A previsão de que o dólar pode chegar na faixa dos R$3,00 (ou até menos) nos próximos meses é como um tiro no escuro para quem não está familiarizado com as movimentações do mercado financeiro. Quando a moeda norte-americana ultrapassou esse valor pela primeira vez em mais de 10 anos, em março de 2015, acendeu o alerta para o mercado de que a situação podia piorar, mas o efeito para os brasileiros foi mais grave. Após anos de economia estável, a iminência de retornar ao caos em que vivíamos antes do Plano Real era um temor justificável.
Já vivenciamos muitas fases em nossa jovem democracia. Sabemos, por experiência, que a instabilidade política não faz bem à nossa economia: o mercado não gosta de fragilidades decisórias. A abertura do processo do impeachment da presidente Dilma anunciou o começo das mudanças que culminaram com as sucessivas baixas do dólar nos últimos meses. Pode parecer pouco, só que a sinalização de mudanças profundas na maneira como a economia é conduzida dá credibilidade ao país, diante dos investidores.
Credibilidade é importante. A perda do grau de investimento foi como um carimbo evidenciando que a economia brasileira não é sustentável. Ficou ruim para todos, desde o Governo - cuja reputação se desfez, às empresas privadas - que passaram a ter problemas para rolagem de dívidas estrangeiras. Já disse anteriormente e repito: o trabalho de quase 30 anos construindo as bases de uma economia saudável foi por água abaixo em pouco tempo.
O processo do impeachment está prestes a ser concluído e com ele existe a possibilidade de que reformas importantes possam ser feitas no Brasil. Estamos em um momento crucial, onde podemos pensar no futuro ao mesmo tempo em que ajustamos o presente. A reforma previdenciária não é um capricho, mas peça importante do ajuste fiscal que trará avanços econômicos importantes a longo prazo.
Ao observarmos a questão previdenciária mundial, vemos a importância de se desenvolver uma estratégia que possa ser benéfica a longo prazo. Grosso modo, os países onde há população em idade mais avançada e hábitos conservadores de investimento são os primeiros no mundo a trabalhar com juros negativos, o que tem levado os investidores a empregar capital de maneira diversificada. As economias mais estáveis saem na frente nesse aspecto, por isso a importância de encerrar esta etapa do impeachment e prosseguir com o dia-a-dia do governo.
Diversas vezes falei para os meus leitores que a sensação de confiança é um aspecto dos mais importantes para a saúde da economia de um país. Observar o cenário econômico mundial e estar atento às mudanças que podem ter impacto em nossa economia é o que nos permite emitir essas opiniões. Não é adivinhação e nem futurologia, mas análise de fatos.
Acredito que o Brasil reúne todos os fatores para sair da crise, recuperar o grau de investimento e continuar a caminhada rumo ao desenvolvimento. Como em toda caminhada, existem os percalços. O importante é aprender com os erros e tomar medidas para que estes não se repitam.
A #Rio2016 está acontecendo e ao contrário das previsões, até o momento, essas Olimpíadas tem sido um sucesso. Desde o começo mostramos que somos fortes quando trabalhamos juntos pelo êxito de uma empreitada. A festa de abertura, por exemplo, foi alvo de comentários positivos por todo o mundo e surpreendeu até mesmo os mais brutais críticos da nossa capacidade em organizar um evento desse porte.
Muitos desses críticos estão aqui mesmo no Brasil. Partidários da teoria do “quanto pior, melhor” torcem para que os imprevistos sejam maiores e mais graves do que realmente são, só que até o momento o Comitê Organizador tem se mostrado presente e tomando medidas rápidas e certeiras para que tudo corra bem, de acordo com as regras estabelecidas pelo Comitê Olímpico Internacional.
Receber eventos do porte de uma Olimpíada ou Copa do Mundo são oportunidades para que os países consolidem sua imagem diante da comunidade internacional. Mais do que o legado de grandes obras, colocar o nome no mapa internacional é o caminho certo para atrair investimentos e capital estrangeiro. Uma oportunidade única tanto para os investidores quanto para quem procura capital para o próprio negócio.
O segmento de turismo e serviços são os principais favorecidos durante o período da Olimpíada e também depois dela. O Rio de Janeiro é uma cidade que o mundo inteiro deseja conhecer e toda essa publicidade gratuita tende a beneficiar o comércio, mas é preciso aprender com as circunstâncias passadas. O investimento em estrutura de transporte e a regulamentação de serviços como o Uber e o AirBNB, que facilitam a vida do turista, é primordial para que não fique uma má impressão.
