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2016: um ano cheio de desafios
29 de dezembro de 2015 at 14:47 0

Feliz 2016

Feliz ano novo! É essa a expectativa tradicional de um ano vindouro sempre melhor do que o que passou. O ser humano é crédulo e se mantém vivo e forte pela esperança: sem ela já estaríamos mortos.

Mas, na nossa realidade, sem dúvida, o ano de 2016 será duro e difícil para todos os cidadãos brasileiros em todos os níveis sociais: pobres, dependentes do Bolsa Família, os da classe média, ricos, empreendedores, investidores. Todos, sem exceção, terão de trabalhar mais para preservar as conquistas importantes de toda uma década e que agora começam a escapar de nosso controle.

O primeiro desafio será o combate ao desemprego, que tende a crescer fortemente já no primeiro semestre e afetará toda a cadeia de consumo. Nos negócios em geral, deverá haver uma busca incansável por maior produtividade, através de redução de custos nas empresas e profissionais mais qualificados, dado que haverá grande oferta desse tipo de mão de obra no mercado.

Outro grande desafio será o controle da inflação, apesar do ambiente desfavorável em que teremos de trabalhar, com juros altos, consumo reduzido, repasses de câmbio e juros e aumentos de impostos para toda a cadeia produtiva até o consumidor final.

A fórmula de sobrevivência é simples: primeiramente redução de custos; depois,  aumento de produtividade via terceirização para reduzir a carga tributária, mais tecnologia, menos preocupação com aumento de market share, maior repasse de margem de lucro em uma economia que vai encolher pelo menos 8% acumulados no período 2015/2016.

A parte boa para o empreendedor será a via da exportação, beneficiada pelo câmbio e um mercado interno relativamente fechado pela cunha fiscal. Além disso, temos os preços administrados e contratos indexados de serviços, que fazem com que tenhamos pouca margem de manobra sobre a inflação.

O resumo disso tudo é parecido com um ônibus lotado que vem em alta velocidade e dá uma freada para evitar uma colisão. Já sabemos o que acontece: muita gente cai, alguns se machucam e os mais fortes se agarram onde podem e sobrevivem à freada.

Essa analogia é a simplificação de uma economia alavancada por empréstimos e alongamento de prazos e múltiplos de EBITDA de primeiro mundo em que teremos de fazer um ajuste para um ambiente moderado e recessivo, sem o apoio dos bancos governamentais, que terão de conviver com o custo maior da inadimplência.

Esses desafios serão parte do que já conhecemos, mas ainda existem as variáveis desconhecidas, que sempre podem impactar a vida das pessoas, como, por exemplo, o advento da Lava à Jato que, com a prisão de André Esteves, seu presidente, quase implicou a destruição de valor do BTG Pactual e, sem dúvida, gerou ainda maior perda de valor para o mercado, já que se trata do maior Banco de Investimento da América Latina.

Um ponto que se deve considerar é a manutenção do sistema financeiro num ambiente benigno, com seus principais participantes fortes e capitalizados, com um alto desenvolvimento bancário promovido pelo Banco Central no que se refere a um dos melhores sistemas de pagamento do mundo.

Em todas as economias que foram destruídas, seus principais bancos quebraram ou afugentaram os bancos estrangeiros através de governos populistas, como foi o caso de Argentina, Portugal e Grécia.

Quanto mais preservado for o sistema financeiro, mais forte e rápida será a retomada do crescimento, pois a economia é irrigada por esses agentes bancários. Esse é um ponto a favor do Brasil.

Tenho fé de que todos vão se preparar para a tempestade que pode vir, mas ela vai passar e o brasileiro, que sabe fazer isso, deve se  reinventar em todos os segmentos e níveis sociais. Nada ocorre em vão: vamos, pelo menos, ganhar mais consciência para escolher nossos governantes, pois é através do voto que faremos um país melhor sem nos deixarmos enganar por promessas fáceis e levianas. É com a qualificação do voto que chegaremos ao Olimpo.

Que todos tenham um feliz ano novo, cheio de esperança!

