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O país parado à espera do rito do impeachment
13 de junho de 2016 at 13:43 0
rito do impeachment

A situação política e econômica parecia estar definida, aparentemente. Mas uma série de acontecimentos mantém o governo interino como refém do rito do impeachment. As novas gravações e delações, agora contra o PMDB e o PSDB, colocam as definições e decisões em um campo minado a fim de não contrariar a base, pois o placar está apertado no Senado.

Imaginamos que enquanto enquanto persistir a dúvida do rito se efetivar, o balcão de barganhas no Senado vai ganhando corpo e impactando a confiança das pessoas, principalmente investidores.

Apesar da baixa probabilidade, caso ocorra a não definição do governo Temer e volta da Dilma, fica a dúvida de como seria um "day after" da governabilidade neste cenário. Seria impactante para todos, com as cenas política e econômica totalmente imprevisíveis. Haveria uma grande possibilidade de nova eleição. Mas será que o país aguentaria trocas de ministérios novamente? Um grande caos.

A crise econômica chegou e formou consistência. Nas ruas basta observar os shoppings, restaurantes, bares, estradas e o medo do desemprego que começa a rondar todas atividades afetadas pelo baixo consumo. Não é sem razão que o governo já percebeu que precisa fechar este assunto do impeachment, pois as medidas econômicas mais duras acabam sendo adiadas em função da fragilidade política e da vulnerabilidade do atual governo em ter de agradar a todos partidos de apoio.

Do outro lado, persiste uma expectativa de apoio relativo da população que gritou "fora PT" mas não deu carta branca ao novo governo, pois a bandeira principal foi o "chega de corrupção”. Quanto mais o atual presidente cede aos partidos, mais frágil fica a governabilidade perante o povo brasileiro.

Após a última reunião do Copom mantendo a taxa de juros nos patamares atuais e a inflação ainda resiliente, mesmo com a brutal queda de consumo, a indexação se mantém viva e pode adiar a queda dos juros tão aguardada. Mas a curva futura, que é um eixo principal de um BC com credibilidade junto ao mercado, já poderá dar ao  governo Temer um cenário de maior expectativa otimista - muito mais pela escolha da equipe econômica, com a liderança do Meirelles.  As expectativas inflacionárias futuras advirão com fortalecimento da confiança e credibilidade delegada à condução da política monetária sem interferências de viés partidário na economia.

Isto é o que o mercado entendeu e é o voto que o presidente atual recebeu com as taxas futuras vindo para patamares mais aceitáveis. O  primeiro speech do novo presidente do BC mostrou que o dólar reagiu para baixo, com a sinalização da volta da flutuação cambial. Com menos intervenção por parte do BC, sem dúvida o dólar poderá ser um aliado em ajudar a trazer a inflação a patamares aceitáveis.

Apesar desta seleção de quadros altamente qualificados na área econômica, vamos ter de conviver com uma grande incerteza até a finalização do rito do impeachment. O andamento e os últimos acontecimentos da Lava Jato, nos deram mostras de que vem muito mais por aí, pois ainda faltam delações importantes como a do próprio Marcelo Odebrecht e do tesoureiro do PT.

Só se ganha a guerra quando esta termina, sempre foi assim e o Presidente atual Michel Temer sabe disso.

Acredito assim que, apesar da complexidade atual do cenário econômico e político, devemos trabalhar com um viés otimista e nos mantermos atentos aos eventos que poderão influir na consolidação do rito ou não. Não podemos perder a confiança na nossa capacidade de reagir, tanto nos negócios como na nossa vida pessoal. Como diz a velha sabedoria, caminhar em tempos difíceis fortalece a alma, e devemos sempre estar caminhando. É isso que aconteceu nas grandes crises mundiais: sobreviver para poder prosperar.

