neste cenário. O país foi capaz de criar toda uma cadeia produtiva dentro deste mercado, que vai desde o maior pool de mineradores – responsáveis por quase metade de todos os BTC emitidos diariamente no mundo – à produção de equipamentos específicos para a realização dessa tarefa. A movimentação alertou o governo para a quantidade de dinheiro envolvido e agora as três maiores bolsas de bitcoin da China vão cobrar 0,2% de cada operação.

É certo que a preponderância asiática no mercado de BTC pode afetar uma de suas características principais, que é a descentralização. Alemanha, Rússia e Estados Unidos já o reconhecem como moeda digital e estudam medidas para regulamentar sua utilização, porém ainda tem um longo caminho a trilhar.

A grande pergunta é se os ideais revolucionários de autonomia, independência e descentralização sobrevivem após o último bitcoin ter sido minerado.

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Finanças, Investimentos, Juros
Dia-a-dia da taxa de juros negativo
2 de agosto de 2016 at 14:26 0

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A dificuldade das pessoas que não são do mercado em compreender o que significa taxa de juros negativa é real, uma vez que somos acostumados a juros exorbitantes e inflação de dois dígitos. As flutuações econômicas que vivemos não nos deu tempo de desenvolver as condições propícias para o sistema de juros negativos, uma realidade em diversos países da zona do euro e no Japão – que nos oferece um dos exemplos mais didáticos do funcionamento da chamada NIRP - taxa de juros negativa, sigla original em inglês.

O último censo no Japão mostrou que a taxa de natalidade diminuiu e o envelhecimento aumentou. Essas informações combinadas demonstram que o país tem dificuldade em aumentar a força de trabalho que paga os gastos públicos com previdência e saúde, além de não ter condições de sustentar as tentativas para reaquecimento da economia. No caso japonês, o Banco Central decidiu cobrar dos bancos comerciais os valores que excedam as reservas legais e os depósitos compulsórios. Teoricamente essa medida aumenta os empréstimos, a circulação de moeda e, consequentemente, a inflação.

O exemplo japonês atinge imediatamente o sistema bancário, mas ainda é necessário ver como isso atinge o correntista. A Suíça é um dos países que vem obtendo sucesso com a adoção dos juros negativos e lá os correntistas do banco BAS, especializado em investimentos sustentáveis e de cunho social, foram avisados que perderiam dinheiro ao deixar as economias na instituição. O que aconteceu no país após o estabelecimento dos juros negativos é que as pessoas começaram a diversificar a forma de guardar o dinheiro, inclusive alugando cofres em bancos a investimentos que tem retorno zero, tudo para não pagar taxas e serviços que compensem os bancos.

As situações vividas pelos moradores de países que utilizam o juro zero parecem surreais para os brasileiros. Desde taxas de apenas 1,1% em transações imobiliárias sem a necessidade de antecipar pagamentos, até receber dinheiro de volta por pagamentos efetuados em hipotecas, são muitos os exemplos. No momento a melhor opção tem sido os empreendimentos imobiliários, o que já chamou a atenção para a criação de uma bolha no setor.

Para o Brasil esta situação poderá ser benéfica pois são muitos trilhões que já estão nestas condições e com certeza parte deste capital poderá chegar até nós. Mesmo que seja uma pequena migalha serão bilhões que poderão desembarcar aqui. Atrás de high yeld, mas primeiro precisamos carimbar o passaporte que começa pela definição do impeachment. Vamos torcer para que o vento sopre na nossa direção.

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Finanças, Investimentos, Política
A Janela de Oportunidade no Brasil
26 de julho de 2016 at 17:59 0
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Diz o ditado que depois da tempestade sempre vem a bonança. Aqui no Brasil ainda não estamos na fase da bonança, mas já podemos ver um horizonte muito promissor. Uma janela de oportunidades que deve ser bem aproveitada por todos.

