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Política

Finanças, Política
Melhoram as previsões para a economia brasileira
6 de junho de 2016 at 17:48 0

Previsões para a economia brasileira

O Boletim Focus desta segunda-feira muda um pouco as perspectivas para a economia brasileira. Apesar de ainda contarmos com a inflação, os preços e os juros tendem a baixar, segundo as análises apresentadas.

As famílias brasileiras somente sentirão os efeitos de melhora, caso as previsões se concretizem, ao longo de 2017.

Enquanto isso, a nossa situação política ainda poderá nos surpreender muitas vezes positiva ou negativamente. Afinal, a nova gestão econômica do governo federal foca no investimento estrangeiro, tentando recuperar a confiança e a fatia que perdemos. O otimismo no momento está nas nossas exportações, que seguem fortes em algumas áreas como, por exemplo, a agropecuária.

A sociedade brasileira e todo mercado mundial aguardam as ações do governo para fazer os ajustes necessários. Apesar de o boletim Focus de hoje melhorar as perspectivas para até 2017, um aumento de carga tributária seria muito mal recebido por todos.

É necessário que o governo aperte mais ainda os cintos das contas públicas, que haja uma revisão verdadeira e congelamento de despesas, senão o que vai sobrar são as medidas impopulares, que causarão comoção e protestos. Isso certamente nos fará voltar à montanha-russa da desconfiança.

Acredito que os anúncios positivos da última semana, que fizeram o presidente sofrer muita pressão e recuar, deverão ser repensados e retomados.

O Brasil deve fazer o que for necessário para ajustar a nossa economia e voltarmos a crescer. Não é simples, mas é possível, caso sejamos firmes na aprovação das medidas de controle das contas públicas.

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Finanças, Política
As medidas econômicas e a crise política
25 de maio de 2016 at 13:53 0

medidas econômicas

Ontem foi um dia importante para a economia brasileira. Após dias de expectativa, a nova equipe econômica anunciou algumas propostas.

O presidente Michel Temer se reuniu com os líderes de partidos aliados e anunciou algumas medidas. Antes de comentar tais medidas, gostaria de atentar para a questão política deste ato. Pedindo união e dando prioridade das informações ao parlamento, está clara a tentativa de melhora no relacionamento político. Ele pede união e é isso mesmo que o país precisa.

Percebemos que há um movimento claro do governo para planejar a recuperação da economia brasileira em longo prazo. A intenção é que estejamos em melhor momento para as eleições de 2018, deixando os cofres mais equilibrados para a nova gestão que virá. Talvez por isso, não houve anúncio de medidas drásticas como grandes cortes ou novos impostos, que possam trazer algum efeito imediato.

O mais significativo para melhorar o saldo, foi o anúncio do pagamento de R$ 100 bilhões da dívida do BNDES com o Tesouro Nacional. Esse pagamento, segundo as contas da equipe, traria uma economia ao TN de R$ 7 bi ao ano. É bom explicarmos que o governo anterior repassou ao BNDES, para um programa chamado “Sustentação do Investimento”, muito mais do que era necessário. Isso causou uma dívida imensa, com o efeito contrário: investimento caiu, em vez de aumentar. O dinheiro ficou parado e o prejuízo era certo. Achei boa essa medida, mas ainda depende de avaliação jurídica.

Não vou citar aqui todas as medidas tomadas pois os jornais nos apresentam detalhadamente. Quero passar aos meus leitores o meu sentimento a respeito dos encaminhamentos dessa nova equipe. Acredito que essa trajetória com planejamento a longo prazo poderá trazer novamente a confiança aos consumidores, às empresas e investidores para que o país volte a funcionar.

Todos sabemos que o Brasil precisa gerar receita em curtíssimo prazo e, para isso, devemos esperar algum pacote que seja duro. Mas a sinalização de irmos pelo caminho das concessões, privatizações e PPPs (investimento privado), parece ser bem racional para uma recuperação de caixa. Passa credibilidade, que foi a nossa maior perda dos últimos anos.

A equipe descreveu propostas e objetivos. Mas a decisão mais importante é a definição do teto para os gastos públicos. A pretensão é que ele nunca cresça acima da inflação anual. Isso por si, já corta as despesas públicas na carne, apesar do desafio maior ser a dificuldade em aprovar no Congresso. Se for aprovado terá um impacto grande, dentro de 3 anos, em até 2 pontos percentuais do PIB. Isso significa em números de hoje um corte de R$ 120 bilhões nas despesas do governo. Essa solução cria uma reação em cadeia: com o país crescendo, a dívida pública tende a diminuir cada vez mais.

