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A Onda Chinesa
4 de maio de 2020 at 18:05 0
Na semana passada, a Banco da China surpreendeu o mundo ao divulgar que está em plena fase de teste de uma criptomoeda soberana. Batizada de Digital Renminbi, a moeda digital chinesa se iguala ao bitcoin, porém, de forma centralizada e com lastro na sua própria moeda. Lembremo-nos que os primeiros casos do covid-19 foram registrados, no final do ano passado, na província chinesa de Wuhan, de onde se espalhou rapidamente para outras províncias do país asiático e, em uma onda gradual, para os demais continentes do planeta. A China, todos sabemos, se reinventou economicamente em pouco mais de uma década. É, hoje, a segunda maior economia do mundo. Lidera o ranking mundial em número de habitantes. A conjunção de econômica e populacional chinesa é fato crucial para a consolidação da Digital Renminbi. Se levarmos em conta o sucesso do país em quase todos os setores da atividade econômica, a criptomoeda da China poderá revolucionar no campo das moedas digitais. No entanto, a questão é: qual a razão de o governo de Pequim anunciar a iniciativa em meio às incertezas financeiras, econômicas e sociais enfrentadas, sem exceção, pelos os países do mundo? Nesta manhã, no momento em que eu começava a rascunhar este texto, o mundo registrava mais de 3.500.000 casos confirmados e quase 250 mil mortes de coronavírus. Os preços do petróleo afundam. Empresas fecham as portas. Desemprego em efeito dominó. Instituições de ensino suspensas temporariamente. Somente, péssimas notícias. Não podemos esquecer que a Libra, criptomoeda idealizada e liderada pelo Facebook com utilização via do WhatsApp como meio de pagamento, foi combatida pelo meio político norte-americano, adiando indefinitivamente. A vantagem competitiva dos chineses é perceber quando e como fazer buscar alternativas para desatá-los do dólar norte-americano e do euro. O predomínio de uma moeda no comércio global estabelece poder econômico ao país detentor, criando uma dependência, por vezes nociva, no comércio e exchange internacional. Uma economia para disputar ou dividir essa liderança somente ter  também liderança regional in contest. A China já preparou o terreno para uma moeda digital ao proibir criptomoedas de transacionar em seu território. Paralelamente, criou o aplicativo de mensagens Wechat. Hoje, mais da metade da população chinesa usa a plataforma como meio de pagamento. Assim já fez todo o caminho para transformar a sua moeda em uma moeda global; também, com certeza, irá disputar à hegemonia dos Estados Unidos
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A Derrocada do Petróleo
22 de abril de 2020 at 17:45 0
Tenho a impressão de que, até esta semana, poucos poderiam imaginar que uma pandemia viral fosse capaz de levar o preço internacional do barril do petróleo a valores negativos. Mais um efeito econômico-financeiro devastador da “guerra” ao coronavírus, tecnicamente conhecido por Covid-19. Entre os atentos aos desdobramentos da pandemia, cito o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. No final do mês passado, baseado na queda alarmante dos preços do crude e derivados, o executivo já antecipava, em videoconferência com os investidores, a pior crise mundial do setor do petróleo em 100 anos, responsável pela quase total paralisação da atividade e a diminuição da procura da commodity. Ao contrário do quadro atual, nas crises anteriores, a cotação do chamado ouro negro dispararam em função de dois conflitos militares e um enfrentamento político no Oriente Médio: a Guerra do Yom Kipur (1973), a Revolução islâmica no Irã (1979) e a Guerra Irã-Iraque (de 1980 a 1988). Em 73, a guerra entre Israel com o Egito e a Síria levou a OPEP a decretar, por seis meses, embargo das vendas de petróleo aos países apoiadores de Israel, principalmente aos EUA. Os preços nominais subiram de 3 para 12 dólares por barril. Menos de uma década depois, a Revolução no Irã e o conflito armado entre iraquianos e iranianos provocaram subidas vertiginosas nos preços, aumentando de 13 para 34 dólares o barril, entre 1979 e 1981 (de 50 para 120 dólares a preços atuais). O conflito entre israelenses, sírios e egípcios provocou uma prolongada recessão nos Estados Unidos e na Europa, desestabilizando a economia mundial. A tendência