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Bolsa, Finanças, Investimentos
Procura-se uma bolsa de startups
31 de maio de 2016 at 12:04 0

31_05_SS

Apesar dos noticiários estarem com a atenção voltada para os acontecimentos políticos e econômicos, o que temos de certeza é que viver e empreender, a vida pessoal e corporativa, continuam a ser o nosso grande desafio. Seja qual for a sociedade, a questão central passa pelo capital, pela renda, pelo emprego e consequentemente pelas grandes corporações e por milhares de pequenos empreendedores de todos segmentos. Se analisarmos o impacto da atuação dos pequenos empresários e startups podemos ver que, sem dúvida, são eles que mais geram emprego, fomentam a competitividade e oxigenam saudavelmente a economia por meio da descentralização de investimentos.

Grandes cartéis deixam a sociedade estruturalmente na mão de poucos. Podemos afirmar que vários segmentos mantém a concentração econômica bastante elevada. A tendência é aumentar cada vez mais essa predisposição, caso não sejamos capazes de revitalizar ou gerar oportunidade para o pequeno empreendedor e o capital de risco, por meio dos venture capital.

Atualmente, apenas pela via de fundos especializados as pequenas e médias empresas, PME, e startups tem acesso ao capital. Esse único sistema de acesso é muito pouco  em relação à demanda de capital por parte de empresários de negócios, principalmente tecnológicos. A política do último governo foi bastante incentivadora para grandes grupos e despejou bilhões de reais nas mãos de poucos, por intermédio de bancos governamentais. Esta má-formação do capital vem desconstruindo uma melhor distribuição de resultados corporativos.

Por mais de 10 anos a Bovespa tenta implementar sem sucesso o mercado de ações para este grupo, o de startups e PME. Apesar de possuir praticamente o monopólio deste mercado, não consegue atrair nem o capital e nem o empresário, devido a complexidade do sistema desejado e entendido como o justo e o correto para os participantes.

Reepensar no SOMA, com algumas pequenas alterações de uma forma a modernizá-lo para que seja um ambiente que facilite a vida dos empreendedores e investidores, com regras simples e sem grandes burocracias, é uma opção para a Bovespa. Empresas de menor porte teriam um mercado em que possam acessar capital de uma forma mais moderna. O Fintech é um dos exemplos de que a desintermediação  bancária já começou, com empréstimos pessoais em cartões de débitos. Outros sites estão começando a simular levantamento de capital por vias diversas como crowdfunding, por exemplo. Sem dúvida que estes modelos serão mais difundidos, pois a demanda de pequenas empresas e principalmente startups de área tecnológica de aplicativos são a nova tendência.

O brasileiro é um povo muito criativo, ele não pode ter somente um sistema bancário de 5 bancos que detenham 80% e só sabe falar a linguagem do juros. Um artigo no Estadão, demonstra que esses mesmos cinco bancos dominam as OPAs no país. Segundo a reportagem, uma das consequências dessa concentração é a elevação do tíquete médio, inviabilizando a entrada de pequenas e médias empresas no mercado financeiro.

A Bovespa poderia fazer bem mais, nesse aspecto. O “I do my best” não parece ser a sua principal preocupação pois, além de não sair dos mesmo 500 mil investidores, ainda se tornou a campeã em fechamento de empresas. A meta de 5 milhões de investidores alardeada no passado ficou para trás. Esses dados demonstram que o fracasso da Bovespa em abrir o mercado de ações para pequenas e médias empresas é incontestável e deveria ser uma lição para quem trabalha com mercado financeiro. Regras complexas afastam os investidores e mantém o mercado congelado.

Acredito que poderíamos ser bem mais do que somos em mercado de ações. Aproveitando o squeeze de crédito que temos e a alta demanda pelas empresas startups de tecnologia, deveríamos reunir investidores de capital de risco em torno da mesa para entender e tentar usar este momento como o começo de uma nova bolsa que está incubada e adormecida dentro da própria  Bovespa. O SOMA um sistema descomplicado e rapidamente teremos as Fintechs da Bolsa, em que a relação de interesse predomina sobre o monopólio de mercado.

Em tempo de crise, o capital também está a procura de oportunidade que devem ser aproveitadas sem grandes burocracias. Um bom começo é dar chance a milhares de empreendedores de ter um centro de negociação com uma instituição de respeito e competente na implantação das negociações. Uma boa semente a ser plantada é usar o clearing da Bovespa e a revitalização do Mercado de Balcão organizado, deixando a semente plantada crescer com a mesma simplicidade dos aplicativos atuais e a predominância tecnológica.

