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Finanças, Juros, Política
A concentração bancária e a crise no Brasil
29 de março de 2016 at 12:22 0
concentração bancária

O segmento bancário brasileiro está seguindo cada vez mais a tendência do “Too big to fail” (grande demais para falhar). Isso fortalece o sistema, mas ao mesmo tempo deixa o mercado financeiro vulnerável a um número reduzido de Bancos, a chamada concentração bancária.

Ontem lemos no Jornal Valor Econômico uma matéria que fala justamente dos efeitos negativos causados pela concentração bancária às empresas. A matéria nos conta que as empresas brasileiras já passaram por várias crises, mas nunca tendo uma concentração bancária tão grande. A dificuldade em conseguir crédito, complica a vida dos empresários. Houve um êxodo dos bancos estrangeiros, encolhimento dos médios bancos e os bancos públicos estão sem capital, o que agrava ainda mais a crise que vem se instalando no Brasil há dois anos, refletindo diretamente na geração de emprego e renda da população.

As notícias são preocupantes. As manchetes desta segunda-feira também nos mostram o fechamento de mais de 4 mil fábricas no estado de São Paulo em um período de um ano, o que é o retrato do desemprego no país. As empresas que conseguiram tomar empréstimos estão tendo dificuldades para honrar com suas dívidas e a inadimplência também tem sido crescente. Por isso muitas são obrigadas a demitir ou até mesmo fechar as portas.

Neste cenário de incertezas, os bancos – especialmente os menores - não emprestam para as empresas que estão em situação grave e indefinida. Passamos a enfrentar uma crise de liquidez e muitos dos bancos menores estão sendo absorvidos pelos grandes, através da compra de títulos de crédito por exemplo, que começou quando o BC liberou os compulsórios, numa manobra de tentar salvar os pequenos.

Mas como melhorar o patamar e ajudar a economia neste cenário da concentração bancária? O ideal seria que tivéssemos mais espaço para o trabalho dos bancos segmentados, que atuariam em setores específicos como, por exemplo, as microempresas. Seria bem melhor que cada setor do mercado tivesse uma opção de instituição financeira que o atendesse com os olhos voltados aos seus problemas específicos. Em outro artigo eu disse que já passamos da hora de repensarmos o modelo dos bancos pequenos e médios.

Por sorte temos visto um movimento incansável da sociedade para que o governo tome posições econômicas consistentes e é o que esperamos que aconteça, pois apenas isso poderá recobrar a credibilidade e começar a mudar o panorama para melhor.

***

Leia mais no meu artigo sobre concentração bancária no Brasil.

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Bolsa, Investimentos
“Circuit Braker”: a paralisação da Bolsa chinesa
4 de janeiro de 2016 at 18:10 0

circuit braker

Começamos a primeira segunda feira útil do ano com a surpresa, que foi o "circuit braker" nas bolsas chinesas, que é a interrupção das operações, pela primeira vez na história. As bolsas do mundo inteiro foram afetadas. No Brasil, a BOVESPA entrou em queda e o dólar passou R$ 4,00.

A indústria chinesa vem encolhendo por 10 meses consecutivos, o que preocupa a todos, pois a China é um dos maiores importadores e também um grande exportador e, quando seu desempenho diminui, afeta os mercados do mundo todo.

Por sermos grandes parceiros comerciais, o problema na China agrava ainda mais a situação da economia brasileira. Com a perspectiva de redução do crescimento chinês neste ano, as nossas exportações serão diretamente afetadas, principalmente a de minério de ferro. Metade de todo minério de ferro extraído no Brasil é importado pela China. Sim, 50% de toda nossa produção. A soja também é uma commoditie que será afetada, porém temos as compensações em todo mercado global.

O movimento de desvalorização do dólar também é um fator preocupante para o Brasil. O ciclo de desvalorização das moedas dos países emergentes vai dificultar ainda mais o fortalecimento das exportações e das importações para as empresas brasileiras. As exportações são grandes aliadas à indústria neste momento de crise econômica no país.

O Brasil agora, mais do que nunca, precisa providenciar uma maneira rápida e eficaz de avançar nas reformas que, ao menos, possam impedir a piora deste quadro.

Feliz 2016, Brasil!

