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Investimentos

Investimentos, Juros, Política
O dilema dos juros
23 de setembro de 2015 at 15:58 0
juros Com o momento político-econômico se agravando em função da queda de braço entre os poderes Executivo e Legislativo, há a possibilidade de agravamento da crise cambial e isso faz com que haja uma mudança nas expectativas em relação aos juros.

Com a curva futura dos juros apontando para 16%, começa a se delinear uma possível projeção de inflação mais aquém da meta estimada pelo Banco Central para 2016. A projeção do futuro embute um clima de descrédito quanto à possível queda da inflação dentro da meta estimada.

A corrente que está formada pelo fluxo da incerteza no âmbito político-econômico vem fazendo com que o dólar seja apreciado constantemente e, assim, acabe impactando na expectativa futura dos juros, apesar da piora considerável na demanda de consumo. O ciclo vicioso está formado.

O dilema da subida dos juros, na atual situação, pode agravar bastante o déficit brasileiro, além de colocar mais gasolina na fogueira. No caso específico do sistema de crédito de habitação, cria um descasamento fantástico. O sistema de poupança vem batendo recordes de saques, principalmente pela falta de atratividade, além de o volume de operações ter crescido de forma agressiva principalmente pela Caixa Econômica (em que saímos de 4% a uma década para 20% do sistema).

Hoje, com a subida dos juros e com os saques crescentes da poupança, os Bancos emitem CDB ou LCI para financiar este déficit, fazendo com que tenham um spread negativo em torno de 3% entre o captado em títulos fora da poupança e o crédito já dado em base de TR. Na realidade o problema é de todo sistema de poupança, apesar de a Caixa ser mais contundente, pois o programa Minha Casa Minha Vida teve uma expansão e representatividade como programa de governo.

O contexto hoje é bem diferente de outros tempos em que o crédito imobiliário não era tão significativo. A subida dos juros, caso se tenha necessidade de usar o crédito imobiliário como política monetária, fará com que o déficit orçamentário, além dos títulos públicos, aumentem significativamente.

Veja esses gráficos:

jurosgrafico poupanca 02

A dimensão do dilema: a possível alta dos juros, caso haja necessidade, poderá fazer um grande estrago nas contas públicas e o não aumento dos juros poderá ser interpretado pelo mercado, já bastante nervoso, como um certo abandono das metas de inflação.

Uma coisa é certa: especular neste momento com juros e dólar é muito arriscado. O conselho é ser conservador em relação aos seus investimentos, sem perder a visão das oportunidades.

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Investimentos, Política
Enfim, a primeira baixa do Investment Grade.
10 de setembro de 2015 at 16:49 0
S&P rebaixou a nota de investimento do Brasil

S&P rebaixou a nota de investimento do Brasil

Nos últimos dias, eu já vinha alertando sobre a possível perda do selo de confiança ou Grau de Investimento (veja no artigo: O impacto da perda do Grau de Investimento), que chegou mais cedo do que imaginávamos. O rebaixamento pela Standard & Poor’s (S&P) se antecipou ao movimento, dado o erro estratégico do Executivo em apresentar um déficit no orçamento de R$ 30 bi para o ano que vem. Além do imbróglio político/econômico causado principalmente pela queda de braço entre os poderes partidários, ficamos observando as idas e vindas do Executivo em apresentar uma proposta plausível de equilíbrio orçamentário através do aumento de impostos e corte de despesas. Isso faz com que as agências de rating percebam que há grande dificuldade de o governo optar pelo corte de benefícios sociais - que é o pilar da sua política e que foi responsável pela eleição da presidente. E para avaliar o Grau de Investimento, as agências observam todo o conjunto. Ora, se o Executivo não pode cortar benefícios sociais como Bolsa Família e outras verbas de comprometimento com o PT e seu eleitorado, sobra o aumento de impostos, o que também encontra forte resistência pela população, pelos outros partidos políticos e, principalmente, pelo PMDB que não quer levar o carimbo de ser o algoz da economia, pagando o preço político nas próximas eleições. Este jogo de empurra é o que está emperrando a solução do déficit orçamentário e as agências de rating já perceberam que a solução, sem algum evento traumático, não sairá da retórica. No fundo eles não querem saber de onde sairão os recursos e sim como vamos resolver o equilíbrio fiscal, para reavaliar o nosso Grau de Investimento. Acredito que ontem o cristal foi rachado e teremos pouco tempo para evitar um rebaixamento geral de todas agências internacionais. Por que não resolvemos o assunto de forma pragmática e voltamos a falar claramente de colocar o Estado na função para a qual ele foi criado, que é cuidar dos assuntos e serviços básicos (educação, saúde e segurança)? O inchaço da máquina pública é notório, tendo em vista a quantidade de ministérios sem função objetiva, uma série de benefícios sociais que foram feitos sem cuidados orçamentários, etc. Assim fica difícil para o cidadão comum aceitar o que o governo diz: que já cortaram tudo que podiam. Será? Na Europa, a Grécia acabou se rendendo à imposição fiscal dos países que compõem o Euro. O governo eleito recentemente, que tinha o compromisso de fazer mudanças históricas com o movimento social que o elegeu, acabou se rendendo à sua realidade fiscal: se comprometeu aos ajustes sociais e fiscais, além de privatizações. É óbvio que a nossa situação é diferente, pois temos reservas e uma situação econômica melhor que a da Grécia, mas a essência é a mesma: o desequilíbrio entre receitas e despesas. A única palavra que ainda não ouvimos claramente é "privatização", em vez de “concessão”, pois não é nenhuma vergonha para os governos vender. De verdade. Até para cortar custos é melhor sair de algumas atividades que não são essenciais, como petróleo e energia elétrica. O Estado precisa ser, sim, o órgão regulador. Talvez essa deva ser a maior sinalização de que o governo realmente quer resolver a atual situação, sem soluções simplistas como elevar a carga tributária. Enfim, temos de manter a confiança e seguir em frente, pois às vezes é mais danoso prolongar o impasse. O pior cenário, se os lados em questão tiverem uma ação traumática como a perda total do selo de bom pagador, talvez se reverta em benefício: o país poderá ter atitudes e resoluções positivas para todos nós. Amém.
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Investimentos, Política
Saiba o que é investment grade, o famoso grau de investimento
2 de setembro de 2015 at 18:28 0
Saiba o que é investment grade, e o que significa perdê-lo.

