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Outros assuntos, Política
Modernizar para sobreviver: o dilema do Brasil
27 de março de 2017 at 15:35 0

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O momento econômico é bastante favorável ao Brasil até porque todas as previsões econômicas continuam sendo otimistas principalmente quanto ao aspecto da inflação que teve como principal vitória a quebra da inércia dos preços administrados, o que mostrava o acerto na persistência em romper este ciclo, tornando factíveis as previsões de queda de juros. Apesar disto, não podemos simplesmente creditar todos os bonos à equipe econômica do governo, pois a retração causada pelo mal gerenciamento das contas públicas deixou o consumidor com uma baixa capacidade de pagamento de suas suas próprias contas, o que faz com que a economia real se torne anêmica e aumente ainda mais o índice de desemprego.

Realmente a confiança esta voltando e uma das causas, sem dúvida é a queda da inflação e a queda anunciada de juros que vai ajudar na retomada da economia. As reformas que estão em pauta como a da Previdência e a Trabalhista, além das discussões sobre a desburocratização e muitas outras. Estas reformas tem tido uma atenção especial das duas casas, tanto do Senado quanto da Câmara do Deputados. Por que agora as reformas passaram a ser tão importantes?

As reformas são o principal fator de melhora de ambiente macroeconômico e, consequentemente, de melhora de expectativas futuras, o que gera um ambiente bastante benigno para os investimentos, tanto locais como estrangeiros. A equação para retomada da economia real passa pela necessidade de voltar a um patamar mínimo de investimentos para que se quebre a inércia gerada pela crise nos vários setores da economia.

Essa agenda agora passou a ser tão importante para os políticos em geral porque a melhora da economia vai influenciar o momento político de 2018. Sem dúvida a maioria dos futuros candidatos à reeleição veem na melhoria da atividade econômica e diminuição do desemprego a boia de salvação do atual governo e de seus mandatos. As pessoas tendem a ser mais tolerantes em um ambiente econômico mais favorável e nossos políticos sabem disso.

Acho que estamos diante de um momento altamente propício a ter efetivos ganhos institucionais com as reformas e gerar uma visibilidade externa positiva em face das reformas propostas. O grande unificador dos maiores partidos em torno de reformas será a continuidade da "Lava a Jato" que joga uma pressão maior na classe como um todo. Fazer essas reformas não deve ser uma medida para retirar o foco de atenção dos escândalos, porém a pressão sobre nossa economia diminui e poderemos entrar mais rápido em um ciclo de melhora. A tendência é que a aprovação do modelo adotado pelo governo Temer aumente e gere bônus para a eleição de 2018, até porque desmonta definitivamente os argumentos petistas de golpe e além disso, tanto PMDB como o PSDB voltariam a ganhar algum fôlego eleitoral para o próximo ano. Sem duvida nenhuma as reformas nunca sairiam por vontade espontânea política, principalmente em um ano que antecede as eleições presidenciais e estaduais.

Reformar leis consolidadas já há mais de meio século é um grande passo, porém o nome já contextualiza a questão, uma vez que tudo na vida precisa de ajustes com o passar do tempo. Nossa casa, empresas e até mesmo os nossos hábitos também demandam mudanças de tempos em tempos, pois sem isto tendemos a ficar literalmente velhos e obsoletos. Em um país como o nosso, em que muitas das legislações – especialmente a previdenciária e a trabalhista -  foram estabelecidas há muito tempo, é preciso se readaptar dentro de uma nova realidade moderna e contemporânea.

No caso da Previdência, o ponto central é a idade mínima de 65 anos. Se compararmos quando foi elaborada a Lei da Aposentadoria, a expectativa de vida da população era outra, talvez uns 20 anos a menos. A contestação de direito adquirido e intocável não faz nenhum sentido sob este ponto de vista. Fazer reformas de verdade, no entanto, mexe com direitos que as pessoas consideram imutáveis e é assim que é apresentada questão por aqueles que são contra a reforma.