Os problemas existem e não devemos fechar os olhos a eles. Ao contrário, fazer contingências e tomar medidas eficazes para superá-los é o que a comunidade internacional e os próprios brasileiros esperam.
Nós sabemos fazer um espetáculo e a interação entre a torcida e os atletas – cuja venda de R$1,75 bi em ingressos pode confirmar, mostra que o nosso potencial é enorme! Só nos resta trabalhar ainda mais duro para superarmos nós mesmos.
Como temos visto cotidianamente e ao nosso redor, já é possível constatar a melhora de humor do mercado financeiro, apesar da contínua piora de alguns indicadores, como o próprio desemprego, além do déficit das contas públicas e da queda brutal da arrecadação. O índice de confiança primeiramente aflora em alguns segmentos, geralmente nos que indicam o fundo do poço da crise econômica e consequentemente dão o sinal da possível virada econômica.
O gráfico a seguir, publicado pelo Valor, mostra o quanto nosso índice de confiança caiu, ultrapassando 2008, quando tivemos uma crise mundial sem precedentes.
O índice de confiança, nos dias de hoje, é mais representativo e significativo economicamente uma vez que faz a leitura potencial do grau de avaliação no consumo e nos investimentos. A confiança representa para o trabalhador assalariado e prestadores de serviços com baixa ou média renda o "stop and go" para o consumo em geral. Já para os empreendedores, representa a decisão de investir ou não no mercado de capitais, principalmente nos negócios.
Depois que o lastro da moeda foi extinto, o que dá sustentação é a credibilidade que vem casada com a confiança nos agentes econômicos e governos. Por isso a Zona do Euro, por exemplo, tem regras rígidas para que demonstrem um mínimo de credibilidade fiscal, como manter os principais indicadores, déficits e orçamento fiscal em níveis adequados.
No Brasil podemos dizer que a virada do índice de confiança vem, sem dúvida, acoplado a uma solução política minimamente confiável. O governo da Presidenta Dilma carecia muito de credibilidade e de processos de gestão, principalmente diante da preferência por ocupar os quadros de primeiro e segundo escalão com base na fidelidade partidária ao PT, em detrimento do mérito, competência e experiência. Pudemos ver, em primeira mão, onde esse critério de escolha nos levou. Sem dúvida o Presidente interino Michel Temer sabe que a única forma de conquistar a confiança da população é demonstrando uma gestão eficiente. Para isso, colocar pessoas competentes nestes postos estratégicos demonstra claramente a direção correta - e a reversão da tendência do índice de confiança mostra isso.
De modo geral, diria que algumas situações nos permitem observar o cenário macro com certo otimismo. Veja essas possibilidades:
1) A Europa vive um momento confuso e o Brexit pode trazer desdobramentos complexos. Os Estados Unidos estão passando por um emocionante período eleitoral e o resultado pode criar situações semelhantes ao Brexit. Trilhões de euros e dólares, no momento aplicados a juros negativos ou muito baixos, de zero a 1%, de alguma forma tendem a procurar high yeld e acredito que algum fluxo de capital virá para os países emergentes, inclusive o Brasil. Caso o impeachment de Dilma se confirme no Senado, a expectativa é que o nosso país seja um forte candidato a receber uma boa parte deste capital.
2) O aumento do índice de confiança deve gerar melhoria no consumo e demanda por serviços. Principalmente no varejo, o impacto dos juros não é tão significativo nos crediários - que tradicionalmente já têm taxas muito altas, mas a confiança gera coragem no consumidor que está empregado e/ou detinha alguma poupança (mesmo estes não conseguiam ver nenhuma luz no fim do túnel).
3) Diferentemente do varejo, onde poderemos sentir uma melhora considerável e com relativa rapidez, o setor imobiliário poderá ser o último a voltar a crescer com força. O segmento de imóveis é diretamente ligado às taxas de juros oficiais, que só deverão cair aos razoáveis patamares dos 10% no final de 2017. Por outro lado o setor sempre atrai capital de investimentos asset para adquirir ativos ainda depreciados. Como o estoque está bastante grande, as incorporadoras poderão ter uma possível folga de liquidez na venda desses ativos.