Saiba o que é investment grade, e o que significa perdê-lo.

No momento em que o Governo apresenta o orçamento para 2016 com possibilidade de fortes ajustes nas contas públicas, um termo tem chamado a atenção de todos: Grau de Investimento. Grau de Investimento, ou Investment Grade, é uma nota atribuída aos países por agências de classificação de risco e que indicam, grosso modo, a capacidade que os países têm de pagar suas dívidas internas e externas. As principais agências em operação hoje, no mundo, são: Fitch Ratings, Moody's e Standard & Poor's. Elas desenvolveram uma metodologia que avalia a possibilidade que os países têm de saldar as dívidas e oferecer retorno aos investidores. Quanto maior a nota, maior o retorno. O outro extremo seria o grau especulativo, com grandes chances de inadimplência. A agência não olha apenas para os números, mas para todo o contexto – inclusive o político, na hora de decidir a nota. A diminuição da nota retira do Brasil o selo de “bom pagador”, o que faz com que aconteça encurtamento do crédito externo, uma vez que os juros se tornam muito altos e dificulta o levantamento de recursos estrangeiros, além de tornar o país pouco atrativo para investidores de grande porte. As consequências do downgrade no Brasil faz com que percamos bilhões de dólares em investimentos, pois os investidores ficam impedidos de aplicar recursos em países com grau especulativo e a perda de rating das empresas no país as faz perderem capacidade de financiamentos para investir em novos projetos. Grosso modo, investidores emprestam dinheiro aos países, comprando suas dívidas, em troca de taxa de juros. Cada título escolhido possui uma regra diferente. Assim se procede no Brasil com a compra de títulos do tesouro direto: empresta-se dinheiro para receber juros em troca. A perda do investment grade faz os grandes investidores internacionais remanejarem seus dólares para outra economia, que tenha mais garantias. Por exemplo: se há o risco de o Brasil dar calote, eles vão investir nos EUA, Alemanha ou Noruega. O mercado entende que país com melhor nota na escala são melhores pagadores e então podem captar recursos com juros menores. Por sua vez, aqueles de pior nota terão de pagar juros altíssimos aos investidores. Então fica mais caro e difícil para as empresas e pessoas físicas conseguirem créditos e financiamentos. Isso impacta na inflação, pois a alta é repassada nos preços para o consumidor final em diversos segmentos, principalmente os que se utilizam de insumos importados, como indústria, agricultura e saúde (que importa muitos medicamentos e materiais de consumo). Isso diminui o poder de compra de toda a sociedade, causando menos consumo, menos produção e desemprego em todos os setores. Como sabemos, o cenário atual não é positivo ou favorável. O mercado precisa de estabilidade para atrair investimentos que ajudem o Brasil a atravessar esta crise, oferecendo uma economia sólida. É claro que podem ocorrer mudanças repentinas e surpreendentes, mas podemos prever que passaremos um bom tempo em situação difícil.  
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Finanças, Investimentos, Política
A expansão do crédito no Brasil e as consequências
28 de agosto de 2015 at 17:07 0

post_blogdosaulA expansão muito acelerada do crédito no Brasil nos últimos 10 anos, contribuiu para aumentar o consumo pelas famílias brasileiras. Essa expansão alavancou o acesso ao consumo por uma camada da população muito representativa, hoje chamada “Nova Classe Média”.