atual de baixa acentuada do petróleo vai ao encontro da percepção dos mercados de que o corte de quase 10 milhões de barris/dia, divulgado pela OPEP dias atrás, será incapaz de reverter a queda do consumo mundial da commodity, estimado em, aproximadamente, 30%, devido à devastação causada pelo Covid-19. Há dois dias, contrato WTI para maio  chegou a cair 305,9% na Bolsa de Nova York  e encerrou o dia cotado a US$ 37,63 negativos, indicando que os países produtores de petróleo pagariam aos comerciantes que tirassem o petróleo de suas mãos. Ontem, o contrato se recuperou, subindo mais de 107,47%, já em índice  positivo, com a cotação barril a US$ 2,81. Nesta quarta-feira, o site Infomoney , maior site especializado em investimentos pessoais e educação financeira do Brasil, reportou “que após duas sessões bem negativas e de operar nas mínimas desde 1999 mais cedo, a sessão é de disparada para as cotações do petróleo. O contrato WTI com vencimento em junho sobe 27,48%, a US$ 14,75 o barril, enquanto o brent tem alta mais modesta, de 8,12%, mas volta a superar o patamar dos US$ 20 o barril, a US$ 20,90.” Ainda, segundo o site, o pronunciamento da véspera de Donald Trump prometendo ajudar o setor de petróleo também movimento o mercado da commodity na sessão. Aguardemos as próximas horas....
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A inteligência emocional em momentos de crise
16 de março de 2020 at 14:18 0
A Grande Depressão foi um caos econômico deflagrado a partir da quebra da bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Ao longo da década seguinte, o cenário pouco mudou. Diversos países, principalmente, europeus, assim como os Estados Unidos, viveram sob altos índices de desemprego, quedas acentuadas do Produto Interno Bruto (PIB), reduções drásticas da produção industrial e os preços de ações foram reduzidos a patamares nulos. À época, a economia do Brasil, pouco industrializada, dependia quase que exclusivamente da exportação do café. Por conta da crise mundial, o nível de renda naquele período recuou entre 25% e 30%. O preço dos importados elevou, em média, 33%. Curiosamente, a Grande Depressão empurrou o país a um processo de industrialização, tímido, em comparação com os países já industrializados do Hemisfério Norte. No último dia 12, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) divulgou dados que apontam que, após dois meses de resultados majoritariamente negativos, os Indicadores Industriais de janeiro de 2020 mostraram-se positivos. A utilização da capacidade instalada original foi de +0,4% entre janeiro de 2019 e janeiro de 2020. Todos os índices registraram alta no primeiro mês deste ano. Porém, apesar do bom resultado de janeiro, a indústria segue enfrentando dificuldades para engrenar um crescimento significativo. Esses resultados positivos, embora percentualmente pequenos, não conseguiram ainda restaurar o fôlego da economia brasileira, trôpega e zonza desde 2014. E os quatro circuit breakers registrados ao longo da semana passada, na Bolsa de Valores brasileira, refletiram o caos persistente nos mercados globais, causados pelos impactos do coronavírus na economia mundial, pela queda acumulada os preços do petróleo, de cerca de 50%, desde máximas registradas em janeiro, e a decisão do governo Donald Trump de restringir viagens originárias na Europa. Foi a primeira vez na história que a Bolsa interrompe as atividades em três dias da mesma semana. E foi também a primeira vez na história do real que o dólar comercial subiu mais de 6% e superou a marca de R$ 5. Além dessas perdas históricas, no início da mesma semana, mais precisamente, no dia 9, o barril do petróleo registrou a maior queda percentual diária desde a Guerra do Golfo, em 1991, após a decisão do governo saudita de iniciar uma intensa disputa de preços da commodity com os russos. Frente a esse quadro preocupante, mais uma vez, reforço minhas convicções empresariais, surgidas depois de ter passado por cinco crises sistêmicas de mercado: crises chegam e passam; bons e maus negócios sempre existirão. Em situações assim, ressalto, é importante nos mantermos serenos e atentos, sem tentar adivinhar se a bolsa vai subir ou cair. Por fim: ter medo faz parte da inteligência emocional do mercado.
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Caminho sem volta dos meios de pagamentos