É preciso contextualizar o assunto e lutar por uma reforma que possa reconstituir um sistema que seja compatível com dias de hoje, até porque, se não o fizermos, as instituições não serão capazes de suportar as despesas recorrentes causadas pelo envelhecimento da população. Os investimentos serão diretamente proporcionais às reformas que fizermos e são ponto fundamental para que os recursos retornem e comecem a gerar novos empregos, para que nao tenhamos uma geração de filhos pobres com avós e pais ricos - que é o que hoje começa a se desenhar no seio familiar, em que muitas vezes a renda do filho classe media é pior que a dos pais aposentados.

Por fim, o Brasil tem agora uma oportunidade ímpar de se reorganizar com estas reformas e caminhar para termos uma possibilidade real de uma nova década virtuosa.

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Câmbio
Câmbio no Brasil: O problema é operacional, não regulamentar
17 de novembro de 2015 at 17:23 0

câmbio

A notícia que circula hoje é sobre o documento que o PMDB pretende apresentar: um manifesto com 10 propostas para resolver a crise econômica no país. Não importa o partido nesta hora, precisamos pensar no que é melhor para todo mundo. O problema da briga partidária no Brasil, como falei no artigo “House of Cards” é que as disputas cegam os agentes responsáveis pela mudança e solução.

As propostas do PMDB, apresentadas pelo Temer no Congresso da Fundação Ulysses Guimarães, são austeras, com a sugestão principal de reforma do Orçamento da União, com mudanças na Previdência, Saúde, Educação, até na atuação do Banco Central.

Um dos pontos defendidos pelo PMDB é uma mudança na forma que o BC intervém no câmbio. Muito se fala no Brasil sobre intervenção no câmbio, mas nem todos compreendem como a coisa funciona. Existem basicamente três formas de atuação estatal em câmbio. O Swap, que é adotado atualmente, o spot e o forward. Como o próprio nome diz, o Swap é uma troca, quando não existe a entrega da moeda. Existe apenas uma liquidação financeira pela diferença de taxas de câmbio na data de vencimento, podendo ser positiva ou negativa para o BC. Isso é feito para que o governo consiga segurar o valor da moeda sem que suas reservas fiquem vazias, pois há a recompra. Se o BC não adotar essa linha e acabar passando para o spot, haverá o esvaziamento, pois essa operação implica na troca de uma moeda por outra, ou seja, vendemos dólar em troca de reais, euros ou qualquer outra moeda estrangeira. Falar em mudança na abordagem do BC em relação a intervenção é para inglês ver. Pretendem fazer o que? Congelar o dólar como foi feito na Argentina? Deixar que ele flutue livremente em um ambiente com fragilidade estrutural e conjuntural? O problema é operacional e não regulamentar.

Indo contra o propósito de união de forças, o documento criou uma polêmica imensa dentro do próprio PMDB e com aliados do governo. O documento ao menos enxerga e assume que o país está num momento crítico e que algo precisa ser feito, pois o tempo acabou e não podemos mais continuar na inércia esperando as mudanças que sim, têm de ser estruturais.

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Política
Ajuste fiscal, um remédio amargo.
15 de setembro de 2015 at 15:28 0
ajuste fiscal  

Sem dúvida o pacote de aumento de impostos e corte de despesas proposto nesta segunda pelo Poder Executivo, o tão esperado ajuste fiscal, não é do agrado ninguém, pois a possível volta de um imposto amaldiçoado como a CPMF estará de volta caso o Congresso e o Senado aprovem.

O governo somente tirou os cortes de custo da cartola quando percebeu que não havia outra opção, pois a escolha seria entre a bancarrota do país ou pagar a conta ideológica petista, porque corte de custo significa também custo eleitoral. Sem contar o aumento de impostos que gostaria de diluir com o PMDB, que pulou fora quando rapidamente percebeu a manobra. O PT pagará a conta eleitoral, mas a presidenta Dilma poderá colher alguns frutos com a reversão de expectativas.

Sem dúvida que a Standard & Poor’s deu uma ajuda para que os cortes rapidamente aparecessem e as receitas, via aumento de impostos, para o equilíbrio fiscal viessem à tona.

Não adianta nada ficarmos revoltados com IR, que é injusto mesmo - porque não corresponde, em retorno de benefícios, ao que pagamos, mas o importante é termos impostos para pagar, pois o pior seria a inércia do governo. Assim, pelo menos, teremos uma chance de estancar as expectativas negativas e crescentes de descontrole econômico, caminhando para uma deterioração perigosa e de difícil retorno à estabilidade econômica.