 
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Investimentos, Juros, Política
A difícil decisão do rumo dos juros.
9 de dezembro de 2015 at 16:09 0
alta dos juros Com a Ata do Copom confirmando de manutenção do patamar dos juros atual e sinalizando uma vigilância do BC em relação à inflação, passando a percepção de que não está assistindo passivamente a persistente manutenção dos altos índices de inflação, mesmo que isso implique em maior redução da atividade econômica, voltou a reinar a discussão novamente sobre qual será  o rumo dos juros.

Já existe uma corrente de economistas que começou a exercitar a possível alta do juros em função da Ata do Copom, principalmente aqueles mais adeptos da teoria ortodoxa, que pregam a qualquer cenário a perseguição do cumprimento das metas de inflação, utilizando sua principal arma que é a alta dos juros para que a economia rompa este ciclo inflacionário através de um choque na oferta e na demanda, cujo resultado seria a queda dos preços.

Sem dúvida que, tecnicamente, a tese é perfeita e sempre que a contrariamos pagamos um alto preço futuro por este relaxamento. Vejam o que aconteceu com a economia, que vinha em um ciclo de expansão tipicamente desenvolvimentista e heterodoxo, cujo resultado está aí: a economia se desarrumou fortemente até porque ancorou o crescimento em crédito e estímulo ao consumo, com alongamento de prazo.

Assim, os defensores da política econômica ortodoxa têm a política monetária como pilar dos ajustes da situação macroeconômica em que o BC não é, nem pode ser, parceiro de crescimento, mas sim controlador da inflação, induzindo ou não os mercados e a atividade real a fazerem seus movimentos de investimentos. Isso, por credibilidade, assim como funcionam as economias mais desenvolvidas como a dos EUA, com o Fed (a mais de uma ano e meio) somente fazendo menção sobre sua atuação na possibilidade de subida dos juros gradualmente, em função da percepção de que o aquecimento da atividade industrial e comercial comecem a contaminar a inflação. Assim, as curvas de juros mais longas capturam estas tendências e se movimentam já com um impacto sobre a economia de empréstimo, como está acontecendo. Este é o movimento clássico.

Voltando ao Brasil, não podemos desconsiderar vários fatores que podem contrapor esta teoria, como o ambiente político adverso e como o ciclo de recessão, assim como uma boa dose de predominância fiscal, que inegavelmente se encontra instalada nos dias de hoje. Mesmo que o BC não goste de considerar este aspecto, pois joga contra ele, dá a entender que poderá ficar neutro, o que não é bom.

Além de que, quando o mercado incorpora o conceito de predominância fiscal, contribui para neutralizar mais ainda a política monetária e fica na dependência, predominantemente, do ajuste fiscal, que acaba na pauta política incluindo as reformas e aumentos de impostos.

A questão agora é: se houver alta dos juros, caso o BC decida retomar, até que ponto seria vista como um impacto redutor da demanda de consumo com consequências na queda da inflação? Ou será  vista como um realimentador de mais um repasse de preços, pelo custo do crédito em geral? O aprofundamento da recessão e o próprio aumento dos juros pode deprimir ainda mais a combalida economia e não surtir o efeito desejado de buscar o centro da meta de inflação e ainda implicar em um custo social muito mais elevado do que já se encontra.

No meu ponto de vista, não vejo como uma alta de juros poderá contribuir para uma já tão combalida economia, pois o ponto não é ser ortodoxo ou heterodoxo. Não estamos em um ambiente de pleno exercício de eficácia das ferramentas de juros e câmbio, mas sim em um ambiente maligno, no qual  já existe uma contração das linhas de crédito, como também os spreads bancários estão muito acima de uma situação de normalidade. Isso faz com que  a economia como um todo perca a sua dinâmica e impacte fortemente a cadeia de fornecedores e  consumidores. Este ponto é relevante, pois poderá o aumento de juros induzir a recompor as margens das empresas já tão impactadas pelas taxas altas dos empréstimos.