Demandas para diminuir os déficits habitacional, universitário, de transporte e logística foram responsáveis pelo crescimento do acesso ao crédito no Brasil. Entretanto a estabilidade econômica conquistada nesses anos, razão deste crescimento de consumo, me faz acreditar que fomos muito mais rápidos do que seria suportável e sustentável, obrigando o país a colocar um freio e controlar melhor a disponibilidade do crédito para a população.

A previsibilidade da situação econômica, a inflação e as contas públicas sob controle que foram frutos de uma reformulação da economia brasileira no final dos anos 90, além do estímulo causado pela economia mundial positiva, abriram a possibilidade da expansão do sistema financeiro a partir dos anos 2000.

Neste artigo, vou tratar de analisar a situação do mercado imobiliário. Os bancos trabalharam muito para a expansão do crédito imobiliário e a população de baixa renda teve especial atenção nesse cenário. Nos anos de 2002, 2004 e 2006 foram tomadas medidas que permitiram o crescimento do setor enquanto os juros caíam. A estabilidade econômica das pessoas garantia aos bancos a confiança para alongarem o prazo dos seus empréstimos, facilitando bastante a compra de um imóvel.

Em 2009, o governo lançou o programa MCMV (Minha Casa, Minha Vida), com metas ousadas e deu subsídios às moradias populares que chegavam a 95% do valor do imóvel na faixa de renda mais baixa, para quem aderisse ao programa. Um impulso ainda maior à demanda.

Hoje, pelas restrições fiscais enfrentadas pela União, podemos observar um maior contingenciamento do governo, inclusive o adiamento da fase 3 do programa MCMV.

Recentemente foi aprovado na Câmara dos Deputados um projeto de lei que aumenta a remuneração do FGTS, o que fatalmente aumentará o custo do funding para o segmento e, consequentemente, restringirá a demanda. Essas políticas não foram boas, teremos muitos desafios à frente. Repetindo a história, essa crise afetará a construção civil, diminuindo também as vendas de insumos a níveis insustentáveis. O mais provável é que as incorporadoras financiem seus empreendimentos diretamente aos consumidores e desacelerem novos lançamentos.

Todo gestor de investimentos sabe que corre risco em qualquer transação. É importante estar atento às boas oportunidades dentro de um cenário que parece caótico, pois elas existem. A atenção, o conhecimento da história do mercado financeiro e a disciplina são fundamentais neste cenário. A volatilidade do mercado acionário deve ser acompanhada com cautela, para não cairmos em tentação, sem termos a real avaliação do risco.

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Finanças, Investimentos, Política
O trabalhador e as mudanças no Fundo de Garantia
20 de agosto de 2015 at 17:47 0

FGTS

Como a mudança na correção do FGTS pode influenciar o mercado e a população?

Criado em 1966, o Fundo de Garantia pelo Tempo de Serviço, o FGTS, é um fundo de recursos financiado pelos empregadores,  com o objetivo de forçar a formação de uma poupança para caso de demissão sem justa causa. Inicialmente, o FGTS existia apenas como garantia em caso de desemprego, mas, com o tempo, acabou se tornando também uma alternativa de poupança que pode ser usada para aquisição da casa própria ou como respaldo em caso de doença grave. A mudança nas regras de remuneração do FGTS, aprovada na última terça-feira, 18, em votação simbólica na Câmara dos Deputados, terá impacto direto nas contas públicas e na vida prática dos brasileiros, caso seja aprovada também no Senado. Atualmente, os rendimentos do FGTS correspondem a 3% mais a Taxa Referencial – TR. Com a nova proposta, o Fundo de Garantia passaria a render cerca de 6% mais a TR. Esse aumento nos rendimentos, caso a medida seja aprovada, acontecerá de forma gradual e progressiva a partir de 1º de janeiro de 2016, mas seus efeitos já deverão ser sentidos desde já, pois é o sinal de uma tendência de mudança expressiva. O FGTS sempre foi uma das principais medidas de proteção ao trabalhador, mas, por outro lado, enquanto ficam rendendo, seus recursos financiam obras e projetos governamentais que visam ao aumento da qualidade de vida da população, principalmente no que diz respeito à infraestrutura, saneamento básico e programas habitacionais, dentre outros. Remunerar melhor essa “poupança” é uma medida positiva, cujo efeito será melhor sentido quando o trabalhador vier a sacar o recurso. Entretanto, é preciso analisar com cuidado o impacto que essas mudanças têm na compra de um imóvel. Hoje, o FGTS é utilizado principalmente para viabilizar a construção de moradias de interesse social, especialmente as do Programa Minha Casa Minha Vida, em que os beneficiários são brasileiros que recebem até quatro salários mínimos por mês e constituem, também, a maioria dos cotistas do fundo. Aumentar os rendimentos aumenta também o custo de financiamento, tanto para os empresários da construção civil quanto para os compradores de imóveis financiados, o que pode tornar a compra do imóvel inacessível para uma parcela relevante da população de baixa renda. Essa medida impacta negativamente todo o segmento de imóveis nessa faixa de renda, dificultando o acesso à casa própria para uma parcela da população que depende dos  recursos do FGTS para isso. A terceira etapa do Programa Minha Casa Minha Vida, por exemplo, pode ser inviabilizada e aumentar ainda mais o déficit habitacional nesse segmento da população. Além disso, o FGTS pode perder a função social que lhe foi atribuída desde a sua criação e se transformar em um fundo financeiro comum, diminuindo sua possibilidade de financiar obras de interesse coletivo que contam com esses recursos para serem iniciadas ou concluídas. Há ainda outros projetos de lei tramitando no Congresso que podem proporcionar maior controle dos trabalhadores sobre os recursos do FGTS que também deveriam entrar nesse debate, já que ele trata de alterar as regras vigentes. Precisamos debater essa questão de uma maneira pragmática, sem a interferência de paixões políticas. Todos os brasileiros  contam com o Fundo de Garantia. Vamos acompanhar os debates, agora no Senado Federal.
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Câmbio, Investimentos, Política
Boom dos imóveis comerciais gera apreensão
18 de agosto de 2015 at 15:25 0
Com alta do dólar, investir em imóveis no Brasil virou uma boa pedida.

