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Finanças, Tecnologia
Blockchain – A quebra de paradigma dos meios de pagamentos
4 de dezembro de 2018 at 18:42 0

Já passados quase 10 anos desde a criação da criptomoeda bitcoin, o mercado de moedas digitais começa a amadurecer sua percepção de como o sistema poderá se beneficiar desta inovação tecnológica chamada blockchain 

Já́ foram lançadas muitas centenas de projetos aos longos destes anos, chamados White Papers, que descrevem qual o objetivo da captação e qual seu propósito estratégico. Assim como através dos ICOs - sigla que define a oferta de tokens para o mercado de consumidores, que na sua grande maioria é formada por um público de jovens visionários sem tanto questionamento sobre eventual lastro de uma criptomoeda. Este normalmente é o questionamento mais frequente de quem se depara com o assunto dado a falta de um paralelo para o novo contexto.

A realidade é que não há lastro e sim uma estrutura tecnológica inovadora que depende de credibilidade dada busca e interesse de todos por meios de transação com maior agilidade, acessibilidade, aceitação e segurança. 

Esta nova tecnologia se baseia em criptografia e foi assim que se derivou e criou novas oportunidades para muitas startups. Muitas delas aventureiras atraídas pelo lucro fácil, porém outras com projetos estruturados mais consistentes e que vêm trabalhando no longo prazo para consolidar seu projeto e benefícios econômicos. 

Cada vez mais, o conceito dos projetos versus investimentos em criptomoeda deverão ter sinais mais claros de fundamentos econômicos e, consequentemente, gerar maior credibilidade para o setor.

Com a maturidade do bitcoin, no ano de 2017 a moeda começou a ser reconhecida nos mercados com a entrada nos Futuros da Bolsa de Chicago e, consequentemente, como uma nova realidade.

Os preços do ativo, que teria ao longo de praticamente 8 anos sendo controlado e manipulado por alguns grandes investidores, passaram a conviver com esta nova realidade através dos Futuros. Abriu-se as portas para os Hedge Funds, que através destes mercados passaram a poder operar em fundos especializados e agressivos, que até então estavam controlados por alguns poucos players, agora muito mais vulneráveis aos fluxos de capitais e de arbitragens gerados por mercados mais organizados e com players mais preparados. 

 Após a abertura dos mercados futuros na bolsa de Chicago, passou-se dos exacerbados lucros para os fortes e prejuízo para os mais fracos, pois os tubarões de mercado quando encontraram  uma brecha para fundamentar a queda, desestabilizaram o mercado que se encontrava nesta ocasião beirando os U$20 mil e empurraram o mercado para uma tendência baixista levando o bitcoin abaixo de 6 mil dólares. 

Portanto, houve também uma possível mudança de  mãos das criptomoedas, para algumas grandes instituições  que controlam o mercado futuro  através das arbitragens e futuros

A partir deste evento da entrada do bitcoin no mercado futuro, diria que o mercado de criptomoedas alcançou uma nova dimensão, esse foi o começo da institucionalização destes  ativos.

Assim o movimento de regulamentação também começa a tomar corpo. Mas a ausência ainda dos órgãos reguladores em diferentes países, fazem com que a autorregulação acabe predominando no momento presente.

 O blockchain vem se desenvolvendo como uma ferramenta de usabilidade poderosa para diversas áreas, inclusive governamental que está bem atenta a estes movimentos, não só preocupado com a lavagem de dinheiro, como também estudam a regulamentação e viabilidade para uma maior utilização do blockchain e da própria criptomoeda.

Fazendo um paradoxo com o Uber que quebrou paradigma de meio de transporte, as criptomoedas e a utilização da tecnologia do blockchain são nova realidade que existirá de uma forma ou de outra.

Como regular este mercado, será o maior desafio para todos. Cada país está fazendo à sua maneira. Alguns já entenderam os inúmeros benefícios do potencial descentralizados de ter uma segunda opção e trabalham para mitigar os riscos, como em qualquer mercado.

Mas como regular ou mesmo proibir este novo contexto?

 Acredito que muitos países irão caminhar pela regulação controlada pela via indireta através das Exchanges ou OTCs que fazem o ambiente de conversão das criptomoedas  em outras criptomoedas   como também nas moedas fiduciárias.

O lado bom e saudável da história é a possibilidade de termos uma outra via de meio de pagamento. Hoje a realidade do mundo atual é simplesmente o predomínio de uma principal moeda, que é o dólar, pois o EURO  volta e meia tem controvérsias sobre a sua sobrevivência que é questionada dentro dos próprios países Europeus que participam e abriram mão da sua moeda e agora têm que conviver com o dilema de seguir uma política monetária única, mas com tantas diferenças étnicas.

O mundo caminha para acabar com o papel moeda e já é uma realidade que a moeda fiduciária na sua maior parte seja fungível através de transferências eletrônicas (TEDs e sistemas de compensação), assim como, cada vez mais, através dos meios de pagamento de cartões de crédito, que em breve também deixarão de existir sendo substituídos por sistemas similares a Apple Pay , Paypal , QR Code e muitos outros.

