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Saul Sabbá

Tecnologia
Operadoras de TV a cabo ameaçam processar Netflix
26 de janeiro de 2016 at 14:04 0
netflix tv por assinatura

Li uma notícia dizendo que as operadoras de TV por assinatura perderam mais de 1 milhão de clientes em 2014 e culpam a Netflix pela sua derrocada. Por isso, querem entrar na justiça contra o serviço de entretenimento online, prejudicando também os consumidores. Além de exigirem regras e custos para a Netflix, ainda ameaçam cobrar do consumidor usuário de banda larga uma taxa extra, quando forem usar o streaming. Ora, isso não vai contra a neutralidade da rede, aprovada no Marco Civil da Internet?

Ora, o brasileiro ainda vai se acostumar com o mundo moderno da tecnologia. O mercado tecnológico, como venho falando em alguns artigos anteriores, está se voltando à economia digital. As transformações que facilitam a vida do usuário, são a tendência do presente e do futuro.

Concordo que ainda seja estranho às empresas de serviços tradicionais acompanharem a grande concorrência que o mercado da tecnologia proporciona. Ora, mas para que serve a concorrência senão beneficiar o consumidor? Cabe a nós o direito de escolher o que queremos ter e o que podemos pagar. No Brasil, com a inflação alta e o poder de compra afetado, a Netflix é uma opção barata e de qualidade para o lazer das famílias.

Quando saiu a divulgação do estudo do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), de que o Uber não concorre com outros aplicativos de táxis, vimos a sensatez na hora de avaliar o que é melhor para o cidadão. O Cade é uma autarquia vinculada ao Ministério da Justiça e foi criado com a missão de zelar, fomentar e disseminar a cultura da livre concorrência no Brasil.

Veja: enquanto as operadoras cobram pacotes que variam entre R$ 70 e R$ 300, a Netflix oferece filmes, séries e documentários por mensalidades entre R$ 19,90 e R$ 29,90. Por causa dessa grande ideia e ótimo serviço, as ações da Netflix nos EUA tiveram uma valorização de 140% no ano passado.

Nós precisamos ficar atentos e mostrar às autoridades que queremos o nosso direito de escolha, pois sabemos o que mais nos beneficia. Estamos torcendo pela Netflix e por nós, para que não haja distorção nos preços, nos serviços e na visão de mercado.

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Investimentos, Política
A derrocada da Petrobras
21 de janeiro de 2016 at 16:17 0

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O futuro incerto da Petrobras está cada dia menos promissor, perdendo a confiança dos investidores. E para piorar, ainda tem o lado do valor do petróleo que deixa dúvidas sobre a capacidade deste setor aguentar a baixa forçada, por causa da guerra de preços.

A volta do Irã ao mercado de petróleo, sendo o quarto maior produtor do mundo, coloca um futuro sombrio no setor, de modo geral. A quem interessa o preço do petróleo despencar? Somente aos mega produtores, que têm um custo de produção muito abaixo da média, como a Arábia Saudita e o próprio Irã que além de estar de volta ao mercado, ainda possui uma reserva gigantesca de petróleo e de capital. Nesta situação, pode aguentar um período mais longo desta guerra preços.

O cenário da Petrobras é completamente diferente, pois precisamos de um preço de mercado por volta de $40 o barril, para podermos viabilizar o custo do Capex e a dívida acumulada (que é a maior do mundo corporativo).

Conforme informações da própria empresa, o Pré-Sal poderia ser explorado pelo custo de 8 dólares o barril, mas as dificuldades de financiar o Capex estão se avolumando com os preços do petróleo em queda e o estragulamento financeiro. Com essa situação de mercado complexa, a dificuldade de trazer parceiros para investimento será muito grande.

Parece que a grande solução para Petrobras será a venda de ativos para pagar dívidas, o que é uma pena. No momento atual o mundo dos emergentes sofre com uma crise econômica somada a uma crise de petróleo. Não teremos vida fácil para investimentos, pois comprar ativo está mais atrativo do que tomar risco de performance em project finance no Brasil.

