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Finanças, Investimentos, Juros
Dia-a-dia da taxa de juros negativo
2 de agosto de 2016 at 14:26 0

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A dificuldade das pessoas que não são do mercado em compreender o que significa taxa de juros negativa é real, uma vez que somos acostumados a juros exorbitantes e inflação de dois dígitos. As flutuações econômicas que vivemos não nos deu tempo de desenvolver as condições propícias para o sistema de juros negativos, uma realidade em diversos países da zona do euro e no Japão – que nos oferece um dos exemplos mais didáticos do funcionamento da chamada NIRP - taxa de juros negativa, sigla original em inglês.

O último censo no Japão mostrou que a taxa de natalidade diminuiu e o envelhecimento aumentou. Essas informações combinadas demonstram que o país tem dificuldade em aumentar a força de trabalho que paga os gastos públicos com previdência e saúde, além de não ter condições de sustentar as tentativas para reaquecimento da economia. No caso japonês, o Banco Central decidiu cobrar dos bancos comerciais os valores que excedam as reservas legais e os depósitos compulsórios. Teoricamente essa medida aumenta os empréstimos, a circulação de moeda e, consequentemente, a inflação.

O exemplo japonês atinge imediatamente o sistema bancário, mas ainda é necessário ver como isso atinge o correntista. A Suíça é um dos países que vem obtendo sucesso com a adoção dos juros negativos e lá os correntistas do banco BAS, especializado em investimentos sustentáveis e de cunho social, foram avisados que perderiam dinheiro ao deixar as economias na instituição. O que aconteceu no país após o estabelecimento dos juros negativos é que as pessoas começaram a diversificar a forma de guardar o dinheiro, inclusive alugando cofres em bancos a investimentos que tem retorno zero, tudo para não pagar taxas e serviços que compensem os bancos.

As situações vividas pelos moradores de países que utilizam o juro zero parecem surreais para os brasileiros. Desde taxas de apenas 1,1% em transações imobiliárias sem a necessidade de antecipar pagamentos, até receber dinheiro de volta por pagamentos efetuados em hipotecas, são muitos os exemplos. No momento a melhor opção tem sido os empreendimentos imobiliários, o que já chamou a atenção para a criação de uma bolha no setor.

Para o Brasil esta situação poderá ser benéfica pois são muitos trilhões que já estão nestas condições e com certeza parte deste capital poderá chegar até nós. Mesmo que seja uma pequena migalha serão bilhões que poderão desembarcar aqui. Atrás de high yeld, mas primeiro precisamos carimbar o passaporte que começa pela definição do impeachment. Vamos torcer para que o vento sopre na nossa direção.

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Juros negativo
17 de fevereiro de 2016 at 09:30 0

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Sem dúvida que entramos em uma nova fase de reavaliação sobre até quando o capital injetado nas economias Americana e Europeia teve sucesso em irrigar a economia via política de compra de ativos problemáticos ou através empréstimo de linhas de capital diretamente pelo Banco Central.

O que está por trás de tantos recursos ilimitados dos tesouros e Bancos Centrais destes países?   As emissões de moedas fortes não precisam de lastro e sim de credibilidade, como no caso o Dólar e o Euro passando a ser entesouradas pelo mundo a fora, com emissão que não gere inflação. 

O Japão vem, ha alguns anos, tentando sair da deflação e produzir um pouco de inflação. Estes países, de modo geral, têm sistemas totalmente desindexados e com uma economia de mercado bem competitiva, mas também têm problemas de crescimento populacional, além de uma renda per capita bastante alta. A poupança é culturalmente alta e assim a disponibilidade de capital também é alta, mesmo sem atratividade dos juros positivos. 

Agora a Suíça também acaba de colocar os juros negativos como base de recebimento dos recursos recebidos via Bonds do Governo Suíço ou mesmo depósito de curto prazo, que começa a acompanhar o Banco Central da zona do Euro. O FED já falou que vai analisar o assunto, não porque acredita que seja uma tendência, mas porque não dá para ignorar. Após a crise de 2008 houve grandes transformações no sistema bancário mundial e, de alguma forma, o eixo dos problemas mudaram, saíram de controle de inflação via política monetária para aumento de estímulo econômico. Na tentativa reativar a atividade da economia real, o juro negativo veio a reboque. 

