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Câmbio, Investimentos, Juros, Política
Um cenário de incertezas para 2016
11 de fevereiro de 2016 at 11:34 0

economia brasileira 2016

Começamos o ano de 2016 com algumas premissas negativas com o IGPM de janeiro, que veio bem acima do esperado. A prévia do mercado apontava para algo em torno de 0,93% e o efetivo ficou em 1,14%.  Sem dúvida que este será um ano de projeções marcadas por váriaveis econômicas complexas e com revisões bastante difíceis, assim como foi o ano de 2015.

Por que houve tanto erro nas avaliações de projeções econômicas ?

Primeiramente, a avaliação da piora econômica e a queda do índice de confiança foram fundamentais para que os números viessem com grandes desvios do projetado. O modelo moderno econômico não contempla hoje somente modelos ortodoxos, como também não só heterodoxos . Se tomarmos como exemplo a economia americana, o FED e o tesouro americano fizeram coisas impensáveis em outros tempos, como se tornarem sócios de instituições, capitalizando e injetando capital de equity nas instituições financeiras com o objetivo de dizer "não vai quebrar".

Olhando para a economia Chinesa, que contempla um modelo fechado e aberto, com políticas econômicas até mesmo agressivas e ao mesmo tempo controlando o fluxo de capital externo e investimentos, principalmente para pessoas físicas que somente têm opção de investirem lá ou em Hong Kong, com modelo híbrido de capitalismo selvagem e comunista, não sabemos dizer o que hoje se torna um modelo certo ou errado economicamente.

Também temos a zona do Euro, que tenta seguir sem sucesso a forma de reativar a economia através de alocação de liquidez abundante no sistema financeiro, além de taxas de custo de dinheiro negativa e tenta reativar a economia até mesmo para que produzam um pouco de inflação. Assim, tentando sair do alto índice de desemprego que vem ha algum tempo se mantendo acima dos 12% ao ano.

O que é então o modelo econômico certo para as nações, que contemplem a satisfação social de suas populações e deixem as contas públicas em ordem? Este é, de modo geral, o desafio de todos os governos, pois os movimentos sociais demandam sem parar e fazem com que a ordem econômica racional, que é somente gastar o que se tem, seja posta de lado pelos interesses das classes. Privados, públicos , políticos, corporativos, sociais e  assim por diante, todos querem manter prioridade em seus interesses, que no final é a procura pelo mundo economicamente  perfeito.

Este mundo não existe e nunca existiu, pois todos os conceitos macroeconômicos politicamente corretos foram quebrados nesta última década. Por isso sou contrário à política de juros ortodoxa neste momento, pois ela  somente contribuirá para agravar a situação delicada e perigosa que estamos passando no Brasil, pois não estamos em um momento de normalidade econômica. Então, medidas de soluções normais não deveriam ser aplicadas, quando nosso momento é similar ao 2008 dos EUA, sem o abalo do sistema financeiro.  Mas basta ver os números negativos e crescente dos indicadores econômicos onde, se nada for feito de concreto, a deterioração das contas serão explosivas.

Estamos passando por um momento de muita incerteza, tanto pelo lado político como pelo econômico, ainda associado aos fatores externos que poderão ser impactantes em todas economia mundial, como: a redução de crescimento ou mesmo o estouro da bolha chinesa, que poderá contaminar outros países Asiáticos, mais a crise dos preços de petróleo que afeta diretamente as Cias. deste ramo e o orçamento de vários países dependentes da receita desta commoditie, podendo o preço de petróleo significar a falência de centenas de produtores.

Até a imigração síria na Europa, que aumenta o problema do continente Europeu, pode se agravar ainda mais com o referendo britânico. Possivelmente deverão votar a saída ou não da comunidade do euro que, caso se concretize (o que acho bem provável), a Alemanha ficará em um posição bastante delicada, pois a conta ficará – em sua maior parte - para ela e poderá comprometer o futuro do Euro, gerando uma maior desvalorização. Então a dúvida sobre o futuro do Euro novamente poderá vir à tona.

O papel de locomotiva econômica volta a se fortalecer na moeda americana que, sem dúvida, continuará a se valorizar perante as outras moedas. Mas não esqueçamos que estamos diante de uma nova eleição americana para presidente e os EUA também têm seus problemas de limite de endividamento. Até quando conseguirá carregar o mundo como locomotiva se todos forem mal?

