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Caminho sem volta dos meios de pagamentos

8 de outubro de 2019 0

Carteira digital muda meios de pagamento no BrasilA concorrência chegou aos meios de pagamento de forma agressiva e pôs fim na hegemonia dos principais players do mercado. A entrada da Stone e do Safra Pay mudou o mercado de adquirente e também a cadeia subsequente.

Assim como na adquirência, que é o campo onde atuam as processadoras de pagamento, o mercado de delivery de fast food também mudou. O iFood reinava tranquilamente no market share, até que foi surpreendido com a chegada do Rappi, que inundou a cidade de São Paulo e veio disputar a Avenida Brigadeiro Faria Lima, ícone no volume de entrega de pedidos.

Estes foram os marcos principais da mudança de valores e conceitos principais, que vieram seguidas das Fintechs e plataformas de arranjo de pagamento, além obviamente dos bancos digitais, que já se preparavam para entrar em um mercado bastante sonolento. O segmento de meios de pagamento ainda é bastante rudimentar e deficiente em alguns pontos aqui no Brasil, principalmente no custo operacional para o estabelecimento nas taxas de cartões de crédito convencionais. Essa deficiência não é apenas brasileira. Nos Estados Unidos ainda é comum lojas e restaurantes levarem o cartão do cliente para o interior da loja, aprovando compras através da assinatura e não da senha (PIN).

O sistema de meios de pagamento deverá ter mudanças avassaladoras e poderá, com as práticas de incentivos como Cash Back e descontos em geral, criar oportunidades de até mesmo arbitragens em plataformas. Para isso será necessário implantar a cultura do pagamento digital para o consumidor que ainda não quebrou a barreira cultural do cartão de plástico.

A briga pelo consumidor promete ser ferrenha. Os pagamentos digitais poderão potencializar as empresas de varejo, pois transações usando moeda digital dentro da rede de associados têm o mesmo custo, seja ela uma compra de R$ 1 ou R$ 100. 

Já as pessoas terão acesso em uma mesma plataforma a vários meios de pagamentos, como cartões convencionais, TED, transferência digital, criptomoedas e entre outras. A carteira digital traz ao consumidor infinitos estímulos para o uso, como milhagem, pontos de fidelização, crédito cashback e muitos outros. 

Os bancos desaprenderam a dar crédito ao longo das décadas, principalmente em função das grandes crises sistêmicas de mercado, crises de reputação como a Operação Lava Jato. Criou-se um sistema financeiro extremamente regulado e burocrático, que transforma em romaria documental qualquer movimentação externa para uma pequena empresa ou um cidadão comum. Poucos bancos sabem lidar com a desburocratização. 

O tempo mudou o processo bancário. No passado, para que um cidadão comum pedisse um empréstimo para iniciar ou desenvolver seu negócio, investigava-se o plano de negócios do cliente. Hoje o processo é diferente, e é necessário ter garantias para dar, como imóveis e outros. O setor de compliance dos bancos analisa também qualquer incidente na vida pessoal, processo ou evento de discussão jurídica e trabalhista. A realidade é que os bancos se dispõem a dar dinheiro apenas para quem não precisa. 

A entrada de outros players como a Nubank e bancos digitais, que são na maioria white labels financeiros, a relação de entendimento sobre o cliente bancário poderá ficar mais justa. A análise criteriosa de desempenho e movimento norteará a analise de crédito, e com isso o cliente bom pagador começará a ser disputado, assim como os meios de pagamento já fazem na área de crédito tradicional. 

Os meios de pagamentos tradicionais passarão por profundas reformas, o que dará maior liberdade econômica ao cidadão com uma restrição bancária punitiva que beneficia apenas a indústria da ineficiência. A digitalização também trará maior controle de capital, pois via de regra exige-se dados oficiais como CPF e telefone celular para acessar estas facilidades. 

A briga está só começando e acredito que não teremos somente um grande vencedor, mas um mix de quem faz melhor o que. As plataformas mais completas poderão ter maior percentagem de adesão, graças a sua maior capacidade de facilitar a vida do cidadão, como o WeChat consegui fazer na China. 

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