Com alta do dólar, investir em imóveis no Brasil virou uma boa pedida

Este foi o título da matéria do The Wall Street Journal de 18 de agosto de 2015, traduzida pelo Valor Econômico e que faz uma síntese da escalada dos preços do metro quadrado nas principais capitais mundiais: NY, Londres, Los Angeles, Berlim e Sidney. O volume de transações financeiras também disparou principalmente nos EUA, onde saltou 36% em comparação com o mesmo período de 2014.

A matéria chama atenção principalmente para o aquecimento dos preços dos imóveis corporativos em função da alta liquidez financeira existente no sistema, como também a baixa remuneração do capital via títulos públicos.

Além disso, cita transações milionárias e bilionárias tanto nos EUA quanto na Europa e nÁsia, dando mostras de como o mercado está pujante, porém relativamente perigoso dependendo da intensidade dos juros americanos que podem trazer uma queda na atratividade ligada a um possível desaquecimento (embora esse não seja um cenário de curto prazo).

Gráfico retirado do www.valoreconomico.com.br

Gráfico retirado do www.valoreconomico.com.br

Sobre o Brasil, a matéria fala sobre como estamos na ponta inversa deste cenário, já que a vacância aumentou acentuadamente e pode até aumentar mais, dado que a atividade econômica não deverá reverter em curto prazo, ou seja, nos próximos dois anos.

Já em outra pequena matéria, do Estadão, encontramos o seguinte título: “Incorporadoras negociam ativos com fundos” e o subtítulo "Venda pode trazer fôlego financeiro às empresas incorporadoras; dólar valorizado torna imóveis baratos para investidor estrangeiro".

No meu artigo "Oportunidades de investimento no Brasil durante a crise" classifiquei a área de real estate como prioridade de oportunidade, principalmente para quem tem recursos em dólar. Também citei a possibilidade de repatriação pela anistia, que está para ser votada na Câmara. Acho até que alguns  investidores brasileiros, que estão desiludidos com o Brasil, podem repensar e reavaliar se vale a pena entrar em um mercado bastante aquecido como o americano e deixar de usar a Bala de Prata, que é a oportunidade do capital em um momento que o mercado imobiliário passa por dificuldades - principalmente por escassez  de crédito por causa do recuo da Caixa Econômica Federal.

As duas matérias (a do Valor e a do Estadão) estão bastante interessantes e ilustrativas. Por isso, acho que deveriam ser leituras obrigatórias.

Entre esses ganhos está a diminuição da corrupção com o advento da Operação Lava a Jato, que será um marco na nossa história, pois o país deixará de ser para poucos, onde só ganha dinheiro quem está no esquema da corrupção. A Lava a Jato está, consistentemente, mostrando que o Brasil mudou e está mudando para melhor.

Há ainda ganhos com o equilíbrio de poderes entre as principais instituições, exercitando a democracia, e politização da população. Nossos jovens passaram a acompanhar e se interessar pela política e a entender que o processo de mudança se faz pelo voto (não devemos eleger pessoas despreparadas e desqualificadas). As mobilizações de todas as classes nas passeatas de protesto, de forma organizada, tem ensinado e exercitado a convivência com a diferença de opiniões.