Voltando ao plano interno, eu diria que podemos avaliar alguns cenários básicos sem nos atrever a sermos honestos com os números, mas simplesmente arriscar através da tendência objetiva e racional:

Considerando que o processo de impechement morre, teremos 3 anos de uma política econômica quase que totalmente presidencialista no sentido de que o Executivo poderá contar com pouco ou quase nenhum apoio no Congresso, exceto por alguns pontos de pauta de interesse comum não muito relevantes. E como vai se governar assim?

Ora, o governo tem de trabalhar com o que tem nas mãos e se preocupar em levar o avião com a asa quebrada para fazer o melhor pouso possível daqui a três anos, utilizando todas as ferramentas disponíveis para fazer uma gestão com o que o momento lhe permite.

Não vai ser onerando o capital, como estavam propondo até a gestão do Ministro Levy, ao tributar todos os tipos de investimentos de renda fixa que foram criados, dividendos, bolsa de valores e patrimônio, pois o cidadão já é tributado em excesso, o capital está cada vez mais concentrado nas mãos de poucos. E isto continuará a ser uma tendência no mundo e não vai mudar assim. É fundamental atrair o capital para interesses comuns, que signifiquem mais empregos e gerem mais impostos, porque o cidadão deveria ser estimulado a aplicar seus recursos aqui no Brasil, mesmo com o alto risco em que se apresenta o país, e não ser estimulado a mandá-lo para fora.

O capital público já foi maltratado ao extremo com projetos de péssimo retorno, mas poderia certamente ser melhor utilizado para reduzir alguns impactos como o crescimento da dívida pública e em outros projetos que pudessem melhorar o impacto no curto prazo.

O momento é de atração de investidores para projetos de demanda. O capital desconfia do momento, mas não para aquisições, como vem sendo demonstrado pelos inúmeros negócios que estão sendo concretizados por estrangeiros e que deveriam ser estimulados via mercado de capitais ao investidor local e externo, pois é ele quem vai investir nos veículos financeiros via mercado de capitais.

Além disso, o governo poderia propor uma desregulamentação e desburocratização de vários setores que emperram a economia, como por exemplo o que estão fazendo para o setor de aviação - poder receber capital estrangeiro e assim viabilizar as cias aéreas que precisam estar fortes, pois são fundamentais à logística das pessoas.

O caso da Petrobras é típico com o lema histórico de “o petróleo é nosso", onde esqueceram de que para ser nosso precisamos ter recursos para extraí-lo. Assim criou-se a besteira da obrigação de ter percentual de nacionalização e a Petrobras ter de ser dona de tudo. Acabamos ficando na mão.

Como estimular o capital a tomar mais risco? Somente através da confiança e credibilidade, coisas que andam bem abaladas por aqui.

O discurso continua invertido, deveria se falar e tomar atitudes claras em relação à contenção dos gastos e metas de redução da máquina governamental e não pedir somente aumento de tributação, o que gera a pior percepção possível. Novamente tenta-se ir pelo caminho mais fácil, que não gera confiança e nem credibilidade.

Falta transparência. O que foi feito de prático em relação à redução dos ministérios e como se está fazendo isso efetivamente? Acredito que 90% da pessoas não têm ideia de muitas medidas que, acredito, devem estar sendo implementadas com vista à redução e racionalização dos custos.

A única linguagem que os donos do dinheiro poderão acreditar é a de que o país está indo em uma direção minimamente coerente, trabalhando forte no corte de custeio da máquina pública. Quando o governo diz que não tem de onde cortar, dá a impressão que na realidade não quer.

Voltando aos cenários, acredito que a inflação será acima dos 10% novamente,  pela instabilidade dos preços e da economia relativamente fechada pela nossa burocracia excessiva. Mesmo com o risco da perda de mercado, o aumento de preços tenderá ser repassado mesmo com a queda de volume, pois a característica de uma lei de mercado como o nosso (fechado e restritivo) é a da ineficiência mercadológica. É assim em todos segmentos, como por exemplo o cartório que não baixa o preço do reconhecimento de firma porque dominam o mercado e o mesmo acontece em vários serviços administrados. Funciona mais ao menos assim: as taxas de cartão de crédito e cheque especial são punitivas a todos por que? Os bons pagam pelo maus pagadores e o modelo não diferencia o bom pagador do mau.

Assim, muito da inflação está na inércia dos preços com exceção das comoditties e varejo. Para dar mais ênfase ao que falo, é como o caso atual do preço do petróleo, que despencou nos mercados internacionais mas o nosso preço interno se mantém inalterado. Isto é economia de mercado fechada, para que entendam bem.

