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Saul Sabba

Câmbio
Câmbio no Brasil: O problema é operacional, não regulamentar
17 de novembro de 2015 at 17:23 0

câmbio

A notícia que circula hoje é sobre o documento que o PMDB pretende apresentar: um manifesto com 10 propostas para resolver a crise econômica no país. Não importa o partido nesta hora, precisamos pensar no que é melhor para todo mundo. O problema da briga partidária no Brasil, como falei no artigo “House of Cards” é que as disputas cegam os agentes responsáveis pela mudança e solução.

As propostas do PMDB, apresentadas pelo Temer no Congresso da Fundação Ulysses Guimarães, são austeras, com a sugestão principal de reforma do Orçamento da União, com mudanças na Previdência, Saúde, Educação, até na atuação do Banco Central.

Um dos pontos defendidos pelo PMDB é uma mudança na forma que o BC intervém no câmbio. Muito se fala no Brasil sobre intervenção no câmbio, mas nem todos compreendem como a coisa funciona. Existem basicamente três formas de atuação estatal em câmbio. O Swap, que é adotado atualmente, o spot e o forward. Como o próprio nome diz, o Swap é uma troca, quando não existe a entrega da moeda. Existe apenas uma liquidação financeira pela diferença de taxas de câmbio na data de vencimento, podendo ser positiva ou negativa para o BC. Isso é feito para que o governo consiga segurar o valor da moeda sem que suas reservas fiquem vazias, pois há a recompra. Se o BC não adotar essa linha e acabar passando para o spot, haverá o esvaziamento, pois essa operação implica na troca de uma moeda por outra, ou seja, vendemos dólar em troca de reais, euros ou qualquer outra moeda estrangeira. Falar em mudança na abordagem do BC em relação a intervenção é para inglês ver. Pretendem fazer o que? Congelar o dólar como foi feito na Argentina? Deixar que ele flutue livremente em um ambiente com fragilidade estrutural e conjuntural? O problema é operacional e não regulamentar.

Indo contra o propósito de união de forças, o documento criou uma polêmica imensa dentro do próprio PMDB e com aliados do governo. O documento ao menos enxerga e assume que o país está num momento crítico e que algo precisa ser feito, pois o tempo acabou e não podemos mais continuar na inércia esperando as mudanças que sim, têm de ser estruturais.

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Política, Tecnologia
House of Cards e a realidade política brasileira
13 de novembro de 2015 at 16:58 0

HOC política

Com a crise política instalada e com a predominância fiscal como tema principal, a economia fica a reboque dos principais eventos políticos na guerra dos poderes. Ficou muito claro que as apostas para o mercado estão penduradas nos dois maiores protagonistas do poder, de um lado o presidente do Congresso e do outro lado a figura da Presidente.

Difícil pensar em algum tipo de acordo que agora possa ser costurado para que um dos dois permaneça no cenário das decisões. Com o conselho de ética pressionando o presidente da Câmara, o apoio estaria condicionado à abertura do impeachment - que seria a sustentação de Eduardo Cunha, mas como este precisa de tempo para alongar o processo de indefinição, vai trancando a pauta como pode nas decisões que impactam a economia ligadas às questões fiscais.

Assim, uma possível barganha com poder executivo em troca de uma saída honrosa, deixou cada vez mais difícil administrar a situação. Tanto, que o PSDB já se declarou a favor do expurgo do deputado presidente da casa, pois ficou à espera de uma definição do próprio Eduardo Cunha (que ficou vulnerável por ter alongado a decisão tentando ganhar tempo e uma brecha para negociar a sua situação), quanto a abertura do impeachment. Também pesou a opinião pública no que se refere a um posicionamento do PSDB como oposição, pois o tempo conspira contra todos.

Voltando ao mercado, o que temos de cenário provável? Os partidos de apoio ao Presidente da Câmara ficarão cada vez mais desconfortáveis caso não haja uma abertura imediata do processo de impeachment e tenderão a abandonar o Eduardo à própria sorte, como foi o caso do PSDB vendo que só quem ganha com o prolongamento da crise dos poderes são os próprios protagonistas.

Se de um lado o tempo esvazia o possível processo de impeachment, ao mesmo tempo a crise econômica se aprofunda, devido ao impasse das decisões sobre as pautas fiscais na câmara. E Eduardo Cunha tenta prolongar a indefinição porque sabe que virão outros escândalos da Lava Jato pela frente.

