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Investimentos, Tecnologia
Crowdfunding: o financiamento coletivo no Brasil
29 de agosto de 2016 at 19:14 0
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A palavra talvez seja novidade para alguns, mas crowdfunding (ou financiamento coletivo) não é exatamente uma invenção moderna. Quem nunca participou da famosa “vaquinha” para financiar um presente para um amigo ou ajudar uma instituição de caridade. A diferença do crowdfunding talvez seja a proporção da “vaquinha”, uma vez que a internet é um meio muito mais amplo de repercutir a ideia.
O financiamento coletivo vem mudando a relação que as pessoas têm com iniciativas culturais no Brasil. Sim, nós temos a Lei Rouanet, que conta com a colaboração de empresas e pessoas físicas para o patrocínio dos projetos em troca de benefícios fiscais, mas projetos independentes de baixo e médio orçamentos não conseguem o auxílio necessário pois não dão toda a exposição que a empresa deseja. Então, o crowdfunding nesse aspecto é um importante mecanismo de diversificar a nossa produção cultural, oferecendo meios para que várias iniciativas possam ser conhecidas pelo grande público.
Os exemplos de quem pede um financiamento no Brasil são muitos, desde atletas, músicos, ONG’s de proteção aos animais, ativistas sociais e educadores. Até o Vasco foi beneficiado, quando um de seus torcedores iniciou uma campanha para abater as dívidas do clube com a Receita Federal.
Startups, especialmente as de tecnologia, são também grandes beneficiadas por essa ferramenta e desde 2012 os Estados Unidos contam com legislação específica para o chamado equity crowdfunding. A Jumpstar Our Business Startups Act, ou JOBS Act, sofre severas críticas pois não cumpre a proposta de facilitar o acesso das MPEs ao mercado e aponta o Brasil como exemplo a ser seguido nessa questão. Nossa legislação foi editada antes do JOBS Act pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM e é bastante inovadora no sentido de que não limita o aporte individual de capital, um ponto muito importante para o relacionamento entre as startups e os investidores anjo. A limitação ocorre nos valores anuais de financiamento, que não pode ultrapassar o limite anual de R$ 2.4 milhões.
Basicamente o investimento em startups utiliza o modelo de recompensas, doações, equity e crowddebt. Este último, que consiste em tomar dinheiro emprestado a taxas bastante interessantes para ambos os lados, sofre severas restrições por parte do Banco Central do Brasil, que dificulta o empréstimo entre pessoas físicas. O equity se mostra uma alternativa bastante eficaz, mas que ainda carece de algumas seguranças para o investidor. O medo de fraude é sempre presente, entretanto a CVM demonstra interesse em fortalecer o setor e vem fazendo um trabalho muito cuidadoso.
Contar com a colaboração de investidores para abrir a própria empresa é realidade no mundo todo. O Pebble Watch se tornou sucesso de vendas e arrecadação de financiamento além de mostrar que as pessoas estão interessadas em investir em gadgets que facilitem a própria vida e ouçam o usuário. O jogo Star Citizen, maior fenômeno do que o crowdfunding pode fazer, deixou claro que não devemos ignorar que as memórias afetivas também são importantes nesse tipo de projeto e arrecadou  quase US$ 50 milhões ao final da campanha onde pedia US$ 500 mi para manter o desenvolvimento de um jogo que seria descontinuado.
Ainda temos muito que avançar no crowdfunding, sob vários aspectos, mas o principal talvez seja ter maturidade no mercado. O objetivo principal do financiamento coletivo, aliás, de todo projeto coletivo, não é financiar desejos e caprichos de um pequeno grupo, mas beneficiar a sociedade como um todo, seja colaborando com a cultura nacional, financiando um jogo ou mesmo fazendo hambúrguer.
Estamos no caminho, só precisamos de atenção e foco para não nos desviarmos dele.
 
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Bolsa, Investimentos
A nova classificação dos fundos imobiliários facilitam para o investidor
28 de outubro de 2015 at 15:33 0

facil para investidor

Os fundos imobiliários tiveram uma das melhores posições dentre as opções de investimentos no primeiro semestre deste ano, mas nos últimos meses houve uma piora neste mercado também.

Dentro da indústria, há vários tipos de fundos imobiliários, com características específicas e muito diferentes entre si, mas que não são classificadas de forma a atrair e facilitar para o investidor a compreensão das vantagens e dos riscos. Hoje, o investidor precisa ler todo o regulamento completo de uma carteira para poder saber os riscos.

Mas a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) elaborou, pela primeira vez, um retrato com os dados do mercado de fundos imobiliários que entrou em vigor no dia 1º de outubro. Essa classificação envolve um total de 234 carteiras, das quais 124 possuem cotas negociadas na BM&FBovespa. O levantamento desses dados tem a intenção de melhorar o processo de seleção dos investidores, esclarecendo a eles exatamente que tipo de negócio estão comprando.

Na minha opinião, a classificação vai funcionar como educação financeira, pois o investidor vai conseguir entender que há vários tipos de fundos imobiliários dentro da indústria, por exemplo.

Eu defendo muito a entrada de mais pessoas físicas no mercado de investimentos e sei que uma das maiores barreiras é a falta de conhecimento. Acredito que essa classificação possa ajudar bastante a atrair este tipo de investidor.