Sinceramente está muito difícil fazer uma análise sobre qual será o futuro da Petrobras, pois a mesma está ficando pequena dentro do contexto corporativo, a exemplo da Eletrobrás que foi perdendo seus ativos e hoje vale 10% a 20% do que já valeu. A Petrobras já está na mesma situação.

Está parecendo que vamos entrar em uma "Era" diferente, a pós Xisto. O preço do Xisto está no nível de 60 dólares, ficando atrativo para a produção. Isso cria mais uma super oferta de produção de energia e por isso os grandes produtores que têm custos muito baixos de extração querem se sobressair aos produtores americanos. Creio que dificilmente consigam, pois cada vez mais a tecnologia vai baratear o custo da produção e assim vai sendo criada uma nova ordem de mercado.

A própria Brasken está transferindo uma planta para o México, em função do custo do Xisto, em detrimento a Coperg. Sem dúvidas que a vida ficará mais difícil para produtores como o Brasil, Venezuela, Rússia e outros que terão de investir mais para extrair mais barato que a planta atual.

O produto interno bruto (GPD) mundial não caiu na mesma proporção que a queda do Barril de Petróleo, fato causado propositalmente pela super oferta energética.

De certa forma esta conjuntura servirá para mostrar a alguns grupos nacionalistas, que sempre alardearam que “o Petróleo é nosso” e superestimaram a importância de ter o controle nas mãos do governo, que além de restringirem o capital estrangeiro quando houve a descoberta do Pré-Sal ou mesmo a fornecedores da Petrobras (que têm de ter no mínimo um % de indústria nacional), em muitos casos ainda fizeram com que a Petrobras pagasse muito mais caro.

Segundo a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustiveis) e do Jornal Valor Economico, “com o barril do petróleo tipo Brent a US$ 51 e o WTI abaixo de US$ 50, diversas operações de xisto deixam de ter viabilidade econômica, afirma o analista Virendra Chauhan, da Energy Aspects. Nas contas dele, um preço de US$ 60 por barril prejudica três das seis mais importantes áreas de produção de xisto nos EUA. Considerando o preço atual do barril na casa dos US$ 50, a maior parte dos produtores fica em situação ruim e, por isso, suscetível a reduzir suas atividades de perfuração, princialmente em áreas periféricas.”

No final tudo se resume em mercado, por mais que não gostemos, pois o preço da matéria prima no mercado de commodities é que vai ditar o destino de cada Companhia do setor, inclusive da Petrobras. E isso tudo vale também para o Trigo, a Soja, o Álcool e assim por diante.

Um fator positivo para a Petrobras é o seu monopólio, que permite que a estatal estipule os preços do mercado interno de combustível. Isso pode ser bom para a petroleira, mas o monopólio é ruim para os consumidores, que não se beneficiam da queda do preço do petróleo.

Possivelmente o melhor dos mundos seria agora a Petrobras somente produzir o que comercializar, mas sabemos que não funciona deste modo. O lado ruim é que não poderemos diminuir a inflação baseando-nos na queda do petróleo, pois o preço é fixado pelo governo que precisa ter resultado na operação. E assim os brasileiros subsidiam a Petrobras, sabiam?

Qual a solução para este imbróglio que o governo se meteu? Precisamos administrar uma solução para reduzir a dívida e não ter de colocar dinheiro em uma empresa que, por décadas, sempre foi muito lucrativa. Capitalização em um momento em que a empresa está nas mínimas históricas não parece muito adequado.

Rolar dívida e cortar investimento além de vender participações de subsidiárias parece ser a receita atual, mas que está longe de ser a solução, pois os mercados poderão continuar a pressionar o preço do petróleo até, quem sabe, 20 dólares o barril. E aí?????

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Bolsa, Juros, Política
Os rumos do Brasil
20 de janeiro de 2016 at 08:29 0

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Todos já sabemos que o Brasil passa por um problema sério com suas commodities, principalmente pela baixa histórica do barril de petróleo e da volatilidade da economia chinesa, responsável pela importação de 50% do nosso minério de ferro. Cada vez mais interessado por economia, muitos brasileiros já se conformaram com as projeções pessimistas para 2016. Não há remédio milagroso, e a melhora vai depender de ajustes certeiros tanto na área financeira quanto na política, que não está ajudando na suavização da crise.

