O anúncio de que o IBC-Br teve uma alta de 1,12% nos três primeiros meses do ano foi motivo de comemoração para economistas. Esse indicador é construído pelo Banco Central e funciona como uma tentativa do Governo de antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, já adiantando algumas decisões, especialmente em relação às taxas de juros. Confirma o que falei há algum tempo sobre a importância dos indicadores tanto na tomada de decisões quanto para acompanhar a saúde econômica brasileira.
A grande estrela do resultado positivo do IBC-Br é a safra recorde de grãos já que o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), prevê que a safra 2016/2017 deve chegar a 230 milhões de toneladas. É um crescimento de 24,3% em relação ao período anterior e significa uma incrível movimentação econômica com geração de empregos diretos e indiretos e movimentação de várias cadeias produtivas.
Embora o resultado seja positivo, afinal significa que o país está no rumo certo, não é realista esperar um crescimento expressivo diante de tantos meses de crise. Nos últimos anos o Brasil sofreu perdas consideráveis de credibilidade: um longo processo de impeachment, a queda do grau de investimento e consequente fuga de capital.
Michel Temer e sua equipe fizeram um esforço considerável no sentido de aprovar medidas percebidas como impopulares, porém muito necessárias para a recuperação do país. A aprovação da PEC do Teto provou aos investidores que o Brasil tem a intenção em conter seus gastos públicos e, como resultado, a Moody’s alterou o rating brasileiro de negativo para estável. A própria agência afirma que a continuidade e implementação consistente dessas políticas pode afetar positivamente futuras classificações.
Uma das grandes vitórias é o controle da inflação, grande trauma para os brasileiros. Isso significa que um governo que mantém os preços sob controle e garante renda e poder de compra consegue a confiança da população. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril ficou em 4,08%, o menor para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. As categorias que puxaram esse número para baixo, dessa vez, foram os combustíveis, energia elétrica e habitação.
Estamos apenas no começo de um longo caminho na retomada do crescimento. As reformas Previdenciária e Trabalhista estão a poucos meses de serem aprovadas e estamos a pouco mais de um ano de um processo eleitoral que não apenas promete ser um dos mais acirrados das últimas décadas, mas irá garantir a continuidade dos ganhos dos últimos meses ou colocar tudo a perder.
Como diz o ditado, esforço e trabalho duro oferecem suas recompensas. A economia brasileira agradece.
O momento econômico é bastante favorável ao Brasil até porque todas as previsões econômicas continuam sendo otimistas principalmente quanto ao aspecto da inflação que teve como principal vitória a quebra da inércia dos preços administrados, o que mostrava o acerto na persistência em romper este ciclo, tornando factíveis as previsões de queda de juros. Apesar disto, não podemos simplesmente creditar todos os bonos à equipe econômica do governo, pois a retração causada pelo mal gerenciamento das contas públicas deixou o consumidor com uma baixa capacidade de pagamento de suas suas próprias contas, o que faz com que a economia real se torne anêmica e aumente ainda mais o índice de desemprego.
Realmente a confiança esta voltando e uma das causas, sem dúvida é a queda da inflação e a queda anunciada de juros que vai ajudar na retomada da economia. As reformas que estão em pauta como a da Previdência e a Trabalhista, além das discussões sobre a desburocratização e muitas outras. Estas reformas tem tido uma atenção especial das duas casas, tanto do Senado quanto da Câmara do Deputados. Por que agora as reformas passaram a ser tão importantes?
As reformas são o principal fator de melhora de ambiente macroeconômico e, consequentemente, de melhora de expectativas futuras, o que gera um ambiente bastante benigno para os investimentos, tanto locais como estrangeiros. A equação para retomada da economia real passa pela necessidade de voltar a um patamar mínimo de investimentos para que se quebre a inércia gerada pela crise nos vários setores da economia.
Essa agenda agora passou a ser tão importante para os políticos em geral porque a melhora da economia vai influenciar o momento político de 2018. Sem dúvida a maioria dos futuros candidatos à reeleição veem na melhoria da atividade econômica e diminuição do desemprego a boia de salvação do atual governo e de seus mandatos. As pessoas tendem a ser mais tolerantes em um ambiente econômico mais favorável e nossos políticos sabem disso.