8 de outubro de 2019 at 11:17 0
Carteira digital muda meios de pagamento no BrasilA concorrência chegou aos meios de pagamento de forma agressiva e pôs fim na hegemonia dos principais players do mercado. A entrada da Stone e do Safra Pay mudou o mercado de adquirente e também a cadeia subsequente. Assim como na adquirência, que é o campo onde atuam as processadoras de pagamento, o mercado de delivery de fast food também mudou. O iFood reinava tranquilamente no market share, até que foi surpreendido com a chegada do Rappi, que inundou a cidade de São Paulo e veio disputar a Avenida Brigadeiro Faria Lima, ícone no volume de entrega de pedidos. Estes foram os marcos principais da mudança de valores e conceitos principais, que vieram seguidas das Fintechs e plataformas de arranjo de pagamento, além obviamente dos bancos digitais, que já se preparavam para entrar em um mercado bastante sonolento. O segmento de meios de pagamento ainda é bastante rudimentar e deficiente em alguns pontos aqui no Brasil, principalmente no custo operacional para o estabelecimento nas taxas de cartões de crédito convencionais. Essa deficiência não é apenas brasileira. Nos Estados Unidos ainda é comum lojas e restaurantes levarem o cartão do cliente para o interior da loja, aprovando compras através da assinatura e não da senha (PIN). O sistema de meios de pagamento deverá ter mudanças avassaladoras e poderá, com as práticas de incentivos como Cash Back e descontos em geral, criar oportunidades de até mesmo arbitragens em plataformas. Para isso será necessário implantar a cultura do pagamento digital para o consumidor que ainda não quebrou a barreira cultural do cartão de plástico. A briga pelo consumidor promete ser ferrenha. Os pagamentos digitais poderão potencializar as empresas de varejo, pois transações usando moeda digital dentro da rede de associados têm o mesmo custo, seja ela uma compra de R$ 1 ou R$ 100.  Já as pessoas terão acesso em uma mesma plataforma a vários meios de pagamentos, como cartões convencionais, TED, transferência digital, criptomoedas e entre outras. A carteira digital traz ao consumidor infinitos estímulos para o uso, como milhagem, pontos de fidelização, crédito cashback e muitos outros.  Os bancos desaprenderam a dar crédito ao longo das décadas, principalmente em função das grandes crises sistêmicas de mercado, crises de reputação como a Operação Lava Jato. Criou-se um sistema financeiro extremamente regulado e burocrático, que transforma em romaria documental qualquer movimentação externa para uma pequena empresa ou um cidadão comum. Poucos bancos sabem lidar com a desburocratização.  O tempo mudou o processo bancário. No passado, para que um cidadão comum pedisse um empréstimo para iniciar ou desenvolver seu negócio, investigava-se o plano de negócios do cliente. Hoje o processo é diferente, e é necessário ter garantias para dar, como imóveis e outros. O setor de compliance dos bancos analisa também qualquer incidente na vida pessoal, processo ou evento de discussão jurídica e trabalhista. A realidade é que os bancos se dispõem a dar dinheiro apenas para quem não precisa.  A entrada de outros players como a Nubank e bancos digitais, que são na maioria white labels financeiros, a relação de entendimento sobre o cliente bancário poderá ficar mais justa. A análise criteriosa de desempenho e movimento norteará a analise de crédito, e com isso o cliente bom pagador começará a ser disputado, assim como os meios de pagamento já fazem na área de crédito tradicional.  Os meios de pagamentos tradicionais passarão por profundas reformas, o que dará maior liberdade econômica ao cidadão com uma restrição bancária punitiva que beneficia apenas a indústria da ineficiência. A digitalização também trará maior controle de capital, pois via de regra exige-se dados oficiais como CPF e telefone celular para acessar estas facilidades.  A briga está só começando e acredito que não teremos somente um grande vencedor, mas um mix de quem faz melhor o que. As plataformas mais completas poderão ter maior percentagem de adesão, graças a sua maior capacidade de facilitar a vida do cidadão, como o WeChat consegui fazer na China. 
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Libra: muito mais do que uma Criptomoeda. Direito de inclusão.
4 de julho de 2019 at 13:49 0