Outro ponto relevante é o setor imobiliário, que funciona através da captação de poupanças e a falta de atratividade tende a piorar a competitividade e aumentar o rombo da Caixa Econômica, que detém algo em torno de 70% do mercado imobiliário. O déficit dos saques da poupança estão em torno de R$ 70 bilhões. Este também é um problema sério que deverá ser levado em conta, pois vai aumentar o déficit do governo.  A Caixa Econômica capta estes déficits em CDB e LCI, que são taxas Selic, gerando um spread negativo em função dos empréstimos antigos já contratados em bases de captação. (TR +6% a.a).

Vocês conhecem aquela história do homem que estava ajustando a porca no parafuso e pensou “vou dar mais uma atarrachada” mas daí a porca espanou? Este é o dilema maior do BC: se apertar demais a porca pode espanar, mas se não fizer nada pode ter uma alta da inflação com pouca margem de controle.

Solução à vista? Só um choque de credibilidade.

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Bolsa, Investimentos, Juros, Política
Um novo cenário inesperado.
3 de dezembro de 2015 at 14:20 0
crise
Está difícil fazer previsões econômicas e políticas, dado o fator de imprevisibilidade. Já começávamos a acreditar que estávamos começando a enxergar as variáveis possíveis, como comentei em outro artigo intitulado House of Cards, pois dentro do meu cenário sempre considerei a estabilidade financeira bancária, além das reservas cambiais como um diferencial na nossa crise que se aprofunda e, sem dúvida, entrará na "Hora da Verdade" no primeiro trimestre de 2016, com um aprofundamento e com acúmulo dos fatores externos que não ajudam em nada a situação.
Agora a crise será turbinada por mais desdobramentos alheios ao mercado. Mal recuperamos o fôlego sobre as notícias vinculadas à Lava-Jato e veio a notícia da aceitação por parte do Presidente da Câmara da abertura do processo de impeachment, que muda o quadro radicalmente. É certo que se desenham vários cenários, como já vínhamos comentando, de que a solução econômica passará pelo cenário político, cuja deterioração certamente acontecerá com a perda de mais um ou dois Investment Grades, em função do recrudescimento da crise no primeiro trimestre de 2016, apelidada pelos economistas de Hora da Verdade.
O que podemos esperar em relação a investimentos no curto prazo? Não está difícil apostar em uma nova alta do dólar, mesmo nestes patamares. Possivelmente poderemos vê-lo acima de R$ 4,50  já no primeiro trimestre de 2016. Quanto à situação dos juros está mais difícil de avaliar, pois o aprofundamento da recessão, quando poderemos considerar um possível PIB negativo no ano que vem por volta de até 3%, não deixa muitas opções de uma nova alta de juros, com a inflação em patamares parecidos com 2015. Uma grande dose de incerteza sobre os acontecimentos políticos, agora turbinados pela decisão de Cunha, poderá deixar o governo e o BC com pouca margem de manobra e refém da inflação em alta, desemprego em alta e aumento de déficits de todas as naturezas.
A economia será o ponto de inflexão para a presidente da República, pois a insatisfação popular será alimentada ou não pelos resultados econômicos que, em caso de piora - o que é muito provável, poderão incendiar novamente as ruas. Cunha jogou gasolina na fogueira.
Outro ponto grave é que, até então, os investidores estrangeiros efetivamente não retiraram recursos do país. Agora, em função destas variáveis internas e externas acima mencionadas, somadas à incerteza política dos nossos líderes e mais o que pode acontecer pelo lado da Lava Jato através das novas delações, serão geradas mais incertezas no mercado.
Os próximos capítulos de House of Cards mostrarão o clímax total a partir de agora, como já venho falando em outros artigos. A melhor solução será a resolução, pois o pior dos mundos seria nada acontecer.
Acho que vem chuva por aí, vamos procurar um bom abrigo para não levarmos um raio na cabeça.
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Câmbio
Câmbio no Brasil: O problema é operacional, não regulamentar
17 de novembro de 2015 at 17:23 0

câmbio

A notícia que circula hoje é sobre o documento que o PMDB pretende apresentar: um manifesto com 10 propostas para resolver a crise econômica no país. Não importa o partido nesta hora, precisamos pensar no que é melhor para todo mundo. O problema da briga partidária no Brasil, como falei no artigo “House of Cards” é que as disputas cegam os agentes responsáveis pela mudança e solução.

