Com a curva futura dos juros apontando para 16%, começa a se delinear uma possível projeção de inflação mais aquém da meta estimada pelo Banco Central para 2016. A projeção do futuro embute um clima de descrédito quanto à possível queda da inflação dentro da meta estimada.
A corrente que está formada pelo fluxo da incerteza no âmbito político-econômico vem fazendo com que o dólar seja apreciado constantemente e, assim, acabe impactando na expectativa futura dos juros, apesar da piora considerável na demanda de consumo. O ciclo vicioso está formado.
O dilema da subida dos juros, na atual situação, pode agravar bastante o déficit brasileiro, além de colocar mais gasolina na fogueira. No caso específico do sistema de crédito de habitação, cria um descasamento fantástico. O sistema de poupança vem batendo recordes de saques, principalmente pela falta de atratividade, além de o volume de operações ter crescido de forma agressiva principalmente pela Caixa Econômica (em que saímos de 4% a uma década para 20% do sistema).
Hoje, com a subida dos juros e com os saques crescentes da poupança, os Bancos emitem CDB ou LCI para financiar este déficit, fazendo com que tenham um spread negativo em torno de 3% entre o captado em títulos fora da poupança e o crédito já dado em base de TR. Na realidade o problema é de todo sistema de poupança, apesar de a Caixa ser mais contundente, pois o programa Minha Casa Minha Vida teve uma expansão e representatividade como programa de governo.
O contexto hoje é bem diferente de outros tempos em que o crédito imobiliário não era tão significativo. A subida dos juros, caso se tenha necessidade de usar o crédito imobiliário como política monetária, fará com que o déficit orçamentário, além dos títulos públicos, aumentem significativamente.
Veja esses gráficos:
A dimensão do dilema: a possível alta dos juros, caso haja necessidade, poderá fazer um grande estrago nas contas públicas e o não aumento dos juros poderá ser interpretado pelo mercado, já bastante nervoso, como um certo abandono das metas de inflação.
Uma coisa é certa: especular neste momento com juros e dólar é muito arriscado. O conselho é ser conservador em relação aos seus investimentos, sem perder a visão das oportunidades.