Confiança é e será um ativo de grande valia para o novo governo, entretanto essa confiança não durará para sempre se não houver real percepção de mudança. É preciso que aconteçam demonstrações efetivas de reformas fiscal-orçamentárias tanto no Congresso como no Executivo, tão logo passe a votação do impeachment e se confirme o novo presidente do Brasil. Seguimos observando com esperanças.
A dificuldade das pessoas que não são do mercado em compreender o que significa taxa de juros negativa é real, uma vez que somos acostumados a juros exorbitantes e inflação de dois dígitos. As flutuações econômicas que vivemos não nos deu tempo de desenvolver as condições propícias para o sistema de juros negativos, uma realidade em diversos países da zona do euro e no Japão – que nos oferece um dos exemplos mais didáticos do funcionamento da chamada NIRP - taxa de juros negativa, sigla original em inglês.
O último censo no Japão mostrou que a taxa de natalidade diminuiu e o envelhecimento aumentou. Essas informações combinadas demonstram que o país tem dificuldade em aumentar a força de trabalho que paga os gastos públicos com previdência e saúde, além de não ter condições de sustentar as tentativas para reaquecimento da economia. No caso japonês, o Banco Central decidiu cobrar dos bancos comerciais os valores que excedam as reservas legais e os depósitos compulsórios. Teoricamente essa medida aumenta os empréstimos, a circulação de moeda e, consequentemente, a inflação.
O exemplo japonês atinge imediatamente o sistema bancário, mas ainda é necessário ver como isso atinge o correntista. A Suíça é um dos países que vem obtendo sucesso com a adoção dos juros negativos e lá os correntistas do banco BAS, especializado em investimentos sustentáveis e de cunho social, foram avisados que perderiam dinheiro ao deixar as economias na instituição. O que aconteceu no país após o estabelecimento dos juros negativos é que as pessoas começaram a diversificar a forma de guardar o dinheiro, inclusive alugando cofres em bancos a investimentos que tem retorno zero, tudo para não pagar taxas e serviços que compensem os bancos.
As situações vividas pelos moradores de países que utilizam o juro zero parecem surreais para os brasileiros. Desde taxas de apenas 1,1% em transações imobiliárias sem a necessidade de antecipar pagamentos, até receber dinheiro de volta por pagamentos efetuados em hipotecas, são muitos os exemplos. No momento a melhor opção tem sido os empreendimentos imobiliários, o que já chamou a atenção para a criação de uma bolha no setor.
Para o Brasil esta situação poderá ser benéfica pois são muitos trilhões que já estão nestas condições e com certeza parte deste capital poderá chegar até nós. Mesmo que seja uma pequena migalha serão bilhões que poderão desembarcar aqui. Atrás de high yeld, mas primeiro precisamos carimbar o passaporte que começa pela definição do impeachment. Vamos torcer para que o vento sopre na nossa direção.
Diz o ditado que depois da tempestade sempre vem a bonança. Aqui no Brasil ainda não estamos na fase da bonança, mas já podemos ver um horizonte muito promissor. Uma janela de oportunidades que deve ser bem aproveitada por todos.
Apesar dos problemas que ainda enfrentamos, o humor do mercado está mudando e o índice de confiança está subindo cada vez mais. E apesar de não ser uma recuperação real, a percepção dessa confiança traz fluxo de capital externo e melhora a precificação dos ativos, o que pode ser confirmado com as altas consideráveis que alguns setores vem alcançando na Bolsa. Dadas as circunstancias de investimento do ambiente global - em especial na Europa, com a falta de opções em países de política econômica confiável em razão dos juros negativos e a crise no Oriente Médio - o Brasil oferece mercado não apenas especulativo, mas também para investimento em infraestrutura e setores correlatos.
Uma das vantagens é que ao contrário de outros países que passaram recentemente por crises econômicas, a nossa não foi acompanhada por crise financeira. Passamos por restrição de crédito - dado o alto índice de inadimplência os bancos colocaram o pé no freio e com isso se agravou a crise. O brasileiro também se conteve mais nos chamados gastos “desnecessários”, mas a percepção da confiança já faz com que ele volte a gastar novamente, fazer empréstimos, compras a prazo e investir no sonho da casa própria
Nosso sistema financeiro bem estruturado permite essa recuperação mais rápida. Aqui, a Caixa Econômica Federal resolveu elevar o teto do valor dos imóveis financiáveis e acelerar a aprovação de crédito para pessoas físicas e apenas o esforço em aquecer o setor imobiliário já tem impacto positivo nas previsões do PIB.