Apesar dos problemas que ainda enfrentamos, o humor do mercado está mudando e o índice de confiança está subindo cada vez mais. E apesar de não ser uma recuperação real, a percepção dessa confiança traz fluxo de capital externo e melhora a precificação dos ativos, o que pode ser confirmado com as altas consideráveis que alguns setores vem alcançando na Bolsa. Dadas as circunstancias de investimento do ambiente global -  em especial na Europa, com a falta de opções em países de política econômica confiável em razão dos juros negativos e a crise no Oriente Médio - o Brasil oferece mercado não apenas especulativo, mas também para investimento em infraestrutura e setores correlatos.

Uma das vantagens é que ao contrário de outros países que passaram recentemente por crises econômicas, a nossa não foi acompanhada por crise financeira. Passamos por restrição de crédito - dado o alto índice de inadimplência os bancos colocaram o pé no freio e com isso se agravou a crise. O brasileiro também se conteve mais nos chamados gastos “desnecessários”, mas a percepção da confiança já faz com que ele volte a gastar novamente, fazer empréstimos, compras a prazo e investir no sonho da casa própria

Nosso sistema financeiro bem estruturado permite essa recuperação mais rápida. Aqui, a Caixa Econômica Federal resolveu elevar o teto do valor dos imóveis financiáveis e acelerar a aprovação de crédito para pessoas físicas e apenas o esforço em aquecer o setor imobiliário já tem impacto positivo nas previsões do PIB.

A mudança do processo de gestão brasileiro, principalmente com a escolha de dirigentes técnicos para cargos diretivos nas estatais, foi o gatilho para o mercado financeiro repensar investimentos e reestruturação de dívidas do mercado de capitais. A atmosfera otimista se completa aliada ao fato do recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados ter um perfil mais equilibrado, conciliador entre os partidos e com conhecimento da matéria financeira.

A visão dos segmentos no mercado é que o governo interino de Michel Temer tem condições de avançar com, inclusive, projetos impopulares como reforma fiscal e da Previdência. Estamos à espera da finalização do rito do impeachment, o que dará o carimbo necessário para que essas medidas saiam do papel. Essa é a senha que falta para que o fluxo de capitais volte com força para os mercados em geral em busca de surfar a nova onda de oportunidade combinada por gestão mais eficiente e conjuntura econômica global. Apenas aí poderemos dizer que estamos definitivamente fora dessa crise.

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Bolsa, Finanças, Investimentos
Procura-se uma bolsa de startups
31 de maio de 2016 at 12:04 0

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Apesar dos noticiários estarem com a atenção voltada para os acontecimentos políticos e econômicos, o que temos de certeza é que viver e empreender, a vida pessoal e corporativa, continuam a ser o nosso grande desafio. Seja qual for a sociedade, a questão central passa pelo capital, pela renda, pelo emprego e consequentemente pelas grandes corporações e por milhares de pequenos empreendedores de todos segmentos. Se analisarmos o impacto da atuação dos pequenos empresários e startups podemos ver que, sem dúvida, são eles que mais geram emprego, fomentam a competitividade e oxigenam saudavelmente a economia por meio da descentralização de investimentos.

Grandes cartéis deixam a sociedade estruturalmente na mão de poucos. Podemos afirmar que vários segmentos mantém a concentração econômica bastante elevada. A tendência é aumentar cada vez mais essa predisposição, caso não sejamos capazes de revitalizar ou gerar oportunidade para o pequeno empreendedor e o capital de risco, por meio dos venture capital.

Atualmente, apenas pela via de fundos especializados as pequenas e médias empresas, PME, e startups tem acesso ao capital. Esse único sistema de acesso é muito pouco  em relação à demanda de capital por parte de empresários de negócios, principalmente tecnológicos. A política do último governo foi bastante incentivadora para grandes grupos e despejou bilhões de reais nas mãos de poucos, por intermédio de bancos governamentais. Esta má-formação do capital vem desconstruindo uma melhor distribuição de resultados corporativos.

Por mais de 10 anos a Bovespa tenta implementar sem sucesso o mercado de ações para este grupo, o de startups e PME. Apesar de possuir praticamente o monopólio deste mercado, não consegue atrair nem o capital e nem o empresário, devido a complexidade do sistema desejado e entendido como o justo e o correto para os participantes.

