O dólar alto tem atraído para o Brasil investidores estrangeiros que enxergam, em meio à instabilidade política e econômica, uma oportunidade de obter rendimentos. Aparentemente as empresas estrangeiras estão apostando mais no Brasil do que as nacionais, como falei no meu artigo anterior sobre investidores estrangeiros que desembarcam no país atraídos pelo dólar.
Segundo a Pricewaterhouse, desde o ano 2000, é a primeira vez que as empresas internacionais fazem mais negócios com o país do que as locais. Basta vermos o número de grandes fusões que aconteceram ultimamente, como por exemplo a Coty que comprou a Hypermarcas. A Price diz que em 2015, já foram fechados por estrangeiros 285 negócios de fusões e aquisições no Brasil, o que significa 5% a mais do que 2014. Já os negócios brasileiros representam 26% a menos do que no mesmo período do ano passado, sendo 275 negócios neste ano.
O que preocupa é que este ano foi péssimo para o mercado de capitais em geral. Aqui dentro as nossas empresas têm sentido o forte impacto da inflação e da instabilidade econômica, enquanto – apesar do entusiasmo – os investidores estrangeiros foram impactados com a nossa perda de grau de investimento pelas agências de rating, a economia chinesa e a perspectiva de alta dos juros americanos.
A queda nos negócios este ano, representam 35% em relação ao ano passado. A Bovespa, a BM&F estão trabalhando com um volume inferior. O pior desempenho desde 2008, quando a crise internacional estava no auge. Todas as transações foram afetadas, incluindo renda fixa, debêntures, CRIs e FIDCs.
O que podemos ver é que foram feitas mudanças para fortalecer o mercado de capitais, que tem sido uma alternativa de crédito para empresas. Mas ainda a maior fonte de renda para empresas abertas tem sido o mercado internacional. E temos agora a padronização das debêntures, que podem ser uma saída, com maior liquidez.
A aquisição da Alpargatas pelo grupo J&F na segunda-feira por R$ 2.6 bilhões mostra que o mercado nacional ainda se movimenta, mas para quem acostumou a ver empresas brasileiras em constante expansão interna e externa, como a compra do Burger King ou da Budweiser, o momento atual é de angustia.
Os boatos de que mais uma agencia reduzirá o rating nacional contrastam com as expectativas de que o Brasil saia da recessão na metade do ano que vem. Como eu já disse antes, ao investidor sábio e preparado resta uma única estratégia: esperar e observar com calma, para não ser pego desprevenido e ficar atento para fazer bons negócios que aparecerem.
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