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Política
Welcome to 2019
2 de janeiro de 2019 at 12:15 0

Seja bem vindo a 2019.


Acredito que todos nós brasileiros que realmente elegeram o candidato da mudança, Jair Bolsonaro - tanto por motivações ideológicas ou também através do voto útil como foi meu caso - estão mais alinhados ao estilo de vida do povo brasileiro do que veio sendo proposto pelos partidos de esquerda em geral aos longo destes 12 anos de poder.

Já esta muito claro que estas mudanças deverão acontecer em uma forma mais ampla que o esperado.

A começar pela revitalização do Itamarati que ao longo deste governo foi posto como um coadjuvante na questão de politica externa, tendo que passar por vários vexames internacionais principalmente no governo Dilma Rousseff. Esta, especialista em gafes externas.

Acordos estranhos com países duvidosos e oportunistas, sem uma mínima governança, como no caso de Cuba através do convênio “mais médicos” - em que se utilizou de um momento de crise de saúde para se importar médicos cubanos que serviram simplesmente aos interesses tanto do PT, como de um governo que respeita zero os direitos humanos como Cuba. O processo de remuneração dos mais médicos nunca foi explicado porque dois terços dos recursos do governo brasileiro ficava retido em Cuba, sabe se lá por quê. De 3 mil dólares , os médicos só recebiam 1 mil US. Totalmente descabido.

Para mim ficou claro de como as coisas poderão mudar agora. O Presidente de toda nação, sem esquerda ou direita, que já demonstra a sua capacidade e vontade de fazer mudanças efetivas, mostrando que dará uma guinada de 180 graus em relação a nova política externa, se alinhando a principais países que historicamente tem convergência de política e de estilo de vida. Por que? Cuba, Venezuela, Equador, Irã e outras aproximações sem nenhuma assemelhações ideológica com o povo Brasileiro.

Basta ver que agora no êxodo de imigrantes venezuelanos, a solidariedade não foi de nenhuma identificação, e sim os expulsaram porta a fora do país. Por que os ditos partidos de esquerda não cuidaram ou assistiram de alguma forma esta população de imigrantes carentes e famintos de solidariedade? Possivelmente para não chamar atenção para a forma como são tratados os milhões de Venezuelanos por um regime que foi amplamente reconhecido pelo governo petista.

Em relação à escolha de países com maiores convergências ideológicas - como Estados Unidos e Israel, assim como tantos outros alinhados com o pensamento democrático - Bolsonaro tem dado sinalizações claras de “Welcome”.

Diferentemente do que foi amplamente publicado pela mídia - em que mostrava um Bolsonaro alinhado com um regime militar - e que se publicou muita informação duvidosa de uma possível volta à um regime não democrático, a ideia foi, sem duvida, se esvaziando pelas ações e sinalizações do novo presidente.

O BNDES foi usado inúmeras vezes para demostrar seu apreço e apoio a todos aqueles países com cunho ideológico de esquerda e marcado pela opressão. Com apoio financeiro a estes países, nunca entendemos a razão objetiva e politica de porquê se fazia tanta questão de dar dinheiro a eles, já que são tão diferentes da nossa verdadeira vocação democrática. Agora, depois dos escândalos da Lava-Jato, compreendemos a verdadeira razão destes empenhos.

Muitos artistas e músicos famosos se apoiam na ideia de que você pode ser democrático e de partido de esquerda, de partidos políticos que vendem este conceito social e comunista. Eu pessoalmente não consigo entender como o comunismo seria “democrático”, até porque não é e nunca foi. As pessoas precisam ler mais a história sobre os lideres do sistema partidário comunista, ou mesmo ver filmes de história biografica dos fundadores do partido comunista.

Sempre tiveram como âncora a revolução, não necessariamente pacífica, como mostra a história da Rússia e China que foram os grandes fundadores do partido comunista no mundo.

Não se tem na história da humanidade o tamanho do morticínio que estes dois países comunistas causaram à sua população. Trotskistas, Lenin, Stálin e Mao Tstung dizimaram milhões da população de seus países em nome de suas ideologias partidárias. Basta ler a biografia dos três.

Mas o que isto tem a ver com a gente aqui no Brasil? Na realidade, há um simbolismo maior do que imaginamos.

O conceito vulgarmente de direita ou esquerda usado na eleição recente trouxe de volta esta termologia que talvez estivesse relativamente esquecida por nós, e principalmente por uma nova geração que não tem dado muita atenção o que significa de fato, mas que, ao final, foi o que fez a diferença entre os candidatos. A esquerda chamada light, pão com cocada, são normalmente usadas de uma forma enganosa e que de certa forma confunde o cidadão de boa fé. Em um exemplo muito claro, podemos ver que as demandas sociais dos chamados “sem terra” sempre foram estimuladas e amplamente amparadas pelos mesmos partidos de esquerda e usadas como um instrumento de barganha. O MST é um movimento apoiado pela esquerda e com ocupações não democráticas, inspirado nos conceitos Marxistas. “O povo é o poder”, diferente do viés democrático de que o povo elegeo poder.

Mas esta eleição reacendeu o conceito, pois o candidato Bolsonaro levantou a bandeira da direita e nos fez lembrar de onde vem a esquerda.

Muitas pessoas me perguntam como eu acho que vai ser o governo do nosso próximo presidente. Eu simplesmente nunca me prendi a promessas de campanha de nenhum candidato, e sim aos sinais que me são dados - tanto pela própria mídia ou por informações de redes sociais. E, sinceramente, estou surpreso positivamente, até porque, como muitos, nunca fui Bolsonarista mas acabei admirando sua forma de lidar com o controverso, e com um racional bastante diferente do que a mídia vinha caracterizando em varias situações  que geraram muita controvérsia e confusão de opiniões, além de deixarem muitas dúvidas do real posicionamento do novo presidente - como casos envolvendo xenofobia, se posicionar contra os índios, pobres e outros casos polêmicos, até mesmo a respeito de ser a favor da ditadura militar.