Aí sim poderemos dizer: I do my best!

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Bolsa, Câmbio, Finanças, Investimentos, Política
Day after econômico
12 de abril de 2016 at 14:37 0
impeachment

Cada dia que passa os cenários ficam mais confusos, pelas apostas em ambiente político e econômico. O desemprego aumentando a passos largos, inadimplência da cadeia organizada de fornecedores e dívidas bancárias, assim como a inadimplência em todos segmentos estão se acentuando com o passar dos dias. Desta forma, onde iremos ancorar as nossas expectativas de uma solução econômica que está a reboque da solução política sobre quem governa o país? Cada vez mais se acumula um grau maior de incerteza causada pela falta de ação governamental, o que está temporariamente paralisado pela disputa de poder.

Para o mercado em geral, a esta altura não interessa a questão da discussão sobre o contexto Jurídico e sim o que pode vir a impactar a vida de modo geral, pois alguns consensos já estão formados em relação ao que precisa mudar para que a economia volte a sinalizar confiança e que possamos voltar a rodar com perspectiva futura e os investimentos voltem a se normalizar.

A única certeza que temos é que para qualquer projeto econômico que dê perspectiva econômica para o país mudar sua rota de colisão, teremos de passar por reformas estruturais no Congresso, como a questão da previdência e até cortes nos benefícios sociais, além de outras que estão travadas. Essas medidas têm custo político de implementação pela impopularidade.

O embate do governo se cristalizou neste momento entre Dilma e Temer, juntamente com ala do PMDB que saiu da base aliada. O seu programa econômico batizado Plano Brasil, sem dúvida não apresenta grandes novidades, mas é um plano bem coerente e cola mais com o mercado embora também precise de apoio político, pois só será factível com medidas de aprovação junto ao Congresso. E é neste fato que o mercado enxerga maior probabilidade de reorganização econômica, dada a maior capacidade do partido em trazer o PSDB para apoiar o projeto junto ao Congresso.

A expectativa política e econômica, principalmente câmbio e bolsa estarão ancoradas nas votações da Câmara sobre o impeachment em todos os estágios, primeiro sobre a aprovação do encaminhamento do voto do relator que ontem foi aprovado, tendo agora o embate final no domingo próximo pelo Congresso. Mas acredito que o mercado já precificou grande parte do rito do impeachment dentro da velha máxima de mercado, que é: "sobe no boato e cai no fato".

Em um cenário onde o atual governo vença a disputa no Congresso, sem dúvida o novo governo Dilma deverá tentar reorganizar as suas bases políticas com partidos de menor expressão, como PCdoB, PSOL, PP e outros partidos menores de um governo mais à esquerda, além dos movimentos sociais como CUT, MST e outros que ganharão peso e tenderão a exigir um plano econômico que atenda ainda mais as demandas sociais deles em seu governo. Eles se fortalecerão e cobrarão a conta da salvação do seu governo. Sem dúvida será uma grande dor de cabeça para o novo governo Dilma/Lula.

Lula tem dito que a prioridade será novamente o emprego e crescimento e é deste discurso dissonante da realidade fiscal que o mercado não gosta, apesar de saber que normalmente o discurso de rua é repactuado com a realidade econômica. E Lula sabe bem como a economia funciona e também sabe que precisará acalmar os mercados novamente, como foi o caso quando se elegeu pela primeira vez. Assim, possivelmente tentará a mesma fórmula que deu certo em outros tempos e apresentará o nome de um Ministro da Economia que gere uma expectativa positiva, tentando induzir o mercado e a economia a superar este momento de crise aguda econômica.

Sem dúvida a tarefa do atual governo em caso de vitória será mais árdua do que a do Vice-presidente, pois o cacife de credibilidade está muito pequeno para dar a volta por cima de todos os problemas que não são apenas políticos, como os outros escândalos que vêm assolando o partido do PT.