Ainda temos a crise Romero Jucá que, sem dúvida, contribui para alvoroçar a oposição esquerdista e petista, tumultuando e agravando a incerteza política. O governo precisa de um novo nome para o Ministério do Planejamento. Já deu para ver que a conciliação dos interesses será o maior desafio do governo Temer, pois está difícil conseguir nomes que não estejam envolvidos na Lava Jato.

Depois da noite tumultuada, que aprovou a nova meta fiscal com rombo de R$ 170 bi nos cofres, o que podemos prever é que a crise política vai continuar em alta temperatura.

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Investimentos, Política
A cara do novo governo
18 de maio de 2016 at 14:06 0
equipe econômica

O criterioso processo de escolha da nova equipe econômica do governo foi baseado na meritocracia. A escolha do Ilan Goldfajn para presidir o BC não foi nenhuma surpresa, assim como o anúncio da Maria Silvia para o BNDES também constituiu uma boa escolha, além de outras, todas baseadas no conhecimento técnico e experiência institucional que, sem dúvida, é muito importante no momento.

As escolhas para equipe econômica não poderiam ser melhores e dão um cacife de peso contra os torcedores do caos ou mesmo pessoas mais míopes que têm dificuldade proposital em enxergar que a política populista, em décadas, não teve nenhuma efetividade prática de tirar pessoas da pobreza como alardeiam.

Dar somente Bolsa Família ou casa para as pessoas não é nenhuma grande virtude. Se fosse assim, poderíamos também distribuir dinheiro para os necessitados jogando  de cima de um helicóptero e também estaríamos fazendo um bem social. Na visão deles, se jogássemos dinheiro de helicópteros nas favelas seria socialmente correto.

O mais relevante que estes governos populistas poderiam fazer para tirar as pessoas da miséria não seria distribuir dinheiro e sim colocá-las no mercado de trabalho e dar condições educacionais para que saiam da pobreza de um modo mais nobre e digno, dando condições profissionais de concorrer no mercado de trabalho.

Assim, reconstruir a credibilidade começa por uma boa equipe econômica. Num momento de transição pode-se até errar nas escolhas de alguns ministérios, mas não nesta formatação e âncora que devolverão a credibilidade ao país, fazendo com que volte a confiança e em seguida o investimento. A moeda da credibilidade na economia, sem dúvida, vem lastreada pelas escolhas e coesão. Pode até dar errado, mas sem esse primeiro passo nada acontece em seguida.

A Presidente Dilma optou por seguir a linha de atuação que pudesse agradar um pouco ao PT e a alguns setores da economia, mas não gerou credibilidade suficiente para que a confiança retornasse e o governo foi se esfacelando em todos os quesitos econômicos.

Por fim, para entendimento das pessoas que têm menos intimidade com os jargões econômicos, é bom compreender que a equipe econômica é o centro de todo governo. Basta olhar para o recente episódio do impeachment. A Dilma caiu pelas mazelas econômicas e consequentemente pela deteriorização da economia: desemprego, crescimento negativo e  tudo mais que sabemos. Ninguém cai com a economia dando resultado, com ou sem pedalada. Dilma caiu porque se não caísse a continuidade da política econômica desastrosa acabaria com as contas públicas do país e tomaríamos um caminho como o da Venezuela, sem volta, pois aqui nós temos bastante alavancagem nos mercados.

O inverso vale para o Temer, pois se ele errar na economia também não chega ao fim de governo. Por isso ele trouxe os melhores e não poderia ter escolhido melhor nome do que o Meirelles, que tem o viés econômico e o político, diferenciando-se de outros técnicos economistas.

Boa sorte ao Brasil. Que tudo corra como acreditamos e torcemos: com responsabilidade, técnica e muito trabalho.

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Política
Credibilidade + confiança = Investimento.
12 de maio de 2016 at 15:38 0

Vender o discurso do golpe contra a democracia é a tática que o governo PT e a esquerda brasileira usam para se defender, mas o argumento não se sustenta. Sabemos que as pedaladas são apenas uma pequena parte do contexto político econômico, mas a indignação da grande maioria da população é, na verdade, contra o fisiologismo do governo petista, o que causou uma destruição sem precedentes nas riquezas brasileiras.