Reepensar no SOMA, com algumas pequenas alterações de uma forma a modernizá-lo para que seja um ambiente que facilite a vida dos empreendedores e investidores, com regras simples e sem grandes burocracias, é uma opção para a Bovespa. Empresas de menor porte teriam um mercado em que possam acessar capital de uma forma mais moderna. O Fintech é um dos exemplos de que a desintermediação  bancária já começou, com empréstimos pessoais em cartões de débitos. Outros sites estão começando a simular levantamento de capital por vias diversas como crowdfunding, por exemplo. Sem dúvida que estes modelos serão mais difundidos, pois a demanda de pequenas empresas e principalmente startups de área tecnológica de aplicativos são a nova tendência.

O brasileiro é um povo muito criativo, ele não pode ter somente um sistema bancário de 5 bancos que detenham 80% e só sabe falar a linguagem do juros. Um artigo no Estadão, demonstra que esses mesmos cinco bancos dominam as OPAs no país. Segundo a reportagem, uma das consequências dessa concentração é a elevação do tíquete médio, inviabilizando a entrada de pequenas e médias empresas no mercado financeiro.

A Bovespa poderia fazer bem mais, nesse aspecto. O “I do my best” não parece ser a sua principal preocupação pois, além de não sair dos mesmo 500 mil investidores, ainda se tornou a campeã em fechamento de empresas. A meta de 5 milhões de investidores alardeada no passado ficou para trás. Esses dados demonstram que o fracasso da Bovespa em abrir o mercado de ações para pequenas e médias empresas é incontestável e deveria ser uma lição para quem trabalha com mercado financeiro. Regras complexas afastam os investidores e mantém o mercado congelado.

Acredito que poderíamos ser bem mais do que somos em mercado de ações. Aproveitando o squeeze de crédito que temos e a alta demanda pelas empresas startups de tecnologia, deveríamos reunir investidores de capital de risco em torno da mesa para entender e tentar usar este momento como o começo de uma nova bolsa que está incubada e adormecida dentro da própria  Bovespa. O SOMA um sistema descomplicado e rapidamente teremos as Fintechs da Bolsa, em que a relação de interesse predomina sobre o monopólio de mercado.

Em tempo de crise, o capital também está a procura de oportunidade que devem ser aproveitadas sem grandes burocracias. Um bom começo é dar chance a milhares de empreendedores de ter um centro de negociação com uma instituição de respeito e competente na implantação das negociações. Uma boa semente a ser plantada é usar o clearing da Bovespa e a revitalização do Mercado de Balcão organizado, deixando a semente plantada crescer com a mesma simplicidade dos aplicativos atuais e a predominância tecnológica.

Aí sim poderemos dizer: I do my best!

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Bolsa, Câmbio, Finanças
Moody’s rebaixa Brasil com perspectiva negativa
25 de fevereiro de 2016 at 16:15 0

grau de investimento

Em setembro de 2015 a Standard and Poor’s rebaixou o grau de investimento da economia brasileira. Este movimento foi um choque de realidade para o governo brasileiro, que ainda não tinha assumido publicamente a gravidade da crise. Em dezembro foi a vez da Fitch rebaixar a nota brasileira. A Moody’s, única agência de classificação de risco que ainda mantinha o grau de investimento brasileiro, cortou ontem 2 níveis da nossa nota de uma só vez. O Brasil atualmente é classificado pela Moody’s como Ba2, considerado o nível "junk”, ou uma economia especulativa, não confiável para os investidores.

Uma série de fatores foi determinante para que a Moody’s seguisse esse caminho, assim como aconteceu com a S&P e a Fitch. Além da deterioração nas métricas de crédito do Brasil, o baixo crescimento e o descontrole das dívidas públicas foram determinantes. A perspectiva de que em breve a dívida pública brasileira deverá atingir 80% do nosso PIB é assustadora para os analistas de risco. A falta de credibilidade política também foi um fator determinante nesta decisão.