A mudança do processo de gestão brasileiro, principalmente com a escolha de dirigentes técnicos para cargos diretivos nas estatais, foi o gatilho para o mercado financeiro repensar investimentos e reestruturação de dívidas do mercado de capitais. A atmosfera otimista se completa aliada ao fato do recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados ter um perfil mais equilibrado, conciliador entre os partidos e com conhecimento da matéria financeira.
A visão dos segmentos no mercado é que o governo interino de Michel Temer tem condições de avançar com, inclusive, projetos impopulares como reforma fiscal e da Previdência. Estamos à espera da finalização do rito do impeachment, o que dará o carimbo necessário para que essas medidas saiam do papel. Essa é a senha que falta para que o fluxo de capitais volte com força para os mercados em geral em busca de surfar a nova onda de oportunidade combinada por gestão mais eficiente e conjuntura econômica global. Apenas aí poderemos dizer que estamos definitivamente fora dessa crise.
"Bancos suspendem consignado para funcionário público em três estados", diz a chamada de uma reportagem do Jornal Estadão em 16 de julho.
Este modelo de crédito foi criado para ser um dos mais seguros do mercado de crédito pessoal e, por esta razão, se pratica taxas mais baixas do que usualmente são oferecidas no mercado (que vão de 5% até 18% ao mês), girando em torno de 2,3% a 2,7% ao mês.
Por que esse empréstimo tem uma taxa mais acessível para o tomador? A resposta seria o baixo risco para os bancos, pois as parcelas são descontadas diretamente em folha de pagamento e, além disso, como mitigador do risco você tem o funcionário público, com maior estabilidade trabalhista.
O que então tem dado errado em uma operação que, em tese, seria considerada (no passado) por quase risco zero por muitas agências de rating? A resposta é simples: a apropriação indébita da prefeitura ou do estado. O estado é responsável fiduciário para fazer o simples repasse do que não lhe pertence, mas se locupleta indevidamente destes valores para custeio geral de suas despesas.
O assunto da reportagem não é novo, nós mesmos aqui no Banco Máxima já tivemos este tipo de crédito com a promessa de que as prefeituras e governos estaduais eram sérios em respeitar os direitos fiduciários dos funcionários. Simplesmente uma balela.
Não funciona assim, pois uma parte das prefeituras e estados deixam os bancos como reféns do sistema, porque não repassam os pagamentos - ou atrasam meses ao seu prazer -, deixando o banco sem alternativa. Se processamos o órgão estado ou prefeitura, os verdadeiros responsáveis pelo desatino de retenção de um direito de cessão fiduciário se escondem na instituição e não na responsabilidade direta das pessoas físicas de serem processadas.
O processo pode durar anos, considerando ainda que os eventos de não repasse acontecem normalmente nas trocas de governos, quando deixam o abacaxi do pagamento e o trâmite judicial para o próximo, como está acontecendo neste momento. Obviamente saímos deste mercado com perdas.
Mas o que me deixa mais inconformado com a situação, é ver que os gestores que praticam este desatino, como se isso fosse normal, não têm noção de como prejudicam e contaminam o sistema como um todo:
Mais recentemente, nesta última semana tivemos aprovada no Congresso a utilização do FGTS como garantia destes empréstimos. No caso, o empregado é quem dará a garantia, caso o empregador órgão público não repasse o que lhe pertence. Olha que absurdo!
Na realidade o uso do FGTS como garantia é um seguro para o gestor (prefeito ou governador) que, em caso de não cumprir o mandato que lhe foi dado, o próprio funcionário público poderá ter que pagar duas vezes o empréstimo: no caso de o valor não ser repassado pelo órgão público, que o deixará descoberto do seu crédito, além do desconto em folha o Banco poderá sacar diretamente do seu FGTS.
Ficaria mais barato para todos os envolvidos se aprovássemos duras leis de apropriação indébita, como em qualquer país civilizado, onde o cidadão responderia a processos na sua pessoa física, inclusive com alta penalidade financeira. Assim, quem sabe, entenderiam que não podem simplesmente reter o que não lhes pertence. O pior de tudo é que eles pensam que só os bancos perdem, mas a perda é geral, menos para eles que saem do governo com a mesma cara de pau que entraram.