Quanto ao câmbio, acredito que só sobe se agravado por fatores externos, pois acho que vai trabalhar até o teto de R$ 4,50. O dólar é ligado mais a eventuais impactos externos do que internos. Caso aconteça algum evento extraordinário e não precificado na economia mundial, aí sim poderão impulsionar mais o preço do dólar.

Sobre juros, como já venho falando, acredito na manutenção ou até mesmo na queda, dependendo do desaquecimento da economia. Acredito num PIB de -4% ou até mais, dependendo dos fatores políticos ou do cenário de agravamento da crise, impactada pelo imobilismo do governo, se o plano for só o aumento de impostos.

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Investimentos, Política
A derrocada da Petrobras
21 de janeiro de 2016 at 16:17 0

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O futuro incerto da Petrobras está cada dia menos promissor, perdendo a confiança dos investidores. E para piorar, ainda tem o lado do valor do petróleo que deixa dúvidas sobre a capacidade deste setor aguentar a baixa forçada, por causa da guerra de preços.

A volta do Irã ao mercado de petróleo, sendo o quarto maior produtor do mundo, coloca um futuro sombrio no setor, de modo geral. A quem interessa o preço do petróleo despencar? Somente aos mega produtores, que têm um custo de produção muito abaixo da média, como a Arábia Saudita e o próprio Irã que além de estar de volta ao mercado, ainda possui uma reserva gigantesca de petróleo e de capital. Nesta situação, pode aguentar um período mais longo desta guerra preços.

O cenário da Petrobras é completamente diferente, pois precisamos de um preço de mercado por volta de $40 o barril, para podermos viabilizar o custo do Capex e a dívida acumulada (que é a maior do mundo corporativo).

Conforme informações da própria empresa, o Pré-Sal poderia ser explorado pelo custo de 8 dólares o barril, mas as dificuldades de financiar o Capex estão se avolumando com os preços do petróleo em queda e o estragulamento financeiro. Com essa situação de mercado complexa, a dificuldade de trazer parceiros para investimento será muito grande.

Parece que a grande solução para Petrobras será a venda de ativos para pagar dívidas, o que é uma pena. No momento atual o mundo dos emergentes sofre com uma crise econômica somada a uma crise de petróleo. Não teremos vida fácil para investimentos, pois comprar ativo está mais atrativo do que tomar risco de performance em project finance no Brasil.

Sinceramente está muito difícil fazer uma análise sobre qual será o futuro da Petrobras, pois a mesma está ficando pequena dentro do contexto corporativo, a exemplo da Eletrobrás que foi perdendo seus ativos e hoje vale 10% a 20% do que já valeu. A Petrobras já está na mesma situação.

Está parecendo que vamos entrar em uma "Era" diferente, a pós Xisto. O preço do Xisto está no nível de 60 dólares, ficando atrativo para a produção. Isso cria mais uma super oferta de produção de energia e por isso os grandes produtores que têm custos muito baixos de extração querem se sobressair aos produtores americanos. Creio que dificilmente consigam, pois cada vez mais a tecnologia vai baratear o custo da produção e assim vai sendo criada uma nova ordem de mercado.

A própria Brasken está transferindo uma planta para o México, em função do custo do Xisto, em detrimento a Coperg. Sem dúvidas que a vida ficará mais difícil para produtores como o Brasil, Venezuela, Rússia e outros que terão de investir mais para extrair mais barato que a planta atual.

O produto interno bruto (GPD) mundial não caiu na mesma proporção que a queda do Barril de Petróleo, fato causado propositalmente pela super oferta energética.

De certa forma esta conjuntura servirá para mostrar a alguns grupos nacionalistas, que sempre alardearam que “o Petróleo é nosso” e superestimaram a importância de ter o controle nas mãos do governo, que além de restringirem o capital estrangeiro quando houve a descoberta do Pré-Sal ou mesmo a fornecedores da Petrobras (que têm de ter no mínimo um % de indústria nacional), em muitos casos ainda fizeram com que a Petrobras pagasse muito mais caro.

Segundo a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustiveis) e do Jornal Valor Economico, “com o barril do petróleo tipo Brent a US$ 51 e o WTI abaixo de US$ 50, diversas operações de xisto deixam de ter viabilidade econômica, afirma o analista Virendra Chauhan, da Energy Aspects. Nas contas dele, um preço de US$ 60 por barril prejudica três das seis mais importantes áreas de produção de xisto nos EUA. Considerando o preço atual do barril na casa dos US$ 50, a maior parte dos produtores fica em situação ruim e, por isso, suscetível a reduzir suas atividades de perfuração, princialmente em áreas periféricas.”