Ninguém trilha um caminho de governo ditatorial fazendo convite para países democráticos e desconvidando países como Venezuela e Cuba, que não se alinham na democracia. São os mesmo sinais que a posse do governo Dilma deu no sentido inverso, basta ver a fotografia da posse. Assim, confesso que reavaliei o meu posicionamento em relação ao novo governo e considero que podemos, sim, ter um ciclo econômico bastante favorável ainda que o governo tenha grandes dificuldades em relação ao legislativo. Mas como dizemos: isto faz parte do pacote.
Alguns pontos que observei que considerei bastante positivos e me deixam mais otimista:

- Posicionamento bastante claro em relação à aproximação com países com amplo histórico democrático, que são por natureza de livre comércio e de maior liberdade à iniciativa privada. A tecnologia hoje deverá ser cada vez mais proxima do comércio mundial, sem necessariamente precisarem estar em blocos. Já é possível visitar feiras no mundo inteiro virtualmente e essa tendência irá aumentar cada vez mais, assim como outras ferramentas institucionais.

- Acordos bilaterais de comércio são uma realidade pois as negociações em blocos regionais, especificamente do Mercosul, em que não se consegue atender aos interesses de uma região como um todo pelas diferenças e momentos econômico de cada país como Brasil e Argentina.

- Politica de defesa de todo cidadão de bem para ter o direito de se defender poderá inibir um pouco mais a criminalidade que assola o país e hoje se tornou um dos maiores e principais problemas nacionais.

- Direitos iguais a todos os cidadãos, independente de quotas de raça, cor, origem indígena (ou não), sexo ou orientação sexual, só gera distorções em relação a outros que também consideram injustiçados por não ter os mesmos privilégios.

Assim, com certeza, teremos um início marcante e diferente por posições ideológicas bem distintas do que convivemos ao longo da última década.

E diferentemente de que alguns pensam, as diferenças e valores são relevantes, tão grandes quanto o tamanho do estado que cada um sonha. À direita um estado de menor influência na nossa vida, e à esquerda com maior influência do estado a começar pelo tamanho e relevância do poder público.

Enfim, somos agora de direita e espero que continuemos a ser um país mais democrático, votado democraticamente pela maioria.

Welcome to 2019.

Vamos comemorar a entrada de ano com bastante otimismo e apostando em um futuro melhor. É o que desejo a todos os brasileiros.

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Finanças, Política
Os mercados e a eleição presidencial brasileira
14 de maio de 2018 at 16:00 0

Os mercados dão sinais claros que os tempos fáceis acabaram. Daqui para frente o grau de incerteza tende a aumentar consideravelmente, o que elevará a volatilidade consequentemente.

Pressionado por vários motivos e variáveis que poderão impactar em seu preço, o dólar americano já deu a cara de como vai começar a se comportar. A cotação do dólar oscila por diversos motivos, como as variáveis externas que fogem ao controle brasileiro. É o que está acontecendo atualmente já que a política de Donald Trump tem afetado as economias emergentes.

Uma das promessas de Donald Trump foi valorizar a indústria americana. Com isso, políticas protecionistas foram implantadas nos EUA, o que certamente tem contribuído para o aquecimento da economia norte-americana. Pesa também a redução de impostos corporativos com maior controle da inflação, o que consequentemente gera maior expectativa no aumento da taxa de juro americana. Estes fatores por si só já têm capacidade de apreciar o dólar, consequentemente desvalorizando as moedas emergentes.

Uma das economias que têm sofrido com isso é a argentina, nem tanto pelo efeito externo, mas pela anemia de sua economia, combalida desde os anos 2000. Ajustes fiscais e econômicos foram feitos na Argentina, mas muito ainda precisa ser feito para que os hermanos consigam sair da armadilha inflacionária. Para se ter uma ideia, a expectativa de inflação oficial foi revista de 15% para quase 25% a.a, e a taxa de juros que aqui no Brasil está em 6,25% foi a 40% na Argentina.

Diferentemente do Brasil, a Argentina não possui uma grande reserva cambial que sirva de firewall aos ataques especulativos. Isso fez com que os argentinos pedissem um empréstimo de mais de US$ 30 bilhões ao FMI, contrariando uma promessa de campanha do presidente Mauricio Macri. Além da Argentina, Turquia, Rússia e Brasil agora sofrem com a desvalorização de suas moedas em um efeito que se estenderá por todos os emergentes. O grau de impacto deverá variar de acordo com a confiança externa e a solidez de cada nação. 

O mercado está otimista em relação ao Brasil, e isso me preocupa. Embora com taxa de juro historicamente baixa e inflação no piso, não podemos imaginar um cenário onde o Brasil volte a surfar em céu de brigadeiro, como foi durante a crise global de 2008. Qualquer análise deve sempre levar em conta o cenário interno, mais especificamente o eleitoral, que certamente impactará a economia a depender do eleito e da base partidária que o acompanhará.

Dentre os candidatos viáveis, podemos traçar as seguintes hipóteses:

Uma vitória da centro-direita com Alckmin, Álvaro Dias, Flávio Rocha ou Henrique Meirelles trará poucas mudanças na política econômica. Neste caso teremos uma manutenção do cenário financeiro, com dólar abaixo dos parâmetros já antes da eleição e juros no patamar atual. Isso se deve à crença do mercado na manutenção das reformas econômicas, o que segurará o dólar estável, juro baixo e bolsa em alta.

Caso a centro-esquerda vença com Ciro Gomes, um candidato do PT ou Marina Silva, que se posiciona um pouco mais ao centro, teremos maior indefinição econômica. A tendência pela suspensão das reformas e incerteza de cenários pressionará o dólar que, com a taxa de juro indefinida, fará com que a bolsa entre em queda.

Candidato de extrema-direita líder das pesquisas atuais, Jair Bolsonaro fará os mercados reagirem com bastante volatilidade em caso de vitória. Tudo dependerá da equipe econômica escolhida por ele e qual base eleitoral sustentará seu governo na Câmara e no Senado. Assim como Ciro Gomes, Bolsonaro será questionado pelo mercado por suas políticas na economia e na área social. Neste caso, o dólar deverá extrapolar os preços habituais e o juro deverá subir ligeiramente, em uma tentativa de segurar a especulação no dólar.

