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Tecnologia
Televisão Pontocom
14 de novembro de 2016 at 17:31 0
O desafio de criar um modelo de negócios sustentável e inovador é a marca da era da internet. Gerar valor a partir de uma ideia é tarefa ousada e com resultado incerto, por isso a decisão de empreender e investir não pode ser feita levianamente. Analisar os cenários é fundamental para não ter prejuízos como os que aconteceram no estouro da bolha da internet, no início dos anos 2000. Google, Yahoo!, Aol e outras sobreviveram à queda da Nasdaq e mostraram a capacidade de se reinventar é tão importante quanto um forte padrão de negócios, que seja lucrativo e possa ser replicado. O curioso é ver que quase 20 anos depois estamos diante de uma nova revolução. Todos sabemos que a chamada web 2.0 modificou a maneira como a comunicação com as massas é feita, no entanto o modelo mais tradicional, a televisão, agora quer conversar com as “pontocom”. Já era de se esperar que isso viesse a acontecer um dia. O acesso a tablets e smartphones aumentou muito nos últimos anos. Estudo encomendado pela LG Eletronics estima que 32% dos aparelhos de televisão no Brasil são smart e 91% deles estão conectados à internet. Se adicionarmos os dispositivos Chromecast, Apple TV e Nexus Player, acredito que esse número pode alcançar quase metade dos televisores no país. Toda essa facilidade muda a relação da televisão com os telespectadores. Segundo o Youtube, jovens entre 13 e 24 anos assistem cerca de 3 horas semanais a mais de vídeos na plataforma, em oposição à televisão tradicional. Além disso, sentem-se melhor ao escolher o que querem assistir. A criação de conteúdo especificamente para consumo “on demand” é uma aposta interessante do ponto de vista dos negócios. Já falei sobre como a utilização de games pode transformar o marketing. Acredito que da mesma forma a utilização de várias plataformas pode mostrar um conteúdo mais rico e dar novas possibilidades tanto a investidores de tecnologia quanto a anunciantes. Há muitos anos as redes de televisão brasileiras vêm ensaiando entrar no mercado web e apesar de não existir uma fórmula perfeita, saber conversar com a audiência é a parte mais importante do processo. No Canadá, a Rogers Communications Inc. decidiu concorrer com a Netflix e criou a Shomi. O serviço de streaming ficou no ar por menos de dois anos e deu prejuízos de aproximadamente R$ 250 mi e os executivos das empresas afirmaram que este tipo de negócio é mais difícil de gerenciar do que parece. Nas redes sociais a audiência da Shomi lamentou a decisão e deu várias sugestões de como o streaming poderia melhorar. O canal Viva foi uma tentativa da Rede Globo de valorizar seu catálogo e combater a pirataria de seu acervo e deu tão certo que chegou a liderar a audiência da TV paga com a reprise de novelas em 2015. A audiência da Rede Globo é tradicionalmente receptiva, porém a inauguração dos serviços GloboPlay e Globosat Play foi no sentido de acompanhar a tendência da migração do consumo ativo de conteúdo pelas novas gerações. Com uma conexão simples de internet em um computador ou tablet, é possível a todo o acervo da maior emissora de televisão do país. A Globo vai virar um Netflix brasileiro? Não, mas certamente ela se posicionou para diminuir a distância entre ela e o gigante do streaming, especialmente no que diz respeito aos valores cobrados dos assinantes: R$ 14,20 por mês ou cadastro nas TVs por assinaturas parceiras. Nenhum povo é igual ao outro e essas diferenças culturais refletem no mercado. A migração do analógico para o digital pode ser feita, mas deve ser planejada com calma para dar resultado. O episódio canadense ensina que serviços como esse devem estar bem adaptados às novas comunicações, que é de duas vias entre a empresa e o telespectador. E o brasileiro que não basta mais uma boa ideia e investimento, é preciso falar o que o público quer ouvir, de maneira criativa. O pioneirismo consiste não apenas em chegar na frente, mas estipular um novo padrão. Será que conseguiremos imaginar onde o futuro pode nos levar?
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Bolsa
Excelência na Bolsa de Valores: O Novo Mercado no Brasil
20 de outubro de 2016 at 16:49 0
card_sauls_20_10 Todos sabem que defendo a reforma do modelo de negócios brasileiro da Bolsa de Valores, por isso venho acompanhando atentamente as discussões sobre as mudanças no Novo Mercado. Ainda é cedo para formar uma opinião mais contundente, entretanto já é possível visualizar o impacto de alguns pontos que estão sendo debatidos. Para quem ainda não conhece, o Novo Mercado é uma importante classificação e que indica as empresas com melhores práticas de governança corporativa. Transparência na gestão, metodologia de redução de riscos aos investidores, prestação de contas e especialmente equidade com os minoritários são recorrentes neste segmento e vão além do que é exigido na legislação. Como consequência, as empresas que estão inseridas nesta listagem detêm mais credibilidade e uma maior percepção de confiança por parte dos investidores. É preciso lembrar que até chegar ao Novo Mercado as empresas devem atender os itens dos níveis I e II, todos relacionados com a construção de um mercado forte e confiável. Quando foi criado o Novo Mercado no ano 2000, alguns requisitos que eram diferenciais de alta qualificação hoje são obrigatórios. Essa evolução tem relação com o amadurecimento do mercado e é preciso registrar que a CVM vem fazendo um bom trabalho de ajustar a legislação e as normativas à nova realidade, tornando obsoletos alguns desses requisitos. Um dos