Assim, para contextualizar os dois cenários: o atual governo deverá  gerar maiores expectativas econômicas, dadas as dificuldades em recompor a sua base política, além de o próprio PT não conseguir acomodar todos interesses suprapartidários e próprios em relação à ocupação de cargos deixados pelo PMDB. Neste ponto, tanto dólar como a bolsa deverão sentir o impacto negativamente.

Já um novo governo assumido pelo Vice-presidente Temer, que será mais previsível e menos compromissado com qualquer ala, poderá gerar acordos mais "easy way" no mundo político, necessários para implementar reformas no Congresso.

Não adicionei mais pontos de imprevisibilidade de cenário alternativo, pelas variáveis como a Lava Jato e o TSE. Isso nos faria perder o foco no curto prazo.

Assim, a melhor parte do "day after" é termos alguma definição de para onde o país irá se dirigir, sem desconsiderar as dificuldades e desafios de ambos os lados, o que será sinalizado nesses próximos dias de definição, pois o país não aguentará por mais tanto tempo a disputa de poder.

 
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Bolsa, Investimentos, Tecnologia
Novidade: crowdfunding para projetos imobiliários
7 de março de 2016 at 14:51 0
crowdfunding

Vejam que interessante a matéria da BBC que li hoje sobre as novas oportunidades que surgem com o avanço da tecnologia. O Synapse Development Group (SDG) decidiu investir em um novo projeto de hotel – uma nova filial do high tech Yotel em San Francisco (EUA) – através de um site de financiamento coletivo. Com a promessa de descontos em diárias e outras diversões, mais retorno anual de 18% a 20%, foram atraídos investidores do mundo inteiro, que na primeira etapa investiram em média US$ 50 mil.

De acordo com o diretor executivo do SDG, “Hotéis frequentemente são mais rentáveis que outros ativos no mercado de imóveis. Sendo assim, sob uma perspectiva de investimento, atraem bastante a atenção especialmente em mercados maiores.”.

Uma empresa especializada em financiamentos coletivos, a Massolution, estima que os investimentos para negócios imobiliários através do crowdfunding movimentaram US$ 1 bilhão em 2014 e evoluíram em 2015 para cerca de US$ 2,5 bilhões.

Vários lugares do mundo têm divulgado seus projetos imobiliários, especialmente para construção de hotéis, em sites de financiamento coletivo. Tudo começou nos Estados Unidos e expandiu para outras regiões como Emirados Árabes e Tailândia, por exemplo, variando as regras, de acordo com cada local, sobre quem pode investir.

Normalmente, a oferta é a venda de ações, podendo o investidor se tornar dono de uma pequena parte do negócio ou da companhia.

Com US$ 10 mil, em geral, você já pode fazer um investimento mínimo ou diversificar as compras dentro de vários projetos.

Mas a prudência, como em todo investimento, deve ser bem observada. Há riscos, é claro. Como no financiamento coletivo praticamente não se interage com o dono do negócio, é imprescindível a cautela de verificar como outros projetos foram geridos. A ingerência do negócio costuma ser a principal causa de perda.

Porém, ainda de acordo com a matéria, o sucesso tem sido garantido em 80% dos casos. Bacana, não acham?

Leia a matéria completa com mais detalhes e informações, que eu quis compartilhar hoje com meus amigos e leitores.

Infelizmente no Brasil ainda não temos essa modalidade de investimento imobiliário, porém estamos num momento em que podemos aproveitar o segmento. A MP 694, que tributava os lucros sobre os investimentos imobiliários, espantou investidores e derrubou preços das cotas. Muita gente saiu perdendo, mas a proposta foi retirada neste ano e tivemos uma pequena melhora no mercado. Por conta da crise e da dificuldade em repassar a inflação para os preços, ainda é um investimento arriscado. Além disso, a taxa de vacância está muito alta. Porém, para alguns especialistas o risco esse ano é menor do que no ano passado. Precisamos sempre observar a diversificação e a gestão ativa dos negócios, para correr menos riscos.