Levando todas essas alternativas em consideração, caso tivesse que decidir hoje por um curso de ação eu ficaria fora da bolsa, neutro na questão do juro, ou levemente comprado, e com maior posicionamento no dólar. Não é possível avaliar um cenário de curto prazo com grandes ou pequenos ganhos na compra em bolsa ou juros.

Há pouco para se ganhar e muito para se perder, apesar dos fundamentos financeiros do Brasil ainda estarem estáveis.

E lembre-se do velho ditado, eu sou você amanhã, hermano.

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Política
O baralho eleitoral do Brasil e o cenário possível durante eleições
23 de abril de 2018 at 17:21 0

Uma eleição é como um jogo de baralho. No certame presidencial brasileiro deste ano, a partida será jogada com diversos "decks" de cartas. O quadro eleitoral é incerto graças às complicações jurídicas vividas pelos partidos, pela nova legislação eleitoral e o número de candidatos novos, que oxigenam a disputa.

Do ponto de vista econômico, as novas regras de financiamento de campanha trazem mudanças importantes. Além da imposição de um limite de gastos às campanhas, há também restrição de quem pode fazer as doações e até como as campanhas de televisão podem ser feitas. 

A coisa complica também quando se olha o lado humano. A inviabilização de candidatos tradicionais e consolidados, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e os senadores Aécio Neves e José Serra, abre caminho para a entrada de novos atores à cena. São candidatos que representam uma multitude de espectros políticos, da esquerda à extrema-direita. Essa pluralidade de candidatos torna a eleição mais complexa, já que haverá muita mudança de intenção de votos entre candidatos do mesmo espectro político.

Tendo em vista este cenário, podemos empregar uma análise lógica. Não considerarei a candidatura de Lula, já que a tendência é que ele permaneça inelegível, o que torna a análise mais complexa, já que caso Lula concorresse, seria natural que todos os candidatos se alinhassem contra ele. Sem o ex-presidente o confronto será de todos contra todos. E isso adiciona um novo conjunto de cartas ao baralho.

Existem duas grandes forças em disputa: de um lado a esquerda e centro, e do outro a direita. 

Na centro-esquerda o destaque é Geraldo Alckmin, que oferece ao eleitor um currículo eleitoral com 14 anos de mandato como governador de São Paulo. A complexidade do maior estado da federação, e também a riqueza dele, dão solidez à campanha no quesito realizações e conquistas. Destaca-se a questão da segurança pública, como abordei no artigo anterior, a realização de obras e a administração do orçamento. Em comparação com os outros estados, São Paulo se saiu bem na crise econômica de 2014. Alckmin já disputou o cargo em 2006, o que lhe trará recall. Além disso, ele terá dois candidatos ao governo em São Paulo puxando voto para sua candidatura: Márcio França e João Dória. 

Apesar desses pontos a favor, Alckmin ainda não decolou nas pesquisas. Pesa também o aumento da rejeição ao partido devido às acusações contra Aécio Neves, embora Alckmin tenha passado ileso pela Lava-Jato.

Os demais candidatos do bloco que à esquerda ainda não decolaram, estão atualmente tentando tornar suas candidaturas viáveis. Entre eles encontram-se personalidades sem cunho partidário, mas com poder de conquista em segmentos diversos da sociedade, como o ex-ministro Joaquim Barbosa e o empresário Flávio Rocha. Ciro Gomes e Marina Silva, por exemplo, ainda não se posicionaram nacionalmente como candidatos. Além disso, a presença de dois candidatos de renome na esquerda pode acabar esvaziando as urnas dos dois.

A grande incógnita será a postura do Partido dos Trabalhadores nesta eleição. Jacques Wagner e Fernando Haddad, dois nomes ventilados pelo partido, não conseguem sequer atrair o voto do ex-presidente Lula. Com seu principal candidato inviabilizado, o PT terá como missão manter o cacife eleitoral da legenda, essencial na negociação de alianças. As cartas nos naipes do primeiro bloco, de esquerda e centro, estão se movimentando tentando abocanhar parte do eleitorado petista, órfão de um candidato viável.

No lado à direita do campo, Jair Bolsonaro enfrenta um problema oposto ao de Geraldo Alckmin. Sobra ao deputado carisma e intenção de voto, mas falta conteúdo administrativo e de gestão, já que Bolsonaro nunca ocupou nenhum cargo executivo. A inexistência de bandeiras é um dos principais problemas de Bolsonaro, que perde credibilidade eleitoral junto ao eleitor com maior índice de escolaridade e renda, parte importante do voto avesso à esquerda. 

Com a prisão de Lula e a entrada de novos candidatos no jogo, o candidato do PSL tem como maior desafio a consolidação do voto que, aparentemente, já é seu. Mesmo com todos esses poréns, Bolsonaro já é um candidato viável e estabelecido, ao contrário de boa parte dos pré-candidatos que aventaram candidatura. No pior dos cenários, Jair Bolsonaro é forte candidato ao segundo turno, algo ainda distante a grande parte dos outros candidatos.

Contra tudo e contra todos, entretanto, restam as “Fake News”, que devem dominar o cenário graças à leniência da legislação brasileira, que falha em coibir e punir veículos que divulgam notícias falsas, caluniosas ou tendenciosas. Jair Bolsonaro, por ser polêmico, deve ser uma possível vítima desse expediente, além de outros candidatos que se aventurem por temas mais polêmicos.

O candidato que se posicionar ao centro terá vantagem na disputa, basta para isso uma melhora no da economia. O número chave é 2,5% de crescimento do PIB. A história e as estatísticas mostram que o discurso do centro ganha adesão com melhor ambiente econômico, enquanto a direita e a esquerda dependem de um cenário econômico ruim para ganhar força. São os votos da mudança e, se está bom para todos, a mudança deixa de ser atrativa.

A partida de baralho está apenas começando, e quanto mais tentamos enxergar a mesa, mais embaralhadas e confusas ficarão as cartas. É preciso esperar que as cartas sejam jogadas, dentro e fora do baralho, para que possamos ver, de antemão, qual surpresa nos aguarda nesta eleição.

Será um verdadeiro jogo de cartas.