As economias dos países emergentes, em geral, têm sofrido bastante com a queda generalizada dos preços das commodities e a valorização do dólar. Especialmente a Venezuela e o Brasil que, além de terem uma grande parte de sua receita atrelada às exportações de petróleo e minério, ainda passam pelos problemas domésticos – que não são poucos. Países de primeiro mundo também sofrem com esses problemas, e a moeda canadense que normalmente segue a regra do um para um, desvalorizou quase 50%, e hoje são necessários 1,45 dólares canadenses, o CAD, para comprar one dollar bill.

Preocupado com o problema brasileiro mais sentido pelos pais de família, que é a inflação que derrete a renda de famílias e empresas, o Copom fará hoje a sua primeira reunião do ano para definir se sobe a taxa de juro para 14,25%. O resultado da reunião sairá a noite, mas é provável e quase certo que sim, o BC irá manter a taxa ou no máximo subir 0,25%.

Já disse anteriormente que a subida da taxa é uma decisão necessária, mas com resultados pouco garantidos, podendo afetar ainda mais as dívidas com o percentual repassado aos preços. Já em janeiro o IPCA deu um susto na população, nos mostrando as altas nos preços dos itens mais básicos.

Muitos amigos me perguntam sobre a realidade da economia brasileira e as chances de recuperação, mas tudo o que tenho são interrogações. Por mais que os especialistas tentem analisar e prever, no fim das contas ninguém consegue saber muito. Qual a eficácia da política monetária no momento? Qual o impacto de elevação dos juros no controle da inflação, se a percepção é fiscal? Qual o impacto dos juros SELIC no custo dos empréstimos, se os spreads estão exacerbados em função do risco Brasil? Quanto da inflação não está indexada aos contratos e aos indexadores que mantém/reduzem a capacidade dos juros?

Enfim, meus amigos. O negócio é torcer para que quem está no controle saiba o que está fazendo, e trabalhar muito, com muita cautela, porque este ano não será céu de brigadeiro. Isso, ao menos, é uma certeza.

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Finanças, Investimentos, Tecnologia
O porque do sucesso da nova “economia da tecnologia”. 
13 de janeiro de 2016 at 13:08 0

economia empresas de teconologia

Sem dúvida nenhuma nos dias de hoje já não questionamos a economia virtual. Em determinado momento em que houve o boom do nascimento destas empresas, houve um certo exagero de tudo, como por exemplo as relações de preços justos. E até após ao estouro da bolha deste segmento nas bolsas, as empresas virtuais foram se ajustando ao contexto da economia real e hoje acredito que o sonho virou realidade.

Foram grandes as transformações, empresas foram criadas em todos setores, a grande maioria pelo conceito de "uma grande ideia" e depois do passar dos anos, após a criação da Internet, foi-se percebendo que com a disseminação da informação a grande ideia passou a valer pouco.

Com o passar do tempo, a grande ideia foi de 80% a 20% da performance. Nos dias de hoje a ideia vale 20% e a execução 80%. Isto são os dias de hoje. Assim, se você tiver alguma grande ideia, tente ver todo o processo de execução antes, pois a Internet vai sempre encontrar alguém com ideias semelhantes. Hoje, com raras exceções, esse contexto é quebrado. A Google, Apple, Amazon, Uber, Facebook, Twitter, Linkedin, Instagram, WhatsApp, Waze e outros inúmeros aplicativos do mesmo segmento, por que se tornaram as maiores empresas do mundo, desbancando todas corporações tradicionais? Qual o segredo do sucesso de muitas delas? Será que foi a ideia?

A resposta é não, pois basta ver a história de cada uma para entender que quase todas essas empresas fora criadas não somente pela ideia, como no caso da Google, pois já existiam inúmeros sites de busca que foram criados na mesma época, mas a Google conseguiu se diferenciar pela forma fácil de lidar com a busca de informações. Lembram, nós tínhamos o Cadê, Yahoo, Altavista e outros. A Google encontrou a forma de consolidar a busca da informação da melhor forma já feita até os dias de hoje.