Com a maturidade do mercado de crowdfunding no Brasil, oportunidades como esta aparecerão e poderiam ajudar no crescimento do país, pois o turismo é uma ótima maneira de atração de capital. Acompanhar a tecnologia da informação e diversificar modalidades é abrir muitas novas oportunidades; e a inovação no mercado financeiro é fundamental para o sucesso de muitos.

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Bolsa, Investimentos
Por que a Bovespa quer a Cetip?
2 de março de 2016 at 10:44 0
bovespa cetip
Após alguns meses, a Bovespa faz nova tentativa de compra da Cetip e parece que poderá ter mais sucesso, pois as péssimas condições de mercado em geral, com a conjuntura caótica dos preços das ações, favorece as fusões. O presidente do Conselho de Administração e o presidente executivo da BM&FBovespa divulgaram uma carta aberta aos acionistas explicando os principais benefícios que resultariam dessa fusão. Segundo a carta, o resultado seria uma maior eficiência operacional. Apesar das tentativas da Bovespa em aumentar o seu share, ela continua tendo dificuldades de penetração neste mercado de renda fixa. A Cetip também não conseguiu evoluir em outro mercado além do que atua, pois é a única empresa nacional que poderia se constituir de fato como uma Bolsa concorrente. Então, por que é importante a Bolsa consolidar o mercado da Cetip que domina o mercado de renda fixa ha décadas? São vários pontos positivos e outros negativos sobre essa compra que podem dizer se ela será benéfica ou não: No lado positivo, a fusão causará um fortalecimento da Bolsa brasileira, onde consolidaria os dois principais ativos, ações e renda fixa. Assim, poderá melhorar a eficiência de garantias para uma só clearing que se comunica, gerando maior possibilidade de coberturas de margens através de dois tipos de garantias: de ações e renda fixa. Isso daria um incremento de receitas de sinergias operacionais. Certamente aumentaria a lucratividade das duas através de outros serviços consolidados. Pelo lado negativo, eu diria que o ponto principal está na cultura da Bovespa em fazer os mercados baseada em sugestões teóricas, como vimos acontecer com o mercado de "over the counter" ou mercado de balcão, assim como aconteceu com a BBF - Bolsa Brasileira de Futuros. Estas duas e únicas aquisições das quais me lembro, tiveram simplesmente o objetivo de retirar o player ou concorrente do jogo, usando o argumento de que a consolidação seria benéfica ao mercado. O que vimos foi exatamente o contrário, pois a Bolsa comprou a SOMA (nome desta Bolsa de balcão, que foi desenvolvido pela Bolsa do Rio de Janeiro em comum acordo com as outras Bolsas regionais), com o objetivo de ser uma ponte para empresas que ainda precisavam de maior incentivo educacional para amadurecer como Cia. aberta, mas a SOMA foi enterrada em uma gaveta e a Bovespa patina até hoje, quase 10 anos depois, na implantação do Novo Mercado que foi idealizado pela mesma. Não quero polemizar a questão da SOMA, pois sempre fui um crítico desta aquisição pela Bovespa e o resultado fala por si só: é incontestável o fracasso do projeto da Bovespa para pequenas e médias empresas. O caso da BBF do Rio de Janeiro também teve o mesmo caminho: igual objetivo de consolidar e fortalecer o mercado, mas o projeto foi enterrado. Quero crer que o caso da  Cetip poderá ter um fim diferente das demais aquisições, embora não seja o que demonstra o passado. Se acaso for a estratégia da Bolsa somente retirar o concorrente player do mercado, poderemos ficar preocupados com as consequências do monopólio. Acredito também no fato de que a vontade da oferta de aquisição pode ter sido motivada pela percepção futura dos mercados globais, diante da situação econômica dos países que vêm se dividindo no primeiro mundo buscando equilíbrio econômico, como: EUA, Inglaterra, Canadá, Suíça, Alemanha. Esses são os chamados países desinflacionários, ou mesmo que precisam fabricar um pouco de inflação. Eles atrairão cada vez mais investidores para suas bolsas, pois cada vez menos investidores encontram razão para investir em bolsas locais e não globais, pois hoje podemos comprar empresas nacionais em bolsas de NY, Londres ou Zurique. Já nos países chamados inflacionários, como o nosso e outros latinos, a principal atratividade por um bom período será a renda fixa, pois estes tenderão a pagar taxas de juros muito mais atraentes que o chamado primeiro mundo em termos de estabilidade econômica. O mais racional é que os investidores busquem a Equity: bolsas de primeiro mundo e renda fixa de segundo e terceiro, pois como sabemos o juros negativo já é uma realidade contemporânea e acentuará esta diferença agora. Assim, pode ser que a Bovespa esteja vislumbrando perder mercado - não pela concorrência interna, mas sim pela demanda dos investidores que poderão se deslocar para as bolsas de países mais desenvolvidos podendo investir diretamente em empresas locais. Os investidores são mais atraídos pelas vantagens de se estar em um mercado com melhor qualidade de informação, mais liquidez e melhor capacidade do acionista minoritário se defender. Vejamos o exemplo do impacto da derrocada da Petrobras, cobrando indenizações via grandes escritórios de advocacia para defenderem investidores consorciados. De qualquer forma, a compra da Cetip pela BM&FBovespa poderá ser o equilíbrio entre esses pontos positivos e negativos, abrindo uma possibilidade real de que a fusão poderá ser benéfica ao mercado como um todo. Fazer o simples nos dias de hoje pode ser a maior virtude de uma empresa. Se a Bovespa adiquirir a Cetip para ganhar cultura e tiver a capacidade de entender a diferença entre as duas  empresas, poderá vir a ter sucesso. Vimos isso acontecer com algumas empresas, como exemplo o Itaú, Unibanco, Ambev e muitas outras que souberam ter a humildade do aprendizado e adaptar a realidade dos projetos funcionais e não sonhos de primeiro mundo. Welcome to the reality, Brazil.
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Bolsa, Câmbio, Finanças
Moody’s rebaixa Brasil com perspectiva negativa
25 de fevereiro de 2016 at 16:15 0