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Política
Será que Deus é mesmo brasileiro?
29 de março de 2018 at 13:00 0

Os tempos mudaram tanto no campo da violência quanto no desenvolvimento do país nas últimas duas décadas. Se fizermos uma análise temporal veremos que a violência aumentou radicalmente, independe do grau de desenvolvimento do país como um todo.

Não há ligação direta entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social e urbano. Uma prova disso são os estados, principalmente o Rio de Janeiro, que surfaram uma onda de prosperidade com o petróleo, o mercado de capitais e recentemente com as Olimpíadas. Mesmo com todos esses fatores alavancadores, o que temos visto é uma permanente decadência social e urbana graças à violência.

Atribuir o problema do Rio de Janeiro à crise do petróleo é uma solução pobre. Hoje a Cidade Maravilhosa só ganha de São Paulo na questão dos buracos no asfalto. São Paulo foi toda repaginada, e embora ainda tenha buracos nas ruas, tomou para si o mercado de capitais, a Fórmula 1, além de grandes eventos internacionais como o UFC. Isso acontece porque é mais fácil tampar buracos, como agora o prefeito de SP está dando prioridade, do que resolver a insegurança pública. Todos esses eventos que foram para São Paulo, e que antes ocorriam no Rio de Janeiro, embarcaram na ponte aérea em parte por falta de segurança. E quem perde com isso são os cariocas, que deixam de ganhar esses recursos devido ao êxodo.

Outro fator significativo da insegurança pública é a depreciação do patrimônio imobiliário, tanto dos investidores quanto dos cidadãos em geral. A criminalidade é um verdadeiro “perde perde” econômico.

A política de segurança pública deve sempre levar em conta a melhoria das condições de operação. É preciso investir em uma polícia moderna e eficiente, com equipamentos e estruturas adequadas, e também com uma área de inteligência competente acoplada a este processo. Por que há uma diferença tão grande entre São Paulo e o Rio de Janeiro, que sempre foram considerados os estados mais importantes da nação? Será por que São Paulo não foi atingido economicamente pela Operação Lava Jato, ou por que seus governantes tiveram outras prioridades? A segunda alternativa é a correta.

O papel de todo gestor é priorizar investimento, tanto financeiro quanto humano. A segurança pública é um campo onde podemos ver a importância da priorização correta. Se compararmos com Rio de Janeiro e diversos outros Estados brasileiros, assolados pela violência, temos a impressão que São Paulo é um outro país. Enquanto o Rio de Janeiro investiu R$ 2.469 em inteligência em 2017, ou seja, apenas R$ 0,0003% do orçamento, São Paulo destinou 3% do orçamento para inteligência. Somente como referência, o orçamento de São Paulo no ano passado para a segurança foi de R$ 12,5 bilhões.

É um erro investir em Museu da Música, Museu do Mar, e outros mega projetos, se o cidadão não pode se deslocar tranquilamente. A política de segurança pública do Rio é tão descuidada que dá pena de ver a aparelhagem da corporação. Policiais precisam de favores de empresários para abastecer e reparar viaturas, senão faltam veículos para policiar as ruas. Notícias recentes mostram que 50% dos carros da polícia não estão em circulação por falta de peças. As delegacias estão em estado de piedade. Como é que podemos pedir recuperação de roubo, solução de latrocínio, se as delegacias não conseguem sequer registrar um Boletim de Ocorrência?

Chegamos a uma situação extrema com a intervenção do governo federal. Se o Exército conseguir impor a lei, trazendo a ordem pública de volta a condições mínimas e razoáveis, pode ser que pela primeira vez em décadas o Rio tenha a chance arrumar toda esta bagunça. O interventor precisa de apoio da sociedade, não de falsos políticos que pregam que a intervenção que falhará por não ser uma política continuada. Nosso principal problema é institucional. A maioria dos políticos sempre conviveram muito bem com a população desassistida, todos adeptos da política de melhora de qualidade de vida dos mais carentes através de benefícios públicos. O que eles não enxergam é que o Programa Bolsa Família não cria valor de emprego e segurança, apenas crédito em conta. A cidade está hoje sitiada por bandidos, então como não ser favorável à intervenção do exército. Qual a outra opção? Quem lida com estado de sítio são as Forças Armadas, não as forças policiais.

A discussão do problema evoluiu para os métodos de intervenção, como a estratégia de cadastramento do morador da favela. Os falsos defensores dos vulneráveis usam o discurso dos Direitos Humanos igualitários para sugerir discriminação contra o pobre, ou o cidadão que mora em uma região de favela. Não podemos cair nessa balela que atinge traços até mesmo midiáticos. Sem utilizar técnicas novas, principalmente as tecnológicas, iremos andar em círculo.  Nós chegamos a um ponto onde centenas de pessoas morrem por bala perdida. A única vítima desse discurso limitante que tenta criminalizar a intervenção e a tentativa de se fazer alguma coisa é a população que morre no meio do tiroteio.

Monitoramento e serviços de inteligência sempre terão papel primordial. O OSS e o serviço de inteligência britânico foram essenciais para a vitória na Segunda Guerra Mundial. O que o Rio vive hoje é uma operação de guerra e não um caso de polícia, como muitos políticos tentam nos convencer. Nossas autoridades deveriam ir além e recorrer a outros países com experiência similar. Israel sobrevive em uma área de conflito permanente graças à tecnologia avançada para combater e eliminar inimigos infiltrados nos grandes centros populacionais, e a Colômbia trava há décadas uma guerra contra um inimigo paramilitar que chegou a dominar completamente grandes cidades.

O desenvolvimento é incompatível com os índices de criminalidade que temos nas principais cidades do país. O Brasil de hoje precisa de bons administradores que saibam o que priorizar. Nas próximas eleições devemos desconfiar do carismático presidenciável, e nos preocuparmos em eleger quem fizer e administrar bem, e que tenha um passado que corrobore este fato.

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Outros assuntos, Política
O impacto de Trump na nossa economia
23 de novembro de 2016 at 07:50 0

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As pesquisas de opinião e previsões de especialistas mais uma vez não se confirmaram e deixaram o mundo perplexo. Tem se tornado uma constante que os prognósticos mais improváveis, como a votação do Brexit, na Europa, e a vitória de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos se tornem realidade e surpreendam a todos. Estamos, sem dúvida, caminhando para um período de incerteza absoluta, inclusive se considerarmos, no caso das eleições norte-americanas, que as últimas pesquisas davam uma pequena vantagem a Hilary Clinton - que se confirmou com a vitória da democrata na votação popular.