As propostas do PMDB, apresentadas pelo Temer no Congresso da Fundação Ulysses Guimarães, são austeras, com a sugestão principal de reforma do Orçamento da União, com mudanças na Previdência, Saúde, Educação, até na atuação do Banco Central.

Um dos pontos defendidos pelo PMDB é uma mudança na forma que o BC intervém no câmbio. Muito se fala no Brasil sobre intervenção no câmbio, mas nem todos compreendem como a coisa funciona. Existem basicamente três formas de atuação estatal em câmbio. O Swap, que é adotado atualmente, o spot e o forward. Como o próprio nome diz, o Swap é uma troca, quando não existe a entrega da moeda. Existe apenas uma liquidação financeira pela diferença de taxas de câmbio na data de vencimento, podendo ser positiva ou negativa para o BC. Isso é feito para que o governo consiga segurar o valor da moeda sem que suas reservas fiquem vazias, pois há a recompra. Se o BC não adotar essa linha e acabar passando para o spot, haverá o esvaziamento, pois essa operação implica na troca de uma moeda por outra, ou seja, vendemos dólar em troca de reais, euros ou qualquer outra moeda estrangeira. Falar em mudança na abordagem do BC em relação a intervenção é para inglês ver. Pretendem fazer o que? Congelar o dólar como foi feito na Argentina? Deixar que ele flutue livremente em um ambiente com fragilidade estrutural e conjuntural? O problema é operacional e não regulamentar.

Indo contra o propósito de união de forças, o documento criou uma polêmica imensa dentro do próprio PMDB e com aliados do governo. O documento ao menos enxerga e assume que o país está num momento crítico e que algo precisa ser feito, pois o tempo acabou e não podemos mais continuar na inércia esperando as mudanças que sim, têm de ser estruturais.

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Política
O cenário político e econômico brasileiro atualmente
16 de novembro de 2015 at 18:31 0

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Para quem não teve a oportunidade de ler a entrevista com Paulo Guedes, na revista Época dessa semana, aconselho que o faça com bastante atenção. Em uma análise bastante realista do cenário político e econômico atual, Guedes analisa a tendência atual onde a política interfere diretamente na economia brasileira. Desde a redemocratização, os economistas que estiveram na posição de interferir e transformar a economia brasileira falharam em aproveitar as oportunidades e, diante de mais uma crise política, finalmente percebemos que há mais em jogo.

Neste momento é preciso ter a coragem de atacar o problema de frente. Cortar os gastos públicos, revisar políticas de juros, readaptar modelos de redistribuição de renda e fomentar o empresariado são alternativas que podem fazer com que a economia do país tenha condições de se fortalecer diante de crises que, todos sabemos, são cíclicas. A história demonstra que se apoiar na recessão para aprovar medidas que desestimulam o investidor não é uma opção viável. Não se sustenta mais esse modelo em que a medida para superar a crise é aumentar a arrecadação, onerando o contribuinte, sem fazer cortes na máquina pública.

Já pelo viés político, é uma surpresa que o PMDB tenha tido a coragem de abordar essa situação. O PSDB, historicamente a oposição ao governo atual, perdeu a chance de se posicionar, o que demonstra que a simbiose entre a política e a economia é maior do que imaginávamos. O PMDB, ao deixar claro seu posicionamento sobre como o poder público deve se posicionar diante desta crise em que atravessamos hoje, abre caminho para, mais uma vez, ser o protagonista das eleições de 2018.

Eu acredito no Brasil. Já vencemos outras crises, muitas ainda piores do que a que atravessamos hoje. Como diria Albert Einstein, no meio da crise, está a oportunidade. Nosso país vive hoje um momento único de poder reestruturar totalmente a base político-econômica sobre a qual fomos construídos. Só nos resta esperar e acreditar que, com a ajuda do Judiciário e do Congresso Nacional, essa restruturação seja o mais ética e beneficie a todos os brasileiros, igualmente.

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Finanças, Política
Levy por Meirelles: A troca de ministros vai consertar nossa economia?
12 de novembro de 2015 at 16:09 0

troca Levy por Meirelles

Quando Joaquim Levy assumiu o Ministério da Fazenda, tentou explicar à sociedade muitos pontos errados na condução do país, em uma tentativa de educar e despertar o interesse da população pela funcionalidade complexa do “economês”. O Brasil é um caso complexo para qualquer administrador, pois nossa política é uma arena onde partidos medem forças constantemente e a população paga um preço alto por isso.