Acho que estamos diante de um momento altamente propício a ter efetivos ganhos institucionais com as reformas e gerar uma visibilidade externa positiva em face das reformas propostas. O grande unificador dos maiores partidos em torno de reformas será a continuidade da "Lava a Jato" que joga uma pressão maior na classe como um todo. Fazer essas reformas não deve ser uma medida para retirar o foco de atenção dos escândalos, porém a pressão sobre nossa economia diminui e poderemos entrar mais rápido em um ciclo de melhora. A tendência é que a aprovação do modelo adotado pelo governo Temer aumente e gere bônus para a eleição de 2018, até porque desmonta definitivamente os argumentos petistas de golpe e além disso, tanto PMDB como o PSDB voltariam a ganhar algum fôlego eleitoral para o próximo ano. Sem duvida nenhuma as reformas nunca sairiam por vontade espontânea política, principalmente em um ano que antecede as eleições presidenciais e estaduais.
Reformar leis consolidadas já há mais de meio século é um grande passo, porém o nome já contextualiza a questão, uma vez que tudo na vida precisa de ajustes com o passar do tempo. Nossa casa, empresas e até mesmo os nossos hábitos também demandam mudanças de tempos em tempos, pois sem isto tendemos a ficar literalmente velhos e obsoletos. Em um país como o nosso, em que muitas das legislações – especialmente a previdenciária e a trabalhista - foram estabelecidas há muito tempo, é preciso se readaptar dentro de uma nova realidade moderna e contemporânea.
No caso da Previdência, o ponto central é a idade mínima de 65 anos. Se compararmos quando foi elaborada a Lei da Aposentadoria, a expectativa de vida da população era outra, talvez uns 20 anos a menos. A contestação de direito adquirido e intocável não faz nenhum sentido sob este ponto de vista. Fazer reformas de verdade, no entanto, mexe com direitos que as pessoas consideram imutáveis e é assim que é apresentada questão por aqueles que são contra a reforma.
É preciso contextualizar o assunto e lutar por uma reforma que possa reconstituir um sistema que seja compatível com dias de hoje, até porque, se não o fizermos, as instituições não serão capazes de suportar as despesas recorrentes causadas pelo envelhecimento da população. Os investimentos serão diretamente proporcionais às reformas que fizermos e são ponto fundamental para que os recursos retornem e comecem a gerar novos empregos, para que nao tenhamos uma geração de filhos pobres com avós e pais ricos - que é o que hoje começa a se desenhar no seio familiar, em que muitas vezes a renda do filho classe media é pior que a dos pais aposentados.
Por fim, o Brasil tem agora uma oportunidade ímpar de se reorganizar com estas reformas e caminhar para termos uma possibilidade real de uma nova década virtuosa.
A previsão de que o dólar pode chegar na faixa dos R$3,00 (ou até menos) nos próximos meses é como um tiro no escuro para quem não está familiarizado com as movimentações do mercado financeiro. Quando a moeda norte-americana ultrapassou esse valor pela primeira vez em mais de 10 anos, em março de 2015, acendeu o alerta para o mercado de que a situação podia piorar, mas o efeito para os brasileiros foi mais grave. Após anos de economia estável, a iminência de retornar ao caos em que vivíamos antes do Plano Real era um temor justificável.
Já vivenciamos muitas fases em nossa jovem democracia. Sabemos, por experiência, que a instabilidade política não faz bem à nossa economia: o mercado não gosta de fragilidades decisórias. A abertura do processo do impeachment da presidente Dilma anunciou o começo das mudanças que culminaram com as sucessivas baixas do dólar nos últimos meses. Pode parecer pouco, só que a sinalização de mudanças profundas na maneira como a economia é conduzida dá credibilidade ao país, diante dos investidores.
Credibilidade é importante. A perda do grau de investimento foi como um carimbo evidenciando que a economia brasileira não é sustentável. Ficou ruim para todos, desde o Governo - cuja reputação se desfez, às empresas privadas - que passaram a ter problemas para rolagem de dívidas estrangeiras. Já disse anteriormente e repito: o trabalho de quase 30 anos construindo as bases de uma economia saudável foi por água abaixo em pouco tempo.
