No próximo dia 7 de maio acontece o segundo turno da eleição da França e pela primeira vez em quase 60 anos os partidos Republicano e Socialista estão fora da disputa. A ausência destes dois grandes protagonistas da política francesa deixa o país, e por consequência toda a Europa, em estado de incerteza, mas alegra os mercados. Nesta segunda, com a ligeira vitória de Emmanuel Macron, a Bolsa francesa abriu em alta de 4,1% e todas outras Bolsas europeias seguiram a tendência. As Bolsas asiáticas fecharam em alta e a cotação do euro registrou valorização.
Macron venceu o 1º turno com 23,75% dos votos e desde o primeiro momento foi apontado como o candidato a derrotar Le Pen. Centrista e com experiência no mercado econômico, ainda não tinha disputado cargos públicos e se aproveitou do vazio deixado pela esquerda e direita tradicionais, se apresentando como uma figura moderada e conciliadora no meio de tantos discursos radicais. Com a proposta de deixar a economia francesa mais competitiva no cenário mundial, ele propõe reduzir o imposto sobre as empresas, diminuir os gastos públicos, exonerar 80% das famílias francesas do imposto de moradia e alterar a tributação das grandes fortunas. Sobre a crise mundial de refugiados, Macron propõe maior controle das fronteiras, porém defende que o país e a União Europeia reformulem as condições dos pedidos de asilo.
É exatamente o contrário do que propõe Marine Le Pen. Com um discurso nacionalista e populista de direita, muito parecido com o do presidente americano Donald Trump. Ela é abertamente contra a União Europeia e a favor de fechar as fronteiras para refugiados e imigrantes. Le Pen tem no discurso o panorama de uma França mais protecionista, com possibilidade real de colocar em pauta a saída do país da UE, ou FREXIT, como já é apelidado pela imprensa internacional o possível referendo.
O discurso anti-imigração e contra a União Europeia foi a aposta de Marine em tentar angariar o apoio dos descontentes do governo Hollande, porém apresenta um enorme problema para os franceses, bem maior do que no caso do BREXIT. Para começar, a França usa o Euro como moeda corrente e mudar todo o sistema monetário de um país pode ser mais traumático para sua economia do que aceitar algumas concessões humanitárias que o estado de guerra atual exige dos países.
Le Pen obteve 21,53% dos votos e tenta manter a imagem de renovação da direita e não aquela dos ativistas mais radicais, antissemitas e homofóbicos do seu partido. Membro do Parlamento Europeu, e filha de Jean-Marie Le Pen, a vida pública não é estranha à ela.
O que nenhuma dos dois candidatos podia prever, nem mesmo Macron, é que a população francesa fosse às ruas para manifestar contra o sistema político e as propostas dos candidatos. No dia 3 de maio é o primeiro debate ao vivo entre os dois e, se a história francesa nos ensina alguma coisa, podemos esperar uma grande revolução com essa eleição.