Saul Sabbá, Dezembro de 2015

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Câmbio no Brasil: O problema é operacional, não regulamentar
17 de novembro de 2015 at 17:23 0

câmbio

A notícia que circula hoje é sobre o documento que o PMDB pretende apresentar: um manifesto com 10 propostas para resolver a crise econômica no país. Não importa o partido nesta hora, precisamos pensar no que é melhor para todo mundo. O problema da briga partidária no Brasil, como falei no artigo “House of Cards” é que as disputas cegam os agentes responsáveis pela mudança e solução.

As propostas do PMDB, apresentadas pelo Temer no Congresso da Fundação Ulysses Guimarães, são austeras, com a sugestão principal de reforma do Orçamento da União, com mudanças na Previdência, Saúde, Educação, até na atuação do Banco Central.

Um dos pontos defendidos pelo PMDB é uma mudança na forma que o BC intervém no câmbio. Muito se fala no Brasil sobre intervenção no câmbio, mas nem todos compreendem como a coisa funciona. Existem basicamente três formas de atuação estatal em câmbio. O Swap, que é adotado atualmente, o spot e o forward. Como o próprio nome diz, o Swap é uma troca, quando não existe a entrega da moeda. Existe apenas uma liquidação financeira pela diferença de taxas de câmbio na data de vencimento, podendo ser positiva ou negativa para o BC. Isso é feito para que o governo consiga segurar o valor da moeda sem que suas reservas fiquem vazias, pois há a recompra. Se o BC não adotar essa linha e acabar passando para o spot, haverá o esvaziamento, pois essa operação implica na troca de uma moeda por outra, ou seja, vendemos dólar em troca de reais, euros ou qualquer outra moeda estrangeira. Falar em mudança na abordagem do BC em relação a intervenção é para inglês ver. Pretendem fazer o que? Congelar o dólar como foi feito na Argentina? Deixar que ele flutue livremente em um ambiente com fragilidade estrutural e conjuntural? O problema é operacional e não regulamentar.

Indo contra o propósito de união de forças, o documento criou uma polêmica imensa dentro do próprio PMDB e com aliados do governo. O documento ao menos enxerga e assume que o país está num momento crítico e que algo precisa ser feito, pois o tempo acabou e não podemos mais continuar na inércia esperando as mudanças que sim, têm de ser estruturais.

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Com dólar mais caro, investidores estrangeiros desembarcam no Brasil
9 de novembro de 2015 at 16:48 2

investidores estrangeiros

Quando se fala em desvalorização do real, achamos muito ruim para o Brasil. Mas também há o lado positivo.

O valor do dólar não é determinante, mas tem um peso grande na decisão de investimento. Os investidores estrangeiros estão de olho nessa oportunidade de preços baixos. E está aumentando diariamente o número de investimentos no Brasil por causa do câmbio. Uma pesquisa mensal feita pela PwC Consultoria mostra que o movimento das fusões e aquisições no país aumentou e deve ultrapassar o de investidores brasileiros, em número de negócios, até o final do ano. Em setembro, a comparação está equilibrada, em 50% brasileiros e 50% estrangeiros.

Segundo a consultoria, não víamos um movimento desses desde 2010, quando tínhamos a perspectiva de crescimento da nossa economia. A diferença agora é que mesmo com a perspectiva de recessão, os estrangeiros estão enxergando a oportunidade e apostando nisso. O aumento das dívidas devido à alta dos juros e da queda da demanda de produção causa nas empresas a fragilidade financeira de que os investidores precisam, sendo essa vulnerabilidade enxergada como oportunidade para quem tem os recursos para investir. Como isso reduz o poder de negociação dos vendedores, os compradores barganham e chegam a preços muito atrativos.

Outro aspecto a se considerar é a possibilidade do Fed (Banco Central Americano) aumentar os juros em dezembro. Em um primeiro momento a moeda brasileira pode se desvalorizar um pouco mais, mas tende a se estabilizar após algumas semanas, o que permite a decisão de se investir ou não em países emergentes, como o nosso. E o Brasil vai interessar a muita gente, pois a alta dos juros e a desvalorização do real garantem um bom retorno aos investidores.