Os juros negativos já foram implementados em algumas economias escandinavas, como na Dinamarca que já o utiliza ha mais de três anos e mantém o sistema de juros  até hoje como uma forma de dar competitividade à sua moeda, através do enfraquecimento da mesma e gerar maior competitividade para a indústria local, porém sem grandes efeitos na expansão do crédito ou na reativação da economia. Segundo declarações de autoridades Dinamarquesas, funcionou mais para desvalorização do que estimular o crédito e, de certa forma, também trouxe no primeiro momento uma queda nas receitas bancárias, pois os juros por lá ainda estão em 0,75% negativo a.a. 

De qualquer forma, o saldo tem sido positivo na economia com juros de crédito habitacional pouco acima de zero e, consequentemente, valorizando o mercado imobiliário, pois o sistema bancário teve de se readequar através de serviços e tarifas e, em contrapartida, teve um baixíssimo índice de inadimplência. Atualmente os principais bancos já recuperaram sua lucratividade. 

Qual o significado de tudo isto?

Podemos dizer que estamos começando a fase ou a era do juro negativo, ou é um fato passageiro? Só o tempo dirá. Por que os BC estão forçando o juro negativo no mundo? 

Parte da resposta está na concentração bancária, que cada vez mais segue essa tendência do "Too big to fail" (grande demais para falhar), em que o gigantismo bancário e a concentração fortalecem o sistema, mas ao mesmo tempo deixa o mercado financeiro vulnerável a um número reduzido de Bancos.

Os BCs americano e Europeu injetaram muita liquidez ao sistema bancário para que irrigasse a economia americana e Europeia, mas o que acontece quando o sistema financeiro fica restrito a poucos bancos, como a maioria das economias? O capital não trabalha com efetividade no melhor conceito, pois a enorme montanha de dinheiro injetado - no caso americano e europeu - via compra de ativos tóxicos, além de outras linhas e até mesmo equity (como aconteceu em 2008), fica à deriva. Na maioria das vezes esse capital retorna via títulos Bonds ou mesmo depósito remunerado no BC local, gerando enormes lucros aos bancos, via arbitragem, com esses recursos empoçados no sistema financeiro. 

O que os BC estão tentando, na realidade, é colocar o capital para trabalhar mais na economia real e com menor arbitragem, pois encostar capital no sistema seguro vai custar e gerar perdas, ou seja: terão de pagar para deixar o dinheiro sem risco. 

De alguma forma, isso se aplica aqui no Brasil pela analogia da concentração bancária, onde cinco bancos dominam 80% do mercado bancário. Basta ver que quanto maior a Selic, maior a lucratividade, basta ver que mesmo com a alta da inadimplência os lucros aumentam sem parar. 

O fato de vários bancos europeus terem tido quedas consistentes na Bolsa não é só por isso, mas também pelo tombo no preço do petróleo que, sem dúvida, coloca mais uma pitada de pimenta em relação à capacidade de grandes bancos. Sem contar a China e outros eventos mundiais. 

Termos como fabricar inflação começa a ser usual, principalmente para países que têm pouca indexação e uma economia de mercado mais competitiva, maior eficiência tributária e menos burocracia, com boa capacidade de melhora da produtividade. Esses detalhes fazem com que inflação pareça ser um problema apenas dos países do segundo e terceiro mundos. 

De qualquer forma tudo parece problema, mas o principal é que acredito que sendo mais difundido, como parece ser uma tendência, poderemos ter benefícios importantes na nossa economia em momentos tão difíceis, como o atual. Primeiro pela maior busca de rendimento através de títulos federais e outros ativos, pelos investidores que precisaram balancear seu portfólio com algum ativo de maior risco, e em segundo pela situação de reservas de dólares do país, além de uma tendência de superávits da balança de comércio exterior positiva e o fato principal do nosso sistema financeiro ser de primeiro mundo. 

Estes fatos, sem dúvida, poderão nos beneficiar em curto prazo - dois a três anos, além do fato de termos uma janela com boas perspectivas na área política em 2018, com a possível consolidação de um governo mais coeso entre Congresso, Senado e Executivo.   

Enfim, sonhar sempre nos faz bem.

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