A política econômica do governo Obama foi fortemente apoiada na economia de mercado global, totalmente oposta da opção de Trump. O novo presidente tem a promessa de um mercado mais voltado para dentro, com objetivo de incluir novamente um maior contingente da população americana no mercado de trabalho, principalmente com as oportunidades que tem os imigrantes ilegais e o fechamento de postos de trabalho nos Estados Unidos para serem reabertos em outros países.

Apenas após a posse de Donald Trump é que poderemos efetivamente sentir se o discurso do candidato se materializa, uma vez que não são apenas seus atos e intenções que o tornam realidade. O que todos queremos saber, entretanto é o que significa exatamente a vitória do partido republicano para nós e outros países emergentes.

Mesmo em crise, os Estados Unidos são a maior economia do mundo, acredito, portanto, que se 30% das propostas sejam implementadas, o efeito pode ser devastador.

Nós já vivemos um momento semelhante de incerteza, quando Lula assumiu a primeira vez a Presidência da República. Naquela ocasião os mercados precificaram todas as promessas de campanhas e Lula teve que assinar uma carta compromisso prometendo não romper com os mercados como falou em campanha, além de repactuar o pagamento da dívida pública e se retratar com os mercados. Para dar credibilidade a estas ações, montou uma equipe econômica suprapartidária e reconhecida por sua qualidade técnica.

Essa é a tendência de todos os presidentes controversos: em um primeiro momento tomam medidas para acalmar os mercados e em seguida vão implementando as respectivas plataformas de campanha, de acordo com o apoio que receberam para se eleger. Isto acontece de maneira geral e não dá para avaliar se será apenas retórica todo o discurso de Donald Trump em campanha, como também não dá para fazer uma avaliação precisa dos novos passos que seriam dado daqui para frente. O que temos como dado positivo é a biografia empresarial do novo presidente

Avaliando a fundo o cenário, podemos dizer que a economia global e a própria globalização serão reavaliados. Tanto o Brexit quanto Trump receberam os votos contra a globalização dos mercados e a favor da proposta de reequilibrar os mercados pelo viés de maior proteção do mercado interno, ou seja, mais protecionismo, mais inflação e consequentemente mais juros com perspectivas de mais empregos em razão da menor competição externa.

Dessa forma, não dá para que as ações de Trump sejam muito diferentes de seu discurso e isso deve dar início a uma nova ordem econômica para o mundo atual. Economicamente, para os cidadãos americanos, poderá não ser ruim e é curioso ver que este foi o mesmo pensamento que norteou o voto do cidadão inglês, que optou por sair do mercado comum europeu, mesmo que não seja o pensamento de suas cidades principais, líderes e símbolos de globalização, Nova Iorque e Londres, respectivamente.

O fundamento dessas duas vitórias são os mesmos, pois os eleitores que venceram não foram dos grandes centros e mais importantes culturalmente, mas sim os dos estados mais afastados e menos incluídos no processo de globalização.

Para o Brasil, o momento anterior ao da eleição era de uma maior estabilidade e de previsibilidade da nossa economia baseada na vitória da Hilary. Consequentemente e de imediato, uma das possíveis consequências de um presidente polêmico como Trump é a volta da volatilidade nos mercados, câmbio, juros e bolsa que, até então, estavam comportados.

É quase certo também que aconteça um aumento nos juros americanos, o que já tinha sido sinalizado pelo FED e agora depende principalmente dos indicativos da política comercial dos EUA, no que diz respeito a barreira comercial de alguns mercados e até mesmo com aumento de tarifas de importação. O efeito nas relações comerciais, caso algumas promessas venham a ser cumpridas, deverão ser sentidas pelas maiores economias mundiais.

É extremamente relevante e impactante para o resto da economia mundial o efeito da economia do EUA, em razão da moeda norte americana ainda lastrear em todo o mundo as transações comerciais e as reservas dos outros países. O mundo desenvolvido tem vivido um momento de desinflação, juros negativos e baixo crescimento com altíssima liquidez no sistema financeiro, além de uma concentração de renda cada vez maior. Se alguém tem capacidade de mudar este jogo, bastando colocar em prática 30% de suas promessas de campanha, é Donald Trump juntamente com o apoio do Partido Republicano.

Em menos de uma semana vimos o câmbio dar um overshoot, desvalorizando em mais de 10% a moeda americana, e isto faz com que o custo dos hedges ficassem mais caros, com os juros futuros revertendo a tendência de queda dos bonds corporativos brasileiros. Com certeza fica mais caro investir no Brasil e o capital externo exigirá mais premium para vir a investir em nosso país ou outros mercados emergentes, pois a volatilidade do câmbio afasta investimento causado pela incerteza.

Todos sabemos que o impacto no dólar afeta diretamente componentes e produtos importados, que por sua vez comprometem a queda da inflação e, consequentemente, a trajetória de queda dos juros poderá ser mais lenta. A  implementação da política econômica do governo Trump envolve muitas questões comerciais e bilaterais de comércio exterior, principalmente entre EUA e UE, e o efeito dessas decisões redireciona o sistema financeiro mundial, impacta os fluxos de capitais (principalmente para os emergentes como o Brasil) e a tendência é de um fortalecimento do dólar, gerando maiores dificuldades de acessar o mercado interno norte-americano. Até mesmo a China pode ser afetada se Trump seguir com sua promessa de priorizar indústrias americanas.

O câmbio deve se manter volátil pelo menos até o início do governo Trump, mantendo a moeda brasileira pressionada. Acho pouco provável que aconteça uma mudança de percepção sobre a tendência econômica anunciada durante a sua campanha, sendo que o anúncio de seu quadro ministerial e equipe econômica e que emitirá os sinais concretos da direção e real intenção de Donald Trump. Caso esta equipe não inspire confiança, os mercados globais tenderão a reagir com bastante volatilidade. Aliás, esta é a única coisa que é certa: muita volatilidade.