Não bastasse a dificuldade cotidiana enfrentada pela equipe econômica e pelo governo, há agora um boato de que, sob pressão, a presidente Dilma deveria trocar o Ministro Joaquim Levy, que não consegue a aprovação de suas propostas para o ajuste fiscal, pelo ex-presidente do Banco Central, o Henrique Meirelles. Esse boato circulado ontem foi o responsável pela queda do dólar, pois o mercado acredita que a entrada de Meirelles pode melhorar a comunicação entre o governo e o Congresso, para que os ajustes sejam feitos. Uma parte da crise no Brasil se deve ao governo falar A, o Congresso entender B e a população querer C. Não há consenso e nem bom trânsito.

Embora neguem o que circula à boca pequena, há quem diga que Henrique Meirelles está fazendo exigências para aceitar o cargo. Segundo notícias, ele pede autonomia com “porteira fechada”, ou seja: total controle para determinar trocas importantes, como a presidência do Banco Central e o ministro do planejamento. Analisando a troca, não podemos esquecer que foi Meirelles quem aqueceu a política de incentivo ao crédito e ao consumo que levou o país à condição atual. Acredito também que não há nada que ele possa propor de muito diferente do que o Levy está propondo. A questão da possível troca deve estar se apegando, talvez, numa facilidade maior de Meirelles se comunicar e se articular no Congresso, onde sempre teve bom trânsito.

No meio da confusão econômica, há a insistência na guerrilha política, cheia de boatos e indecisões, que prejudicam as finanças do país e da população, que não pode esperar nada além do aumento de tributos para o equilíbrio das contas. Mais do mesmo.

Indo direto ao ponto, a questão da nossa crise fiscal é profunda. Não basta trocar o técnico, precisamos enxergar além disso. A Constituição de 1988 deixou uma brecha fiscal que estourou agora. Houve uma centralização das receitas na União e ela passou a repassar recursos para estados e municípios. Isso, além de tornar menos eficiente o processo arrecadatório deu enorme poder à União. À época, a capacidade de investimento era de 5% do PIB e hoje gira em torno de algo como 2,5%. Criou-se uma série de vinculações orçamentárias que engessou o poder de distribuição dos recursos. Desde 1988 todos os governos, sem exceção, aumentaram seus gastos. Hoje vemos todos os estados dependentes da União, sofrendo prejuízos e endividados.

Precisamos pedir que os nossos parlamentares revejam a Constituição, além de emergencialmente fazerem uma trégua política, pois em um campo esburacado nenhum dos times pode jogar futebol.

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Câmbio, Investimentos, Política
Com dólar mais caro, investidores estrangeiros desembarcam no Brasil
9 de novembro de 2015 at 16:48 2

investidores estrangeiros

Quando se fala em desvalorização do real, achamos muito ruim para o Brasil. Mas também há o lado positivo.

O valor do dólar não é determinante, mas tem um peso grande na decisão de investimento. Os investidores estrangeiros estão de olho nessa oportunidade de preços baixos. E está aumentando diariamente o número de investimentos no Brasil por causa do câmbio. Uma pesquisa mensal feita pela PwC Consultoria mostra que o movimento das fusões e aquisições no país aumentou e deve ultrapassar o de investidores brasileiros, em número de negócios, até o final do ano. Em setembro, a comparação está equilibrada, em 50% brasileiros e 50% estrangeiros.

Segundo a consultoria, não víamos um movimento desses desde 2010, quando tínhamos a perspectiva de crescimento da nossa economia. A diferença agora é que mesmo com a perspectiva de recessão, os estrangeiros estão enxergando a oportunidade e apostando nisso. O aumento das dívidas devido à alta dos juros e da queda da demanda de produção causa nas empresas a fragilidade financeira de que os investidores precisam, sendo essa vulnerabilidade enxergada como oportunidade para quem tem os recursos para investir. Como isso reduz o poder de negociação dos vendedores, os compradores barganham e chegam a preços muito atrativos.