Para quem não é do meio, fica muito difícil acompanhar os acontecimentos mundiais que impactam as moedas, os investimentos, a Bolsa. Então, decidi fazer um paralelo entre esses assuntos que acontecem ao mesmo tempo e que estão criando expectativas no mercado financeiro do mundo todo.
Nos EUA, se aguarda o resultado das eleições presidenciais que acontecem esse ano. A disputa tem sido cheia de polêmicas, inclusive com discursos extremistas. A cada notícia de força entre os adversários, o mercado reage. Há uma expectativa de que se a Hilary vencer, o mercado terá mais conforto. E se o mercado dos EUA estiver confortável, o resto do mundo é afetado positivamente.
Na Europa, o assunto é o Brexit, que causou uma tempestade de incertezas na zona do Euro. As consequências, com as quedas consecutivas da Bolsa, ainda são uma incógnita aos investidores. As incertezas e a volatilidade do mercado podem causar retração da economia europeia, o que causaria consequências negativas no mundo todo.
Já no Brasil, a expectativa é a consolidação do impeachment. O mercado tem reagido positivamente às posições do governo Temer e sua equipe econômica, com reais expectativas de recuperação, mesmo sabendo que é um processo lento e difícil. A incerteza que paralisa é a dúvida se a presidente afastada retorna ou não ao comando do país.
Como podemos observar, a política afeta a economia em todos esses cenários. E, em qualquer dos ambientes, o que precisamos para que voltem os investimentos é de solução, conclusão, definição. A partir da definição de todos esses assuntos é que começaremos a ver os resultados.
Ao Brasil interessa tanto a estabilidade interna quanto externa, pois isso tem reflexo direto nas exportações. Em um país com câmbio elevado como agora, a exportação é uma ferramenta importantíssima para captação de recursos e equilíbrio da balança comercial.
Para se ter ideia, só nas duas primeiras semanas de julho, a balança comercial teve um superávit de US$ 1,48 bilhões (fonte: MDIC). As exportações têm tido uma média diária de mais de 800 milhões de dólares, o que significa aumento de 2,9% em relação a 2015. Já as importações tiveram um recuo de 17,2%.
Hoje tivemos a notícia de que o PIB de maio teve um tombo em relação ao mês anterior. A queda do PIB em relação ao ano passado é de 3,8%, caracterizando a forte recessão: desemprego, inadimplência, queda de consumo e produção. E, como nosso mercado interno não está aquecido, nossas indústrias têm se mobilizado para atender o mercado externo. A estabilidade americana e europeia são essenciais para continuarmos vendendo e, consequentemente, administrando a crise e trabalhando para reconstruir a nação.
Como podemos ver, no mercado de investimentos não há independência. Os três assuntos são relevantes para a relação de fluxo de capitais no Brasil.
Resumindo, a eleição de Donald Trump significa para os EUA o mesmo impacto que o Brexit tem para os europeus e a volta de Dilma para o Brasil. Espero que não tenhamos uma pororoca tríplice, seria uma catástrofe. Que Deus nos abençoe. Amém!
Não há como questionar o impacto gerado pela grande incerteza da saída da Inglaterra do Mercado europeu. Regras em comum com os países pertencentes a este mercado, como maior agilidade entre comércio e principalmente idas e vindas dos próprios imigrantes em toda Europa, ainda vão mudar. Os mercados reagiram desabando o valor das moedas, com alta volatilidade, sendo que o principal ganhador foi o dólar, que se valorizou mais em relação à Libra, que despencou.
Me lembro uma certa vez, ha mais ao menos 10 anos atrás numa conversa rápida com um motorista Londrino, que ele já se queixava sobre a situação da invasão de imigrantes. Ele dizia que a cidade não mais pertencia ao cidadão Londrino, pois a comunidade árabe já chegava em peso, comprando bastante ativos e negócios através, principalmente, dos petrodólares jorrados nas economias fora do eixo do Oriente Médio.
Juntamente à invasão imigrante nos anos sequentes por cidadãos de todas as nações, Londres se tornou a segunda capital mundial financeira, ficando atrás apenas de New York.
O que fez o cidadão Britânico votar a favor do Brexit, apesar de todo aviso de caos, de salto no escuro, perda de valor dos negócios, saída dos mercados consolidados pelo bloco europeu? Como podem ser tão malucos, virando as costas para a globalização e integralização?