Como sempre, é preciso ver o lado bom das situações. Novamente seremos forçados a agir rápido nas reformas internas, sendo que a fiscal já está em curso e a previdenciária que não pode mais ser adiada. É preciso destravar a economia e nos prepararmos para o efeito externo que poderá não ser nada agradável para nós que já estávamos mais confiantes para uma retomada do crescimento em 2017.

O elefante é o representante oficial do Partido Republicano. Para nós resta esperar que os próximos 4 anos representem a força e a inteligência desse animal e não seu conservadorismo e pretensão. Com a habilidade que Donald Trump demonstrou até aqui, em toda sua carreira empresarial e recente carreira política, só nos resta esperar que essa força também nos ajude a crescer e avançar economicamente.

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Finanças, Política
Os efeitos positivos da PEC 241 na economia
14 de outubro de 2016 at 17:24 0

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A PEC que limita os gastos públicos no teto da inflação e sua aprovação foi, sem dúvida, a notícia mais recorrente nos últimos dias. A discussão sobre assunto tomou grandes proporções uma vez que praticamente todos os setores do governo e da economia se posicionaram contra ou a favor e atraíram a atenção para o assunto até mesmo de pessoas que não dominam a matéria econômica.

É preciso ter um olhar macro sobre a situação. A relevância da PEC do Teto, como foi apelidada, reside em fortalecer a percepção dos investidores de que o Brasil é capaz de conter seus gastos e não ficar à deriva, em rota de colisão com um dívida pública incontrolável.

Divulgar informações fora do contexto faz com que a opinião pública tenha uma compreensão equivocada dos fatos, especialmente no que diz respeito ao comprometimento dos investimentos sociais, como saúde e educação. Antes de mais nada é preciso ter em mente que o orçamento brasileiro é muito amplo e é possível remanejar as prioridades em setores tão relevantes e que merecem atenção especial, como estes.

Acredito que o maior trunfo que a PEC 241 pode proporcionar neste momento é recuperar a confiança dos mercados em geral. Esta confiança traz de volta os investimentos, tanto nacionais quanto estrangeiros, além de um maior entendimento sobre o governo do Presidente Michel Temer, que aparenta ter por base e ponto central o compromisso político com a economia, fazendo as coisas voltarem ao rumo, ou seja, fazendo uma gestão financeira e econômica responsável. Não resta outro caminho para a consolidação de seu governo e aceitação popular. Não será uma campanha de marketing ou reposicionamento de imagem que fará com que a população esqueça o desgaste sofrido pela atual administração durante processo de impeachment.

O grande desafio ainda será mostrar ao país que um mínimo de organização fiscal sera benéfica para todos, inclusive para ampliar os benefícios sociais que são demandados pela população. Superar esta etapa será decisivo no sucesso ou não dessas reformas.

Com aprovação desta PEC o caminho está aberto para a redução de juros. A volta gradativa dos juros a patamares aceitáveis beneficia todos os setores econômicos e, em especial, a produção de modo geral e o mercado imobiliário, que se beneficiam e voltam a ter condições mínimas de juros compatível com a curva do setor.

O movimento natural de uma melhora econômica passa primeiramente pelo mercado de capitais, que antecipa os movimentos futuros da economia real. Poderemos ver nos próximos meses uma recuperação real nas atividades produtivas.

O ministro da economia Henrique Meirelles, assim como o presidente, sabem que tudo começa com o ajuste nos gastos e apostaram pesado na aprovação da PEC 241. Aparentemente, ao obter sucesso nesta jogada, abriu-se caminho para que outros desafios econômicos e políticos estejam brevemente na agenda das reformas, sendo que a mais relevante será a da Previdência Social - sem dúvida um outro enorme desafio.

Duas questões também em pauta se destacaram pela sua importância no período. Dada a relevância da Petrobrás para o país, a aprovação do fim da participação compulsória da empresa na exploração do pré-sal dá oportunidade para que outros players do setor façam esses investimentos. O valor de mercado das ações praticamente triplicou e voltou ao patamar de 220 bilhões, muito em função da percepção de uma gestão mais transparente e mais independente, já que todos sabem da importância social da empresa e esta também sabe que tem contas a prestar aos acionistas.

Também a  possível mudança na lei de repatriação de Recursos (PL 2.617/15) fazendo correções mais inteligentes e possivelmente arrecadando mais, deve entrar em breve na pauta do Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fez um esforço no sentido de que todos possam se aproveitar do beneficio de ter uma arrecadação mais robusta e que beneficie toda sociedade, uma vez que essa medida proporciona a possibilidade de diminuir a necessidade de aumentar impostos. Concretamente esta é a única variável de curto prazo que pode ser traduzida em arrecadação direta no curtíssimo prazo.

Não se trata de justiça social, mas sim efeito caixa, já que temos um déficit gigante. Simplesmente poderemos diminuir, com esta conta, o que pode chegar a ser R$ 15 bi a R$50 bi, dependendo da segurança jurídica que dará aos beneficiados. Caso se concretize, ajudará a resolver problemas dos estados da União e melhorar a nossa conta corrente.

Acredito que temos uma janela aberta, que nos traz esperança de podermos voltar a crescer mesmo que timidamente e com os enormes desafios e adversidades a serem superados.

A PEC 241 não é a solução no presente, mas sem dúvida é a solução para o futuro do país nos próximos 20 anos.

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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Juros, Política
2016: um ano cheio de desafios
29 de dezembro de 2015 at 14:47 0

Feliz 2016

Feliz ano novo! É essa a expectativa tradicional de um ano vindouro sempre melhor do que o que passou. O ser humano é crédulo e se mantém vivo e forte pela esperança: sem ela já estaríamos mortos.

Mas, na nossa realidade, sem dúvida, o ano de 2016 será duro e difícil para todos os cidadãos brasileiros em todos os níveis sociais: pobres, dependentes do Bolsa Família, os da classe média, ricos, empreendedores, investidores. Todos, sem exceção, terão de trabalhar mais para preservar as conquistas importantes de toda uma década e que agora começam a escapar de nosso controle.