Outro aspecto a se considerar é a possibilidade do Fed (Banco Central Americano) aumentar os juros em dezembro. Em um primeiro momento a moeda brasileira pode se desvalorizar um pouco mais, mas tende a se estabilizar após algumas semanas, o que permite a decisão de se investir ou não em países emergentes, como o nosso. E o Brasil vai interessar a muita gente, pois a alta dos juros e a desvalorização do real garantem um bom retorno aos investidores.

O Brasil está barato e para os fundos de private equity, que compram participação em empresas para vender no futuro com lucro, o momento é ideal. A volatilidade momentânea do dólar adiou um pouco os investimentos, mas agora o cenário está mudando e a insegurança é menor. Os bancos de investimento estimam que R$ 150 bilhões de ativos estão à venda no país.

Quem dera que os investimentos fossem feitos para impulsionar as empresas desde o começo, desde a concepção da empresa, mas infelizmente não é isso o que acontece. Pelo momento que vivemos, já é bastante interessante para o Brasil atrair empresas multinacionais e fundos de investimento que podem ajudar a fazer uma certa arrumação no setor produtivo que está sofrendo tanto.

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Política
Impacto do grau de investimento na nossa vida
3 de setembro de 2015 at 16:16 1
Grau de investimento: Como ele pode mudar sua vida

Grau de investimento: Como ele pode mudar sua vida

Conhecem aquele ditado “cuidado para não apertar a porca demais porque pode espanar”? A realidade é que podemos ficar com cara de bobos se quisermos dar aquela última atarraxada na porca e ela espanar. Isso é exatamente o que está acontecendo dentro da nossa conjuntura política e que, de certa forma, tira a possibilidade de o Executivo dar uma mudança de rumo ao país, pois o pensamento está ainda ligado ao de quem vai se dar bem com um ou outro cenário político. E com a pluripartidária situação do congresso, fica cada vez mais difícil a situação política e econômica. Não está fácil visualizar um acordo e uma solução que possa melhorar o já complexo ambiente econômico, principalmente, com a perspectiva real de perda de Investment Grade. É dessa forma que se consolida um cenário de "perde-perde", pois todo mundo perde.

Já vimos na história batalhas em que todos os exércitos saíram completamente destruídos, pois não houve vencedores e depois, para cada lado, somente restou lamber suas feridas. É isso que estamos acompanhando de um palanque em que os grandes pagadores da conta seremos nós!

A possível perda do grau de investimento nos remete a um cenário bem sombrio, pois a situação mundial já está bastante confusa pelo lado da Ásia, que já vê a sua locomotiva China diminuir o ritmo de crescimento e, com isso, agravando uma situação bem delicada, principalmente porque os mercados de lá são bastante alavancados por empréstimos.

Qual é o principal efeito na perda do selo de investimento? É a credibilidade econômica, a crença de que o país tem condições efetivas de sustentabilidade a longo prazo. Sendo visto, assim, como mais como um país especulativo e de curto prazo.

Ao mesmo tempo, no campo financeiro e real, nós deveremos sentir um refluxo de capitais por parte dos investidores e o aumento dos custos diretos na sustentabilidade da dívida interna, até porque a dívida relação PIB vem aumentando bastante e essa situação se agravaria mais ainda.

Outro ponto será o rebaixamento, quase que geral, dos corporates bonds de empresas brasileiras, deixando o acesso ao capital por estas empresas muito mais penoso e caro na sua rolagem de dívidas.

Enfim, será um grande retrocesso para o país, pois grande parte de investimentos diretos e indiretos da maioria dos investidores estrangeiros fica restrita a movimentações mais especulativas. O pior de tudo isso é a saída de capital dos ativos brasileiros, como Bolsa e títulos em geral, gerando maior pressão nos juros de atratividade e, consequentemente, mais restrição de capital para a indústria e corporações. Isso acontece mesmo internamente, pois os bonds - se pressionados para venda - farão as taxas se abrirem e, na sequência, empurrarão os ativos internos, como debêntures e outros, na mesma direção.

Levamos quase 30 anos para construir as condições necessárias para o Brasil conseguir o Grau de Investimento no mercado internacional e estamos a um passo de perdê-lo. Para que essa possibilidade não se torne uma triste realidade, precisamos passar mensagem aos nossos representantes políticos e executivos a real gravidade deste assunto, e salvar anos de trabalho e esforço de toda a sociedade.