O Brasil está barato e para os fundos de private equity, que compram participação em empresas para vender no futuro com lucro, o momento é ideal. A volatilidade momentânea do dólar adiou um pouco os investimentos, mas agora o cenário está mudando e a insegurança é menor. Os bancos de investimento estimam que R$ 150 bilhões de ativos estão à venda no país.

Quem dera que os investimentos fossem feitos para impulsionar as empresas desde o começo, desde a concepção da empresa, mas infelizmente não é isso o que acontece. Pelo momento que vivemos, já é bastante interessante para o Brasil atrair empresas multinacionais e fundos de investimento que podem ajudar a fazer uma certa arrumação no setor produtivo que está sofrendo tanto.

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Inflação x Empresas
3 de novembro de 2015 at 17:44 0

inflação

Os jornais de hoje mais uma vez trazem a o cenário de como a crise política está afetando a economia brasileira. Segundo alguns especialistas, essa crise política afeta mais os mercados do que a crise econômica em si, já que a desconfiança se traduz em inflação no patamar de 10% e a taxa de câmbio no absurdo patamar de R$ 4,00.

Sobre a inflação as estimativas continuam a piorar, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC). O IPCA este ano subiu de 9,85% para 9,91%. Para 2016, avançou de 6,22% para 6,29%. O Banco Central prevê manter as taxas de juros estáveis em 14,25 pelo menos até julho/2016, apesar da alta da inflação. Já o mercado tem visto esses números como otimistas, acreditamos em uma alta maior do que a estimada pelo governo.

Por causa da inflação e da alta do dólar, muitas empresas estão extremamente endividadas e, para não quebrarem ou evitarem demissões, estão negociando rolagem nos pagamentos dos compromissos firmados com os bancos e o perdão no descumprimento de algumas cláusulas contratuais. As instituições financeiras, por sua vez, estão fazendo de tudo para evitar a inadimplência.

Já o preço do dólar é uma oportunidade para que investidores estrangeiros apostem no mercado nacional. Concordo com as opiniões de que o Brasil está muito barato, em termos de mercado, e investir agora no Brasil é ter a possibilidade de retorno muito alta.

As startups brasileiras de tecnologia, por exemplo, perderam em 4 vezes o poder de compra, entretanto o investimento em dólar está em apenas 1 quarto do que costumava ser. Acredito que os investidores que têm condições de aplicar no mercado brasileiro devem vir, dentro dos próprios critérios estabelecidos, pois quando a crise política se resolver, certamente todos nos beneficiaremos.

 
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Agenda apertada
30 de setembro de 2015 at 18:57 0

agenda apertada

A desarrumação na economia, pela alta abrupta do câmbio em curto espaço de tempo, vai trazendo consequências por parte, principalmente, do endividamento das empresas que tomaram recursos através de corporate bonds, fazendo com que as mesmas tentem a recomposição de caixa para fazer frente ao aumento dos encargos da dívida.

A Petrobras anunciou o aumento dos combustíveis com este objetivo, pois é uma das empresas mais endividadas do mundo e ela precisa de recomposição de caixa. Fala-se em 6.5 bilhões! Sem dúvida o mercado gostou, pois além de dar uma clara sinalização de certa autonomia operacional, apesar de inflacionário esse aumento, se tem a percepção de que não deverá impactar tanto nos repasses, pela fraca demanda.

Até nisso temos uma situação esdrúxula, pois o petróleo está nos níveis mais baixos no mundo e mesmo assim precisamos aumentar o preço internamente. Este é um dos efeitos da alta do dólar sobre o endividamento, que acaba sendo do descolamento de preços das commodities pela necessidade de caixa. Neste ponto poucos poderiam fazer o mesmo, pois a concorrência atuaria como regulador de preço. Enfim, é o que temos de melhor.

Continuo apostando no tema que citei outro dia no artigo "remédio amargo", que é a questão da CPMF que acabará passando no Congresso pela goela abaixo, pois o tempo é curto e não existe outra proposta na mesa para fechar as contas do orçamento.