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Não é novidade, na América Latina, conclamar a democracia apenas empunhando uma bandeira dita de esquerda, como podemos observar em países vizinhos aos nossos. Com raras exceções, esses países estão contaminados por equivocadas políticas populistas que não se sustentam nem economicamente e nem na defesa dos ideais democráticos. Existe, entretanto, uma nova onda que parece ter começado na Argentina, cabendo ao Presidente Macri a dura tarefa de reconstruir um país economicamente destruído pelas decisões políticas de Cristina Kirchner. O Brasil parece ser o segundo país latino americano a dar uma guinada de volta a um mínimo de credibilidade institucional.

O novo governo Temer terá a oportunidade de resgatar esta credibilidade, para trazer de volta a confiança e o capital dos investidores. A falta de investimento afeta todas cadeias de negócios, desde serviços ao mercado imobiliários, passando por indústria e comércio. É imprescindível para que as pessoas vejam as perspectivas de melhora econômica que a fórmula credibilidade e confiança resulte em investimento. Apesar das dificuldades que enfrentaremos, a chance de sair do atoleiro devido a um governo de coalizão é bastante grande, o que não seria possível no caso da continuidade do governo petista.

Acredito que, institucionalmente, o Brasil sairá fortalecido desta crise. Cada um dos três poderes exerceu seus direitos e deveres respeitando os outros poderes. O Supremo Tribunal Federal – STF funcionou como uma câmara de arbitragem imparcial em relação aos litígios dos partidos. A democracia nunca foi tão bem exercida por um país latino americano, o que nos leva a acreditar que se alguns dos países vizinhos tivessem poderes realmente independentes, como no Brasil, possivelmente seus governantes estariam no mesmo caminho que Dilma. A vontade popular se faz representada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, não apenas pela Presidência da República em si.

Não me surpreenderei se tivermos um ano de 2017 com crescimento positivo, mas também não me atrevo a fazer previsões, pois dependemos da habilidade de Temer em contornar as diversas situações adversas e demandas políticas dos partidos de apoio. Uma das grandes cartadas é fazer do PSDB o principal parceiro político na agenda de reformas estruturais que darão mais credibilidade e confiança junto ao sistema financeiro, destravando o crédito e deixando a economia girar novamente. Isto já é bastante significativo no contexto atual de uma economia que usa bastante alavancagem via crédito.

Finalmente, acho que o ano começa agora. Feliz 2016! Que seja cheio de esperança e amor para todos.

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Câmbio, Finanças, Investimentos, Política
Todos podemos ser Venezuela
3 de maio de 2016 at 14:57 0
Venezuela

Tornar-se um exemplo é sempre uma honra e um risco. O Brasil foi, durante anos, exemplo de economia em desenvolvimento acelerado. Hoje, estamos numa crise. Mas meu artigo de hoje fala da Venezuela, como um exemplo a se observar.

A Venezuela é exemplo de caos econômico e social na América Latina. Se fala muito sobre o descontrole monetário venezuelano e também sobre a crise energética e telefônica em nosso vizinho. A distância entre a realidade da Venezuelana e a nossa, dos argentinos, equatorianos e bolivianos é diferente, mas é inegável que todos podem, potencialmente, acordar no pesadelo do presidente Maduro caso uma política populista continue desvalorizando as nossas moedas.

Não quero neste artigo abordar todos os aspectos da crise na Venezuela. Falarei apenas sobre a hiperinflação que desgasta o Bolívar Venezuelano, a moeda em vigência no país desde 1879.

A hiperinflação é, como o próprio nome diz, uma situação inflacionária elevada à enésima potência. A inflação, embora tenha um nome ruim, não é de todo nociva para uma economia. O contrário da inflação é a deflação, que é quando os preços caem, o que faz com que os salários também diminuam. Uma taxa de inflação baixa, de até 5%, é boa para a economia, pois acaba fazendo com que preços e remunerações subam e possam se equilibrar, o que desenvolve a economia. O problema é quando esse pequeno dragão foge do controle e o poder aquisitivo do povo é afetado. Com o aumento consecutivo de preços, o governo acaba recorrendo à impressão de dinheiro para colocar moeda em circulação. Isso acorda uma lei inexorável do capitalismo, que é a da oferta e procura. Quando se tem muito mais dinheiro na rua do que o ideal, o valor real das cédulas diminui. Em ritmo acelerado, essa inflação fora de controle se transforma em hiperinflação, que é quando nem a população e nem o próprio governo conseguem acompanhar o ritmo do aumento dos preços.