O anúncio da criptomoeda do Facebook em consórcio com grandes players de meios de pagamento como PayPall, Mastercard, Visa e algumas das principais companhias do mundo no segmento, gerou uma expectativa e uma explosão de interpretações das mais variadas correntes, tanto institucionais quanto técnicas, e de agentes financeiros como os Bancos Centrais de diversos países.

Todos sabemos que o sistema financeiro atual tem uma aparência de perfeito, porém a realidade está muito distante. Desde o evento das Torres World Trade Center, em 2000, o mundo mudou consideravelmente e não podemos dizer que foi para melhor. Assim, o mundo financeiro estruturou um fechamento de liberdade económica nunca visto anteriormente, pois seguido aos controles antiterroristas de fluxo de capitais, ainda tivemos a crise sistêmica dos bancos em 2008, proveniente da bolha dos chamados “ativos tóxicos” ou sub prime.

Em conjunto aos controles de compliance antiterrorismo, a normatização bancária imposta pelos órgão reguladores, que normatizavam e moderavam os capitais segundo o critério de que o capital deveria ser somente para os incluídos no conceito patrimonial correto, ou seja, capital versus garantias reais, sejam imobiliárias, recebíveis ou correlatos. Da mesma forma, criou-se uma barreira de entrada na economia ativa, isto é, transferências e outras movimentações bancárias somente para a massa comprovadamente empregada dentro do sistema regulado trabalhista.

Impedir a inclusão bancária a quem não possui comprovadamente uma relação formal de trabalho torna muito difícil a vida dos que estão na cidade ou no campo e possuem uma produção econômica. Somente considerando o Brasil, podemos dizer que 40% da população não se encontra dentro desta formalidade. A Libra está de olho neste público que não tem conta, mas têm celular e poderia se conectar financeiramente com o mundo por este meio de pagamento. Por incrível que pareça, traria de certa forma a inclusão econômica para milhões de pessoas que se conectam pela internet e pelos celulares.

Porque uma criptomoeda e não um ativo real, como muitos acostumados a regulação atual pensam? Onde está o lastro?

Atualmente, o lastro de todas as moedas é a credibilidade. Nesse sentido, a proposta do Facebook é abrangente e, com certeza, deverá ser utilizada por milhões de pessoas que se sentem desassistidas para mínimos movimentos financeiros em que se substitua o papel moeda em definitivo. Assim poderia existir a verdadeira inclusão financeira. Lembrem-se que hoje, para que se possua algum meio de pagamento, seja o cartão ou transferência, é necessário o Cadastro de Pessoa Física, CPF, ou o celular, que por sua vez deverá funcionar como uma wallet ou documento de identidade. É o novo mundo chegando.

Somente para corroborar o meu apoio a esta proposta, já venho me posicionando há algum tempo sobre a questão das criptomoedas e blockchain, este também uma revolução nos sistemas de tecnologia e desburocratização. Nós hoje já não somos donos do nosso dinheiro e nem da movimentação livre. Se você quiser pegar seu dinheiro declarado e simplesmente sacar ou movimentar por qualquer razão quantias que não são normalmente aceitas, já se torna uma pessoa suspeita pelo compliance. Atualmente o seu direito de movimentar já não esta mais na vertente principal do sistema bancário.

Como estamos hoje? Porque a proposta da Libra é amplamente favorável, no meu ponto de vista.
Sem dúvida, as regulamentações tem que vir a reboque, para que não tenhamos mecanismos sem nenhum critério de controle do mau uso da ferramenta. Os órgãos reguladores estão aí para isto mesmo, colocar ordem nos avanços da tecnologia, para que não vire mais um mecanismo de corrupção e desvio de impostos.

Em nossos dias, o domínio mundial de uma moeda é muito preocupante, principalmente para os países emergentes, que não produzem tanto dólar ou euros e precisam possuir uma reserva absurda em moeda estrangeira somente para se proteger da desvalorização cambial. Não é producente e levanta a questão do por quê não existir um comércio exterior entre países menores que não dependa, necessariamente, de euro ou dólar e sim nas suas moedas nacionais.