Além do mais, na situação atual, acredito que nem um outro governo (caso viesse) teria tempo para implementar alguma medida de eficácia real. Basta ver que o ministro Levy não muda a conversa na sua peregrinação, afirmando que este é o plano A e o B e o C. É o que tem na mesa, pois de fato corte de custo tem uma dificuldade maior. Sabemos que precisa de um prazo maior para implementação, além de cortes sempre poderem ser contestados juridicamente pelas classes que não querem perder seus direitos. Pode ser que eu me engane, mas daqui a pouco a grande maioria aceitará o CPMF como um mal menor e não como o maior.

Além disso, a redistribuição de cargos nos Ministérios para o PMDB passa a sensação de que a presidenta se fortalece contra o cenário de impeachment, pois essa questão está justamente nas mãos do PMDB. Assim, também a substituição do Ministério da Casa Civil, é uma demanda de parte do PMDB e do próprio ex presidente Lula por um político de maior aceitação pelo PMDB. A agenda política e econômica está bem apertada para o Executivo, pois corre contra o relógio inclusive para mostrar uma sinalização ao mercado de que a crise está sendo administrada ativa e não passivamente, pois ainda tem as agências de risco rondando os novos rebaixamentos de risco.

Esses próximos dias serão cruciais para a agenda política econômica que pode vir marcada por novas surpresas. Quem sabe a luz no final do túnel não seja um trem na contramão.

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Até onde vai o stress do dólar?
24 de setembro de 2015 at 17:32 0
dólar

A pergunta recorrente em todos os lugares que tenho frequentado é: a que preço vai o dólar? Realmente não é uma tarefa fácil prever a situação da moeda americana, mas alguns esclarecimentos poderão ajudar os amigos a parametrizar a situação da moeda:

Tecnicamente não há mais paridade alguma, pois saímos do campo econômico para o político e vice-versa. E aí as variáveis são as mais diversas. Para quem sabe e já passou momentos de crises cambiais e econômicas no stress, é jogar a máquina de calcular fora e transformar em feeling e interpretação dos momentos políticos e econômicos.

Adicionado ao stress do dólar, vem a corrida para qualquer operação cambial ficar atrelada a um hedge da moeda. Hoje importamos um volume considerável e acredito que o bom senso dos importadores fará um hedge, pois a volatilidade e a incerteza econômica poderão comer a margem dessas empresas.

O overshooting que estamos assistindo, sem dúvida, é uma somatória de tudo isso:

  • Hedge cambial para cobrir exposição de dívida em dólar;
  • Ajuste de mercado derivativo de Fundos;
  • Proteção patrimonial pelas grandes tesourarias de Bancos e grandes grupos com negócio no Brasil;
  • Aposta contra alguma solução política e econômica no curto prazo.

E por aí vai... tudo isso, misturado com o medo de não ter solução a curto prazo, faz com que o dólar caminhe para o céu e qualquer número é válido: R$ 4,50, R$ 5,00, tudo pode.

Como falei no artigo "Reflexões de um feriado", o dólar vai acabar impactando fortemente nos juros e consequentemente nas previsões de inflação.

O que pode conter esta crise cambial? A saída é simples: ela se chama "credibilidade", mas ao mesmo tempo está longe de ser alcançada, pois somente com ruptura política é que poderemos enxergar uma luz no fim do túnel. Os poderes estão, de certa forma, contaminados pelo ambiente da Operação Lava Jato e dificilmente cederão à tentação de deixar a crise esfriar, porque assim acabam se protegendo dentro do conceito de que “o mal maior abafa o mal menor” e o grau de aceitação dos delitos acabam sendo atenuados. Sempre foi assim.

Também estamos assistindo ao "mais do mesmo": loteamento de Ministério para compra de votos. A nossa presidente poderia apostar em uma melhor escolha, a nível mais técnico, como forma de mostrar que quer uma mudança verdadeira e não um apoio incondicional de alas do Congresso. Este é o ponto central, a palavra "credibilidade " está comprometida por completo.

A frase do dia para o toma-lá-dá-cá é: mais do mesmo.