Essas empresas estão ficando tão grandes que dificilmente alguma outra do gênero terá a capacidade de investimento para competir, mas aí que entram os aplicativos, como foi o caso do Whatsapp que começou a incomodar o Facebook, que usou o seu tamanho para adquirir o Whatsapp. O Whatsapp encontrou uma forma muito eficiente de se comunicar e não foi uma nova ideia, lembrando que o BlackBerry veio na frente.

Na realidade, acho que o sucesso deles está na sua praticidade de contextualizar e facilitar a nossa vida. Antes de mais nada, eles são facilitadores de vida. Parece brincadeira, mas se analisarmos todos que deram muito certo, veremos que são sites ou aplicativos muito simples e que acabaram vindo ao encontro da demanda de uso onde quanto mais simples e fácil de usar, maior o sucesso e maior o seu valor.

Alguns hábitos da vida cotidiana estão sendo mudados pelo uso destes aplicativos. O UBER e o Waze, por exemplo, estão mudando o sistema de transporte qualificado nos grandes centros.

A regra do sucesso destas empresas é simples: tudo que facilitar a nossa vida e for de simples execução, tende a ter sucesso. Eis a nossa nova economia, a "Economia da Tecnologia", com preços competitivos e evolução dos sistemas tradicionais.

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Bolsa, Câmbio
O câmbio e a China
11 de janeiro de 2016 at 16:15 0

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Dois “circuits breaks” na bolsa chinesa semana passada chamam a atenção, pois no momento o que parece é o que os investidores já temiam: o ajuste chegaria cedo ou tarde. A impressão também é de que uma temporada baixa está apenas no começo.

Sem dúvida o governo chinês vai implementar medidas de caráter preventivo, como injeções de capital para tentar organizar a queda que parece querer se acelerar. Não temos como negar os efeitos colaterais de um período de perda de valor da bolsa chinesa, pela sua importância na economia mundial.

O principal efeito e suas consequências serão nas comoditties, pois o reflexo de um período longo de perdas na China afeta os investimentos chineses que se utilizou bastante das capitalizações de muitas empresas nas diversas áreas da economia, além dos problemas a reboque com os corporates bonds chineses.

De qualquer forma a China tem uma reserva de capital enorme, mas se tornou um mercado extremamente alavancado em equity e crédito corporativo e imobiliário.

Aqui no Brasil, nosso câmbio turbinado pelo ambiente político e econômico que parece não se solucionar tão cedo, poderá ser mais impactado ainda pela variável chinesa - que poderá dar mais um gás na desvalorização da sua moeda como forma de atenuar a queda de consumo e capacidade contínua de manter o soft lending da economia.

A desvalorização do yuan pressiona o preço das comoditties brasileiras, em especial os minérios de ferro e a soja, além de outros na nossa pauta de exportação, pois o país com moeda valorizada tende exportar menos e vice versa. Assim, o preço dos comoditties está em baixa no mundo todo, liderada pelo petróleo que demostra claramente a queda de demanda do consumo mundial, pois o petróleo continua sendo o principal motor de energia mundial.

Neste ponto, acredito que caso os mercados chineses comecem a demonstrar uma desconfiança dos investidores em relação ao futuro, este é um bom motivo para nos preocuparmos como um dos maiores parceiros de nossa pauta de comércio exterior, como também a maioria das economias emergentes que são na sua maior parte dependentes das comoditties.

Enfim, são conjecturas e não previsões. Deixemos para os economistas as projeções e vamos torcer para não estarmos de novo em uma nova onda de desvalorização mundial das moedas, o que poderá aumentar a perda do poder aquisitivo dos países mais vulneráveis. Significa ficar mais pobre. No contraponto, o que pesa positivamente é a impossibilidade de fuga de capital na economia chinesa por parte dos chineses, pois existe uma forte restrição dos investimentos no exterior.