Um cenário alternativo seria a troca do Ministro Levy pelo ex Ministro Meirelles, que está sendo chamado de “Plano Lula”. Para assumir, Meirelles exige chefiar toda uma equipe econômica escolhida por ele. O que se comenta nos bastidores é que Lula teria o apoio de alguns setores econômicos e que, conduzindo essa troca, os mercados poderiam regir bem. As críticas a Levy se dão, principalmente, pela insistência na implementação da CPMF e aumento de impostos, sem atacar com consistência a redução da máquina do Estado.

Não acredito que essa mudança seja suficiente para a economia rodar novamente mas, sem dúvida, a percepção de uma mudança de equipe poderá dar a esperança de que seja melhor do que a atual. O Ministro Levy atua como Don Quixote e põe a cara no pedido dos ajustes fiscais através de aumento de impostos, como a CPMF. Os partidos PT e PMDB se preservam neste assunto, basta ver que o PMDB apresentou um programa econômico sem falar em aumento de impostos, deixando a entender claramente sua posição contrária. E deixam o desgaste para “Geni” (citando a música).

A grande vantagem atualmente é que não existe diagnóstico difícil para resolver o problema econômico e, por isso, a predominância fiscal já diz tudo, precisa acontecer tudo que ouvimos falar diariamente nos reports econômicos: cortes nas contas públicas, redução da máquina pública, reforma da Previdência e outros bla bla bla.

Mas o que prevalecerá no momento é a definição política, da medida de força entre os poderes da Câmara e da Presidência. Ou é um ou é outro, os dois não cabem juntos.

É House of Cards mesmo! Quem não viu o seriado da Netflix, deveria ver. A semelhança da ficção com a nossa atualidade política é imensa.

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Finanças, Política
Levy por Meirelles: A troca de ministros vai consertar nossa economia?
12 de novembro de 2015 at 16:09 0

troca Levy por Meirelles

Quando Joaquim Levy assumiu o Ministério da Fazenda, tentou explicar à sociedade muitos pontos errados na condução do país, em uma tentativa de educar e despertar o interesse da população pela funcionalidade complexa do “economês”. O Brasil é um caso complexo para qualquer administrador, pois nossa política é uma arena onde partidos medem forças constantemente e a população paga um preço alto por isso.

Não bastasse a dificuldade cotidiana enfrentada pela equipe econômica e pelo governo, há agora um boato de que, sob pressão, a presidente Dilma deveria trocar o Ministro Joaquim Levy, que não consegue a aprovação de suas propostas para o ajuste fiscal, pelo ex-presidente do Banco Central, o Henrique Meirelles. Esse boato circulado ontem foi o responsável pela queda do dólar, pois o mercado acredita que a entrada de Meirelles pode melhorar a comunicação entre o governo e o Congresso, para que os ajustes sejam feitos. Uma parte da crise no Brasil se deve ao governo falar A, o Congresso entender B e a população querer C. Não há consenso e nem bom trânsito.

Embora neguem o que circula à boca pequena, há quem diga que Henrique Meirelles está fazendo exigências para aceitar o cargo. Segundo notícias, ele pede autonomia com “porteira fechada”, ou seja: total controle para determinar trocas importantes, como a presidência do Banco Central e o ministro do planejamento. Analisando a troca, não podemos esquecer que foi Meirelles quem aqueceu a política de incentivo ao crédito e ao consumo que levou o país à condição atual. Acredito também que não há nada que ele possa propor de muito diferente do que o Levy está propondo. A questão da possível troca deve estar se apegando, talvez, numa facilidade maior de Meirelles se comunicar e se articular no Congresso, onde sempre teve bom trânsito.

No meio da confusão econômica, há a insistência na guerrilha política, cheia de boatos e indecisões, que prejudicam as finanças do país e da população, que não pode esperar nada além do aumento de tributos para o equilíbrio das contas. Mais do mesmo.