No final tudo se resume em mercado, por mais que não gostemos, pois o preço da matéria prima no mercado de commodities é que vai ditar o destino de cada Companhia do setor, inclusive da Petrobras. E isso tudo vale também para o Trigo, a Soja, o Álcool e assim por diante.

Um fator positivo para a Petrobras é o seu monopólio, que permite que a estatal estipule os preços do mercado interno de combustível. Isso pode ser bom para a petroleira, mas o monopólio é ruim para os consumidores, que não se beneficiam da queda do preço do petróleo.

Possivelmente o melhor dos mundos seria agora a Petrobras somente produzir o que comercializar, mas sabemos que não funciona deste modo. O lado ruim é que não poderemos diminuir a inflação baseando-nos na queda do petróleo, pois o preço é fixado pelo governo que precisa ter resultado na operação. E assim os brasileiros subsidiam a Petrobras, sabiam?

Qual a solução para este imbróglio que o governo se meteu? Precisamos administrar uma solução para reduzir a dívida e não ter de colocar dinheiro em uma empresa que, por décadas, sempre foi muito lucrativa. Capitalização em um momento em que a empresa está nas mínimas históricas não parece muito adequado.

Rolar dívida e cortar investimento além de vender participações de subsidiárias parece ser a receita atual, mas que está longe de ser a solução, pois os mercados poderão continuar a pressionar o preço do petróleo até, quem sabe, 20 dólares o barril. E aí?????

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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Juros, Política
Agenda apertada
30 de setembro de 2015 at 18:57 0

agenda apertada

A desarrumação na economia, pela alta abrupta do câmbio em curto espaço de tempo, vai trazendo consequências por parte, principalmente, do endividamento das empresas que tomaram recursos através de corporate bonds, fazendo com que as mesmas tentem a recomposição de caixa para fazer frente ao aumento dos encargos da dívida.

A Petrobras anunciou o aumento dos combustíveis com este objetivo, pois é uma das empresas mais endividadas do mundo e ela precisa de recomposição de caixa. Fala-se em 6.5 bilhões! Sem dúvida o mercado gostou, pois além de dar uma clara sinalização de certa autonomia operacional, apesar de inflacionário esse aumento, se tem a percepção de que não deverá impactar tanto nos repasses, pela fraca demanda.

Até nisso temos uma situação esdrúxula, pois o petróleo está nos níveis mais baixos no mundo e mesmo assim precisamos aumentar o preço internamente. Este é um dos efeitos da alta do dólar sobre o endividamento, que acaba sendo do descolamento de preços das commodities pela necessidade de caixa. Neste ponto poucos poderiam fazer o mesmo, pois a concorrência atuaria como regulador de preço. Enfim, é o que temos de melhor.

Continuo apostando no tema que citei outro dia no artigo "remédio amargo", que é a questão da CPMF que acabará passando no Congresso pela goela abaixo, pois o tempo é curto e não existe outra proposta na mesa para fechar as contas do orçamento.

Além do mais, na situação atual, acredito que nem um outro governo (caso viesse) teria tempo para implementar alguma medida de eficácia real. Basta ver que o ministro Levy não muda a conversa na sua peregrinação, afirmando que este é o plano A e o B e o C. É o que tem na mesa, pois de fato corte de custo tem uma dificuldade maior. Sabemos que precisa de um prazo maior para implementação, além de cortes sempre poderem ser contestados juridicamente pelas classes que não querem perder seus direitos. Pode ser que eu me engane, mas daqui a pouco a grande maioria aceitará o CPMF como um mal menor e não como o maior.

Além disso, a redistribuição de cargos nos Ministérios para o PMDB passa a sensação de que a presidenta se fortalece contra o cenário de impeachment, pois essa questão está justamente nas mãos do PMDB. Assim, também a substituição do Ministério da Casa Civil, é uma demanda de parte do PMDB e do próprio ex presidente Lula por um político de maior aceitação pelo PMDB. A agenda política e econômica está bem apertada para o Executivo, pois corre contra o relógio inclusive para mostrar uma sinalização ao mercado de que a crise está sendo administrada ativa e não passivamente, pois ainda tem as agências de risco rondando os novos rebaixamentos de risco.

Esses próximos dias serão cruciais para a agenda política econômica que pode vir marcada por novas surpresas. Quem sabe a luz no final do túnel não seja um trem na contramão.

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