As grandes crises mundiais começaram por perdas em bolsas. Como exemplo, a crise de 1930, que levou a uma grande e longa depressão econômica por mais de uma década. Os modelos de grandes crises se repetem e só mudam a cara: mercado alavancado por leverage de equity e crédito. Resume-se em preservação de patrimônio e foi se repetindo em vários ciclos, no México, na Ásia, o World Trade Center. A crise de 2008 se deu através da quebra da quarta maior instituição financeira, só para lembrar.

Na maioria das vezes,  a motivação é a quase a mesma: desconfiança dos investidores com relação aos preços dos ativos em comparação à capacidade da economia em responder com crescimento necessário.

Se caso a crise no mercado chinês persistir, acredito que novas reavaliações e projeções do dólar começarão a ser feitas ainda este mês e a trégua, que até agora estava à espera de novos fatos internos, poderá reacender o movimento de alta do dólar.

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Finanças, Investimentos, Política
MP 694 vai acabar com a isenção de IR para investimentos
8 de janeiro de 2016 at 14:20 0

IR investimentos

Em dezembro o mercado financeiro ficou em alerta pela possibilidade da votação da MP 694/2015 no Senado Federal. Essa Medida Provisória altera drasticamente as regras de tributação dos investimentos. A votação foi adiada para fevereiro, pois há muitas divergências.

A Medida propõe aumento de tributação para aplicações financeiras como, por exemplo, as alíquotas do Imposto de Renda cobradas sobre os juros da renda fixa (como CDB e debêntures) para 22,5% no caso de operações de até 360 dias, chegando a 15% para prazos acima de 1.080 dias. Também serão criadas alíquotas de tributação que variam de acordo com prazo para os rendimentos que são isentos desde 2012, como as LHs (letras hipotecárias), LCIs (letras de crédito imobiliário), CRIs (certificado de recebíveis Mobiliários) e LIGs (letra imobiliária garantida).

Se aprovada a MP, todos os ativos sofrerão grande impacto. O crescimento da indústria imobiliária será diretamente afetado, para pior. E a tributação, como para qualquer setor obviamente, será repassada ao consumidor final.

O governo precisa, realmente, rever muitas coisas. Mas que seja de maneira bem pensada e planejada, pois os incentivos promoveram para o país grandes investimentos, injetando bilhões de reais em projetos prioritários, especialmente os de infraestrutura, como transporte, energia, saneamento, desenvolvimento tecnológico e outros.

Inúmeros investidores deixarão de apostar nestes projetos, caso o texto seja aprovado como está. Precisam ouvir o setor, para não piorar ainda mais a situação da economia com uma “solução” do déficit feita às pressas e descuidadamente.

Acredito que até o mês que vem percebam os enormes efeitos negativos que esse aumento na tributação pode causar, principalmente em uma economia já em recessão e com o poder de compra do cidadão comum sendo corroído por uma inflação de mais de 10% ao ano.

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Bolsa, Câmbio, Investimentos, Política
Cobrança de IR em remessas ao exterior vai alimentar mercado paralelo
7 de janeiro de 2016 at 14:58 0

ir sobre remessas ao exterior

Infelizmente não há notícias animadoras para que eu possa comentar com alguma alegria. Hoje me pego preocupado com a decisão do governo de não renovar a a isenção de Imposto de Renda (IR) para remessas de até R$ 20 mil por mês ao exterior destinadas a despesas educacionais, de serviços turísticos e hospitalares.

Este é mais um absurdo, feito de forma desorganizada, que recai diretamente sobre os brasileiros. Vemos nas estatísticas o grande aumento do número de jovens que foi estudar no exterior. E essa oportunidade para eles é muito importante, pois garante qualidade. Um pai que trabalha, paga seus tributos já altíssimos no Brasil para poder enviar recursos aos filhos que estão no exterior, agora deverá pagar mais 25% sobre essas remessas. Isso provavelmente prejudicará a continuidade de um projeto de vida.

Mas não só esses jovens e famílias serão prejudicados, como também aqueles que estão no exterior em tratamento hospitalar e seus acompanhantes. A consequência social negativa de uma medida estabanada como essa é muito grande.

