Outro dia, chegando ao Rio (cidade em que nasci), me deparei com uma greve dos taxistas e com um caos no aeroporto Santos Dumont pela falta de transporte. E, para variar, quem ficou prejudicado foi o usuário olhando aos guardas municipais que multavam os carros que pudessem tirar os passageiros do sufoco. Isso já se tornou uma rotina e desrespeito ao consumidor. O que mais me impressionou foi o apoio da Secretaria de Trânsito à greve e ao bloqueio de uma das vias principais, o Aterro.
Dentro desta queda de braço mundial nas principais cidades onde o Uber atua, o problema é quase sempre o mesmo: culpar o sistema de livre arbítrio, de escolha do usuário por uma condução decentemente melhor.
O choque de mercado está chegando principalmente para as categorias que tem uma forte concentração de mercado: a categoria de táxis que, em sua maioria é de corporações e cooperativas, acaba sendo controlada de uma forma indireta.
Gostaria de entender por que é ruim o Uber, ou outra Companhia assemelhada, onde o motorista tem carteira profissional e paga seus impostos quando recebe a sua remuneração. Poder trabalhar e prestar um serviço melhor à comunidade é o que realmente deveria importar.
Se pensarmos comparativamente, é como os cartórios que só fazem da nossa vida um inferno burocrático. Nos países que funcionam, eles não existem mais.
Acho que as autoridades do RJ deveriam, sim, se preocupar com a demanda da sociedade que gostaria de ter um serviço decente e seguro - coisa que não vemos muito aqui no Rio, e pensar que além disso o turismo para as Olimpíadas está batendo à porta. Não temos a categoria dos taxistas preparada, com um mínimo de inglês por exemplo, que é a língua universal. Talvez seja uma oportunidade para a prefeitura se acertar com a Uber e pedir que convoque gente mais qualificada na Olimpíada. Assim, acho que todos ganhamos com isso: a cidade e o cidadão.
O Rio de Janeiro, no próximo ano, terá oportunidade de ser a cidade mais visitada do país durante um curto espaço de tempo e, com certeza, o maior legado que poderá ficar será a inclusão do RJ no circuito turístico de qualidade. Não podemos esquecer que estamos com o dólar bem competitivo neste quesito e que a boa recepção do turista, sem dúvida, será a grande oportunidade da nossa cidade. Não é mais o óleo e o gás, nem a Petrobras, que continuarão a ser o principal vetor de crescimento. Precisamos que decidir rápido entre ser Barcelona ou Athenas, cidades que se encontram em situações completamente adversas pós Olimpíadas.
Tenho certeza de que o sistema de controle de mercado nunca foi o caminho adequado. O monopólio em qualquer setor prejudica o consumidor. Não é à toa que a empresa Uber vale 50 bi na principal bolsa mundial e, mesmo com todos os problemas enfrentados, faz sucesso nas principais cidades mundiais como Nova Iorque, Paris, Londres, Rio, SP e muitas outras. Greves e enfrentamentos como estamos vendo aqui no RJ, a apreensão de carros e multas como forma de intimidar o serviço é, no mínimo, controverso. A opinião da OAB é de que o serviço prestado pela Uber não é ilegal.
Mas sabe por que a empresa Uber tem esse valor? Primeiro porque quando os governantes tomam as dores das corporações e sindicatos, o sistema cresce com a maior demanda devido à publicidade. Foi assim em Nova Iorque, onde além de ser quase impossível controlar um aplicativo que tem como aliado o cidadão usuário, também é uma tendência mundial dos novos tempos.
Não dá para simplesmente parar o sistema cibernético. Isso não é controlável ao longo do tempo. Grandes empresas como Xerox e IBM, que se adaptaram às investidas tecnológicas, conseguiram virar o jogo e é assim que imaginamos que a categoria dos taxistas deverá fazer para competir neste novo momento.
Então brigar não é o melhor caminho, mas sim saber usufruir da tecnologia para o bem da cidade. Bem vindo Uber!