Sabemos que a resposta é a falta de credibilidade e podemos apontar como caso prático o Brasil e a Argentina.

Assim, para concluir o meu raciocínio, um facilitador de meio de pagamento ajudaria bastante o mundo pois, contrariamente aos que pensam que o Facebook deteria controle, não é minha interpretação. Em um consórcio, a empresa teria um voto exatamente como os demais. Outro nível de segurança é o próprio sistema inviolável do blockchain, um dos inúmeros benefícios dessa ferramenta. Compreendo o receio de algumas autoridades e respeito a opinião dos argumentos divergentes sobre este tema tão polêmico. O que o Facebook está propondo, entretanto, é uma opção ao sistema do Bitcoin, uma melhoria que dá mais organização, uma vez que a utilização do bitcoin ainda é baseada na especulação, com alta volatilidade e assim não cumpre o papel de uma moeda de usabilidade.

Enfim, vale a pena pensar neste novo mundo.

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Brasil pós-carnaval: perspectivas boas para economia
8 de março de 2017 at 11:04 0

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Março começou cheio de notícias com potencial de modificar o panorama econômico mais uma vez. A semana curta e meio morta depois do Carnaval ficou bem agitada para o observador econômico, como notícias do Banco Central, Mercado Financeiro, FED e Balança Comercial.

Certamente a mais importante é a projeção da redução da taxa SELIC para a faixa de 9,25% ao final de 2017 por analistas do mercado financeiro, resultado da estabilidade de 4 semanas da taxa. Já o Comitê de Política Monetária – COPOM, avalia que o cenário é favorável e que há possibilidade de desinflação, com meta do IPCA em 4,5% para 2017 e 2018.

Esses números são estimativas e sempre baseados no comportamento das economias em época de crise. Por exemplo, se os preços não aumentam, a inflação tende a diminuir e o consumo a aumentar. Os analistas já estimam que o crescimento da economia fica 2,37% para 2018 e o dólar cai de R$ 3,40 para R$ 3,37.

Parece cedo para apresentar essas estimativas para 2018 e até 2019 em alguns casos, mas essas previsões são fundamentais nas tomadas de decisões. De forma prática, as informações são essenciais na escolha de um investimento pré ou pós-fixado, por exemplo.

Nos Estados Unidos os anúncios do FED também são importantes pois divulgam dados da atividade econômica americana e como isso pode afetar o restante da economia mundial. A expectativa é de alta de juros, especialmente se o presidente Trump implementar algumas medidas anunciadas no discurso ao Congresso americano no último dia 28.

O superávit da balança comercial brasileira de US$ 4,56 bi em fevereiro é recorde para o mês, desde 1989, e resultado do aumento das exportações de semimanufaturados e manufaturados. A projeção de queda do dólar tende a aumentar a demanda por produtos brasileiros, aumentando também os postos de trabalho e fazendo girar a economia. Talvez não seja ainda resultado direto dos dados a serem anunciados pelo FED, mas com as exportações brasileira já estão aumentando.

As notícias mostram que os caminhos estão se alinhando para nós, brasileiros. Que nós saibamos caminhar na direção certa e tomar as melhores decisões, aproveitando o momento que, se não é totalmente favorável, com certeza pode é bem melhor que neste mesmo período do ano passado.