Além das pessoas físicas e seus projetos pessoais, a decisão afeta as empresas de turismo que mantém negócios e funcionários no exterior. Para essas empresas, a isenção era sobre remessas até R$ 10 mil. Pagar o hotel de um pacote de viagem fechado aqui no Brasil, por exemplo, já custará 25% de imposto a mais. Manter os empregados lá será muito mais oneroso. Ou seja: o risco de demissões também assombra esse segmento.

De acordo com o Jornal Valor Econômico, “para se ter uma ideia dos montantes movimentados em algumas das rubricas que contavam com isenção fiscal, os gastos com educação fora do país somaram US$ 804 milhões em 2015 até novembro; com saúde foram gastos US$ 5 milhões; as viagens de negócios atingiram US$ 1,538 bilhão; e as viagens pessoais outros US$ 9,321 bilhões. “

Sabem o que vai acontecer no meio disso tudo? O efeito inverso. Vai haver um retrocesso de dez anos, jogando fora todo trabalho do setor e do governo para regularizar essa operação, facilitando a vida dos brasileiros sem onerar o orçamento através de uma bitributação. Em vez de atrair mais divisas, o Brasil vai causar uma fuga imensa de capital e ainda inflar o mercado paralelo de maneira impensável.

É uma decisão retrógrada, que vai prejudicar as empresas e famílias que dependem do envio de dinheiro aos seus dependentes no exterior. Espero realmente que haja um movimento para que o governo repense a decisão.

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Bolsa, Investimentos
“Circuit Braker”: a paralisação da Bolsa chinesa
4 de janeiro de 2016 at 18:10 0

circuit braker

Começamos a primeira segunda feira útil do ano com a surpresa, que foi o "circuit braker" nas bolsas chinesas, que é a interrupção das operações, pela primeira vez na história. As bolsas do mundo inteiro foram afetadas. No Brasil, a BOVESPA entrou em queda e o dólar passou R$ 4,00.

A indústria chinesa vem encolhendo por 10 meses consecutivos, o que preocupa a todos, pois a China é um dos maiores importadores e também um grande exportador e, quando seu desempenho diminui, afeta os mercados do mundo todo.

Por sermos grandes parceiros comerciais, o problema na China agrava ainda mais a situação da economia brasileira. Com a perspectiva de redução do crescimento chinês neste ano, as nossas exportações serão diretamente afetadas, principalmente a de minério de ferro. Metade de todo minério de ferro extraído no Brasil é importado pela China. Sim, 50% de toda nossa produção. A soja também é uma commoditie que será afetada, porém temos as compensações em todo mercado global.

O movimento de desvalorização do dólar também é um fator preocupante para o Brasil. O ciclo de desvalorização das moedas dos países emergentes vai dificultar ainda mais o fortalecimento das exportações e das importações para as empresas brasileiras. As exportações são grandes aliadas à indústria neste momento de crise econômica no país.

O Brasil agora, mais do que nunca, precisa providenciar uma maneira rápida e eficaz de avançar nas reformas que, ao menos, possam impedir a piora deste quadro.

Feliz 2016, Brasil!

 
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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Juros, Política
2016: um ano cheio de desafios
29 de dezembro de 2015 at 14:47 0

Feliz 2016

Feliz ano novo! É essa a expectativa tradicional de um ano vindouro sempre melhor do que o que passou. O ser humano é crédulo e se mantém vivo e forte pela esperança: sem ela já estaríamos mortos.

Mas, na nossa realidade, sem dúvida, o ano de 2016 será duro e difícil para todos os cidadãos brasileiros em todos os níveis sociais: pobres, dependentes do Bolsa Família, os da classe média, ricos, empreendedores, investidores. Todos, sem exceção, terão de trabalhar mais para preservar as conquistas importantes de toda uma década e que agora começam a escapar de nosso controle.