Segundo a agência, se continuarmos como estamos, ficaremos por dois ou três anos no chamado “crescimento anêmico”, que é quando não há crescimento significativo. A receita é simples: uma economia estagnada não produz dinheiro novo, logo o pagamento de dívidas é prejudicado. Fica também muito difícil conseguir dinheiro para que o governo promova investimentos. Com a taxa de juros se mantendo elevada, o Brasil terá muita dificuldade em pagar a dívida, porque só os juros vão representar aproximadamente 20% de toda receita do governo.

A próxima reunião do Copom será um desafio para o BC, pois apesar do aprofundamento da recessão, a inflação não tem dado trégua como esperado. A grande dificuldade em avaliar a economia daqui para a frente, complica ainda mais a tomada de decisões. O IPCA mais recente demonstrou claramente que o efeito da queda de atividade no Brasil ainda está longe de quebrar a inércia da indexação dos preços administrados, além da inelasticidade de alguns mercados nos preços praticados, o que deixa o efeito da recessão mais rígido e o processo de recuperação mais lento.

Possivelmente seremos obrigados a aprofundar ainda mais a crise para que a inflação comece a cair, pois o efeito da força da política monetária via juros, aparentemente, continuará neutro. Mas apesar de toda dificuldade do quadro, temos de seguir em frente e nos mantermos firmes e confiantes que muitas oportunidades também deverão surgir.

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Investimentos, Política
A derrocada da Petrobras
21 de janeiro de 2016 at 16:17 0

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O futuro incerto da Petrobras está cada dia menos promissor, perdendo a confiança dos investidores. E para piorar, ainda tem o lado do valor do petróleo que deixa dúvidas sobre a capacidade deste setor aguentar a baixa forçada, por causa da guerra de preços.

A volta do Irã ao mercado de petróleo, sendo o quarto maior produtor do mundo, coloca um futuro sombrio no setor, de modo geral. A quem interessa o preço do petróleo despencar? Somente aos mega produtores, que têm um custo de produção muito abaixo da média, como a Arábia Saudita e o próprio Irã que além de estar de volta ao mercado, ainda possui uma reserva gigantesca de petróleo e de capital. Nesta situação, pode aguentar um período mais longo desta guerra preços.

O cenário da Petrobras é completamente diferente, pois precisamos de um preço de mercado por volta de $40 o barril, para podermos viabilizar o custo do Capex e a dívida acumulada (que é a maior do mundo corporativo).

Conforme informações da própria empresa, o Pré-Sal poderia ser explorado pelo custo de 8 dólares o barril, mas as dificuldades de financiar o Capex estão se avolumando com os preços do petróleo em queda e o estragulamento financeiro. Com essa situação de mercado complexa, a dificuldade de trazer parceiros para investimento será muito grande.

Parece que a grande solução para Petrobras será a venda de ativos para pagar dívidas, o que é uma pena. No momento atual o mundo dos emergentes sofre com uma crise econômica somada a uma crise de petróleo. Não teremos vida fácil para investimentos, pois comprar ativo está mais atrativo do que tomar risco de performance em project finance no Brasil.

Sinceramente está muito difícil fazer uma análise sobre qual será o futuro da Petrobras, pois a mesma está ficando pequena dentro do contexto corporativo, a exemplo da Eletrobrás que foi perdendo seus ativos e hoje vale 10% a 20% do que já valeu. A Petrobras já está na mesma situação.

Está parecendo que vamos entrar em uma "Era" diferente, a pós Xisto. O preço do Xisto está no nível de 60 dólares, ficando atrativo para a produção. Isso cria mais uma super oferta de produção de energia e por isso os grandes produtores que têm custos muito baixos de extração querem se sobressair aos produtores americanos. Creio que dificilmente consigam, pois cada vez mais a tecnologia vai baratear o custo da produção e assim vai sendo criada uma nova ordem de mercado.