Indo direto ao ponto, a questão da nossa crise fiscal é profunda. Não basta trocar o técnico, precisamos enxergar além disso. A Constituição de 1988 deixou uma brecha fiscal que estourou agora. Houve uma centralização das receitas na União e ela passou a repassar recursos para estados e municípios. Isso, além de tornar menos eficiente o processo arrecadatório deu enorme poder à União. À época, a capacidade de investimento era de 5% do PIB e hoje gira em torno de algo como 2,5%. Criou-se uma série de vinculações orçamentárias que engessou o poder de distribuição dos recursos. Desde 1988 todos os governos, sem exceção, aumentaram seus gastos. Hoje vemos todos os estados dependentes da União, sofrendo prejuízos e endividados.

Precisamos pedir que os nossos parlamentares revejam a Constituição, além de emergencialmente fazerem uma trégua política, pois em um campo esburacado nenhum dos times pode jogar futebol.

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Câmbio, Investimentos, Política
Com dólar mais caro, investidores estrangeiros desembarcam no Brasil
9 de novembro de 2015 at 16:48 2

investidores estrangeiros

Quando se fala em desvalorização do real, achamos muito ruim para o Brasil. Mas também há o lado positivo.

O valor do dólar não é determinante, mas tem um peso grande na decisão de investimento. Os investidores estrangeiros estão de olho nessa oportunidade de preços baixos. E está aumentando diariamente o número de investimentos no Brasil por causa do câmbio. Uma pesquisa mensal feita pela PwC Consultoria mostra que o movimento das fusões e aquisições no país aumentou e deve ultrapassar o de investidores brasileiros, em número de negócios, até o final do ano. Em setembro, a comparação está equilibrada, em 50% brasileiros e 50% estrangeiros.

Segundo a consultoria, não víamos um movimento desses desde 2010, quando tínhamos a perspectiva de crescimento da nossa economia. A diferença agora é que mesmo com a perspectiva de recessão, os estrangeiros estão enxergando a oportunidade e apostando nisso. O aumento das dívidas devido à alta dos juros e da queda da demanda de produção causa nas empresas a fragilidade financeira de que os investidores precisam, sendo essa vulnerabilidade enxergada como oportunidade para quem tem os recursos para investir. Como isso reduz o poder de negociação dos vendedores, os compradores barganham e chegam a preços muito atrativos.

Outro aspecto a se considerar é a possibilidade do Fed (Banco Central Americano) aumentar os juros em dezembro. Em um primeiro momento a moeda brasileira pode se desvalorizar um pouco mais, mas tende a se estabilizar após algumas semanas, o que permite a decisão de se investir ou não em países emergentes, como o nosso. E o Brasil vai interessar a muita gente, pois a alta dos juros e a desvalorização do real garantem um bom retorno aos investidores.

O Brasil está barato e para os fundos de private equity, que compram participação em empresas para vender no futuro com lucro, o momento é ideal. A volatilidade momentânea do dólar adiou um pouco os investimentos, mas agora o cenário está mudando e a insegurança é menor. Os bancos de investimento estimam que R$ 150 bilhões de ativos estão à venda no país.

Quem dera que os investimentos fossem feitos para impulsionar as empresas desde o começo, desde a concepção da empresa, mas infelizmente não é isso o que acontece. Pelo momento que vivemos, já é bastante interessante para o Brasil atrair empresas multinacionais e fundos de investimento que podem ajudar a fazer uma certa arrumação no setor produtivo que está sofrendo tanto.

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Bolsa
A possível fusão das bolsas
5 de novembro de 2015 at 09:59 0

bolsas

Onde há fumaça, há fogo. Por enquanto a notícia de uma possível fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip é apenas boato, o que obviamente não poderia ser confirmado dado que nestas negociações o sigilo é fundamental, mas a experiência diz que quando vaza para a imprensa é porque algo está acontecendo.

A Bovespa e o Cetip trabalham com operações distintas e concorrem somente no segmento de renda fixa que hoje, cada vez mais, tende a aumentar dado o ambiente macroeconômico. Já por outro lado, o Equity tem caído cada vez mais pela mesma razão.

Pessoalmente não vejo com bons olhos a fusão, pois o mercado hoje já carece de uma maior competitividade e de produtos inovadores. Ao longo dos anos a Bovespa, como empresa de Cia aberta, não deu grandes contribuições neste campo além do fracasso de incremento de investidores na bolsa de valores. Ao longo de 5 anos de operação nesta etapa em que a Bovespa se encontra hoje, o número de investidores se mantém congelado, por volta de 500 mil.

