A previsão de que o dólar pode chegar na faixa dos R$3,00 (ou até menos) nos próximos meses é como um tiro no escuro para quem não está familiarizado com as movimentações do mercado financeiro. Quando a moeda norte-americana ultrapassou esse valor pela primeira vez em mais de 10 anos, em março de 2015, acendeu o alerta para o mercado de que a situação podia piorar, mas o efeito para os brasileiros foi mais grave. Após anos de economia estável, a iminência de retornar ao caos em que vivíamos antes do Plano Real era um temor justificável.
Já vivenciamos muitas fases em nossa jovem democracia. Sabemos, por experiência, que a instabilidade política não faz bem à nossa economia: o mercado não gosta de fragilidades decisórias. A abertura do processo do impeachment da presidente Dilma anunciou o começo das mudanças que culminaram com as sucessivas baixas do dólar nos últimos meses. Pode parecer pouco, só que a sinalização de mudanças profundas na maneira como a economia é conduzida dá credibilidade ao país, diante dos investidores.
Credibilidade é importante. A perda do grau de investimento foi como um carimbo evidenciando que a economia brasileira não é sustentável. Ficou ruim para todos, desde o Governo – cuja reputação se desfez, às empresas privadas – que passaram a ter problemas para rolagem de dívidas estrangeiras. Já disse anteriormente e repito: o trabalho de quase 30 anos construindo as bases de uma economia saudável foi por água abaixo em pouco tempo.
O processo do impeachment está prestes a ser concluído e com ele existe a possibilidade de que reformas importantes possam ser feitas no Brasil. Estamos em um momento crucial, onde podemos pensar no futuro ao mesmo tempo em que ajustamos o presente. A reforma previdenciária não é um capricho, mas peça importante do ajuste fiscal que trará avanços econômicos importantes a longo prazo.
Ao observarmos a questão previdenciária mundial, vemos a importância de se desenvolver uma estratégia que possa ser benéfica a longo prazo. Grosso modo, os países onde há população em idade mais avançada e hábitos conservadores de investimento são os primeiros no mundo a trabalhar com juros negativos, o que tem levado os investidores a empregar capital de maneira diversificada. As economias mais estáveis saem na frente nesse aspecto, por isso a importância de encerrar esta etapa do impeachment e prosseguir com o dia-a-dia do governo.
Diversas vezes falei para os meus leitores que a sensação de confiança é um aspecto dos mais importantes para a saúde da economia de um país. Observar o cenário econômico mundial e estar atento às mudanças que podem ter impacto em nossa economia é o que nos permite emitir essas opiniões. Não é adivinhação e nem futurologia, mas análise de fatos.
Acredito que o Brasil reúne todos os fatores para sair da crise, recuperar o grau de investimento e continuar a caminhada rumo ao desenvolvimento. Como em toda caminhada, existem os percalços. O importante é aprender com os erros e tomar medidas para que estes não se repitam.
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