O primeiro desafio será o combate ao desemprego, que tende a crescer fortemente já no primeiro semestre e afetará toda a cadeia de consumo. Nos negócios em geral, deverá haver uma busca incansável por maior produtividade, através de redução de custos nas empresas e profissionais mais qualificados, dado que haverá grande oferta desse tipo de mão de obra no mercado.

Outro grande desafio será o controle da inflação, apesar do ambiente desfavorável em que teremos de trabalhar, com juros altos, consumo reduzido, repasses de câmbio e juros e aumentos de impostos para toda a cadeia produtiva até o consumidor final.

A fórmula de sobrevivência é simples: primeiramente redução de custos; depois,  aumento de produtividade via terceirização para reduzir a carga tributária, mais tecnologia, menos preocupação com aumento de market share, maior repasse de margem de lucro em uma economia que vai encolher pelo menos 8% acumulados no período 2015/2016.

A parte boa para o empreendedor será a via da exportação, beneficiada pelo câmbio e um mercado interno relativamente fechado pela cunha fiscal. Além disso, temos os preços administrados e contratos indexados de serviços, que fazem com que tenhamos pouca margem de manobra sobre a inflação.

O resumo disso tudo é parecido com um ônibus lotado que vem em alta velocidade e dá uma freada para evitar uma colisão. Já sabemos o que acontece: muita gente cai, alguns se machucam e os mais fortes se agarram onde podem e sobrevivem à freada.

Essa analogia é a simplificação de uma economia alavancada por empréstimos e alongamento de prazos e múltiplos de EBITDA de primeiro mundo em que teremos de fazer um ajuste para um ambiente moderado e recessivo, sem o apoio dos bancos governamentais, que terão de conviver com o custo maior da inadimplência.

Esses desafios serão parte do que já conhecemos, mas ainda existem as variáveis desconhecidas, que sempre podem impactar a vida das pessoas, como, por exemplo, o advento da Lava à Jato que, com a prisão de André Esteves, seu presidente, quase implicou a destruição de valor do BTG Pactual e, sem dúvida, gerou ainda maior perda de valor para o mercado, já que se trata do maior Banco de Investimento da América Latina.

Um ponto que se deve considerar é a manutenção do sistema financeiro num ambiente benigno, com seus principais participantes fortes e capitalizados, com um alto desenvolvimento bancário promovido pelo Banco Central no que se refere a um dos melhores sistemas de pagamento do mundo.

Em todas as economias que foram destruídas, seus principais bancos quebraram ou afugentaram os bancos estrangeiros através de governos populistas, como foi o caso de Argentina, Portugal e Grécia.

Quanto mais preservado for o sistema financeiro, mais forte e rápida será a retomada do crescimento, pois a economia é irrigada por esses agentes bancários. Esse é um ponto a favor do Brasil.

Tenho fé de que todos vão se preparar para a tempestade que pode vir, mas ela vai passar e o brasileiro, que sabe fazer isso, deve se  reinventar em todos os segmentos e níveis sociais. Nada ocorre em vão: vamos, pelo menos, ganhar mais consciência para escolher nossos governantes, pois é através do voto que faremos um país melhor sem nos deixarmos enganar por promessas fáceis e levianas. É com a qualificação do voto que chegaremos ao Olimpo.

Que todos tenham um feliz ano novo, cheio de esperança!

Saul Sabbá, Dezembro de 2015

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Investimentos, Juros, Política
A difícil decisão do rumo dos juros.
9 de dezembro de 2015 at 16:09 0
alta dos juros Com a Ata do Copom confirmando de manutenção do patamar dos juros atual e sinalizando uma vigilância do BC em relação à inflação, passando a percepção de que não está assistindo passivamente a persistente manutenção dos altos índices de inflação, mesmo que isso implique em maior redução da atividade econômica, voltou a reinar a discussão novamente sobre qual será  o rumo dos juros.

Já existe uma corrente de economistas que começou a exercitar a possível alta do juros em função da Ata do Copom, principalmente aqueles mais adeptos da teoria ortodoxa, que pregam a qualquer cenário a perseguição do cumprimento das metas de inflação, utilizando sua principal arma que é a alta dos juros para que a economia rompa este ciclo inflacionário através de um choque na oferta e na demanda, cujo resultado seria a queda dos preços.