pontos de maior contenção prevê a saída voluntária ou decorrente de reorganização societária. A proposta feita pela BM&FBovespa condiciona a saída das empresas do Novo Mercado à aceitação da OPA (oferta pública de aquisição de ações) e concordância expressa de mais de 50% dos acionistas titulares das ações em circulação, para combinarem o preço mínimo das ações. Essa é uma proposta ousada, pois dá voz aos minoritários, já que hoje a única condicionante é a OPA e a saída da listagem é muito mais fácil que a entrada, o que prejudica os pequenos investidores. A proteção dos minoritários é primordial para dar ao mercado a credibilidade necessária a aumentar o aporte de capitais no país, mas não podemos esquecer que estimular mecanismos de fiscalização e controle também é. Em tempos de operação Lava-Jato, ter um conselho administrativo que passe segurança de suas decisões é essencial para se alcançar um novo patamar de qualidade em administração. Já mencionei aqui sobre o Índice de Sustentabilidade e agora a responsabilidade socioambiental também deverá se tornar requisito para a excelência em governança para a Bolsa. Apesar de esperada há muito tempo, essas mudanças vêm causando debates intensos e colocando em aberto questões que estiveram adormecidas por anos. A própria CVM caminha na direção de criar um código de governança corporativa único para todas as empresas no mercado o que deve fazer com que o Novo Mercado tenha outra reviravolta.  Os próximos encontros sobre a questão devem ocorrer no início de novembro e em fevereiro de 2017. Sigo acompanhando e aspirando por uma mudança significativa que leve o mercado de capitais brasileiro ao patamar de excelência das maiores Bolsas do mundo.
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Investimentos, Tecnologia
Crowdfunding: o financiamento coletivo no Brasil
29 de agosto de 2016 at 19:14 0
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A palavra talvez seja novidade para alguns, mas crowdfunding (ou financiamento coletivo) não é exatamente uma invenção moderna. Quem nunca participou da famosa “vaquinha” para financiar um presente para um amigo ou ajudar uma instituição de caridade. A diferença do crowdfunding talvez seja a proporção da “vaquinha”, uma vez que a internet é um meio muito mais amplo de repercutir a ideia.
O financiamento coletivo vem mudando a relação que as pessoas têm com iniciativas culturais no Brasil. Sim, nós temos a Lei Rouanet, que conta com a colaboração de empresas e pessoas físicas para o patrocínio dos projetos em troca de benefícios fiscais, mas projetos independentes de baixo e médio orçamentos não conseguem o auxílio necessário pois não dão toda a exposição que a empresa deseja. Então, o crowdfunding nesse aspecto é um importante mecanismo de diversificar a nossa produção cultural, oferecendo meios para que várias iniciativas possam ser conhecidas pelo grande público.
Os exemplos de quem pede um financiamento no Brasil são muitos, desde atletas, músicos, ONG’s de proteção aos animais, ativistas sociais e educadores. Até o Vasco foi beneficiado, quando um de seus torcedores iniciou uma campanha para abater as dívidas do clube com a Receita Federal.
Startups, especialmente as de tecnologia, são também grandes beneficiadas por essa ferramenta e desde 2012 os Estados Unidos contam com legislação específica para o chamado equity crowdfunding. A Jumpstar Our Business Startups Act, ou JOBS Act, sofre severas críticas pois não cumpre a proposta de facilitar o acesso das MPEs ao mercado e aponta o Brasil como exemplo a ser seguido nessa questão. Nossa legislação foi editada antes do JOBS Act pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM e é bastante inovadora no sentido de que não limita o aporte individual de capital, um ponto muito importante para o relacionamento entre as startups e os investidores anjo. A limitação ocorre nos valores anuais de financiamento, que não pode ultrapassar o limite anual de R$ 2.4 milhões.
Basicamente o investimento em startups utiliza o modelo de recompensas, doações, equity e crowddebt. Este último, que consiste em tomar dinheiro emprestado a taxas bastante interessantes para ambos os lados, sofre severas restrições por parte do Banco Central do Brasil, que dificulta o empréstimo entre pessoas físicas. O equity se mostra uma alternativa bastante eficaz, mas que ainda carece de algumas seguranças para o investidor. O medo de fraude é sempre presente, entretanto a CVM demonstra interesse em fortalecer o setor e vem fazendo um trabalho muito cuidadoso.
Contar com a colaboração de investidores para abrir a própria empresa é realidade no mundo todo. O Pebble Watch se tornou sucesso de vendas e arrecadação de financiamento além de mostrar que as pessoas estão interessadas em investir em gadgets que facilitem a própria vida e ouçam o usuário. O jogo Star Citizen, maior fenômeno do que o crowdfunding pode fazer, deixou claro que não devemos ignorar que as memórias afetivas também são importantes nesse tipo de projeto e arrecadou  quase US$ 50 milhões ao final da campanha onde pedia US$ 500 mi para manter o desenvolvimento de um jogo que seria descontinuado.
Ainda temos muito que avançar no crowdfunding, sob vários aspectos, mas o principal talvez seja ter maturidade no mercado. O objetivo principal do financiamento coletivo, aliás, de todo projeto coletivo, não é financiar desejos e caprichos de um pequeno grupo, mas beneficiar a sociedade como um todo, seja colaborando com a cultura nacional, financiando um jogo ou mesmo fazendo hambúrguer.
Estamos no caminho, só precisamos de atenção e foco para não nos desviarmos dele.
 