grau de investimento

Em setembro de 2015 a Standard and Poor’s rebaixou o grau de investimento da economia brasileira. Este movimento foi um choque de realidade para o governo brasileiro, que ainda não tinha assumido publicamente a gravidade da crise. Em dezembro foi a vez da Fitch rebaixar a nota brasileira. A Moody’s, única agência de classificação de risco que ainda mantinha o grau de investimento brasileiro, cortou ontem 2 níveis da nossa nota de uma só vez. O Brasil atualmente é classificado pela Moody’s como Ba2, considerado o nível "junk”, ou uma economia especulativa, não confiável para os investidores.

Uma série de fatores foi determinante para que a Moody’s seguisse esse caminho, assim como aconteceu com a S&P e a Fitch. Além da deterioração nas métricas de crédito do Brasil, o baixo crescimento e o descontrole das dívidas públicas foram determinantes. A perspectiva de que em breve a dívida pública brasileira deverá atingir 80% do nosso PIB é assustadora para os analistas de risco. A falta de credibilidade política também foi um fator determinante nesta decisão.

Segundo a agência, se continuarmos como estamos, ficaremos por dois ou três anos no chamado “crescimento anêmico”, que é quando não há crescimento significativo. A receita é simples: uma economia estagnada não produz dinheiro novo, logo o pagamento de dívidas é prejudicado. Fica também muito difícil conseguir dinheiro para que o governo promova investimentos. Com a taxa de juros se mantendo elevada, o Brasil terá muita dificuldade em pagar a dívida, porque só os juros vão representar aproximadamente 20% de toda receita do governo.

A próxima reunião do Copom será um desafio para o BC, pois apesar do aprofundamento da recessão, a inflação não tem dado trégua como esperado. A grande dificuldade em avaliar a economia daqui para a frente, complica ainda mais a tomada de decisões. O IPCA mais recente demonstrou claramente que o efeito da queda de atividade no Brasil ainda está longe de quebrar a inércia da indexação dos preços administrados, além da inelasticidade de alguns mercados nos preços praticados, o que deixa o efeito da recessão mais rígido e o processo de recuperação mais lento.