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Reflexões do feriado e a política econômica brasileira
8 de setembro de 2015 at 16:45 0
Reflexões do feriado: a política em deterioração

Reflexões do feriado: a política em deterioração

Algumas notícias e artigos me chamaram a atenção neste fim de semana de feriado prolongado. Obviamente todas citam o nosso momento econômico e político. Uma das que mais me chamou atenção foi um artigo no Estadão, cujo título é "A crise de Dilma vai a Turquia". O artigo, além de chamar a atenção para o momento político e econômico bastante complexo, cita alguns comentários na reunião do G-20, realizada em Ancara, cidade Turca. Vou relatar alguns trechos deste artigo, pois relata a nossa atual realidade, vista pelo lado de fora, dentro da análise do cenário global esboçado pelos economistas do FMI, como: "condições políticas em deterioração", "no Brasil, a fraca confiança de empresários e consumidores, no meio de condições políticas difíceis, e o necessário aperto da política macroeconômica devem enfraquecer a demanda interna, com o investimento caindo de forma particularmente rápida". O Brasil foi citado por todas as suas dificuldades que são momentâneas, mas maiores que de seus pares emergentes em função, principalmente, de "condições políticas e deterioração". Outra pequena matéria, que não me passou desapercebida, foi sobre uma pesquisa oculta feita com políticos do PMDB em que se constatou que 50% já apoiam o impeachment. O que significa isto? Cada vez mais temos a percepção de que hoje o PMDB é quem realmente vai dar as cartas para decidir o futuro da Presidenta Dilma. Além disso, a fala do vice Michel Temer sobre a inviabilidade de governabilidade com baixa popularidade, também noticiada durante todos os meios de comunicação, deixou claro que existe um possível movimento de desembarque. Meu entendimento é que o mesmo já se coloca como uma real via alternativa de transição pois, em tese, o Vice não deveria se posicionar em público. E não é só uma forma de mostrar insatisfação, mas sim de se posicionar diante do possível desenrolar das decisões de aprovações - ou não - das contas, que sairão nos próximos dias. Enfim, foi um feriado bastante movimentado. O aspecto de mercado que me chamou a atenção nessa semana: A persistente alta do dólar tem chamado a atenção, pois as tesourarias dos grandes bancos locais e estrangeiros começam a perceber que os sinais emitidos pelo Banco Central de que há tendência de queda das taxas de juros já não é a mesma percepção do mercado. O BC ofereceu  títulos federais na semana passada, em um leilão de taxas pré-fixadas, mas o mercado pediu um prêmio mais alto. Assim, o BC cancelou o leilão e já avisou que vai oferecer leilões de Swaps em dólar, para diminuir a volatilidade e manter a paridade mais equilibrada. Isto não é um bom sinal, pois as tesourarias já começam a pedir um prêmio alto na dívida local, dado o risco institucional e o Investment Grade em questão. O problema é que não conseguimos enxergar o que é o preço técnico do dólar, se é que tem. Tecnicamente pode ser R$ 4,00 ou R$ 4,50, depende do grau de   deterioração econômica e política que agora passam a andar de mãos dadas. Isso significa que não tem nada certo em relação ao dólar e juros. Os juros, que até então aparentavam calmos e já se esperava uma possível queda no primeiro trimestre de 2016 - o que parecia ser suficiente para manter a meta de inflação sob controle, começam a despertar desconfiança caso o dólar continue nessa escalada de preço. Somado a isso, o prêmio mais alto pedido pelo mercado é uma sinalização preocupante. A indefinição na área política e nos ajustes necessários para a contenção de um déficit minimamente aceitável, criam uma situação bastante incômoda para o BC controlar a corrida para o dólar. Pode ser que só vender Swap não seja suficiente para acalmar os agentes, que começam a duvidar do equilíbrio econômico e é aí que as coisas se complicam, pois isso vai demandar vendas spot do dólar e alta de juros. O mercado está assustado, transmite sua inquietação através de preços dos ativos e sabe que, se não tivermos rapidamente uma solução para o embrulho político/econômico, as coisas podem ir para caminhos bem mais difíceis de serem resolvidos. Então, só restará a política econômica ortodoxa, com juros altos e controle de câmbio, ocasionando a queima de reservas cambiais. Já vimos isso antes.
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Boom dos imóveis comerciais gera apreensão
18 de agosto de 2015 at 15:25 0
Com alta do dólar, investir em imóveis no Brasil virou uma boa pedida.