O processo do impeachment está prestes a ser concluído e com ele existe a possibilidade de que reformas importantes possam ser feitas no Brasil. Estamos em um momento crucial, onde podemos pensar no futuro ao mesmo tempo em que ajustamos o presente. A reforma previdenciária não é um capricho, mas peça importante do ajuste fiscal que trará avanços econômicos importantes a longo prazo.
Ao observarmos a questão previdenciária mundial, vemos a importância de se desenvolver uma estratégia que possa ser benéfica a longo prazo. Grosso modo, os países onde há população em idade mais avançada e hábitos conservadores de investimento são os primeiros no mundo a trabalhar com juros negativos, o que tem levado os investidores a empregar capital de maneira diversificada. As economias mais estáveis saem na frente nesse aspecto, por isso a importância de encerrar esta etapa do impeachment e prosseguir com o dia-a-dia do governo.
Diversas vezes falei para os meus leitores que a sensação de confiança é um aspecto dos mais importantes para a saúde da economia de um país. Observar o cenário econômico mundial e estar atento às mudanças que podem ter impacto em nossa economia é o que nos permite emitir essas opiniões. Não é adivinhação e nem futurologia, mas análise de fatos.
Acredito que o Brasil reúne todos os fatores para sair da crise, recuperar o grau de investimento e continuar a caminhada rumo ao desenvolvimento. Como em toda caminhada, existem os percalços. O importante é aprender com os erros e tomar medidas para que estes não se repitam.
Como temos visto cotidianamente e ao nosso redor, já é possível constatar a melhora de humor do mercado financeiro, apesar da contínua piora de alguns indicadores, como o próprio desemprego, além do déficit das contas públicas e da queda brutal da arrecadação. O índice de confiança primeiramente aflora em alguns segmentos, geralmente nos que indicam o fundo do poço da crise econômica e consequentemente dão o sinal da possível virada econômica.
O gráfico a seguir, publicado pelo Valor, mostra o quanto nosso índice de confiança caiu, ultrapassando 2008, quando tivemos uma crise mundial sem precedentes.
O índice de confiança, nos dias de hoje, é mais representativo e significativo economicamente uma vez que faz a leitura potencial do grau de avaliação no consumo e nos investimentos. A confiança representa para o trabalhador assalariado e prestadores de serviços com baixa ou média renda o "stop and go" para o consumo em geral. Já para os empreendedores, representa a decisão de investir ou não no mercado de capitais, principalmente nos negócios.
Depois que o lastro da moeda foi extinto, o que dá sustentação é a credibilidade que vem casada com a confiança nos agentes econômicos e governos. Por isso a Zona do Euro, por exemplo, tem regras rígidas para que demonstrem um mínimo de credibilidade fiscal, como manter os principais indicadores, déficits e orçamento fiscal em níveis adequados.
No Brasil podemos dizer que a virada do índice de confiança vem, sem dúvida, acoplado a uma solução política minimamente confiável. O governo da Presidenta Dilma carecia muito de credibilidade e de processos de gestão, principalmente diante da preferência por ocupar os quadros de primeiro e segundo escalão com base na fidelidade partidária ao PT, em detrimento do mérito, competência e experiência. Pudemos ver, em primeira mão, onde esse critério de escolha nos levou. Sem dúvida o Presidente interino Michel Temer sabe que a única forma de conquistar a confiança da população é demonstrando uma gestão eficiente. Para isso, colocar pessoas competentes nestes postos estratégicos demonstra claramente a direção correta - e a reversão da tendência do índice de confiança mostra isso.
De modo geral, diria que algumas situações nos permitem observar o cenário macro com certo otimismo. Veja essas possibilidades:
1) A Europa vive um momento confuso e o Brexit pode trazer desdobramentos complexos. Os Estados Unidos estão passando por um emocionante período eleitoral e o resultado pode criar situações semelhantes ao Brexit. Trilhões de euros e dólares, no momento aplicados a juros negativos ou muito baixos, de zero a 1%, de alguma forma tendem a procurar high yeld e acredito que algum fluxo de capital virá para os países emergentes, inclusive o Brasil. Caso o impeachment de Dilma se confirme no Senado, a expectativa é que o nosso país seja um forte candidato a receber uma boa parte deste capital.