Sem dúvida que, tecnicamente, a tese é perfeita e sempre que a contrariamos pagamos um alto preço futuro por este relaxamento. Vejam o que aconteceu com a economia, que vinha em um ciclo de expansão tipicamente desenvolvimentista e heterodoxo, cujo resultado está aí: a economia se desarrumou fortemente até porque ancorou o crescimento em crédito e estímulo ao consumo, com alongamento de prazo.

Assim, os defensores da política econômica ortodoxa têm a política monetária como pilar dos ajustes da situação macroeconômica em que o BC não é, nem pode ser, parceiro de crescimento, mas sim controlador da inflação, induzindo ou não os mercados e a atividade real a fazerem seus movimentos de investimentos. Isso, por credibilidade, assim como funcionam as economias mais desenvolvidas como a dos EUA, com o Fed (a mais de uma ano e meio) somente fazendo menção sobre sua atuação na possibilidade de subida dos juros gradualmente, em função da percepção de que o aquecimento da atividade industrial e comercial comecem a contaminar a inflação. Assim, as curvas de juros mais longas capturam estas tendências e se movimentam já com um impacto sobre a economia de empréstimo, como está acontecendo. Este é o movimento clássico.

Voltando ao Brasil, não podemos desconsiderar vários fatores que podem contrapor esta teoria, como o ambiente político adverso e como o ciclo de recessão, assim como uma boa dose de predominância fiscal, que inegavelmente se encontra instalada nos dias de hoje. Mesmo que o BC não goste de considerar este aspecto, pois joga contra ele, dá a entender que poderá ficar neutro, o que não é bom.

Além de que, quando o mercado incorpora o conceito de predominância fiscal, contribui para neutralizar mais ainda a política monetária e fica na dependência, predominantemente, do ajuste fiscal, que acaba na pauta política incluindo as reformas e aumentos de impostos.

A questão agora é: se houver alta dos juros, caso o BC decida retomar, até que ponto seria vista como um impacto redutor da demanda de consumo com consequências na queda da inflação? Ou será  vista como um realimentador de mais um repasse de preços, pelo custo do crédito em geral? O aprofundamento da recessão e o próprio aumento dos juros pode deprimir ainda mais a combalida economia e não surtir o efeito desejado de buscar o centro da meta de inflação e ainda implicar em um custo social muito mais elevado do que já se encontra.

No meu ponto de vista, não vejo como uma alta de juros poderá contribuir para uma já tão combalida economia, pois o ponto não é ser ortodoxo ou heterodoxo. Não estamos em um ambiente de pleno exercício de eficácia das ferramentas de juros e câmbio, mas sim em um ambiente maligno, no qual  já existe uma contração das linhas de crédito, como também os spreads bancários estão muito acima de uma situação de normalidade. Isso faz com que  a economia como um todo perca a sua dinâmica e impacte fortemente a cadeia de fornecedores e  consumidores. Este ponto é relevante, pois poderá o aumento de juros induzir a recompor as margens das empresas já tão impactadas pelas taxas altas dos empréstimos.

Outro ponto relevante é o setor imobiliário, que funciona através da captação de poupanças e a falta de atratividade tende a piorar a competitividade e aumentar o rombo da Caixa Econômica, que detém algo em torno de 70% do mercado imobiliário. O déficit dos saques da poupança estão em torno de R$ 70 bilhões. Este também é um problema sério que deverá ser levado em conta, pois vai aumentar o déficit do governo.  A Caixa Econômica capta estes déficits em CDB e LCI, que são taxas Selic, gerando um spread negativo em função dos empréstimos antigos já contratados em bases de captação. (TR +6% a.a).

Vocês conhecem aquela história do homem que estava ajustando a porca no parafuso e pensou “vou dar mais uma atarrachada” mas daí a porca espanou? Este é o dilema maior do BC: se apertar demais a porca pode espanar, mas se não fizer nada pode ter uma alta da inflação com pouca margem de controle.

Solução à vista? Só um choque de credibilidade.

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