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Agenda apertada
30 de setembro de 2015 at 18:57 0

agenda apertada

A desarrumação na economia, pela alta abrupta do câmbio em curto espaço de tempo, vai trazendo consequências por parte, principalmente, do endividamento das empresas que tomaram recursos através de corporate bonds, fazendo com que as mesmas tentem a recomposição de caixa para fazer frente ao aumento dos encargos da dívida.

A Petrobras anunciou o aumento dos combustíveis com este objetivo, pois é uma das empresas mais endividadas do mundo e ela precisa de recomposição de caixa. Fala-se em 6.5 bilhões! Sem dúvida o mercado gostou, pois além de dar uma clara sinalização de certa autonomia operacional, apesar de inflacionário esse aumento, se tem a percepção de que não deverá impactar tanto nos repasses, pela fraca demanda.

Até nisso temos uma situação esdrúxula, pois o petróleo está nos níveis mais baixos no mundo e mesmo assim precisamos aumentar o preço internamente. Este é um dos efeitos da alta do dólar sobre o endividamento, que acaba sendo do descolamento de preços das commodities pela necessidade de caixa. Neste ponto poucos poderiam fazer o mesmo, pois a concorrência atuaria como regulador de preço. Enfim, é o que temos de melhor.

Continuo apostando no tema que citei outro dia no artigo "remédio amargo", que é a questão da CPMF que acabará passando no Congresso pela goela abaixo, pois o tempo é curto e não existe outra proposta na mesa para fechar as contas do orçamento.

Além do mais, na situação atual, acredito que nem um outro governo (caso viesse) teria tempo para implementar alguma medida de eficácia real. Basta ver que o ministro Levy não muda a conversa na sua peregrinação, afirmando que este é o plano A e o B e o C. É o que tem na mesa, pois de fato corte de custo tem uma dificuldade maior. Sabemos que precisa de um prazo maior para implementação, além de cortes sempre poderem ser contestados juridicamente pelas classes que não querem perder seus direitos. Pode ser que eu me engane, mas daqui a pouco a grande maioria aceitará o CPMF como um mal menor e não como o maior.

Além disso, a redistribuição de cargos nos Ministérios para o PMDB passa a sensação de que a presidenta se fortalece contra o cenário de impeachment, pois essa questão está justamente nas mãos do PMDB. Assim, também a substituição do Ministério da Casa Civil, é uma demanda de parte do PMDB e do próprio ex presidente Lula por um político de maior aceitação pelo PMDB. A agenda política e econômica está bem apertada para o Executivo, pois corre contra o relógio inclusive para mostrar uma sinalização ao mercado de que a crise está sendo administrada ativa e não passivamente, pois ainda tem as agências de risco rondando os novos rebaixamentos de risco.

Esses próximos dias serão cruciais para a agenda política econômica que pode vir marcada por novas surpresas. Quem sabe a luz no final do túnel não seja um trem na contramão.

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