Acho que ainda teremos uma aprovação das medidas econômicas com bastante sacrifício, pois nada no Congresso e no Senado passa sem uma barganha política e eleitoral. Faz parte da política, mas penso que passa com algumas modificações - sem tirar a essência da proposta, como no caso da CPMF, de ser utilizada exclusivamente na aposentadoria. A saída não deixa de ser inteligente, pois tem uma boa conotação.

Enfim, como diz o velho ditado "está ruim, mas sempre pode ficar pior".

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Investimentos, Política
Enfim, a primeira baixa do Investment Grade.
10 de setembro de 2015 at 16:49 0
S&P rebaixou a nota de investimento do Brasil

S&P rebaixou a nota de investimento do Brasil

Nos últimos dias, eu já vinha alertando sobre a possível perda do selo de confiança ou Grau de Investimento (veja no artigo: O impacto da perda do Grau de Investimento), que chegou mais cedo do que imaginávamos. O rebaixamento pela Standard & Poor’s (S&P) se antecipou ao movimento, dado o erro estratégico do Executivo em apresentar um déficit no orçamento de R$ 30 bi para o ano que vem. Além do imbróglio político/econômico causado principalmente pela queda de braço entre os poderes partidários, ficamos observando as idas e vindas do Executivo em apresentar uma proposta plausível de equilíbrio orçamentário através do aumento de impostos e corte de despesas. Isso faz com que as agências de rating percebam que há grande dificuldade de o governo optar pelo corte de benefícios sociais - que é o pilar da sua política e que foi responsável pela eleição da presidente. E para avaliar o Grau de Investimento, as agências observam todo o conjunto. Ora, se o Executivo não pode cortar benefícios sociais como Bolsa Família e outras verbas de comprometimento com o PT e seu eleitorado, sobra o aumento de impostos, o que também encontra forte resistência pela população, pelos outros partidos políticos e, principalmente, pelo PMDB que não quer levar o carimbo de ser o algoz da economia, pagando o preço político nas próximas eleições. Este jogo de empurra é o que está emperrando a solução do déficit orçamentário e as agências de rating já perceberam que a solução, sem algum evento traumático, não sairá da retórica. No fundo eles não querem saber de onde sairão os recursos e sim como vamos resolver o equilíbrio fiscal, para reavaliar o nosso Grau de Investimento. Acredito que ontem o cristal foi rachado e teremos pouco tempo para evitar um rebaixamento geral de todas agências internacionais. Por que não resolvemos o assunto de forma pragmática e voltamos a falar claramente de colocar o Estado na função para a qual ele foi criado, que é cuidar dos assuntos e serviços básicos (educação, saúde e segurança)? O inchaço da máquina pública é notório, tendo em vista a quantidade de ministérios sem função objetiva, uma série de benefícios sociais que foram feitos sem cuidados orçamentários, etc. Assim fica difícil para o cidadão comum aceitar o que o governo diz: que já cortaram tudo que podiam. Será? Na Europa, a Grécia acabou se rendendo à imposição fiscal dos países que compõem o Euro. O governo eleito recentemente, que tinha o compromisso de fazer mudanças históricas com o movimento social que o elegeu, acabou se rendendo à sua realidade fiscal: se comprometeu aos ajustes sociais e fiscais, além de privatizações. É óbvio que a nossa situação é diferente, pois temos reservas e uma situação econômica melhor que a da Grécia, mas a essência é a mesma: o desequilíbrio entre receitas e despesas. A única palavra que ainda não ouvimos claramente é "privatização", em vez de “concessão”, pois não é nenhuma vergonha para os governos vender. De verdade. Até para cortar custos é melhor sair de algumas atividades que não são essenciais, como petróleo e energia elétrica. O Estado precisa ser, sim, o órgão regulador. Talvez essa deva ser a maior sinalização de que o governo realmente quer resolver a atual situação, sem soluções simplistas como elevar a carga tributária. Enfim, temos de manter a confiança e seguir em frente, pois às vezes é mais danoso prolongar o impasse. O pior cenário, se os lados em questão tiverem uma ação traumática como a perda total do selo de bom pagador, talvez se reverta em benefício: o país poderá ter atitudes e resoluções positivas para todos nós. Amém.
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