A própria Brasken está transferindo uma planta para o México, em função do custo do Xisto, em detrimento a Coperg. Sem dúvidas que a vida ficará mais difícil para produtores como o Brasil, Venezuela, Rússia e outros que terão de investir mais para extrair mais barato que a planta atual.

O produto interno bruto (GPD) mundial não caiu na mesma proporção que a queda do Barril de Petróleo, fato causado propositalmente pela super oferta energética.

De certa forma esta conjuntura servirá para mostrar a alguns grupos nacionalistas, que sempre alardearam que “o Petróleo é nosso” e superestimaram a importância de ter o controle nas mãos do governo, que além de restringirem o capital estrangeiro quando houve a descoberta do Pré-Sal ou mesmo a fornecedores da Petrobras (que têm de ter no mínimo um % de indústria nacional), em muitos casos ainda fizeram com que a Petrobras pagasse muito mais caro.

Segundo a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustiveis) e do Jornal Valor Economico, “com o barril do petróleo tipo Brent a US$ 51 e o WTI abaixo de US$ 50, diversas operações de xisto deixam de ter viabilidade econômica, afirma o analista Virendra Chauhan, da Energy Aspects. Nas contas dele, um preço de US$ 60 por barril prejudica três das seis mais importantes áreas de produção de xisto nos EUA. Considerando o preço atual do barril na casa dos US$ 50, a maior parte dos produtores fica em situação ruim e, por isso, suscetível a reduzir suas atividades de perfuração, princialmente em áreas periféricas.”

No final tudo se resume em mercado, por mais que não gostemos, pois o preço da matéria prima no mercado de commodities é que vai ditar o destino de cada Companhia do setor, inclusive da Petrobras. E isso tudo vale também para o Trigo, a Soja, o Álcool e assim por diante.

Um fator positivo para a Petrobras é o seu monopólio, que permite que a estatal estipule os preços do mercado interno de combustível. Isso pode ser bom para a petroleira, mas o monopólio é ruim para os consumidores, que não se beneficiam da queda do preço do petróleo.

Possivelmente o melhor dos mundos seria agora a Petrobras somente produzir o que comercializar, mas sabemos que não funciona deste modo. O lado ruim é que não poderemos diminuir a inflação baseando-nos na queda do petróleo, pois o preço é fixado pelo governo que precisa ter resultado na operação. E assim os brasileiros subsidiam a Petrobras, sabiam?

Qual a solução para este imbróglio que o governo se meteu? Precisamos administrar uma solução para reduzir a dívida e não ter de colocar dinheiro em uma empresa que, por décadas, sempre foi muito lucrativa. Capitalização em um momento em que a empresa está nas mínimas históricas não parece muito adequado.

Rolar dívida e cortar investimento além de vender participações de subsidiárias parece ser a receita atual, mas que está longe de ser a solução, pois os mercados poderão continuar a pressionar o preço do petróleo até, quem sabe, 20 dólares o barril. E aí?????

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Bolsa
A possível fusão das bolsas
5 de novembro de 2015 at 09:59 0

bolsas

Onde há fumaça, há fogo. Por enquanto a notícia de uma possível fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip é apenas boato, o que obviamente não poderia ser confirmado dado que nestas negociações o sigilo é fundamental, mas a experiência diz que quando vaza para a imprensa é porque algo está acontecendo.

A Bovespa e o Cetip trabalham com operações distintas e concorrem somente no segmento de renda fixa que hoje, cada vez mais, tende a aumentar dado o ambiente macroeconômico. Já por outro lado, o Equity tem caído cada vez mais pela mesma razão.

Pessoalmente não vejo com bons olhos a fusão, pois o mercado hoje já carece de uma maior competitividade e de produtos inovadores. Ao longo dos anos a Bovespa, como empresa de Cia aberta, não deu grandes contribuições neste campo além do fracasso de incremento de investidores na bolsa de valores. Ao longo de 5 anos de operação nesta etapa em que a Bovespa se encontra hoje, o número de investidores se mantém congelado, por volta de 500 mil.