Acredito que a principal motivação que resultou na decisão dividida sobre a saída foi a percepção do resgate da nação de volta para os Britânicos, principalmente agora que a imigração Síria comprometeu ainda mais os países integrados ao mercado comum europeu, se valendo de motivações humanitárias.
A imigração está no centro desta decisão. Não estou certo se trata-se de nacionalismo, mas é fato que a proteção migratória deixou os países Europeus sem controle das fronteiras imigratórias, com estes fluxos advindo cada vez mais de países em crise.
Recentemente a União Europeia teve de fazer importantes concessões para a Turquia e seu presidente, cobrando uma conta cara - de bilhões, para controlar o abrir e fechar da torneira migratória dos Sírios aos países europeus. Acredito que este sentimento de perda de controle migratório foi um dos fatores que mais influenciaram a decisão dos cidadãos de saírem da Comunidade Integrada Europeia.
Sem dúvida que as incertezas ainda deverão perdurar algum tempo, porém acho que a Inglaterra vai mais ganhar do que perder no futuro, pois além de ser - juntamente com a Alemanha - o maior contribuinte do Fundo Comunitário (em torno de 6 bilhões de Libras por ano), vai deixar a conta e os problemas do bloco nas mãos dos germânicos, franceses e holandeses. Eles terão que suportar a despesa como maiores contribuintes, juntamente com países de menor calibre.
Acredito até que a Inglaterra poderá fazer acordos bilaterais em melhores condições do que os atuais, principalmente agrícolas. Até porque ninguém deixará de fazer negócio com a Inglaterra. Apesar de a MCE não facilitar inicialmente a vida do UK nestes acordos, pois não quer esse movimento seja visto como uma boa saída para os demais, ainda veremos duras negociações de saída do bloco nos próximos dois anos.
E ainda, no polo passivo, terão de administrar a volta de uma possível discussão dos países anexados que fazem parte do Reino - a Escócia e Irlanda - que tenderão a ter alguma reação. Partidos populistas e separatistas poderão ressurgir com o tema da independência. Este será o grande custo e a maior dor de cabeça para os Ingleses, que não terão vida fácil após essa decisão do Brexit.
O ponto em discussão agora não é se os ingleses ganharão, mas quanto o MCE (Mercado Consumidor Europeu) perderá com a turbulência e queda de estabilidade, pois o Euro já vinha sendo deixado para trás desde a crise Grega. O pensamento e questionamento será como sair do bloco e qual o futuro existencial do Euro.
Este ponto sobre o futuro do Euro sempre poderá abalar e acabar trazendo uma crise sem precedentes aos países europeus, desencadeada pela incerteza dos mercados. Este é o grande temor dos dirigentes dos países, como Alemanha e França, pois são os maiores fiadores do bloco. Eles terão de suportar e bancar a maior aposta na credibilidade e confiança da estabilidade da moeda, pois agora a porta está escancarada para abertura de novos pebliscitos nos países insatisfeito. Essa reação será estimulada, principalmente, pelo baixo índice do crescimento, além do risco de desemprego que a população, principalmente de maior idade, poderá sofrer com com o problema migratório.
Assim, o ponto central da preocupação agora não serão os mercados de trader de comércio exterior, mas a discussão sobre o risco de alguns destes países do bloco também resolver testar o plebiscito, como foi o caso da Grécia sobre a permanência no Euro. Isso certamente é o que vai assombrar os mercados.
Para mim, a Libra voltará a se valorizar perante ao Euro e, ao longo do tempo, o dólar se fortalecerá ainda mais. Quanto aos fluxos de investimento, o Brasil também ganhará posições caso consigamos voltar à estabilidade econômica e política, pois a vulnerabilidade do Euro poderá tirar a atratividade dos mercados europeus, deixando poucas opções para tanto fluxo financeiro.
Acho também que o Brasil reavaliará o Mercosul, que não decolou até hoje. Caso o impeachment corra dentro da previsibilidade, poderemos ter boa perspectiva de refazermos um novo desenho de comércio exterior.
A conclusão agora é de que a incerteza vai predominar nos mercados e o grau de volatilidade tende a aumentar, o que não é bom para ninguém. Recomendo prudência e atenção aos próximos acontecimentos.