O primeiro desafio será o combate ao desemprego, que tende a crescer fortemente já no primeiro semestre e afetará toda a cadeia de consumo. Nos negócios em geral, deverá haver uma busca incansável por maior produtividade, através de redução de custos nas empresas e profissionais mais qualificados, dado que haverá grande oferta desse tipo de mão de obra no mercado.

Outro grande desafio será o controle da inflação, apesar do ambiente desfavorável em que teremos de trabalhar, com juros altos, consumo reduzido, repasses de câmbio e juros e aumentos de impostos para toda a cadeia produtiva até o consumidor final.

A fórmula de sobrevivência é simples: primeiramente redução de custos; depois,  aumento de produtividade via terceirização para reduzir a carga tributária, mais tecnologia, menos preocupação com aumento de market share, maior repasse de margem de lucro em uma economia que vai encolher pelo menos 8% acumulados no período 2015/2016.

A parte boa para o empreendedor será a via da exportação, beneficiada pelo câmbio e um mercado interno relativamente fechado pela cunha fiscal. Além disso, temos os preços administrados e contratos indexados de serviços, que fazem com que tenhamos pouca margem de manobra sobre a inflação.

O resumo disso tudo é parecido com um ônibus lotado que vem em alta velocidade e dá uma freada para evitar uma colisão. Já sabemos o que acontece: muita gente cai, alguns se machucam e os mais fortes se agarram onde podem e sobrevivem à freada.

Essa analogia é a simplificação de uma economia alavancada por empréstimos e alongamento de prazos e múltiplos de EBITDA de primeiro mundo em que teremos de fazer um ajuste para um ambiente moderado e recessivo, sem o apoio dos bancos governamentais, que terão de conviver com o custo maior da inadimplência.

Esses desafios serão parte do que já conhecemos, mas ainda existem as variáveis desconhecidas, que sempre podem impactar a vida das pessoas, como, por exemplo, o advento da Lava à Jato que, com a prisão de André Esteves, seu presidente, quase implicou a destruição de valor do BTG Pactual e, sem dúvida, gerou ainda maior perda de valor para o mercado, já que se trata do maior Banco de Investimento da América Latina.

Um ponto que se deve considerar é a manutenção do sistema financeiro num ambiente benigno, com seus principais participantes fortes e capitalizados, com um alto desenvolvimento bancário promovido pelo Banco Central no que se refere a um dos melhores sistemas de pagamento do mundo.

Em todas as economias que foram destruídas, seus principais bancos quebraram ou afugentaram os bancos estrangeiros através de governos populistas, como foi o caso de Argentina, Portugal e Grécia.

Quanto mais preservado for o sistema financeiro, mais forte e rápida será a retomada do crescimento, pois a economia é irrigada por esses agentes bancários. Esse é um ponto a favor do Brasil.

Tenho fé de que todos vão se preparar para a tempestade que pode vir, mas ela vai passar e o brasileiro, que sabe fazer isso, deve se  reinventar em todos os segmentos e níveis sociais. Nada ocorre em vão: vamos, pelo menos, ganhar mais consciência para escolher nossos governantes, pois é através do voto que faremos um país melhor sem nos deixarmos enganar por promessas fáceis e levianas. É com a qualificação do voto que chegaremos ao Olimpo.

Que todos tenham um feliz ano novo, cheio de esperança!

Saul Sabbá, Dezembro de 2015

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Política
O cenário político e econômico brasileiro atualmente
16 de novembro de 2015 at 18:31 0

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Para quem não teve a oportunidade de ler a entrevista com Paulo Guedes, na revista Época dessa semana, aconselho que o faça com bastante atenção. Em uma análise bastante realista do cenário político e econômico atual, Guedes analisa a tendência atual onde a política interfere diretamente na economia brasileira. Desde a redemocratização, os economistas que estiveram na posição de interferir e transformar a economia brasileira falharam em aproveitar as oportunidades e, diante de mais uma crise política, finalmente percebemos que há mais em jogo.

Neste momento é preciso ter a coragem de atacar o problema de frente. Cortar os gastos públicos, revisar políticas de juros, readaptar modelos de redistribuição de renda e fomentar o empresariado são alternativas que podem fazer com que a economia do país tenha condições de se fortalecer diante de crises que, todos sabemos, são cíclicas. A história demonstra que se apoiar na recessão para aprovar medidas que desestimulam o investidor não é uma opção viável. Não se sustenta mais esse modelo em que a medida para superar a crise é aumentar a arrecadação, onerando o contribuinte, sem fazer cortes na máquina pública.

Já pelo viés político, é uma surpresa que o PMDB tenha tido a coragem de abordar essa situação. O PSDB, historicamente a oposição ao governo atual, perdeu a chance de se posicionar, o que demonstra que a simbiose entre a política e a economia é maior do que imaginávamos. O PMDB, ao deixar claro seu posicionamento sobre como o poder público deve se posicionar diante desta crise em que atravessamos hoje, abre caminho para, mais uma vez, ser o protagonista das eleições de 2018.

Eu acredito no Brasil. Já vencemos outras crises, muitas ainda piores do que a que atravessamos hoje. Como diria Albert Einstein, no meio da crise, está a oportunidade. Nosso país vive hoje um momento único de poder reestruturar totalmente a base político-econômica sobre a qual fomos construídos. Só nos resta esperar e acreditar que, com a ajuda do Judiciário e do Congresso Nacional, essa restruturação seja o mais ética e beneficie a todos os brasileiros, igualmente.

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Política, Tecnologia
House of Cards e a realidade política brasileira
13 de novembro de 2015 at 16:58 0

HOC política

Com a crise política instalada e com a predominância fiscal como tema principal, a economia fica a reboque dos principais eventos políticos na guerra dos poderes. Ficou muito claro que as apostas para o mercado estão penduradas nos dois maiores protagonistas do poder, de um lado o presidente do Congresso e do outro lado a figura da Presidente.

Difícil pensar em algum tipo de acordo que agora possa ser costurado para que um dos dois permaneça no cenário das decisões. Com o conselho de ética pressionando o presidente da Câmara, o apoio estaria condicionado à abertura do impeachment - que seria a sustentação de Eduardo Cunha, mas como este precisa de tempo para alongar o processo de indefinição, vai trancando a pauta como pode nas decisões que impactam a economia ligadas às questões fiscais.