O número de pessoas físicas que detêm cotas de fundos imobiliários é estável, mas neste mês de setembro verificou-se uma diminuição em relação a dezembro do ano passado: 90.242 hoje, contra 92,7 mil de dezembro.

É importante que o investidor saiba que os fundos imobiliários ainda estão com rendimento acima da inflação e, embora também esteja sofrendo os efeitos da crise, muitas classes ainda poderão ter vantagens.

Quem quiser acessar os documentos da nova classificação da Anbima, pode acessar AQUI.

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Bolsa, Investimentos, Juros, Política
O endividamento das empresas
29 de setembro de 2015 at 13:12 0

endividamento das empresas

As empresas brasileiras estão vivendo um momento extremamente delicado. O endividamento está chegando a níveis insustentáveis. Isso quer dizer que não conseguem manter o fluxo de caixa – a saída de dinheiro está bem maior do que a entrada.

Segundo matéria que li no Valor, uma das agências de risco que faz as análises do grau de investimento dos países, a Fitch, calcula que a alavancagem média das empresas brasileiras deve fechar o ano em 4,5 vezes. E isso coloca em estado de alerta máximo todo o mercado financeiro, desde os analistas aos investidores. Para alguns outros pesquisadores, o endividamento x o lucro das empresas já está em 5 vezes. Ou seja: as empresas devem 5 vezes mais do que estão lucrando. O risco de insolvência das empresas que estão neste nível de endividamento é muito grande. A desvalorização do Real, em 12 meses, já chegou a 70%. Isso significa que as empresas que tem dívidas em moeda estrangeira está com a capacidade de 1/3 do pagamento dessas dívidas. Isso gera a incerteza do mercado que para de investir nas empresas brasileiras. É uma bola de neve que não para de crescer, com os juros e o dólar em disparada e a possibilidade da perda real do grau de investimento pelas outras agências. O governo precisa encontrar uma saída urgente, além dos ajustes fiscais, o corte de gastos e, quem sabe, a venda de ativos, para controlar esse cenário antes que ele fique pior. Os números de desemprego assustam. Os empresários e as famílias brasileiras estão todos no mesmo barco da crise política e econômica pela qual estamos passando. Vender os ativos, com preços atrativos (pelo fato da valorização do dólar), pode ser uma saída inevitável para atrair novamente os investidores estrangeiros e voltarmos a crescer.
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Investimentos, Política
Saiba o que é investment grade, o famoso grau de investimento
2 de setembro de 2015 at 18:28 0
Saiba o que é investment grade, e o que significa perdê-lo.

Saiba o que é investment grade, e o que significa perdê-lo.

No momento em que o Governo apresenta o orçamento para 2016 com possibilidade de fortes ajustes nas contas públicas, um termo tem chamado a atenção de todos: Grau de Investimento. Grau de Investimento, ou Investment Grade, é uma nota atribuída aos países por agências de classificação de risco e que indicam, grosso modo, a capacidade que os países têm de pagar suas dívidas internas e externas. As principais agências em operação hoje, no mundo, são: Fitch Ratings, Moody's e Standard & Poor's. Elas desenvolveram uma metodologia que avalia a possibilidade que os países têm de saldar as dívidas e oferecer retorno aos investidores. Quanto maior a nota, maior o retorno. O outro extremo seria o grau especulativo, com grandes chances de inadimplência. A agência não olha apenas para os números, mas para todo o contexto – inclusive o político, na hora de decidir a nota. A diminuição da nota retira do Brasil o selo de “bom pagador”, o que faz com que aconteça encurtamento do crédito externo, uma vez que os juros se tornam muito altos e dificulta o levantamento de recursos estrangeiros, além de tornar o país pouco atrativo para investidores de grande porte. As consequências do downgrade no Brasil faz com que percamos bilhões de dólares em investimentos, pois os investidores ficam impedidos de aplicar recursos em países com grau especulativo e a perda de rating das empresas no país as faz perderem capacidade de financiamentos para investir em novos projetos. Grosso modo, investidores emprestam dinheiro aos países, comprando suas dívidas, em troca de taxa de juros. Cada título escolhido possui uma regra diferente. Assim se procede no Brasil com a compra de títulos do tesouro direto: empresta-se dinheiro para receber juros em troca. A perda do investment grade faz os grandes investidores internacionais remanejarem seus dólares para outra economia, que tenha mais garantias. Por exemplo: se há o risco de o Brasil dar calote, eles vão investir nos EUA, Alemanha ou Noruega. O mercado entende que país com melhor nota na escala são melhores pagadores e então podem captar recursos com juros menores. Por sua vez, aqueles de pior nota terão de pagar juros altíssimos aos investidores. Então fica mais caro e difícil para as empresas e pessoas físicas conseguirem créditos e financiamentos. Isso impacta na inflação, pois a alta é repassada nos preços para o consumidor final em diversos segmentos, principalmente os que se utilizam de insumos importados, como indústria, agricultura e saúde (que importa muitos medicamentos e materiais de consumo). Isso diminui o poder de compra de toda a sociedade, causando menos consumo, menos produção e desemprego em todos os setores. Como sabemos, o cenário atual não é positivo ou favorável. O mercado precisa de estabilidade para atrair investimentos que ajudem o Brasil a atravessar esta crise, oferecendo uma economia sólida. É claro que podem ocorrer mudanças repentinas e surpreendentes, mas podemos prever que passaremos um bom tempo em situação difícil.  
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