Possivelmente seremos obrigados a aprofundar ainda mais a crise para que a inflação comece a cair, pois o efeito da força da política monetária via juros, aparentemente, continuará neutro. Mas apesar de toda dificuldade do quadro, temos de seguir em frente e nos mantermos firmes e confiantes que muitas oportunidades também deverão surgir.

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Bolsa, Juros, Política
Os rumos do Brasil
20 de janeiro de 2016 at 08:29 0

post_blogdosaul

Todos já sabemos que o Brasil passa por um problema sério com suas commodities, principalmente pela baixa histórica do barril de petróleo e da volatilidade da economia chinesa, responsável pela importação de 50% do nosso minério de ferro. Cada vez mais interessado por economia, muitos brasileiros já se conformaram com as projeções pessimistas para 2016. Não há remédio milagroso, e a melhora vai depender de ajustes certeiros tanto na área financeira quanto na política, que não está ajudando na suavização da crise.

As economias dos países emergentes, em geral, têm sofrido bastante com a queda generalizada dos preços das commodities e a valorização do dólar. Especialmente a Venezuela e o Brasil que, além de terem uma grande parte de sua receita atrelada às exportações de petróleo e minério, ainda passam pelos problemas domésticos – que não são poucos. Países de primeiro mundo também sofrem com esses problemas, e a moeda canadense que normalmente segue a regra do um para um, desvalorizou quase 50%, e hoje são necessários 1,45 dólares canadenses, o CAD, para comprar one dollar bill.

Preocupado com o problema brasileiro mais sentido pelos pais de família, que é a inflação que derrete a renda de famílias e empresas, o Copom fará hoje a sua primeira reunião do ano para definir se sobe a taxa de juro para 14,25%. O resultado da reunião sairá a noite, mas é provável e quase certo que sim, o BC irá manter a taxa ou no máximo subir 0,25%.

Já disse anteriormente que a subida da taxa é uma decisão necessária, mas com resultados pouco garantidos, podendo afetar ainda mais as dívidas com o percentual repassado aos preços. Já em janeiro o IPCA deu um susto na população, nos mostrando as altas nos preços dos itens mais básicos.

Muitos amigos me perguntam sobre a realidade da economia brasileira e as chances de recuperação, mas tudo o que tenho são interrogações. Por mais que os especialistas tentem analisar e prever, no fim das contas ninguém consegue saber muito. Qual a eficácia da política monetária no momento? Qual o impacto de elevação dos juros no controle da inflação, se a percepção é fiscal? Qual o impacto dos juros SELIC no custo dos empréstimos, se os spreads estão exacerbados em função do risco Brasil? Quanto da inflação não está indexada aos contratos e aos indexadores que mantém/reduzem a capacidade dos juros?

Enfim, meus amigos. O negócio é torcer para que quem está no controle saiba o que está fazendo, e trabalhar muito, com muita cautela, porque este ano não será céu de brigadeiro. Isso, ao menos, é uma certeza.

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Bolsa, Câmbio
O câmbio e a China
11 de janeiro de 2016 at 16:15 0

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Dois “circuits breaks” na bolsa chinesa semana passada chamam a atenção, pois no momento o que parece é o que os investidores já temiam: o ajuste chegaria cedo ou tarde. A impressão também é de que uma temporada baixa está apenas no começo.

Sem dúvida o governo chinês vai implementar medidas de caráter preventivo, como injeções de capital para tentar organizar a queda que parece querer se acelerar. Não temos como negar os efeitos colaterais de um período de perda de valor da bolsa chinesa, pela sua importância na economia mundial.

O principal efeito e suas consequências serão nas comoditties, pois o reflexo de um período longo de perdas na China afeta os investimentos chineses que se utilizou bastante das capitalizações de muitas empresas nas diversas áreas da economia, além dos problemas a reboque com os corporates bonds chineses.

De qualquer forma a China tem uma reserva de capital enorme, mas se tornou um mercado extremamente alavancado em equity e crédito corporativo e imobiliário.