Assim, uma possível barganha com poder executivo em troca de uma saída honrosa, deixou cada vez mais difícil administrar a situação. Tanto, que o PSDB já se declarou a favor do expurgo do deputado presidente da casa, pois ficou à espera de uma definição do próprio Eduardo Cunha (que ficou vulnerável por ter alongado a decisão tentando ganhar tempo e uma brecha para negociar a sua situação), quanto a abertura do impeachment. Também pesou a opinião pública no que se refere a um posicionamento do PSDB como oposição, pois o tempo conspira contra todos.

Voltando ao mercado, o que temos de cenário provável? Os partidos de apoio ao Presidente da Câmara ficarão cada vez mais desconfortáveis caso não haja uma abertura imediata do processo de impeachment e tenderão a abandonar o Eduardo à própria sorte, como foi o caso do PSDB vendo que só quem ganha com o prolongamento da crise dos poderes são os próprios protagonistas.

Se de um lado o tempo esvazia o possível processo de impeachment, ao mesmo tempo a crise econômica se aprofunda, devido ao impasse das decisões sobre as pautas fiscais na câmara. E Eduardo Cunha tenta prolongar a indefinição porque sabe que virão outros escândalos da Lava Jato pela frente.

Um cenário alternativo seria a troca do Ministro Levy pelo ex Ministro Meirelles, que está sendo chamado de “Plano Lula”. Para assumir, Meirelles exige chefiar toda uma equipe econômica escolhida por ele. O que se comenta nos bastidores é que Lula teria o apoio de alguns setores econômicos e que, conduzindo essa troca, os mercados poderiam regir bem. As críticas a Levy se dão, principalmente, pela insistência na implementação da CPMF e aumento de impostos, sem atacar com consistência a redução da máquina do Estado.

Não acredito que essa mudança seja suficiente para a economia rodar novamente mas, sem dúvida, a percepção de uma mudança de equipe poderá dar a esperança de que seja melhor do que a atual. O Ministro Levy atua como Don Quixote e põe a cara no pedido dos ajustes fiscais através de aumento de impostos, como a CPMF. Os partidos PT e PMDB se preservam neste assunto, basta ver que o PMDB apresentou um programa econômico sem falar em aumento de impostos, deixando a entender claramente sua posição contrária. E deixam o desgaste para “Geni” (citando a música).

A grande vantagem atualmente é que não existe diagnóstico difícil para resolver o problema econômico e, por isso, a predominância fiscal já diz tudo, precisa acontecer tudo que ouvimos falar diariamente nos reports econômicos: cortes nas contas públicas, redução da máquina pública, reforma da Previdência e outros bla bla bla.

Mas o que prevalecerá no momento é a definição política, da medida de força entre os poderes da Câmara e da Presidência. Ou é um ou é outro, os dois não cabem juntos.

É House of Cards mesmo! Quem não viu o seriado da Netflix, deveria ver. A semelhança da ficção com a nossa atualidade política é imensa.

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Finanças, Investimentos, Política
Agora a Fitch 
15 de outubro de 2015 at 18:58 0

Fitch

A situação brasileira vem se agravando diante da inércia política e econômica. E assim, vemos mais uma agência de relevância mundial rebaixar a nota do Brasil de BBB para -BBB, que é o último degrau do Investment Grade e, pior, com perspectiva negativa.

Com a percepção de piora do ambiente macroeconômico e, consequentemente, com a deterioração da economia como um todo, possivelmente a agência Fitch será levada a, em breve espaço de tempo, reavaliar o rebaixamento do Brasil e a perda do grau de investimento.

Conforme já venho comentando em meus artigos, infelizmente o tempo está acabando para decisões paliativas, como arrumar os recursos de modo convincente para fechar o déficit orçamentário.

Ao contrário da nossa percepção, quando nenhum de nós quer aumento de impostos como o CPMF, o debate sobre o assunto está em todos os ambientes econômicos, com opiniões contrárias e a favor. O fato de que essa poderá ser uma das únicas possibilidades concretas de fechar as contas, cada vez mais estamos afunilando a nossa capacidade econômica de fazer qualquer coisa diferente no curto prazo.

A política que hoje traz a reboque a inércia da economia - até porque não se consegue fazer nenhuma reforma ou mudança significativa. Isso faz com que fiquemos em uma situação de "freezer completo" nas ações de mudança de rumo, ficando o país à deriva dos acontecimentos e variáveis imprevisíveis, tanto no campo político como no judiciário - como foi caso das liminares do STJ sobre o ritual do impeachment.

Assim, acredito que teremos pouca margem para mudança de rumo no curto prazo. Todos (Congresso, Senado e Presidência) estão lutando entre si para, no mínimo, terem sustentabilidade de poder, cada qual dentro da sua luta (seja para permanecerem no cargo ou até por uma saída honrosa). Estamos vendo um MMA político, mas nós é que poderemos tomar um nocaute.

Acho que podemos ter, como maior esperança e como saída, alguma ruptura de poder causado pelo ambiente financeiro, mas não mais pelo lado consensual ou consentido. O que quer dizer isto? É mais ou menos o acontecido com a Grécia, que foi forçada a consentir tudo que não queria e mais alguma coisa que não estava no cardápio (como a privatização), pois o governo que acabara de ser eleito e com suporte popular foi vencido quando o sistema bancário quase entrou em colapso. Aí o recém-eleito se submeteu a duras medidas impostas pelo sistema de governança regido pelas outras nações que compõem o grupo de sustentação e estabilidade da moeda.

É importante e relevante vermos neste exemplo da Grécia que nem sempre podemos fazer o que queremos, mas sim o que podemos fazer - principalmente em um ambiente tão globalizado como é o nosso.

Não temos um modelo exclusivo, nós vivemos dentro de um modelo global de dívida, PIB, orçamento fiscal e etc.  E é nele que as agências de rating se baseiam.

Enfim, sem fiscal e sem consenso político haverá inércia. Se nada se consumar, o ambiente econômico fará o seu trabalho por si só, como no caso da Grécia, e que acabará por ser uma aventura para todos nós.

Paciência acaba, mas esperança sempre há.

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