Com alta do dólar, investir em imóveis no Brasil virou uma boa pedida

Este foi o título da matéria do The Wall Street Journal de 18 de agosto de 2015, traduzida pelo Valor Econômico e que faz uma síntese da escalada dos preços do metro quadrado nas principais capitais mundiais: NY, Londres, Los Angeles, Berlim e Sidney. O volume de transações financeiras também disparou principalmente nos EUA, onde saltou 36% em comparação com o mesmo período de 2014.

A matéria chama atenção principalmente para o aquecimento dos preços dos imóveis corporativos em função da alta liquidez financeira existente no sistema, como também a baixa remuneração do capital via títulos públicos.

Além disso, cita transações milionárias e bilionárias tanto nos EUA quanto na Europa e nÁsia, dando mostras de como o mercado está pujante, porém relativamente perigoso dependendo da intensidade dos juros americanos que podem trazer uma queda na atratividade ligada a um possível desaquecimento (embora esse não seja um cenário de curto prazo).

Gráfico retirado do www.valoreconomico.com.br

Gráfico retirado do www.valoreconomico.com.br

Sobre o Brasil, a matéria fala sobre como estamos na ponta inversa deste cenário, já que a vacância aumentou acentuadamente e pode até aumentar mais, dado que a atividade econômica não deverá reverter em curto prazo, ou seja, nos próximos dois anos.

Já em outra pequena matéria, do Estadão, encontramos o seguinte título: “Incorporadoras negociam ativos com fundos” e o subtítulo "Venda pode trazer fôlego financeiro às empresas incorporadoras; dólar valorizado torna imóveis baratos para investidor estrangeiro".

No meu artigo "Oportunidades de investimento no Brasil durante a crise" classifiquei a área de real estate como prioridade de oportunidade, principalmente para quem tem recursos em dólar. Também citei a possibilidade de repatriação pela anistia, que está para ser votada na Câmara. Acho até que alguns  investidores brasileiros, que estão desiludidos com o Brasil, podem repensar e reavaliar se vale a pena entrar em um mercado bastante aquecido como o americano e deixar de usar a Bala de Prata, que é a oportunidade do capital em um momento que o mercado imobiliário passa por dificuldades - principalmente por escassez  de crédito por causa do recuo da Caixa Econômica Federal.

As duas matérias (a do Valor e a do Estadão) estão bastante interessantes e ilustrativas. Por isso, acho que deveriam ser leituras obrigatórias.

Entre esses ganhos está a diminuição da corrupção com o advento da Operação Lava a Jato, que será um marco na nossa história, pois o país deixará de ser para poucos, onde só ganha dinheiro quem está no esquema da corrupção. A Lava a Jato está, consistentemente, mostrando que o Brasil mudou e está mudando para melhor.

Há ainda ganhos com o equilíbrio de poderes entre as principais instituições, exercitando a democracia, e politização da população. Nossos jovens passaram a acompanhar e se interessar pela política e a entender que o processo de mudança se faz pelo voto (não devemos eleger pessoas despreparadas e desqualificadas). As mobilizações de todas as classes nas passeatas de protesto, de forma organizada, tem ensinado e exercitado a convivência com a diferença de opiniões.

Finalmente há o ganho relacionado com o fato de o Executivo, a Câmara e o Senado estarem indo ao encontro da demanda das reformas estruturais e fiscais para que possamos sair deste enrosco. Em tempos normais, elestenderiam a deixar tudo como está e cuidar somente dos interesses partidários e com caráter eleitoreiro.

Na realidade, se não tivéssemos uma crise de problemas fiscais e econômicos, talvez ainda estivéssemos no país das maravilhas, pensando que éramos ricos e sérios.