A criptomoeda será a terceira via de pagamento e cada vez mais tenderá a se popularizar principalmente no público jovem, que pensa de forma mais sofisticada e contestadora entre os meios de pagamentos tradicionais em relação aos inúmeros custos (taxas,  fee’s) cobrados nos processos de intermediação bancaria.

É através do blockchain que se constroem a estrutura de uma criptomoeda, cujos blocos possibilitam consequentemente a mineração, que nada mais é que uma forma simplista de remuneração financeira do sistema e de ampliação da rede em que o minerador recebe um pequeno pedaço da cripto. De fato, tudo isso é bem sofisticado, mas de transparente e segura transação e essa é a principal atração para esse mercado.  

Por que podemos acreditar que este mercado fala com o futuro dos meios de pagamentos? As moedas fiduciárias como EURO, Dólar e Reais tenderiam a ser substituídas?

A primeira resposta seria: não!

-  As criptomoedas chegam como meio alternativo, mas não substitutivo. Elas podem gerar eficiência de pagamento, sim. Incluindo, democratizando acesso, inclusive para pessoas não bancarizadas. 

A segunda resposta seria:  também, não!

 As criptomoedas tem o papel de estimular o meio circulante de pagamento diretos como já́ é através do peer to peer, sem inflacionar, pois a sua grande maioria tem emissão preestabelecido e com menor custos do que meios de pagamento tradicional.

Diria que a tecnologia do blockchain e das criptomoedas irão passar por inúmeros desafios   ainda, mas não podemos negar que essa já é uma realidade contemporânea,  assim como a inteligência artificial e robótica.

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Investimentos, Outros assuntos, Tecnologia
Bitcoin: futuro da economia ou moda passageira?
1 de junho de 2017 at 10:25 0
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O Bitcoin está na moda.

Depois do Japão anunciar mudança no regulamento para aceitar oficialmente o bitcoin (BTC) como método de pagamento, a moeda atingiu preços que deixaram surpresos até mesmo os investidores mais entusiasmados. A criptomoeda é apenas mais uma das várias que existem e foi apresentada pela primeira vez em 2008 como um sistema de código aberto, baseada em uma rede peer-to-peer, autorregulada e criada para ser livre, sem interferência de governos e outros agentes bancários.

Dentre as principais maneiras de se conseguir os bitcoins está a mineração, processo de validação das transações pela resolução de problemas criptográficos, gerando blocos que são posteriormente inseridos na blockchain - banco de dados que armazena as informações de saldo e as transações efetuadas utilizando a moeda digital. Essa é a primeira vez que se tem conhecimento que os dados contábeis de transações monetárias são públicos e descentralizados.

Um dos grandes problemas que o mercado vê em moedas digitais é que elas não tem lastro. As moedas dos países possuem o lastro em dólar. Com o BTC o lastro é a confiança que o sistema seja autossustentável e isso o torna bastante volátil para se investir. Atualmente o preço está em alta e já ultrapassa os US$ 2.700, ambiente perfeito para a criação de uma bolha.

Até há poucas semanas a moeda não possuía nenhum valor inerente, sendo utilizado basicamente em trocas na internet, muitas delas em mercados ilegais de tráfico, drogas e outros crimes. O reconhecimento formal do Japão de que a moeda é um meio de pagamento válido no país fez com que o valor de mercado do Bitcoin aumentasse cerca de US$ 1 bi, e parte disso é porque os japoneses, e por consequência o restante do mundo, passam a reconhecer seu valor fora das telas do computador.

A Ásia tem sido protagonista na transição do BTC para uma moeda “real”. Além do Japão, a Coréia do Sul também admite que as criptomoedas vieram para ficar, tanto que o Bank of Korea (BOK) divulgou recentemente um documento em que diz acreditar em um sistema que moedas fiduciárias e digitais possam coexistir, e ainda expandiu o modelo para um regime triplo, em que moedas digitais também possam ser emitidas por bancos centrais e não apenas por particulares.

Acredito, entretanto, que a China tem o papel de destaque neste cenário. O país foi capaz de criar toda uma cadeia produtiva dentro deste mercado, que vai desde o maior pool de mineradores – responsáveis por quase metade de todos os BTC emitidos diariamente no mundo – à produção de equipamentos específicos para a realização dessa tarefa. A movimentação alertou o governo para a quantidade de dinheiro envolvido e agora as três maiores bolsas de bitcoin da China vão cobrar 0,2% de cada operação.

É certo que a preponderância asiática no mercado de BTC pode afetar uma de suas características principais, que é a descentralização. Alemanha, Rússia e Estados Unidos já o reconhecem como moeda digital e estudam medidas para regulamentar sua utilização, porém ainda tem um longo caminho a trilhar.

A grande pergunta é se os ideais revolucionários de autonomia, independência e descentralização sobrevivem após o último bitcoin ter sido minerado.

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