Sem dúvida que a BM&FBovespa foi um bom negócio para seus acionistas, mas para corretores e empresas listadas tenho minha dúvidas e, para confirmar, basta ver a quantidade de Corretoras que fecharam as portas. O crescente fechamento de capital e cancelamento de registro de empresas listadas falam por si só. As mais significativas foram a Corretora Souza Barros, com 50 anos de atividade e a Cia. Souza Cruz que anunciou fechamento de capital.

A última vez que me recordo de uma compra e aquisição, foi a da SOMA, sociedade entre operadores mercado de acesso, que tinha como objetivo um modelo de plataforma nos moldes do  NASDAQ e seria o acesso para pequenas empresas de middle market e startups de tecnologia. Até hoje a Bovespa não conseguiu fazer decolar através do Bovespa Mais, criado para substituir a SOMA, um modelo que funcionava e que foi comprado, enterrado e está até hoje escondido em uma gaveta qualquer. Meu receio é que o Cetip seja descaracterizado totalmente, pois com em razão do seu tamanho e da forma que opera o engavetamento não é uma opção viável.

A fusão poderia ser considerada boa, mas para quem? Para o mercado com certeza não, pois corremos o risco de termos um monopólio, com uma só bolsa fazendo as duas atividades. Nós já vimos este papo de mercado grande e único. Para que e por quê?

Na realidade não está faltando dinheiro para investimentos nas duas bolsas, mas sim uma gestão direcionada mais ao mercado, além de produtos mais condizentes com a nossa realidade, resolvendo o acesso de pequenas e médias empresas que hoje só têm o mercado de renda fixa e o crédito para acessar.

É muito pouco ainda termos na Bovespa apenas 500 mil, quando a meta eram 5 milhões de investidores pessoa física, em 10 anos.

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Bolsa, Investimentos
A nova classificação dos fundos imobiliários facilitam para o investidor
28 de outubro de 2015 at 15:33 0

facil para investidor

Os fundos imobiliários tiveram uma das melhores posições dentre as opções de investimentos no primeiro semestre deste ano, mas nos últimos meses houve uma piora neste mercado também.

Dentro da indústria, há vários tipos de fundos imobiliários, com características específicas e muito diferentes entre si, mas que não são classificadas de forma a atrair e facilitar para o investidor a compreensão das vantagens e dos riscos. Hoje, o investidor precisa ler todo o regulamento completo de uma carteira para poder saber os riscos.

Mas a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) elaborou, pela primeira vez, um retrato com os dados do mercado de fundos imobiliários que entrou em vigor no dia 1º de outubro. Essa classificação envolve um total de 234 carteiras, das quais 124 possuem cotas negociadas na BM&FBovespa. O levantamento desses dados tem a intenção de melhorar o processo de seleção dos investidores, esclarecendo a eles exatamente que tipo de negócio estão comprando.

Na minha opinião, a classificação vai funcionar como educação financeira, pois o investidor vai conseguir entender que há vários tipos de fundos imobiliários dentro da indústria, por exemplo.

Eu defendo muito a entrada de mais pessoas físicas no mercado de investimentos e sei que uma das maiores barreiras é a falta de conhecimento. Acredito que essa classificação possa ajudar bastante a atrair este tipo de investidor.

O número de pessoas físicas que detêm cotas de fundos imobiliários é estável, mas neste mês de setembro verificou-se uma diminuição em relação a dezembro do ano passado: 90.242 hoje, contra 92,7 mil de dezembro.

É importante que o investidor saiba que os fundos imobiliários ainda estão com rendimento acima da inflação e, embora também esteja sofrendo os efeitos da crise, muitas classes ainda poderão ter vantagens.

Quem quiser acessar os documentos da nova classificação da Anbima, pode acessar AQUI.

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Juros, Política
Meta de inflação
6 de outubro de 2015 at 16:41 0

meta da inflação

O tema da inflação está ressurgindo nos debates econômicos. Os modelos discutidos pelas diferentes linhas de teorias econômicas, tanto a ortodoxa como heterodoxa, têm dado o tom das possíveis soluções para atual crise econômica. Qual seria o modelo ideal? Aumento de juros, controle cambial, diminuição de juros para aumentar a atividade econômica, aumento de impostos para fechar o orçamento e por aí vai.