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Solução à vista!
7 de fevereiro de 2017 at 16:00 0
2017-02-07-SaulS-SocialMedia-FB_v2   O início de fevereiro marcou o início de um período com sinais otimistas para o mercado, que considera as variáveis favoráveis para a resolução da crise de liquidez pela qual passamos. Com a queda de 0,75% na taxa de juros, a inflação sinalizando ficar dentro da meta de 4,5% e a possibilidade do governo emplacar a reforma da Previdência, as coisas poderão melhorar mais rápido do que imaginamos. O mercado é cíclico e embora as crises não sejam iguais, é possível aprender com as situações do passado. Vivemos hoje uma crise de liquidez de ativos, especialmente no mercado de infraestrutura, agravado pelos desdobramentos da operação Lava a Jato. O consumidor está altamente endividado por uma política de crédito que não garantia a manutenção do pagamento e os estoques imobiliários são os maiores em muitos anos. Se compararmos a crise brasileira à chamada Crise Americana dos Mercados de 2009, acabamos vendo contornos bastante similares. Naquele ano a bolha de ativos imobiliários dos Estados Unidos foi rompida e causou um efeito cascata, se alastrando rapidamente para vários outros mercados. Em um sistema altamente alavancado por crédito, a perda da capacidade econômica dos consumidores causou a destruição da riqueza e da poupança em geral, exatamente como assistimos em filmes e livros que retratam aqueles dias. A alta alavancagem de mercados via instrumentos derivativos formaram uma perda de capital de tal magnitude que o consumidor americano passou a comprar em outlets e atacadistas, enquanto os latinos e turistas frequentavam shoppings e na Bloomingdale's. Passaram-se ainda quatro anos para que os consumidores voltassem a reativar a economia devastada. Obviamente, dado o contexto econômico e o destaque dos países no cenário internacional, as instabilidades americana e brasileira estão longe serem iguais, entretanto adquirem contornos semelhantes quando analisamos o conteúdo. Aqui no Brasil a Operação Lava a Jato paralisou todo o segmento de infraestrutura que estava contaminado pela corrupção, consequentemente criando uma crise nos ativos ligados ao setor. São concessões e contratos que não se conseguem assumir e cumprir em diversos ramos: estradas, energia, petróleo, telecomunicações e muitos outros. Considerando apenas o setor de infraestrutura, veremos que os números estão na casa das dezenas de bilhões. O outro aspecto essencial, esse sim bastante semelhante ao exemplo americano, se refere à política de crédito imobiliário estabelecida pelo governo petista, sem base sólida e concedido como benesse política. O programa Minha Casa Minha Vida ofereceu crédito e outros benefícios de forma abundante ocasionando o alto endividamento do consumidor, tornando o sonho da casa própria em uma fonte de dívida e acarretando o aumento nos estoques em níveis nunca atingidos anteriormente, em razão do aumento dos distratos - o encerramento do contrato de venda com a devolução dos imóveis. Ativos de ambos os segmentos, imobiliário e infraestrutura, estão à venda por todo o Brasil. A queda da taxa de juros, aliada à reforma trabalhista e previdenciária pode ser o gatilho para o retorno do investimento estrangeiro ao nosso país. Sabemos que a velocidade no retorno do crescimento econômico tem relação com a volta da liquidez dos ativos imobiliários e de infraestrutura. Não foi à toa que o governo americano, via FED, deu liquidez a estes ativos com programas especiais de compras, para que o sistema fizesse uma reoxigenação e voltasse a emprestar novamente. Nosso caso é um pouco diferente pois não existe securitização altamente alavancada por este tipo de derivativos, porém temos muitos títulos à venda no Brasil e se houvesse algum programa de estímulo, e não de subsídio, poderíamos voltar com maior velocidade para gerar capacidade de investimentos e voltar a estancar a alta do desemprego que deve caminhar para 13% em 2017. No momento toda reestruturação de empresa governamental passa por venda de ativos da Petrobras, Eletrobrás e muitas outras empresas, além de um grande encalhe no setor de construção imobiliária. Baseado em minhas observações econômicas, tenho convicção que estamos passando por uma crise sistêmica de liquidez de ativos de várias ordens de grandeza, tendo como consequência a obstrução a médio prazo da retomada do crescimento. Enfim, encontrar comprador é a ordem do momento e nós temos os estímulos necessários - a LIG, Letra Imobiliária Garantida, que está sendo normatizada e poderá a ser mais um instrumento de estruturação financeira. Basta apenas a coragem para fazer acontecer.
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Fundo de Vícios: A estabilidade do politicamente incorreto no mercado de ações
28 de outubro de 2016 at 10:14 0

Fundo de Vícios: A estabilidade do politicamente incorreto no mercado de ações

Semanas atrás falei sobre o Índice de Sustentabilidade e como apostar em uma gestão que apoia o desenvolvimento sustentável faz a diferença na reputação da empresa frente aos investidores e consumidores dos seus produtos. É interessante desenvolver a questão, uma vez que mercados mais sofisticados tendem a segmentar melhor os grupos de ações, dando ao investidor opções para diversificar em momentos de crise.