Finalmente há o ganho relacionado com o fato de o Executivo, a Câmara e o Senado estarem indo ao encontro da demanda das reformas estruturais e fiscais para que possamos sair deste enrosco. Em tempos normais, elestenderiam a deixar tudo como está e cuidar somente dos interesses partidários e com caráter eleitoreiro.

Na realidade, se não tivéssemos uma crise de problemas fiscais e econômicos, talvez ainda estivéssemos no país das maravilhas, pensando que éramos ricos e sérios.

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Finanças, Investimentos, Política
Crise e grandes oportunidades de investimentos
12 de agosto de 2015 at 13:14 1

post_blogdosaul12_08Ninguém ainda duvida que já convivemos com uma crise instalada, que obviamente começa a ser sentida em níveis diferenciados em todas as faixas de renda.

A tendência é a de que, de novo, haja uma distância maior entre a renda média de cada uma das classes sociais. Deverá ocorrer um retrocesso de 15 anos em alguns setores, mas devemos manter o principal, que é a continuidade democrática que nos protege e não deixa nenhum tipo de poder ter o domínio absoluto, como acontece em outros países da América Latina. Essa manutenção do estado democrático é fundamental para quem investe no país, pois aqui o Congresso legisla, o Senado aprova ou não e os tribunais funcionam. Além disso, outros poderes subordinados – como a Procuradoria e a Polícia Federal – não aceitam passivamente o controle do Executivo.

No campo das oportunidades de investimento e negócios, pode haver um momento bem promissor em alguns setores: a indústria de fusões e aquisições, por exemplo, deve voltar a ser muito ativa e será impulsionada pela restrição de crédito em todas as áreas.

É preciso evitar o pessimismo exagerado, que restringe a capacidade de olhar e analisar ativos que podem, num curto espaço de tempo, tornar-se grandes oportunidades de investimento.

Assim, é importante direcionar o foco. Inicialmente, é necessário lembrar-se de que as pessoas continuam a consumir para viver. Elas ainda têm necessidades de adquirir vestuário, trocar de carro, de moradia e até mesmo de investir para manter os negócios rentáveis ou aproveitar espaços de mercado que se abrem quando competidores com estruturas de gestão inadequadas e alto índice de alavancagem tornam-se inviáveis.

Um dos setores em que esse cenário se verifica é o imobiliário, justamente uma área em que o investidor pode se ancorar com menor risco institucional, já que estará lidando com ativos reais que, historicamente, têm um ciclo mais fácil de entender.

Além disso, com o advento da alienação fiduciária, estabeleceu-se uma estrutura de garantia que facilita a retomada do imóvel quando há inadimplência e que dá suporte para que a indústria não perca o giro de crédito mínimo que é necessário para o sistema como um todo rodar. Também é preciso considerar que sempre haverá preço para ativos estressados ou com renda ou via permuta, pois imóveis são ativos reais que servem de proteção de capital em tempos de inflação alta.

Caso o projeto de lei de repatriação de capital que está em tramitação no Congresso seja aprovado, o setor imobiliário deve ser o que mais capital vai atrair, aproveitando as oportunidades de preços para aquisição de todo tipo de imóvel. Para conseguir um reforço de caixa de R$ 20 bilhões neste ano, o governo federal anistiaria quem tem recursos não declarados fora do país na sua repatriação, mas ficaria com 35% (17,5% de Imposto de Renda e 17,5% de multa).

Seja como for, a avaliação de um bom negócio na área imobiliária tem como parâmetro o metro quadrado para construção, um valor que não deve cair muito, já que esses preços variam conforme a cotação do dólar – que tende a ser manter num patamar elevado -, além de sofrer influência dos preços administrados (energia, água etc) e dos insumos do mercado externo e interno (cimento e ferro, dentre outros).

Isso significa que o investidor deverá ter oportunidade de adquirir ativos por preços bem interessantes, principalmente se tiver possibilidade de repatriar reais em um momento de dólar em alta. Essa combinação pode resultar em descontos formidáveis!

Esse rol terá, ainda, setores que trabalham com a demanda ligada ao consumo de baixo valor agregado, pois quando começa o achatamento na renda da população via perda de poder aquisitivo e inflação, o usual é o nível e a qualidade do consumo caírem. Do filé para alcatra, do peito de frango para a asa, ocorre um downgrade nos hábitos do consumidor: ele não some, só migra.

Existem ainda os setores que devem ficar no final da fila, como, por exemplo, os de infraestrutura e óleo e gás. O primeiro, por questões estruturais, exceto no que se refere às concessões já realizadas de aeroportos, portos e rodovias em que o risco é bem menor. Já os grandes projetos de energia devem penar com o alto custo da burocracia brasileira que, ao contrário do que ocorre no setor imobiliário, foge a qualquer tipo de controle, dada a necessidade de uma série de licenças ambientais e de construção, entre outras, que dependem do emaranhado burocrático em que vivemos e que é incompatível com a realidade do país. A não ser que se criem condições de certificação de construção para que os projetos possam ser efetivados, é quase impossível ter bons resultados nesse segmento.