No caso da Venezuela, é seguro dizer que a hiperinflação é consequência direta do descontrole absoluto de um sistema financeiro que, focado em fazer política, não protegeu a moeda, que é o maior patrimônio de um país. Uma moeda forte para o Estado é como a reputação para um indivíduo. Nos tempos modernos, o controle do sistema financeiro de um país está ancorado, principalmente, na credibilidade e confiança dos orçamentos públicos. A moeda venezuelana está tão desvalorizada que nem a própria população faz questão de tê-la, preferindo moedas de outros países, mais confiáveis e com câmbio mais seguro.

Com a queda do petróleo que era responsável por 96% de sua economia e sem uma fonte alternativa de receita, o governo da Venezuela recorreu a um financiamento mortal para qualquer governo: ele mesmo. Criou-se então a armadilha do dinheiro gratuito, que é a impressão de novas cédulas. A demanda da Casa da Moeda venezuelana foi tão grande, que as impressoras venezuelanas não possuem mais papel para impressão. Impossibilitada de fazer a irresponsabilidade “in house”, o governo importou trinta aviões 747 carregados com pelo menos cinco bilhões cédulas impressas na Colômbia. Sem dinheiro, a Venezuela pagou pelo serviço esgotando suas reservas internacionais de dólar e de ouro. Finalmente sem caixa e alternativa, a impressão de moedas para o país está parada.

Em 2014 um dólar custava 200 bolívares no mercado paralelo. Em 2015, um dólar custava mais de 1000 bolívares, o que significa uma desvalorização da moeda de mais de 80% em um ano, mas organismos internacionais estimam uma inflação de mais de 700% ao ano. A impressão de notas sem lastro para bancar o dinheiro em circulação é uma das causas desse descontrole. Para se ter ideia, segundo o banco central venezuelano, a quantidade de cédulas de papel que circulam na Venezuela quadruplicaram em um período de 2 anos.

Sem ter como corrigir a inflação de forma técnica, o governo implantou um rígido controle de preços. Ao invés de resolver o problema, o governo obrigou a população adquirir esses bens no mercado negro: desde itens de manutenção de carros, até papel higiênico. Para comprar qualquer coisa, o cidadão tem de andar com pilhas de dinheiro vivo.

Não bastasse esse beco sem saída monetário, o país agora passa por uma crise energética que obrigou a população a um racionamento cruel de energia: as famílias ficam pelo menos 4 horas por dia sem luz. Os serviços públicos agora não funcionam durante 5 dias por semana. A energia é requisito estrutural obrigatório no desenvolvimento e o blackout, além de representar um sério risco humanitário, comprometendo a conservação de alimentos e também a prestação de serviço médico, paralisa comércios e indústrias, o que retrairá ainda mais a economia do país.

Entre a morte de Hugo Chávez e a posse de Maduro, a moeda venezuelana perdeu cerca de 98% do seu valor no mercado paralelo. Engana-se, entretanto, quem acha que isso tudo é culpa do novo presidente. Não, ele herdou uma gestão ruim e continuou seus erros. Com isso, o apoio popular ao governo caiu e, com a queda do apoio, o regime bolivariano está mais rígido e autoritário. Sem um jurídico confiável e com um parlamento beligerante, o clima dentro do país não é propício para investimentos, algo tão necessário para se pensar em recuperação da economia.

A situação venezuelana é o resultado óbvio de um país que tenta reger sua economia por decretos, e não com ações e planejamento. As intervenções no mercado, o controle no câmbio, a limitação da lucratividade, a nacionalização de empresas, e outros fatores, causaram o fechamento de empresas, o desemprego generalizado e a fuga de investidores internacionais. Some a isso tudo os gastos muito além da arrecadação e ao encolhimento da economia em 5,7% em 2015 e 8% este ano, segundo o FMI.

Chávez sonhava em transformar a Venezuela em um exemplo social para a América Latina. As recorrentes violações humanitárias e os erros primários na economia fizeram o contrário. Transformaram uma nação que nadava em petrodólares em o primeiro país do mundo a não ter dinheiro para imprimir dinheiro. Isso é um país com hiperinflação.