Um desses segmentos é o chamado The Vice Bin, constituído de empresas consideradas politicamente incorretas, do ramo de tabaco, bebidas alcoólicas, armamentos, cassinos e outras e, questões morais à parte, o raciocínio é que as pessoas não param de beber, fumar ou jogar em decorrência da crise, pelo contrário.

Antes de prosseguir é importante salientar que não há juízo de valor do mercado em relação a esses fundos, no entanto alguns investidores possuem uma política de responsabilidade social que os impede de aplicar nesses fundos. Com o esvaziamento dessas carteiras as ações ficam mais baratas e a rentabilidade maior. Os investidores procuram ações de empresas que sejam estáveis e tenham boa rentabilidade e as empresas listadas nesse nicho oferecem esses atributos, pois atuam em setores chamados inelásticos, ou seja, a demanda por esses produtos não flutua em razão de instabilidades políticas ou econômicas.

A título de curiosidade, na Bolsa de Valores de NY, as ações da Phillip Morris tiveram, de janeiro a março deste ano, uma alta de 27,4% em relação ao ano passado. Já no Brasil, a AMBEV e a Souza Cruz têm se destacado pelos bons resultados e acumulam ganhos acima dos papeis de outras empresas.

Isso não significa que não haja riscos. As empresas de cigarro sofrem processos judiciais milionários e que têm impacto direto no valor de suas ações. Já as empresas de bebida alcoólica dependem dos resultados de outros setores que determinam a oferta dos produtos - como a produção agrícola de cevada e lúpulo, por exemplo. Outro ponto a se considerar é que muitas vezes as exigências para as empresas desses fundos são maiores em termos de governança e responsabilidade social, para melhorar a imagem junto ao público.

Nos Estados Unidos e Europa esse segmento vem obtendo sucesso e resultados muitos bons ao investidores, mas não há indícios de que esse setor possa se instalar no Brasil tão cedo. A confiança no mercado é a principal variável para que exista esse nível de segmentação e a Bolsa de Valores brasileira ainda tem muito o que caminhar nesse aspecto.

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Excelência na Bolsa de Valores: O Novo Mercado no Brasil
20 de outubro de 2016 at 16:49 0
card_sauls_20_10 Todos sabem que defendo a reforma do modelo de negócios brasileiro da Bolsa de Valores, por isso venho acompanhando atentamente as discussões sobre as mudanças no Novo Mercado. Ainda é cedo para formar uma opinião mais contundente, entretanto já é possível visualizar o impacto de alguns pontos que estão sendo debatidos. Para quem ainda não conhece, o Novo Mercado é uma importante classificação e que indica as empresas com melhores práticas de governança corporativa. Transparência na gestão, metodologia de redução de riscos aos investidores, prestação de contas e especialmente equidade com os minoritários são recorrentes neste segmento e vão além do que é exigido na legislação. Como consequência, as empresas que estão inseridas nesta listagem detêm mais credibilidade e uma maior percepção de confiança por parte dos investidores. É preciso lembrar que até chegar ao Novo Mercado as empresas devem atender os itens dos níveis I e II, todos relacionados com a construção de um mercado forte e confiável. Quando foi criado o Novo Mercado no ano 2000, alguns requisitos que eram diferenciais de alta qualificação hoje são obrigatórios. Essa evolução tem relação com o amadurecimento do mercado e é preciso registrar que a CVM vem fazendo um bom trabalho de ajustar a legislação e as normativas à nova realidade, tornando obsoletos alguns desses requisitos. Um dos pontos de maior contenção prevê a saída voluntária ou decorrente de reorganização societária. A proposta feita pela BM&FBovespa condiciona a saída das empresas do Novo Mercado à aceitação da OPA (oferta pública de aquisição de ações) e concordância expressa de mais de 50% dos acionistas titulares das ações em circulação, para combinarem o preço mínimo das ações. Essa é uma proposta ousada, pois dá voz aos minoritários, já que hoje a única condicionante é a OPA e a saída da listagem é muito mais fácil que a entrada, o que prejudica os pequenos investidores. A proteção dos minoritários é primordial para dar ao mercado a credibilidade necessária a aumentar o aporte de capitais no país, mas não podemos esquecer que estimular mecanismos de fiscalização e controle também é. Em tempos de operação Lava-Jato, ter um conselho administrativo que passe segurança de suas decisões é essencial para se alcançar um novo patamar de qualidade em administração. Já mencionei aqui sobre o Índice de Sustentabilidade e agora a responsabilidade socioambiental também deverá se tornar requisito para a excelência em governança para a Bolsa. Apesar de esperada há muito tempo, essas mudanças vêm causando debates intensos e colocando em aberto questões que estiveram adormecidas por anos. A própria CVM caminha na direção de criar um código de governança corporativa único para todas as empresas no mercado o que deve fazer com que o Novo Mercado tenha outra reviravolta.  Os próximos encontros sobre a questão devem ocorrer no início de novembro e em fevereiro de 2017. Sigo acompanhando e aspirando por uma mudança significativa que leve o mercado de capitais brasileiro ao patamar de excelência das maiores Bolsas do mundo.
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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Política
A relação entre EUA, Europa e Brasil nos investimentos
14 de julho de 2016 at 15:59 0
A relação entre EUA, Europa e Brasil nos investimentos