Naturalmente não se consideraram aqui opções óbvias, como aplicar em renda fixa e títulos pós-fixados indexados à inflação e dólar, que têm um movimento errático baseado em notícias políticas e no desenrolar da crise, de acordo com a deterioração ou melhora do ambiente econômico.

A renda variável também pode vir a apresentar algumas alternativas interessantes, mas depende mais do cenário político do que do econômico, já que fazer análises apenas com base nos balanços das empresas será bastante difícil.

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Finanças, Investimentos, Juros
A concentração bancária no Brasil
10 de agosto de 2015 at 14:08 0

post_blogdosaul10_08Com a compra do HSBC pelo Bradesco, a concentração bancária, que já era grande, aumentou consideravelmente, inclusive em um momento de retração de crédito pelo principal player nacional no segmento de crédito imobiliário. Hoje, temos os quatro maiores bancos concentram mais de 80% de todo o segmento. Isso é bom ou é ruim?  Se olharmos pela óptica do segmento fortalecido e com capacidade de fazer frente aos investimentos necessários da parafernália regulatória, isso é bom, pois cada um desses players terá cada vez menos competição e eles ditarão, de certa maneira, as regras do jogo.

Por outro lado, o próprio tamanho atrapalha quem precisa de mais especialização, o que abre espaço para os bancos mais segmentados, que podem vir a auxiliar bastante a economia e, muitas vezes, trabalhar melhor e com mais profundidade as demandas dos empresários de nichos como o imobiliário, o do agronegócio e o de microempresas, dentre outros. Chegou a hora de as autoridades monetárias, principalmente o FGC (Fundo Garantidor de Créditos), juntamente com outros órgãos como BNDES, repensarem o modelo dos bancos médios e pequenos. Com a nova  exigência de capital de risco de crédito para os bancos conforme o acordo de Basiléia, os bancos menores ficam numa situação muito difícil para atrair investidores.

Por que, então, não enquadrar a dívida subordinada no mesmo conceito de garantia do FGC, com limite de R$ 250 mil? Essa poderia vir a ser uma medida benéfica, com possibilidade de mais competitividade no setor, como foi o aumento do limite do Fundo de Crédito Garantidor para CDB e LCI, que acabou contribuindo bastante para a desconcentração bancária.

Nos dias atuais em que o crédito está restrito até para bons pagadores, repensar o modelo de alta concentração do setor poderia vir em boa hora, até porque os grandes bancos andam fase de restrição de crédito, o que penaliza os bons e maus pagadores, sem exceção.
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Câmbio, Investimentos, Política
Os novos tempos para o Brasil e o superávit fiscal
30 de julho de 2015 at 11:16 0