Precisamos atentar ao exemplo da Venezuela para sabermos que um país próspero e justo para seus cidadãos depende de uma boa gestão política e econômica, com independência das instituições e transparência para a população. Ninguém quer ser uma Venezuela, mas todos podemos ser se não nos interessarmos em conhecer como funcionam os governos e cobrar deles, no mínimo, responsabilidade na gestão do nosso dinheiro.

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Finanças, Política
Independência do Banco Central
29 de abril de 2016 at 13:25 0
independência do banco central Durante a campanha eleitoral de 2014, falou-se muito sobre a independência do Banco Central. Com a crise econômica e a deterioração da nossa moeda, o assunto voltou às manchetes dos jornais como uma medida possível em um provável governo Temer. Cotado como Ministro da Fazenda do novo governo, o ex-ministro Henrique Meirelles defendeu semana passada a independência do BC. Há de fato benefícios em deixar que o Banco Central corra solto às políticas do governo? Desde que foi fundado, em 1964, o Banco Central nunca foi independente, pelo menos no papel. Porém, alguns governos o deixaram funcionar com bastante autonomia, como durante a implementação do Plano Real, na década de 90. Durante a implementação do Plano Real, que acabou com a hiperinflação e estabilizou nossa economia em 1994, o Conselho Monetário Nacional deixou de possuir inúmeros membros, passando apenas a três: o Ministro da Fazenda, do Planejamento e o presidente do Banco Central. Essa tríade passou a controlar com lupa os gastos públicos e guardar a estabilidade monetária do país. Nos governos seguintes, houve mudança de diretrizes e o Banco Central passou a responder ao Ministério da Fazenda. Em resumo, o BC passou a acompanhar as políticas fiscais do governo, como por exemplo: a redução da taxa de juros para aumentar a oferta de crédito à população e estimular o consumo. Essas políticas, apesar de estimularem o crescimento do PIB, foram causadoras da alta da inflação, que é um dos efeitos da expansão monetária. A estratégia do governo, que pretendia impulsionar a atividade econômica acabou por, além de aumentar a inflação e diminuir o consumo, criar os chamados pibinhos. A diminuição do PIB brasileiro afetou famílias e empresas. Hoje, qualquer governo que queira seguir rumo à retomada econômica deverá repensar as políticas fiscais e fazer muitos ajustes. A possibilidade de Henrique Meirelles novamente no governo anima o mercado, pela sua biografia e seu grande conhecimento do mercado financeiro e experiência na vida pública. Um BC independente pode ser uma possibilidade de menor pressão política e talvez possamos pensar de verdade nas soluções a longo prazo. O Brasil deve começar a trabalhar com os olhos nas próximas décadas, não somente no dia de amanhã. Seguimos na esperança de que as coisas mudem e comecemos a navegar sempre para o futuro.  
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Política, Tecnologia
I’m watching you e milhões de outros eleitores também
25 de abril de 2016 at 11:02 0
política na internet

A primeira parte do processo de impeachment foi marcada por uma grande demonstração de mudança de conduta política. Essa metamorfose comportamental ficou extremamente clara no posicionamento de diversos deputados que, ao se posicionarem pelo impedimento ou não da presidente, deixaram claro que seu voto não era pelo que acreditam, mas pela necessidade de atender aos apelos das ruas e do eleitorado que, em sua grande maioria, apoia o processo de impeachment da presidente.

A pressão da sociedade em torno de um fato político não é notícia, mas o fato destes apelos terem sido ouvidos é uma novidade. O grande agente dessa mudança foi a tecnologia, que proporcionou ao povo as redes de relacionamentos. As plataformas sociais impulsionaram a disseminação de informação, o que deu aos movimentos como MBL, Vem para Rua e inúmeros outros uma importância jamais vista pelos políticos. Antes acostumados a ver o eleitor à distância, eles perceberam a vontade e a participação do povo de forma objetiva e direta.

Os dedos ágeis dispararam milhares de e-mail, tweets, posts de Facebook e mensagens de WhatsApp. Esses terabytes de cobrança massacraram e colocaram um holofote sobre os deputados, inclusive alguns que, em algum momento, chegaram a pensar que, assim como no passado, talvez houvesse espaço para negociação de benefícios. Pela primeira vez no Brasil, as redes sociais falaram mais alto que os interesses próprios, mostrando poder de organização na convocação espontânea para as manifestações como também para pressionar a classe política pelos direitos e vontade da maioria.