O dólar caminha para R$ 4,00 e pode não parar por aí, com a perda do grau de investimento se materializando em algo real. A velocidade deste ajuste no câmbio desarruma toda a cadeia produtiva do país, pois até para gerarmos produtividade para exportação, máquinas e insumos em geral, necessitamos do mercado de importados.

Vamos manter o espírito altivo e, de alguma forma, concentrar esforços para que pensemos de maneira mais positiva, passando a ideia de que não perdemos esta batalha ainda, pois a perda não será somente de um partido ou de outro, será coletiva e todos seremos impactados de algum modo.

Fiz questão de escrever sobre este assunto, pois vejo que o cidadão comum está mais perdido do que cego em tiroteio: déficit primário, PIB, dívida interna, déficit orçamentário, a hipótese bem real da perda do grau de investimento e uma dezena de outros dados econométricos que fazem uma grande confusão na cabeça da população que não consegue avaliar muito bem o impacto desses dados no dia a dia.

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Investimentos, Política
Saiba o que é investment grade, o famoso grau de investimento
2 de setembro de 2015 at 18:28 0
Saiba o que é investment grade, e o que significa perdê-lo.

Saiba o que é investment grade, e o que significa perdê-lo.

No momento em que o Governo apresenta o orçamento para 2016 com possibilidade de fortes ajustes nas contas públicas, um termo tem chamado a atenção de todos: Grau de Investimento. Grau de Investimento, ou Investment Grade, é uma nota atribuída aos países por agências de classificação de risco e que indicam, grosso modo, a capacidade que os países têm de pagar suas dívidas internas e externas. As principais agências em operação hoje, no mundo, são: Fitch Ratings, Moody's e Standard & Poor's. Elas desenvolveram uma metodologia que avalia a possibilidade que os países têm de saldar as dívidas e oferecer retorno aos investidores. Quanto maior a nota, maior o retorno. O outro extremo seria o grau especulativo, com grandes chances de inadimplência. A agência não olha apenas para os números, mas para todo o contexto – inclusive o político, na hora de decidir a nota. A diminuição da nota retira do Brasil o selo de “bom pagador”, o que faz com que aconteça encurtamento do crédito externo, uma vez que os juros se tornam muito altos e dificulta o levantamento de recursos estrangeiros, além de tornar o país pouco atrativo para investidores de grande porte. As consequências do downgrade no Brasil faz com que percamos bilhões de dólares em investimentos, pois os investidores ficam impedidos de aplicar recursos em países com grau especulativo e a perda de rating das empresas no país as faz perderem capacidade de financiamentos para investir em novos projetos. Grosso modo, investidores emprestam dinheiro aos países, comprando suas dívidas, em troca de taxa de juros. Cada título escolhido possui uma regra diferente. Assim se procede no Brasil com a compra de títulos do tesouro direto: empresta-se dinheiro para receber juros em troca. A perda do investment grade faz os grandes investidores internacionais remanejarem seus dólares para outra economia, que tenha mais garantias. Por exemplo: se há o risco de o Brasil dar calote, eles vão investir nos EUA, Alemanha ou Noruega. O mercado entende que país com melhor nota na escala são melhores pagadores e então podem captar recursos com juros menores. Por sua vez, aqueles de pior nota terão de pagar juros altíssimos aos investidores. Então fica mais caro e difícil para as empresas e pessoas físicas conseguirem créditos e financiamentos. Isso impacta na inflação, pois a alta é repassada nos preços para o consumidor final em diversos segmentos, principalmente os que se utilizam de insumos importados, como indústria, agricultura e saúde (que importa muitos medicamentos e materiais de consumo). Isso diminui o poder de compra de toda a sociedade, causando menos consumo, menos produção e desemprego em todos os setores. Como sabemos, o cenário atual não é positivo ou favorável. O mercado precisa de estabilidade para atrair investimentos que ajudem o Brasil a atravessar esta crise, oferecendo uma economia sólida. É claro que podem ocorrer mudanças repentinas e surpreendentes, mas podemos prever que passaremos um bom tempo em situação difícil.  
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