Sem dúvida que a BM&FBovespa foi um bom negócio para seus acionistas, mas para corretores e empresas listadas tenho minha dúvidas e, para confirmar, basta ver a quantidade de Corretoras que fecharam as portas. O crescente fechamento de capital e cancelamento de registro de empresas listadas falam por si só. As mais significativas foram a Corretora Souza Barros, com 50 anos de atividade e a Cia. Souza Cruz que anunciou fechamento de capital.

A última vez que me recordo de uma compra e aquisição, foi a da SOMA, sociedade entre operadores mercado de acesso, que tinha como objetivo um modelo de plataforma nos moldes do  NASDAQ e seria o acesso para pequenas empresas de middle market e startups de tecnologia. Até hoje a Bovespa não conseguiu fazer decolar através do Bovespa Mais, criado para substituir a SOMA, um modelo que funcionava e que foi comprado, enterrado e está até hoje escondido em uma gaveta qualquer. Meu receio é que o Cetip seja descaracterizado totalmente, pois com em razão do seu tamanho e da forma que opera o engavetamento não é uma opção viável.

A fusão poderia ser considerada boa, mas para quem? Para o mercado com certeza não, pois corremos o risco de termos um monopólio, com uma só bolsa fazendo as duas atividades. Nós já vimos este papo de mercado grande e único. Para que e por quê?

Na realidade não está faltando dinheiro para investimentos nas duas bolsas, mas sim uma gestão direcionada mais ao mercado, além de produtos mais condizentes com a nossa realidade, resolvendo o acesso de pequenas e médias empresas que hoje só têm o mercado de renda fixa e o crédito para acessar.

É muito pouco ainda termos na Bovespa apenas 500 mil, quando a meta eram 5 milhões de investidores pessoa física, em 10 anos.

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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Juros, Política
Inflação x Empresas
3 de novembro de 2015 at 17:44 0

inflação

Os jornais de hoje mais uma vez trazem a o cenário de como a crise política está afetando a economia brasileira. Segundo alguns especialistas, essa crise política afeta mais os mercados do que a crise econômica em si, já que a desconfiança se traduz em inflação no patamar de 10% e a taxa de câmbio no absurdo patamar de R$ 4,00.

Sobre a inflação as estimativas continuam a piorar, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC). O IPCA este ano subiu de 9,85% para 9,91%. Para 2016, avançou de 6,22% para 6,29%. O Banco Central prevê manter as taxas de juros estáveis em 14,25 pelo menos até julho/2016, apesar da alta da inflação. Já o mercado tem visto esses números como otimistas, acreditamos em uma alta maior do que a estimada pelo governo.

Por causa da inflação e da alta do dólar, muitas empresas estão extremamente endividadas e, para não quebrarem ou evitarem demissões, estão negociando rolagem nos pagamentos dos compromissos firmados com os bancos e o perdão no descumprimento de algumas cláusulas contratuais. As instituições financeiras, por sua vez, estão fazendo de tudo para evitar a inadimplência.

Já o preço do dólar é uma oportunidade para que investidores estrangeiros apostem no mercado nacional. Concordo com as opiniões de que o Brasil está muito barato, em termos de mercado, e investir agora no Brasil é ter a possibilidade de retorno muito alta.

As startups brasileiras de tecnologia, por exemplo, perderam em 4 vezes o poder de compra, entretanto o investimento em dólar está em apenas 1 quarto do que costumava ser. Acredito que os investidores que têm condições de aplicar no mercado brasileiro devem vir, dentro dos próprios critérios estabelecidos, pois quando a crise política se resolver, certamente todos nos beneficiaremos.

 
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Bolsa, Investimentos
A nova classificação dos fundos imobiliários facilitam para o investidor
28 de outubro de 2015 at 15:33 0

facil para investidor

Os fundos imobiliários tiveram uma das melhores posições dentre as opções de investimentos no primeiro semestre deste ano, mas nos últimos meses houve uma piora neste mercado também.

Dentro da indústria, há vários tipos de fundos imobiliários, com características específicas e muito diferentes entre si, mas que não são classificadas de forma a atrair e facilitar para o investidor a compreensão das vantagens e dos riscos. Hoje, o investidor precisa ler todo o regulamento completo de uma carteira para poder saber os riscos.