O megafone digital do povo surpreendeu até mesmo o Partido dos Trabalhadores, aquele com melhor compreensão sobre mobilização social e que, em seus 36 anos de vida, aprendeu como ninguém a arte do marketing ideológico. Mas nem toda essa experiência foi suficiente, e os profissionais ficaram muito atrás dos movimentos espontâneos. Comandados por meninos com discurso de homens, esses movimentos são movidos pela vontade de mudança, e deixaram claro que a política vai mudar pela governança da informação.

Antes isolada em Brasília, a classe política de agora em diante é monitorada a todo minuto e suas atitudes políticas e pessoais são avaliadas como decisões de estado. A participação proporcionada pelas redes sociais colocará Facebook, WhatsApp e as outras redes, daqui para frente, em pé de igualdade com as grandes mídias na balança da importância.

O distanciamento ficará cada vez mais difícil de ser atingido e os partidos e políticos que não mantiverem coerência partidária e de governança política de suas propostas e projetos terão problema. O que antes levava anos para vir a público hoje leva minutos. A participação proporcionada pela tecnologia trouxe um contingente gigante ao fórum de debates ideológicos, partidários e sociais.

O governo já admitiu que o processo de impedimento iniciado pela câmara dificilmente será parado no Senado, e a adesão constante de novos Senadores pela aceitação do impeachment deixa claro que o processo construído pelas ruas continua em funcionamento. Não tenho dúvida alguma de que as redes sociais sejam a razão desse posicionamento do Senado. Nossos parlamentares não devem esquecer do conceito “I'm watching you", e nem dos milhares e-mails e WhatsApps recebidos das duas partes do processo.

Espero que o engajamento social pelo impeachment abra uma nova janela de esperança, com a melhora substancial da qualidade de nossa classe política, que deverá se ater mais ao compromisso com a verdade e com a sociedade, e não somente à ideologia partidária. Brasil deve ser governado para o cidadão e não para os partidos, como vimos até hoje. Se essa pressão popular continuar, há sim um veio de esperança.

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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Política
Day after econômico
12 de abril de 2016 at 14:37 0
impeachment

Cada dia que passa os cenários ficam mais confusos, pelas apostas em ambiente político e econômico. O desemprego aumentando a passos largos, inadimplência da cadeia organizada de fornecedores e dívidas bancárias, assim como a inadimplência em todos segmentos estão se acentuando com o passar dos dias. Desta forma, onde iremos ancorar as nossas expectativas de uma solução econômica que está a reboque da solução política sobre quem governa o país? Cada vez mais se acumula um grau maior de incerteza causada pela falta de ação governamental, o que está temporariamente paralisado pela disputa de poder.

Para o mercado em geral, a esta altura não interessa a questão da discussão sobre o contexto Jurídico e sim o que pode vir a impactar a vida de modo geral, pois alguns consensos já estão formados em relação ao que precisa mudar para que a economia volte a sinalizar confiança e que possamos voltar a rodar com perspectiva futura e os investimentos voltem a se normalizar.

A única certeza que temos é que para qualquer projeto econômico que dê perspectiva econômica para o país mudar sua rota de colisão, teremos de passar por reformas estruturais no Congresso, como a questão da previdência e até cortes nos benefícios sociais, além de outras que estão travadas. Essas medidas têm custo político de implementação pela impopularidade.

O embate do governo se cristalizou neste momento entre Dilma e Temer, juntamente com ala do PMDB que saiu da base aliada. O seu programa econômico batizado Plano Brasil, sem dúvida não apresenta grandes novidades, mas é um plano bem coerente e cola mais com o mercado embora também precise de apoio político, pois só será factível com medidas de aprovação junto ao Congresso. E é neste fato que o mercado enxerga maior probabilidade de reorganização econômica, dada a maior capacidade do partido em trazer o PSDB para apoiar o projeto junto ao Congresso.

A expectativa política e econômica, principalmente câmbio e bolsa estarão ancoradas nas votações da Câmara sobre o impeachment em todos os estágios, primeiro sobre a aprovação do encaminhamento do voto do relator que ontem foi aprovado, tendo agora o embate final no domingo próximo pelo Congresso. Mas acredito que o mercado já precificou grande parte do rito do impeachment dentro da velha máxima de mercado, que é: "sobe no boato e cai no fato".