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O anúncio de renúncia em busca do superávit fiscal, feito na última semana pelo Ministro Joaquim Levy, praticamente posicionou a situação de deterioração das nossas contas e a impossibilidade de controlar e conseguir implementar reformas no legislativo e no Senado. Forças políticas se degladiam em um jogo de xadrez onde não sabemos quem serão os vencidos ou os vencedores. Mas uma coisa é certa: esse governo não tem capacidade de reverter o quadro econômico atual pois, somado à baixa popularidade, à falta de credibilidade e outros fatores como a Operação Lava Jato, criou-se um grau máximo de incerteza e insegurança não só à população como também de investimento necessário para o país rodar a contento. Enfim, qual o cenário mais provável deste jogo? Sinceramente não temos grandes certezas de quase nada, exceto de que teremos dólar alto em relação ao real e inflação igualmente alta. Do jeito que vai a economia real e o aumento do desemprego, é claro que a renda dos salários é impactada. É o cenário da tempestade perfeita. Sendo pessimista, eu diria que se nada mudar, esta é a visão mais realista. Mas onde poderíamos ancorar um possível cenário mais otimista? Em qualquer situação, o dólar continuará se valorizando, pois o BC só poderá contar com os juros e algumas políticas temporárias, como a repatriação de capital no exterior, podendo assim no curto prazo segurar as cotações - até porque mudaremos o viés da nossa política econômica que foi induzida ao mercado interno, baseada no crédito e consumo, sem considerar algum incentivo à poupança e maior proteção às indústrias. Agora, através da maior competitividade incentivada pelo câmbio apreciado e as nossas indústrias de modo geral, deverão ter de repensar a sua área de atuação mercadológica muito rapidamente e com um grau máximo de criatividade. Realmente as sinalizações não são nada animadoras, mas são nas crises que usamos todo nosso talento pessoal para superá-las. Sempre foi assim e não será desta vez diferente! O mercado, de modo geral (financeiro , industrial , infraestrutura, imobiliário), vinha trabalhando em um modelo de Investment Grade, em que trabalhava bem mais alavancado do que outras épocas. Para que tenham um entendimento melhor do que estou falando, é comparar a economia Argentina - onde seu parque industrial praticamente foi reduzido a um terço e, por razões do Default, praticamente a economia não tem hoje alavancagem, os imóveis são comprados à vista. Aqui, diferentemente, nós fomos para até trinta anos de financiamento, assim como tivemos prazos bem alongados em outros segmentos. O efeito dos mercados de crédito para desalavancagem são mais perversos do que os que não são. Por outro lado, temos um mercado financeiro bem saudável, que é bem controlado pelos órgãos reguladores, além de uma grande eficiência deste mercado e reconhecido no âmbito interno e internacional. Se tiver de escolher entre as possíveis saídas para este enrosco, diria que o fator de maior impacto, e que será relevante para os agentes econômicos internos e externos, é a recuperação da credibilidade institucional que, por uma via ou outra, poderá estar a caminho...
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Bolsa, Investimentos
Cadê as LCA’s e LCI’s que estavam aqui?
29 de junho de 2015 at 11:25 0
money-1456640-1280x960 Luciana Seabra | De São Paulo As letras de crédito, isentas de imposto de renda, viraram artigo raro. É só aparecer na prateleira dos distribuidores que somem em poucas horas. Tanto as plataformas on-line voltadas para o varejo quanto os alocadores de fortunas têm rebolado para atender à demanda crescente dos clientes enquanto a falta de lastro impede o aumento da oferta. Difícil encontrar um substituto perfeito para as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). Outros produtos isentos e os tradicionais Certificados de Depósito Bancário (CDBs) estão na fila. "Em duas horas acaba o lastro que o emissor disponibiliza. Você põe na plataforma e some", diz Bruno Carvalho, gerente de renda fixa da Guide Investimentos, que oferece títulos e fundos por meio de uma prateleira on-line. "Independentemente do tamanho da instituição, vimos uma redução da oferta", afirma Richard Ziliotto, sócio da gestora de patrimônio Taler, que acompanha o mercado diariamente em busca de ativos para compor o portfólio de clientes de alto patrimônio. Ao entrar em contato com os emissores, alocadores e distribuidores recebem principalmente a justificativa da falta de lastro. Em tempos de economia fraca, ficam mais escassas as operações de crédito imobiliário que servem de base à estruturação de LCIs. No caso das LCAs, além do crescimento mais fraco, produtores rurais sofreram com condições climáticas desfavoráveis e uma greve de caminhoneiros agravou o escoamento da produção, aponta Carvalho. Sem o lastro, é impossível estruturar as letras. Outra justificativa para emissões menos fartas é uma parada técnica, um período de adaptação às novas regras do Conselho Monetário Nacional (CMN), divulgadas em maio. O prazo mínimo de vencimento e resgate de LCIs e LCAs foi ampliado para 90 dias. Até então, não havia restrição para LCAs e, no caso de LCIs, o prazo era de 60 dias. Além disso, há novas diretrizes para as operações que podem servir de lastro às letras. As mudanças começam a aparecer nos números. Na comparação da primeira quinzena de junho com o mesmo período de maio, o volume de emissões recuou 36%, para R$ 14,1 bilhões, conforme mostrou reportagem do Valor com base em dados da BM&F Bovespa e da Cetip, responsáveis pelo registro das operações. Os reflexos das regras do CMN vão ficar mais claros ao fim de junho, diz Carlos Ratto, diretor-executivo da unidade de títulos e valores mobiliários da Cetip. Ele espera um efeito especialmente