Mas a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) elaborou, pela primeira vez, um retrato com os dados do mercado de fundos imobiliários que entrou em vigor no dia 1º de outubro. Essa classificação envolve um total de 234 carteiras, das quais 124 possuem cotas negociadas na BM&FBovespa. O levantamento desses dados tem a intenção de melhorar o processo de seleção dos investidores, esclarecendo a eles exatamente que tipo de negócio estão comprando.

Na minha opinião, a classificação vai funcionar como educação financeira, pois o investidor vai conseguir entender que há vários tipos de fundos imobiliários dentro da indústria, por exemplo.

Eu defendo muito a entrada de mais pessoas físicas no mercado de investimentos e sei que uma das maiores barreiras é a falta de conhecimento. Acredito que essa classificação possa ajudar bastante a atrair este tipo de investidor.

O número de pessoas físicas que detêm cotas de fundos imobiliários é estável, mas neste mês de setembro verificou-se uma diminuição em relação a dezembro do ano passado: 90.242 hoje, contra 92,7 mil de dezembro.

É importante que o investidor saiba que os fundos imobiliários ainda estão com rendimento acima da inflação e, embora também esteja sofrendo os efeitos da crise, muitas classes ainda poderão ter vantagens.

Quem quiser acessar os documentos da nova classificação da Anbima, pode acessar AQUI.

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Investimentos, Tecnologia
Mostra Internacional de Cinema é importante para economia
23 de outubro de 2015 at 17:14 0

mostra de cinema

Ontem começou em São Paulo a 39ª Mostra Internacional de Cinema, que vai até o dia 4 de novembro com uma programação incrível. De acordo com o site oficial da Mostra, serão exibidos 312 filmes de 62 países em 22 endereços, entre cinemas, espaços culturais e museus espalhados pela capital paulista, incluindo exibições gratuitas e ao ar livre.

A Mostra já está na 39ª edição e recebe fomento do Estado. Embora muitas pessoas protestem contra isso, o fato é que o evento ajuda bastante não só a promoção da cultura e da arte, como o turismo e a economia da cidade. É um evento importantíssimo!

Num momento de crise pelo qual o Brasil está atravessando, eventos que trazem a movimentação de moeda estrangeira para nosso país devem ser apoiados. Além disso, trazem o olhar dos governos para ajudar na promoção dos nossos próprios produtos no segmento do cinema e da arte em geral.

O Brasil é um país muito rico em produção de arte, mas pouco valorizado. Proporcionalmente, o número de artistas que recebem apoio governamental é pequeno. Acredito muito no nosso potencial turístico através da arte e do entretenimento.

Um evento como esse beneficia todos os tipos de profissionais, desde os que trabalham diretamente nele (centenas de empregos), como os que se envolvem indiretamente: hotelaria, transporte, alimentação, câmbio e serviços em geral.

Parabéns aos criadores e organizadores da Mostra Internacional de Cinema que, apesar de não ser o foco principal, trazem milhares de turistas e divisas para o nosso país. Os brasileiros e empresas de todos segmentos agradecem.

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Investimentos, Juros, Política
A encruzilhada dos juros
21 de outubro de 2015 at 17:36 0

juros

A penúltima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central de 2015 é hoje e não acredito que teremos grandes surpresas, pois a agenda econômica ou da política monetária está a reboque das agendas políticas.

Acredito na manutenção dos juros, até porque a percepção de aumento da SELIC agora teria pouco ou nenhum benefício efetivo de contenção da inflação, que já beira os 10% este ano e possivelmente ficará bem longe da meta estabelecida pelo BC para 2016, que eu estimaria entre 7% a 8%.

Um aumento de juros no momento atual, em que estamos perto de 3% de PIB negativo e aumento acelerado de desemprego, faz com que o Copom fique em uma encruzilhada no que se refere ao objetivo principal do modelo de Meta de Inflação ou Target Inflation - como é mais conhecido.

O aumento de juros é feito com objetivo de ancorar as expectativas futuras da inflação, que é 5,4% pelo BC (mas o mercado já estima em 6,72%) para 2016 e 4,6% para 2017. Dentro deste cenário o BC só terá duas escolhas daqui para frente:

1)    Aumentar os juros, como manda o figurino: acho pouco provável, pois o efeito de desaquecimento da economia, que já é muito grande, só traria mais perda de arrecadação além da percepção de um rombo maior no déficit orçamentário e, com certeza, acabaria impactando em aumento de dívida/PIB trazendo questionamentos indesejáveis sobre a real capacidade de endividamento da União.