Em um cenário onde o atual governo vença a disputa no Congresso, sem dúvida o novo governo Dilma deverá tentar reorganizar as suas bases políticas com partidos de menor expressão, como PCdoB, PSOL, PP e outros partidos menores de um governo mais à esquerda, além dos movimentos sociais como CUT, MST e outros que ganharão peso e tenderão a exigir um plano econômico que atenda ainda mais as demandas sociais deles em seu governo. Eles se fortalecerão e cobrarão a conta da salvação do seu governo. Sem dúvida será uma grande dor de cabeça para o novo governo Dilma/Lula.

Lula tem dito que a prioridade será novamente o emprego e crescimento e é deste discurso dissonante da realidade fiscal que o mercado não gosta, apesar de saber que normalmente o discurso de rua é repactuado com a realidade econômica. E Lula sabe bem como a economia funciona e também sabe que precisará acalmar os mercados novamente, como foi o caso quando se elegeu pela primeira vez. Assim, possivelmente tentará a mesma fórmula que deu certo em outros tempos e apresentará o nome de um Ministro da Economia que gere uma expectativa positiva, tentando induzir o mercado e a economia a superar este momento de crise aguda econômica.

Sem dúvida a tarefa do atual governo em caso de vitória será mais árdua do que a do Vice-presidente, pois o cacife de credibilidade está muito pequeno para dar a volta por cima de todos os problemas que não são apenas políticos, como os outros escândalos que vêm assolando o partido do PT.

Assim, para contextualizar os dois cenários: o atual governo deverá  gerar maiores expectativas econômicas, dadas as dificuldades em recompor a sua base política, além de o próprio PT não conseguir acomodar todos interesses suprapartidários e próprios em relação à ocupação de cargos deixados pelo PMDB. Neste ponto, tanto dólar como a bolsa deverão sentir o impacto negativamente.

Já um novo governo assumido pelo Vice-presidente Temer, que será mais previsível e menos compromissado com qualquer ala, poderá gerar acordos mais "easy way" no mundo político, necessários para implementar reformas no Congresso.

Não adicionei mais pontos de imprevisibilidade de cenário alternativo, pelas variáveis como a Lava Jato e o TSE. Isso nos faria perder o foco no curto prazo.

Assim, a melhor parte do "day after" é termos alguma definição de para onde o país irá se dirigir, sem desconsiderar as dificuldades e desafios de ambos os lados, o que será sinalizado nesses próximos dias de definição, pois o país não aguentará por mais tanto tempo a disputa de poder.

 
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Finanças, Juros, Política
A concentração bancária e a crise no Brasil
29 de março de 2016 at 12:22 0
concentração bancária

O segmento bancário brasileiro está seguindo cada vez mais a tendência do “Too big to fail” (grande demais para falhar). Isso fortalece o sistema, mas ao mesmo tempo deixa o mercado financeiro vulnerável a um número reduzido de Bancos, a chamada concentração bancária.

Ontem lemos no Jornal Valor Econômico uma matéria que fala justamente dos efeitos negativos causados pela concentração bancária às empresas. A matéria nos conta que as empresas brasileiras já passaram por várias crises, mas nunca tendo uma concentração bancária tão grande. A dificuldade em conseguir crédito, complica a vida dos empresários. Houve um êxodo dos bancos estrangeiros, encolhimento dos médios bancos e os bancos públicos estão sem capital, o que agrava ainda mais a crise que vem se instalando no Brasil há dois anos, refletindo diretamente na geração de emprego e renda da população.

As notícias são preocupantes. As manchetes desta segunda-feira também nos mostram o fechamento de mais de 4 mil fábricas no estado de São Paulo em um período de um ano, o que é o retrato do desemprego no país. As empresas que conseguiram tomar empréstimos estão tendo dificuldades para honrar com suas dívidas e a inadimplência também tem sido crescente. Por isso muitas são obrigadas a demitir ou até mesmo fechar as portas.

Neste cenário de incertezas, os bancos – especialmente os menores - não emprestam para as empresas que estão em situação grave e indefinida. Passamos a enfrentar uma crise de liquidez e muitos dos bancos menores estão sendo absorvidos pelos grandes, através da compra de títulos de crédito por exemplo, que começou quando o BC liberou os compulsórios, numa manobra de tentar salvar os pequenos.

