Não há como questionar o impacto gerado pela grande incerteza da saída da Inglaterra do Mercado europeu. Regras em comum com os países pertencentes a este mercado, como maior agilidade entre comércio e principalmente idas e vindas dos próprios imigrantes em toda Europa, ainda vão mudar. Os mercados reagiram desabando o valor das moedas, com alta volatilidade, sendo que o principal ganhador foi o dólar, que se valorizou mais em relação à Libra, que despencou.
Me lembro uma certa vez, ha mais ao menos 10 anos atrás numa conversa rápida com um motorista Londrino, que ele já se queixava sobre a situação da invasão de imigrantes. Ele dizia que a cidade não mais pertencia ao cidadão Londrino, pois a comunidade árabe já chegava em peso, comprando bastante ativos e negócios através, principalmente, dos petrodólares jorrados nas economias fora do eixo do Oriente Médio.
Juntamente à invasão imigrante nos anos sequentes por cidadãos de todas as nações, Londres se tornou a segunda capital mundial financeira, ficando atrás apenas de New York.
O que fez o cidadão Britânico votar a favor do Brexit, apesar de todo aviso de caos, de salto no escuro, perda de valor dos negócios, saída dos mercados consolidados pelo bloco europeu? Como podem ser tão malucos, virando as costas para a globalização e integralização?
Acredito que a principal motivação que resultou na decisão dividida sobre a saída foi a percepção do resgate da nação de volta para os Britânicos, principalmente agora que a imigração Síria comprometeu ainda mais os países integrados ao mercado comum europeu, se valendo de motivações humanitárias.
A imigração está no centro desta decisão. Não estou certo se trata-se de nacionalismo, mas é fato que a proteção migratória deixou os países Europeus sem controle das fronteiras imigratórias, com estes fluxos advindo cada vez mais de países em crise.
Recentemente a União Europeia teve de fazer importantes concessões para a Turquia e seu presidente, cobrando uma conta cara - de bilhões, para controlar o abrir e fechar da torneira migratória dos Sírios aos países europeus. Acredito que este sentimento de perda de controle migratório foi um dos fatores que mais influenciaram a decisão dos cidadãos de saírem da Comunidade Integrada Europeia.
Sem dúvida que as incertezas ainda deverão perdurar algum tempo, porém acho que a Inglaterra vai mais ganhar do que perder no futuro, pois além de ser - juntamente com a Alemanha - o maior contribuinte do Fundo Comunitário (em torno de 6 bilhões de Libras por ano), vai deixar a conta e os problemas do bloco nas mãos dos germânicos, franceses e holandeses. Eles terão que suportar a despesa como maiores contribuintes, juntamente com países de menor calibre.
Acredito até que a Inglaterra poderá fazer acordos bilaterais em melhores condições do que os atuais, principalmente agrícolas. Até porque ninguém deixará de fazer negócio com a Inglaterra. Apesar de a MCE não facilitar inicialmente a vida do UK nestes acordos, pois não quer esse movimento seja visto como uma boa saída para os demais, ainda veremos duras negociações de saída do bloco nos próximos dois anos.
E ainda, no polo passivo, terão de administrar a volta de uma possível discussão dos países anexados que fazem parte do Reino - a Escócia e Irlanda - que tenderão a ter alguma reação. Partidos populistas e separatistas poderão ressurgir com o tema da independência. Este será o grande custo e a maior dor de cabeça para os Ingleses, que não terão vida fácil após essa decisão do Brexit.
O ponto em discussão agora não é se os ingleses ganharão, mas quanto o MCE (Mercado Consumidor Europeu) perderá com a turbulência e queda de estabilidade, pois o Euro já vinha sendo deixado para trás desde a crise Grega. O pensamento e questionamento será como sair do bloco e qual o futuro existencial do Euro.
Este ponto sobre o futuro do Euro sempre poderá abalar e acabar trazendo uma crise sem precedentes aos países europeus, desencadeada pela incerteza dos mercados. Este é o grande temor dos dirigentes dos países, como Alemanha e França, pois são os maiores fiadores do bloco. Eles terão de suportar e bancar a maior aposta na credibilidade e confiança da estabilidade da moeda, pois agora a porta está escancarada para abertura de novos pebliscitos nos países insatisfeito. Essa reação será estimulada, principalmente, pelo baixo índice do crescimento, além do risco de desemprego que a população, principalmente de maior idade, poderá sofrer com com o problema migratório.
Assim, o ponto central da preocupação agora não serão os mercados de trader de comércio exterior, mas a discussão sobre o risco de alguns destes países do bloco também resolver testar o plebiscito, como foi o caso da Grécia sobre a permanência no Euro. Isso certamente é o que vai assombrar os mercados.
Para mim, a Libra voltará a se valorizar perante ao Euro e, ao longo do tempo, o dólar se fortalecerá ainda mais. Quanto aos fluxos de investimento, o Brasil também ganhará posições caso consigamos voltar à estabilidade econômica e política, pois a vulnerabilidade do Euro poderá tirar a atratividade dos mercados europeus, deixando poucas opções para tanto fluxo financeiro.
Acho também que o Brasil reavaliará o Mercosul, que não decolou até hoje. Caso o impeachment corra dentro da previsibilidade, poderemos ter boa perspectiva de refazermos um novo desenho de comércio exterior.
A conclusão agora é de que a incerteza vai predominar nos mercados e o grau de volatilidade tende a aumentar, o que não é bom para ninguém. Recomendo prudência e atenção aos próximos acontecimentos.