2)    Em futuro próximo, poderia aumentar a meta de inflação: 5,5% 2016 estaria num patamar mais realista, pois a banda alta poderia ir até 7%, pelo que estamos podendo enxergar hoje.

Assim, o que se pode esperar do BC em relação ao Copom é, através do relatório, dar mais discloser para o mercado de que a situação continua sendo bem administrada e sob controle, apesar dos problemas sazonais que têm induzido a alta da inflação. Como exemplo, o reajuste cambial nos preços, além dos preços administrados e, assim, com uma visão mais realista do que se pode fazer diante de um intrincado quadro político que lhe dá pouca margem de manobra.

O BC sabe que sem uma política fiscal austera ficará difícil trabalhar somente com os instrumentos clássicos: juros, câmbio e restrição de crédito.

Com tudo isso, criou-se uma expectativa dos mercados não em relação ao aumento de juros, mas sim em relação ao modelo de Target Inflation.

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Finanças, Investimentos, Política
Agora a Fitch 
15 de outubro de 2015 at 18:58 0

Fitch

A situação brasileira vem se agravando diante da inércia política e econômica. E assim, vemos mais uma agência de relevância mundial rebaixar a nota do Brasil de BBB para -BBB, que é o último degrau do Investment Grade e, pior, com perspectiva negativa.

Com a percepção de piora do ambiente macroeconômico e, consequentemente, com a deterioração da economia como um todo, possivelmente a agência Fitch será levada a, em breve espaço de tempo, reavaliar o rebaixamento do Brasil e a perda do grau de investimento.

Conforme já venho comentando em meus artigos, infelizmente o tempo está acabando para decisões paliativas, como arrumar os recursos de modo convincente para fechar o déficit orçamentário.

Ao contrário da nossa percepção, quando nenhum de nós quer aumento de impostos como o CPMF, o debate sobre o assunto está em todos os ambientes econômicos, com opiniões contrárias e a favor. O fato de que essa poderá ser uma das únicas possibilidades concretas de fechar as contas, cada vez mais estamos afunilando a nossa capacidade econômica de fazer qualquer coisa diferente no curto prazo.

A política que hoje traz a reboque a inércia da economia - até porque não se consegue fazer nenhuma reforma ou mudança significativa. Isso faz com que fiquemos em uma situação de "freezer completo" nas ações de mudança de rumo, ficando o país à deriva dos acontecimentos e variáveis imprevisíveis, tanto no campo político como no judiciário - como foi caso das liminares do STJ sobre o ritual do impeachment.

Assim, acredito que teremos pouca margem para mudança de rumo no curto prazo. Todos (Congresso, Senado e Presidência) estão lutando entre si para, no mínimo, terem sustentabilidade de poder, cada qual dentro da sua luta (seja para permanecerem no cargo ou até por uma saída honrosa). Estamos vendo um MMA político, mas nós é que poderemos tomar um nocaute.

Acho que podemos ter, como maior esperança e como saída, alguma ruptura de poder causado pelo ambiente financeiro, mas não mais pelo lado consensual ou consentido. O que quer dizer isto? É mais ou menos o acontecido com a Grécia, que foi forçada a consentir tudo que não queria e mais alguma coisa que não estava no cardápio (como a privatização), pois o governo que acabara de ser eleito e com suporte popular foi vencido quando o sistema bancário quase entrou em colapso. Aí o recém-eleito se submeteu a duras medidas impostas pelo sistema de governança regido pelas outras nações que compõem o grupo de sustentação e estabilidade da moeda.

É importante e relevante vermos neste exemplo da Grécia que nem sempre podemos fazer o que queremos, mas sim o que podemos fazer - principalmente em um ambiente tão globalizado como é o nosso.

Não temos um modelo exclusivo, nós vivemos dentro de um modelo global de dívida, PIB, orçamento fiscal e etc.  E é nele que as agências de rating se baseiam.

Enfim, sem fiscal e sem consenso político haverá inércia. Se nada se consumar, o ambiente econômico fará o seu trabalho por si só, como no caso da Grécia, e que acabará por ser uma aventura para todos nós.

Paciência acaba, mas esperança sempre há.

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