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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Juros, Política
Inflação x Empresas
3 de novembro de 2015 at 17:44 0

inflação

Os jornais de hoje mais uma vez trazem a o cenário de como a crise política está afetando a economia brasileira. Segundo alguns especialistas, essa crise política afeta mais os mercados do que a crise econômica em si, já que a desconfiança se traduz em inflação no patamar de 10% e a taxa de câmbio no absurdo patamar de R$ 4,00.

Sobre a inflação as estimativas continuam a piorar, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC). O IPCA este ano subiu de 9,85% para 9,91%. Para 2016, avançou de 6,22% para 6,29%. O Banco Central prevê manter as taxas de juros estáveis em 14,25 pelo menos até julho/2016, apesar da alta da inflação. Já o mercado tem visto esses números como otimistas, acreditamos em uma alta maior do que a estimada pelo governo.

Por causa da inflação e da alta do dólar, muitas empresas estão extremamente endividadas e, para não quebrarem ou evitarem demissões, estão negociando rolagem nos pagamentos dos compromissos firmados com os bancos e o perdão no descumprimento de algumas cláusulas contratuais. As instituições financeiras, por sua vez, estão fazendo de tudo para evitar a inadimplência.

Já o preço do dólar é uma oportunidade para que investidores estrangeiros apostem no mercado nacional. Concordo com as opiniões de que o Brasil está muito barato, em termos de mercado, e investir agora no Brasil é ter a possibilidade de retorno muito alta.

As startups brasileiras de tecnologia, por exemplo, perderam em 4 vezes o poder de compra, entretanto o investimento em dólar está em apenas 1 quarto do que costumava ser. Acredito que os investidores que têm condições de aplicar no mercado brasileiro devem vir, dentro dos próprios critérios estabelecidos, pois quando a crise política se resolver, certamente todos nos beneficiaremos.

 
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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Juros, Política
Agenda apertada
30 de setembro de 2015 at 18:57 0

agenda apertada

A desarrumação na economia, pela alta abrupta do câmbio em curto espaço de tempo, vai trazendo consequências por parte, principalmente, do endividamento das empresas que tomaram recursos através de corporate bonds, fazendo com que as mesmas tentem a recomposição de caixa para fazer frente ao aumento dos encargos da dívida.