Mas como melhorar o patamar e ajudar a economia neste cenário da concentração bancária? O ideal seria que tivéssemos mais espaço para o trabalho dos bancos segmentados, que atuariam em setores específicos como, por exemplo, as microempresas. Seria bem melhor que cada setor do mercado tivesse uma opção de instituição financeira que o atendesse com os olhos voltados aos seus problemas específicos. Em outro artigo eu disse que já passamos da hora de repensarmos o modelo dos bancos pequenos e médios.

Por sorte temos visto um movimento incansável da sociedade para que o governo tome posições econômicas consistentes e é o que esperamos que aconteça, pois apenas isso poderá recobrar a credibilidade e começar a mudar o panorama para melhor.

***

Leia mais no meu artigo sobre concentração bancária no Brasil.

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Política
O dia 13 de março e o impacto no mercado financeiro
15 de março de 2016 at 15:15 0

 13 de março

Não se pode ignorar os fatos ocorridos e o sucesso do protesto de 13 de março. Foi um movimento histórico, que pesará fortemente nas próximas decisões políticas e econômicas. A aposta do mercado no impeachment vai pesar consideravelmente no aumento da volatilidade, impulsionando ainda mais a bolsa e até a possível queda do dólar. Já as incertezas aumentam: a maior fragilidade do governo, a falta de confiança e credibilidade agora ratificados pelos resultados das manifestações de 13 de março e a reboque a saída ainda informal do PMDB da base, complicam mais ainda o quadro e fortalecem a crise política.

Não tem nada certo sobre o futuro do governo atual, pois não se pode mais prever o que virá das delações premiadas. A Lava Jato já incorporada no contexto nacional como símbolo anti-corrupção não parará por aí e será o principal protagonista no cenário nacional, influenciando as decisões políticas e econômicas.

Dentro deste contexto conturbado, o mercado tende a premiar cada movimento político que leve a uma solução de curto prazo deste impasse, precificando a bolsa para baixo e também fazendo o inverso com cada indefinição, como estamos vendo acontecer.

As ruas falaram desta vez em alto e bom som, não deixando dúvidas sobre o que queremos e não queremos. Desta vez está claro que a maioria quer. A oposição que tenta capitalizar o momento também acaba penalizada pela dúvida que deixou em se comportar como sendo apenas oposição, contando com o apoio popular e não por convicção própria. Fica a percepção de oportunismo para parte da população.

O momento para o PSDB é bom, mas deixa muitas dúvidas quanto sua capacidade agir no momento certo e, assim, vai abrindo janelas para outros personagens. Hoje arriscaria dizer que o único candidato que teria unanimidade numa eleição hipotética seria o juiz Sérgio Moro, pois foi aclamado pelos quatro cantos do país. Sensacional, não?

Normalmente não gosto de falar de política, mas está difícil não ter opinião e as ruas mostram que, do pobre ao rico, sem diferença de classe, todos foram para as manifestações, pois o pobre está sentindo na carne o problema do desemprego e a inflação. Já o rico tem a maior percepção da falta de confiança no país, que tira a capacidade de investir e acaba pensando que a solução é “ir para Miami”.

Imaginando que o governo vai reagir, até mesmo porque não tem outra opção, resta saber se ficará entrincheirado no seu, agora limitado, reduto de militantes organizados ou partirá para uma jogada mais audaciosa, como a de trazer o Lula para algum ministério. Sem dúvida que essa seria uma jogada bem arriscada, contrariamente ao que pensam os Petistas que ainda acreditam que o governo tem salvação. Principalmente agora, sem poder contar com o principal protagonista da base governista, que é o PMDB. E, definitivamente, depois de 13 de março a saída do PMDB se consolidará, a não ser que haja alguma mudança radical como uma saída negociada da presidente, através de alternância do governo via vice-presidente.

Trazer Lula para o ministério pode gerar muitas interpretações e, sem dúvida, todas serão negativas. Em que ponto isso poderá salvar o barco? Depois que o Titanic bateu no Iceberg seu comandante demorou um tempo precioso até entender que não havia mais como evitar o naufrágio. Esse tempo poderia ter salvado muito mais vidas. Parece que 13 de março é o Iceberg.

Assim, o mercado deverá surfar numa onda que não sabemos ainda aonde irá chegar pois, tecnicamente, os problemas - com ou sem impeachment - não se resolverão facilmente. Mas, sem dúvida, a confiança e a credibilidade geram condições necessárias para que a economia volte a crescer com as expectativas inflacionárias em patamares aceitáveis.

Temperatura Máxima será o próximo capítulo.

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