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Juros, Política

Meta de inflação

6 de outubro de 2015 0

meta da inflação

O tema da inflação está ressurgindo nos debates econômicos. Os modelos discutidos pelas diferentes linhas de teorias econômicas, tanto a ortodoxa como heterodoxa, têm dado o tom das possíveis soluções para atual crise econômica. Qual seria o modelo ideal? Aumento de juros, controle cambial, diminuição de juros para aumentar a atividade econômica, aumento de impostos para fechar o orçamento e por aí vai.

 Nesse domingo uma economista chamada Monica Baumgarten, do Instituto Peterson de Economia Internacional, propôs voltarmos para o modelo de âncora cambial com âncora fiscal abandonando a meta de inflação, pois segundo a matéria podemos ter inflação na ordem de até 20% a.a. caso não consigamos arrumar a casa. Sem dúvida começam a aparecer as mais variadas teses econômicas e de diversas correntes, que só aparecem em função da incógnita sobre o futuro. Inicialmente vamos NÃO pensar nessa hipótese.

O modelo de target inflation, ou meta de inflação, é um modelo baseado nos instrumentos clássicos da política monetária através de juros, dívida pública e câmbio. Estes instrumentos que são utilizados pelo BC fazem o controle da demanda de consumo e são os indutores de expectativas projetadas no comportamento dos mercados, como maior ou menor liberdade de compulsórios de bancos para aumentar a base de crédito na economia, além de outras ferramentas econômicas de maior ou menor calibre, como também até mesmo o controle cambial quando se faça necessário. O nosso modelo era uma mistura dos dois: ortodoxo e o heterodoxo, sendo o BC fazendo o ortodoxo e o ministro Mantega o heterodoxo. Agora parece o modelo foi unificado com o Ministro Levy.

Realmente é difícil de imaginar que as coisas dessem certo em relação ao controle da inflação, pois não se combinam tanto na tese econômica como no resultado, porque a política econômica não tem uma grande efetividade no controle quando as portas do crédito são abertas por outras vias, principalmente por subsídios diversos e aumento considerável de estímulos de aumento de consumo.

Não existe vencido nem vencedor em teoria econômica, pois elas funcionam quando são aplicadas em momentos corretos. A teoria econômica mais ortodoxa serve para dar âncora ao desenvolvimento, se colocada em momento adequado.

O risco atual de termos um repique de inflação acima das expectativas ou das previsões é real, pois o fator do imponderável cenário político embute um risco de perda de eficiência da política monetária como política de controle.

Como assim? A maioria dos economistas acredita que a inflação deverá cair com o baixo consumo: além da queda da renda, o aumento do desemprego propiciam uma maior queda na demanda. Diria que este é um cenário básico e bem racional, caso as coisas se arrumem no campo político.

Necessariamente a baixa demanda não garante queda na inflação, basta ver a economia dos hermanos argentinos em que o tamanho foi reduzido a um terço do PIB ao longo dos anos de devaneio econômico da era Kirchner, mas a inflação real se mantém acima dos 20%, pela falta de elasticidade na demanda de consumo, além das restrições e das dificuldades da economia de mercado atuarem em contraponto ao aumento de preço. Tanto lá como aqui, somos das economias que mais protege as suas indústrias via Impostos de Importação e outras barreiras comerciais.

Os mercados já precificaram os juros e o dólar, mas ainda não a inflação, aí o IPCA, IGPM e outros indexadores poderão se tornar uma boa opção para efeito de investimento. Acredito que os juros deverão se manter ou subir na margem caso o cenário seja de controle da situação e do câmbio. Neste ponto as medidas ortodoxas poderão ter baixa eficiência em controlar a inflação via aumento de juros, sem gerar mais déficit e aprofundamento da recessão.

Eu penso que teremos tanto o IGPM como o IPCA surfando em índices parecidos com 2015, perto da casa de dois dígitos.  Os mercados trabalham com estimativa de 5,5% a 6% e a meta de inflação que o governo trabalha ainda está em 4,5% para 2016.

Todos os impostos, CPMF, CIDE, aumento de combustíveis e etc, de uma forma ou outra virão e são inflacionários, pois serão repassados aos preços finais. Máxi cambial + aumento de impostos = mais inflação. Tomara que a fórmula esteja errada.

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