Para quem não é do meio, fica muito difícil acompanhar os acontecimentos mundiais que impactam as moedas, os investimentos, a Bolsa. Então, decidi fazer um paralelo entre esses assuntos que acontecem ao mesmo tempo e que estão criando expectativas no mercado financeiro do mundo todo.

Nos EUA, se aguarda o resultado das eleições presidenciais que acontecem esse ano. A disputa tem sido cheia de polêmicas, inclusive com discursos extremistas. A cada notícia de força entre os adversários, o mercado reage. Há uma expectativa de que se a Hilary vencer, o mercado terá mais conforto. E se o mercado dos EUA estiver confortável, o resto do mundo é afetado positivamente.

Na Europa, o assunto é o Brexit, que causou uma tempestade de incertezas na zona do Euro. As consequências, com as quedas consecutivas da Bolsa, ainda são uma incógnita aos investidores. As incertezas e a volatilidade do mercado podem causar retração da economia europeia, o que causaria consequências negativas no mundo todo.

Já no Brasil, a expectativa é a consolidação do impeachment. O mercado tem reagido positivamente às posições do governo Temer e sua equipe econômica, com reais expectativas de recuperação, mesmo sabendo que é um processo lento e difícil. A incerteza que paralisa é a dúvida se a presidente afastada retorna ou não ao comando do país.

Como podemos observar, a política afeta a economia em todos esses cenários. E, em qualquer dos ambientes, o que precisamos para que voltem os investimentos é de solução, conclusão, definição. A partir da definição de todos esses assuntos é que começaremos a ver os resultados.

Ao Brasil interessa tanto a estabilidade interna quanto externa, pois isso tem reflexo direto nas exportações. Em um país com câmbio elevado como agora, a exportação é uma ferramenta importantíssima para captação de recursos e equilíbrio da balança comercial.

Para se ter ideia, só nas duas primeiras semanas de julho, a balança comercial teve um superávit de US$ 1,48 bilhões (fonte: MDIC). As exportações têm tido uma média diária de mais de 800 milhões de dólares, o que significa aumento de 2,9% em relação a 2015. Já as importações tiveram um recuo de 17,2%.

Hoje tivemos a notícia de que o PIB de maio teve um tombo em relação ao mês anterior. A queda do PIB em relação ao ano passado é de 3,8%, caracterizando a forte recessão: desemprego, inadimplência, queda de consumo e produção. E, como nosso mercado interno não está aquecido, nossas indústrias têm se mobilizado para atender o mercado externo. A estabilidade americana e europeia são essenciais para continuarmos vendendo e, consequentemente, administrando a crise e trabalhando para reconstruir a nação.

Como podemos ver, no mercado de investimentos não há independência. Os três assuntos são relevantes para a relação de fluxo de capitais no Brasil.

Resumindo, a eleição de Donald Trump significa para os EUA o mesmo impacto que o Brexit tem para os europeus e a volta de Dilma para o Brasil. Espero que não tenhamos uma pororoca tríplice, seria uma catástrofe. Que Deus nos abençoe. Amém!

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