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Câmbio, Investimentos, Política
Os novos tempos para o Brasil e o superávit fiscal
30 de julho de 2015 at 11:16 0

imagem post

O anúncio de renúncia em busca do superávit fiscal, feito na última semana pelo Ministro Joaquim Levy, praticamente posicionou a situação de deterioração das nossas contas e a impossibilidade de controlar e conseguir implementar reformas no legislativo e no Senado. Forças políticas se degladiam em um jogo de xadrez onde não sabemos quem serão os vencidos ou os vencedores. Mas uma coisa é certa: esse governo não tem capacidade de reverter o quadro econômico atual pois, somado à baixa popularidade, à falta de credibilidade e outros fatores como a Operação Lava Jato, criou-se um grau máximo de incerteza e insegurança não só à população como também de investimento necessário para o país rodar a contento. Enfim, qual o cenário mais provável deste jogo? Sinceramente não temos grandes certezas de quase nada, exceto de que teremos dólar alto em relação ao real e inflação igualmente alta. Do jeito que vai a economia real e o aumento do desemprego, é claro que a renda dos salários é impactada. É o cenário da tempestade perfeita. Sendo pessimista, eu diria que se nada mudar, esta é a visão mais realista. Mas onde poderíamos ancorar um possível cenário mais otimista? Em qualquer situação, o dólar continuará se valorizando, pois o BC só poderá contar com os juros e algumas políticas temporárias, como a repatriação de capital no exterior, podendo assim no curto prazo segurar as cotações - até porque mudaremos o viés da nossa política econômica que foi induzida ao mercado interno, baseada no crédito e consumo, sem considerar algum incentivo à poupança e maior proteção às indústrias. Agora, através da maior competitividade incentivada pelo câmbio apreciado e as nossas indústrias de modo geral, deverão ter de repensar a sua área de atuação mercadológica muito rapidamente e com um grau máximo de criatividade. Realmente as sinalizações não são nada animadoras, mas são nas crises que usamos todo nosso talento pessoal para superá-las. Sempre foi assim e não será desta vez diferente! O mercado, de modo geral (financeiro , industrial , infraestrutura, imobiliário), vinha trabalhando em um modelo de Investment Grade, em que trabalhava bem mais alavancado do que outras épocas. Para que tenham um entendimento melhor do que estou falando, é comparar a economia Argentina - onde seu parque industrial praticamente foi reduzido a um terço e, por razões do Default, praticamente a economia não tem hoje alavancagem, os imóveis são comprados à vista. Aqui, diferentemente, nós fomos para até trinta anos de financiamento, assim como tivemos prazos bem alongados em outros segmentos. O efeito dos mercados de crédito para desalavancagem são mais perversos do que os que não são. Por outro lado, temos um mercado financeiro bem saudável, que é bem controlado pelos órgãos reguladores, além de uma grande eficiência deste mercado e reconhecido no âmbito interno e internacional. Se tiver de escolher entre as possíveis saídas para este enrosco, diria que o fator de maior impacto, e que será relevante para os agentes econômicos internos e externos, é a recuperação da credibilidade institucional que, por uma via ou outra, poderá estar a caminho...
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Saul Sabbá afirma: “Volatilidade do dólar congela negócios”
9 de junho de 2015 at 17:18 0

A atual volatilidade do câmbio é mais preocupante que o real depreciado, avalia Saul sabbá, presidente do Banco Máxima. Segundo ele, as incertezas em relação ao rumo da taxa paralisam os negócios e prejudicam o planejamento das empresas importadoras e exportadoras.

Após alcançar a cotação máxima de R$ 3,297 no dia 19 de março, maior valor em quase 12 anos, o dólar comercial tem sido negociado por volta de R$ 3,17.

Para Saul Sabbá, os fundamentos atuais da economia apontam para um valor justo da moeda em torno de R$ 2,80.

"Hoje, se você pegar e fizer as contas técnicas, vai ver que o câmbio deveria estar em torno de R$ 2,80 - neste patamar, tecnicamente. O restante, o adicional da volatilidade, sempre vem em função de eventos improváveis, acontecimentos do dia", diz. "Se o dólar se mantiver estável, em R$ 3, R$ 3,10 ou R$ 2,90, dentro dessas faixas, o exportador exporta e o importador importa. Se houver alguma expectativa de que esse câmbio pode ir para R$ 3,40, como chegou a ser falado, o mercado pára e congela", atesta.

Não conhece muito sobre Saul Sabbá? Descubra como Saul Sabbá foi importante na telefonia dos anos 80.

Veja também: Saul Sabbá afirma que CDB Renda Mensal pode ser seguro e vantajoso. 

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