A Petrobras anunciou o aumento dos combustíveis com este objetivo, pois é uma das empresas mais endividadas do mundo e ela precisa de recomposição de caixa. Fala-se em 6.5 bilhões! Sem dúvida o mercado gostou, pois além de dar uma clara sinalização de certa autonomia operacional, apesar de inflacionário esse aumento, se tem a percepção de que não deverá impactar tanto nos repasses, pela fraca demanda.

Até nisso temos uma situação esdrúxula, pois o petróleo está nos níveis mais baixos no mundo e mesmo assim precisamos aumentar o preço internamente. Este é um dos efeitos da alta do dólar sobre o endividamento, que acaba sendo do descolamento de preços das commodities pela necessidade de caixa. Neste ponto poucos poderiam fazer o mesmo, pois a concorrência atuaria como regulador de preço. Enfim, é o que temos de melhor.

Continuo apostando no tema que citei outro dia no artigo "remédio amargo", que é a questão da CPMF que acabará passando no Congresso pela goela abaixo, pois o tempo é curto e não existe outra proposta na mesa para fechar as contas do orçamento.

Além do mais, na situação atual, acredito que nem um outro governo (caso viesse) teria tempo para implementar alguma medida de eficácia real. Basta ver que o ministro Levy não muda a conversa na sua peregrinação, afirmando que este é o plano A e o B e o C. É o que tem na mesa, pois de fato corte de custo tem uma dificuldade maior. Sabemos que precisa de um prazo maior para implementação, além de cortes sempre poderem ser contestados juridicamente pelas classes que não querem perder seus direitos. Pode ser que eu me engane, mas daqui a pouco a grande maioria aceitará o CPMF como um mal menor e não como o maior.

Além disso, a redistribuição de cargos nos Ministérios para o PMDB passa a sensação de que a presidenta se fortalece contra o cenário de impeachment, pois essa questão está justamente nas mãos do PMDB. Assim, também a substituição do Ministério da Casa Civil, é uma demanda de parte do PMDB e do próprio ex presidente Lula por um político de maior aceitação pelo PMDB. A agenda política e econômica está bem apertada para o Executivo, pois corre contra o relógio inclusive para mostrar uma sinalização ao mercado de que a crise está sendo administrada ativa e não passivamente, pois ainda tem as agências de risco rondando os novos rebaixamentos de risco.

Esses próximos dias serão cruciais para a agenda política econômica que pode vir marcada por novas surpresas. Quem sabe a luz no final do túnel não seja um trem na contramão.

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Bolsa, Investimentos, Juros, Política
O endividamento das empresas
29 de setembro de 2015 at 13:12 0

endividamento das empresas

As empresas brasileiras estão vivendo um momento extremamente delicado. O endividamento está chegando a níveis insustentáveis. Isso quer dizer que não conseguem manter o fluxo de caixa – a saída de dinheiro está bem maior do que a entrada.

Segundo matéria que li no Valor, uma das agências de risco que faz as análises do grau de investimento dos países, a Fitch, calcula que a alavancagem média das empresas brasileiras deve fechar o ano em 4,5 vezes. E isso coloca em estado de alerta máximo todo o mercado financeiro, desde os analistas aos investidores. Para alguns outros pesquisadores, o endividamento x o lucro das empresas já está em 5 vezes. Ou seja: as empresas devem 5 vezes mais do que estão lucrando. O risco de insolvência das empresas que estão neste nível de endividamento é muito grande. A desvalorização do Real, em 12 meses, já chegou a 70%. Isso significa que as empresas que tem dívidas em moeda estrangeira está com a capacidade de 1/3 do pagamento dessas dívidas. Isso gera a incerteza do mercado que para de investir nas empresas brasileiras. É uma bola de neve que não para de crescer, com os juros e o dólar em disparada e a possibilidade da perda real do grau de investimento pelas outras agências. O governo precisa encontrar uma saída urgente, além dos ajustes fiscais, o corte de gastos e, quem sabe, a venda de ativos, para controlar esse cenário antes que ele fique pior. Os números de desemprego assustam. Os empresários e as famílias brasileiras estão todos no mesmo barco da crise política e econômica pela qual estamos passando. Vender os ativos, com preços atrativos (pelo fato da valorização do dólar), pode ser uma saída inevitável para atrair novamente os investidores estrangeiros e voltarmos a crescer.
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