 Nesse domingo uma economista chamada Monica Baumgarten, do Instituto Peterson de Economia Internacional, propôs voltarmos para o modelo de âncora cambial com âncora fiscal abandonando a meta de inflação, pois segundo a matéria podemos ter inflação na ordem de até 20% a.a. caso não consigamos arrumar a casa. Sem dúvida começam a aparecer as mais variadas teses econômicas e de diversas correntes, que só aparecem em função da incógnita sobre o futuro. Inicialmente vamos NÃO pensar nessa hipótese.

O modelo de target inflation, ou meta de inflação, é um modelo baseado nos instrumentos clássicos da política monetária através de juros, dívida pública e câmbio. Estes instrumentos que são utilizados pelo BC fazem o controle da demanda de consumo e são os indutores de expectativas projetadas no comportamento dos mercados, como maior ou menor liberdade de compulsórios de bancos para aumentar a base de crédito na economia, além de outras ferramentas econômicas de maior ou menor calibre, como também até mesmo o controle cambial quando se faça necessário. O nosso modelo era uma mistura dos dois: ortodoxo e o heterodoxo, sendo o BC fazendo o ortodoxo e o ministro Mantega o heterodoxo. Agora parece o modelo foi unificado com o Ministro Levy.

Realmente é difícil de imaginar que as coisas dessem certo em relação ao controle da inflação, pois não se combinam tanto na tese econômica como no resultado, porque a política econômica não tem uma grande efetividade no controle quando as portas do crédito são abertas por outras vias, principalmente por subsídios diversos e aumento considerável de estímulos de aumento de consumo.

Não existe vencido nem vencedor em teoria econômica, pois elas funcionam quando são aplicadas em momentos corretos. A teoria econômica mais ortodoxa serve para dar âncora ao desenvolvimento, se colocada em momento adequado.

O risco atual de termos um repique de inflação acima das expectativas ou das previsões é real, pois o fator do imponderável cenário político embute um risco de perda de eficiência da política monetária como política de controle.

Como assim? A maioria dos economistas acredita que a inflação deverá cair com o baixo consumo: além da queda da renda, o aumento do desemprego propiciam uma maior queda na demanda. Diria que este é um cenário básico e bem racional, caso as coisas se arrumem no campo político.

Necessariamente a baixa demanda não garante queda na inflação, basta ver a economia dos hermanos argentinos em que o tamanho foi reduzido a um terço do PIB ao longo dos anos de devaneio econômico da era Kirchner, mas a inflação real se mantém acima dos 20%, pela falta de elasticidade na demanda de consumo, além das restrições e das dificuldades da economia de mercado atuarem em contraponto ao aumento de preço. Tanto lá como aqui, somos das economias que mais protege as suas indústrias via Impostos de Importação e outras barreiras comerciais.

Os mercados já precificaram os juros e o dólar, mas ainda não a inflação, aí o IPCA, IGPM e outros indexadores poderão se tornar uma boa opção para efeito de investimento. Acredito que os juros deverão se manter ou subir na margem caso o cenário seja de controle da situação e do câmbio. Neste ponto as medidas ortodoxas poderão ter baixa eficiência em controlar a inflação via aumento de juros, sem gerar mais déficit e aprofundamento da recessão.

Eu penso que teremos tanto o IGPM como o IPCA surfando em índices parecidos com 2015, perto da casa de dois dígitos.  Os mercados trabalham com estimativa de 5,5% a 6% e a meta de inflação que o governo trabalha ainda está em 4,5% para 2016.

Todos os impostos, CPMF, CIDE, aumento de combustíveis e etc, de uma forma ou outra virão e são inflacionários, pois serão repassados aos preços finais. Máxi cambial + aumento de impostos = mais inflação. Tomara que a fórmula esteja errada.

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