2) O aumento do índice de confiança deve gerar melhoria no consumo e demanda por serviços. Principalmente no varejo, o impacto dos juros não é tão significativo nos crediários - que tradicionalmente já têm taxas muito altas, mas a confiança gera coragem no consumidor que está empregado e/ou detinha alguma poupança (mesmo estes não conseguiam ver nenhuma luz no fim do túnel).
3) Diferentemente do varejo, onde poderemos sentir uma melhora considerável e com relativa rapidez, o setor imobiliário poderá ser o último a voltar a crescer com força. O segmento de imóveis é diretamente ligado às taxas de juros oficiais, que só deverão cair aos razoáveis patamares dos 10% no final de 2017. Por outro lado o setor sempre atrai capital de investimentos asset para adquirir ativos ainda depreciados. Como o estoque está bastante grande, as incorporadoras poderão ter uma possível folga de liquidez na venda desses ativos.
Confiança é e será um ativo de grande valia para o novo governo, entretanto essa confiança não durará para sempre se não houver real percepção de mudança. É preciso que aconteçam demonstrações efetivas de reformas fiscal-orçamentárias tanto no Congresso como no Executivo, tão logo passe a votação do impeachment e se confirme o novo presidente do Brasil. Seguimos observando com esperanças.
O criterioso processo de escolha da nova equipe econômica do governo foi baseado na meritocracia. A escolha do Ilan Goldfajn para presidir o BC não foi nenhuma surpresa, assim como o anúncio da Maria Silvia para o BNDES também constituiu uma boa escolha, além de outras, todas baseadas no conhecimento técnico e experiência institucional que, sem dúvida, é muito importante no momento.
As escolhas para equipe econômica não poderiam ser melhores e dão um cacife de peso contra os torcedores do caos ou mesmo pessoas mais míopes que têm dificuldade proposital em enxergar que a política populista, em décadas, não teve nenhuma efetividade prática de tirar pessoas da pobreza como alardeiam.
Dar somente Bolsa Família ou casa para as pessoas não é nenhuma grande virtude. Se fosse assim, poderíamos também distribuir dinheiro para os necessitados jogando de cima de um helicóptero e também estaríamos fazendo um bem social. Na visão deles, se jogássemos dinheiro de helicópteros nas favelas seria socialmente correto.
O mais relevante que estes governos populistas poderiam fazer para tirar as pessoas da miséria não seria distribuir dinheiro e sim colocá-las no mercado de trabalho e dar condições educacionais para que saiam da pobreza de um modo mais nobre e digno, dando condições profissionais de concorrer no mercado de trabalho.
Assim, reconstruir a credibilidade começa por uma boa equipe econômica. Num momento de transição pode-se até errar nas escolhas de alguns ministérios, mas não nesta formatação e âncora que devolverão a credibilidade ao país, fazendo com que volte a confiança e em seguida o investimento. A moeda da credibilidade na economia, sem dúvida, vem lastreada pelas escolhas e coesão. Pode até dar errado, mas sem esse primeiro passo nada acontece em seguida.
A Presidente Dilma optou por seguir a linha de atuação que pudesse agradar um pouco ao PT e a alguns setores da economia, mas não gerou credibilidade suficiente para que a confiança retornasse e o governo foi se esfacelando em todos os quesitos econômicos.
Por fim, para entendimento das pessoas que têm menos intimidade com os jargões econômicos, é bom compreender que a equipe econômica é o centro de todo governo. Basta olhar para o recente episódio do impeachment. A Dilma caiu pelas mazelas econômicas e consequentemente pela deteriorização da economia: desemprego, crescimento negativo e tudo mais que sabemos. Ninguém cai com a economia dando resultado, com ou sem pedalada. Dilma caiu porque se não caísse a continuidade da política econômica desastrosa acabaria com as contas públicas do país e tomaríamos um caminho como o da Venezuela, sem volta, pois aqui nós temos bastante alavancagem nos mercados.
O inverso vale para o Temer, pois se ele errar na economia também não chega ao fim de governo. Por isso ele trouxe os melhores e não poderia ter escolhido melhor nome do que o Meirelles, que tem o viés econômico e o político, diferenciando-se de outros técnicos economistas.
Boa sorte ao Brasil. Que tudo corra como acreditamos e torcemos: com responsabilidade, técnica e muito trabalho.