sobre as operações de LCAs. Sem prazo mínimo, conta, o instrumento era usado por pessoas jurídicas para operações de curtíssimo prazo, hoje impossíveis, já que, ao contrário dos outros tipos de investimento, a letra não pagava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Com a pressão da demanda, os prêmios também encolheram. A redução de retorno em relação aos tempos áureos, quando comparados papéis de mesmo prazo, aproxima-se de dez pontos percentuais do CDI segundo os distribuidores. Os prazos também estão mais longos. A determinação do CMN impede vencimento em menos de três meses, mas, na prática, prazos inferiores a seis meses estão ausentes nas plataformas. "Hoje em dia grande parte dos títulos isentos é para prazo superior a um ano", diz Bruno Saads, responsável pela área de produtos de renda fixa da XP, dona da maior plataforma on-line do mercado. E não há alívio no horizonte. Na conversa com os emissores, em grande parte bancos médios, Saads diz que o indicativo é de um crescimento real da carteira de crédito negativo, ou seja, menor do que a inflação. O freio na oferta de letras de crédito começa a criar uma legião de órfãos. São investidores que querem retorno farto, mas sem correr muito risco. Alocadores e distribuidores testam a demanda por outros produtos, como os tradicionais Certificados de Depósito Bancário (CDBs), que ressurgem nas plataformas. A Órama, que nasceu como uma prateleira de fundos, colocou CDBs em sua plataforma on-line pela primeira vez neste mês. Os bancos de médio porte começam a oferecer CDBs, ainda que de prazo mais longo, com taxas mais agressivas, segundo Sandra Blanco, consultora de investimentos da plataforma on-line. Um papel incluído na prateleira da casa, emitido pelo Banco Máxima, por exemplo, paga 116% do CDI em 363 dias. A diferença para as letras é que aqui incide o imposto de renda, regressivo com o avançar do prazo. Nesse caso, vale a alíquota de 17,5%, o que torna esse CDB equivalente a uma LCI de mesmo prazo que paga 95,7% do CDI. A principal semelhança do certificado com as letras é a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que assegura ao investidor até R$ 250 mil por instituição investida, em caso de default. Essa garantia pode ser o caminho para os CDBs recuperarem seu reinado, ameaçado pelo advento das LCIs e LCAs. Para se ter uma ideia, o estoque de certificados na Cetip encolheu 13,2% de maio do ano passado para o mesmo mês deste ano. Certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio (CRIs e CRAs) poderiam ser vistos como substitutos naturais às letras, por conta da isenção de imposto. Os prazos, entretanto, são mais longos, em geral de pelo menos três anos. Além disso, são produtos mais complexos, que não contam com a segurança do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que devem passar por uma avaliação mais criteriosa do projeto e dos agentes participantes, como custodiante e securitizadora. "É menos confortável para o investidor", diz Ziliotto, da Taler. Ratto, da Cetip também não vê CRIs e CRAs como o próximo alvo dos investidores pessoa física. "O caminho natural, se por acaso não tiver mais lastro para LCIs e LCAs, é o do CDB", diz, apontando para o fato de os dois terem base em risco bancário. A gestora de fortunas GPS, do grupo Julius Baer, tem percebido a escassez de letras, o que inviabiliza a renovação de todos os papéis que vencem nas carteiras de clientes. É reticente, entretanto, em relação à maior oferta de CDBs. "Banco que aceita pagar 120% do CDI ou mais em uma captação já é por natureza de pior qualidade", diz Marcelo Urbano, responsável pela área de crédito da GPS. Urbano lembra que quem conta com o FGC pode levar alguns meses para reaver o valor investido, sem correção, no caso de default. Além disso, ao travar os recursos em um CBD, diz, o investidor pode perder oportunidades com melhor remuneração no meio do caminho, até mesmo em títulos prefixados e NTN-Bs, que pagam uma taxa prefixada mais a variação da inflação. O fato é que a missão de encontrar um ativo para ocupar o lugar das letras é inglória. "No mesmo nível de risco/retorno, não vejo como substituir", diz Urbano. A regra, considera, é diferenciar o bolo que deve ficar líquido do que pode ser imobilizado por mais tempo. Para o primeiro montante, se não for possível contar com as letras, o caminho são os tradicionais fundos DI de taxa baixa. Para a segunda fatia, a solução é buscar ativos mais sofisticados e, assim, mais rentáveis. Nesse segmento que exige mais análise, há boas oportunidades, segundo Urbano, que seleciona ativos de crédito para clientes de alto patrimônio. "Nunca trabalhei tanto na minha vida." Para quem tem capacidade de selecionar ativos e não simplesmente confiar nas agências de avaliação de risco, Urbano espera que surjam CRIs e CRAs atraentes. Outra opção, aponta, são as debêntures de infraestrutura, que também não sofrem a mordida do Leão e financiam um setor que o governo pretende promover nos próximos anos. Um impeditivo é que o mercado secundário de CRIs e CRAs ainda é muito incipiente, diz Saads, da XP. Para os adeptos das letras, a casa tem sugerido CDBs para prazo de um a dois anos, com taxa entre 115% e 120% do CDI, e também títulos públicos. Como existe a expectativa de um ajuste nos juros embutidos nos papéis para baixo, há a perspectiva de ganho de capital. NTN-Bs com vencimento em 2018 são uma pedida. Para os mais conservadores, a receita é títulos pós-fixados e fundos DI. O que Saads ainda não viu foi o investidor das letras topar migrar para ativos de maior risco, como ações.     Essa matéria pode ser lida também no site do Banco Máxima, presidido por Saul Sabbá.  Acompanhe também as redes sociais de Saul Sabbá. Facebook Saul Sabbá Twitter Saul Sabbá
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