Aqui no Brasil, nosso câmbio turbinado pelo ambiente político e econômico que parece não se solucionar tão cedo, poderá ser mais impactado ainda pela variável chinesa - que poderá dar mais um gás na desvalorização da sua moeda como forma de atenuar a queda de consumo e capacidade contínua de manter o soft lending da economia.

A desvalorização do yuan pressiona o preço das comoditties brasileiras, em especial os minérios de ferro e a soja, além de outros na nossa pauta de exportação, pois o país com moeda valorizada tende exportar menos e vice versa. Assim, o preço dos comoditties está em baixa no mundo todo, liderada pelo petróleo que demostra claramente a queda de demanda do consumo mundial, pois o petróleo continua sendo o principal motor de energia mundial.

Neste ponto, acredito que caso os mercados chineses comecem a demonstrar uma desconfiança dos investidores em relação ao futuro, este é um bom motivo para nos preocuparmos como um dos maiores parceiros de nossa pauta de comércio exterior, como também a maioria das economias emergentes que são na sua maior parte dependentes das comoditties.

Enfim, são conjecturas e não previsões. Deixemos para os economistas as projeções e vamos torcer para não estarmos de novo em uma nova onda de desvalorização mundial das moedas, o que poderá aumentar a perda do poder aquisitivo dos países mais vulneráveis. Significa ficar mais pobre. No contraponto, o que pesa positivamente é a impossibilidade de fuga de capital na economia chinesa por parte dos chineses, pois existe uma forte restrição dos investimentos no exterior.

As grandes crises mundiais começaram por perdas em bolsas. Como exemplo, a crise de 1930, que levou a uma grande e longa depressão econômica por mais de uma década. Os modelos de grandes crises se repetem e só mudam a cara: mercado alavancado por leverage de equity e crédito. Resume-se em preservação de patrimônio e foi se repetindo em vários ciclos, no México, na Ásia, o World Trade Center. A crise de 2008 se deu através da quebra da quarta maior instituição financeira, só para lembrar.

Na maioria das vezes,  a motivação é a quase a mesma: desconfiança dos investidores com relação aos preços dos ativos em comparação à capacidade da economia em responder com crescimento necessário.

Se caso a crise no mercado chinês persistir, acredito que novas reavaliações e projeções do dólar começarão a ser feitas ainda este mês e a trégua, que até agora estava à espera de novos fatos internos, poderá reacender o movimento de alta do dólar.

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Bolsa, Câmbio, Investimentos, Política
Cobrança de IR em remessas ao exterior vai alimentar mercado paralelo
7 de janeiro de 2016 at 14:58 0

ir sobre remessas ao exterior

Infelizmente não há notícias animadoras para que eu possa comentar com alguma alegria. Hoje me pego preocupado com a decisão do governo de não renovar a a isenção de Imposto de Renda (IR) para remessas de até R$ 20 mil por mês ao exterior destinadas a despesas educacionais, de serviços turísticos e hospitalares.

Este é mais um absurdo, feito de forma desorganizada, que recai diretamente sobre os brasileiros. Vemos nas estatísticas o grande aumento do número de jovens que foi estudar no exterior. E essa oportunidade para eles é muito importante, pois garante qualidade. Um pai que trabalha, paga seus tributos já altíssimos no Brasil para poder enviar recursos aos filhos que estão no exterior, agora deverá pagar mais 25% sobre essas remessas. Isso provavelmente prejudicará a continuidade de um projeto de vida.

Mas não só esses jovens e famílias serão prejudicados, como também aqueles que estão no exterior em tratamento hospitalar e seus acompanhantes. A consequência social negativa de uma medida estabanada como essa é muito grande.

Além das pessoas físicas e seus projetos pessoais, a decisão afeta as empresas de turismo que mantém negócios e funcionários no exterior. Para essas empresas, a isenção era sobre remessas até R$ 10 mil. Pagar o hotel de um pacote de viagem fechado aqui no Brasil, por exemplo, já custará 25% de imposto a mais. Manter os empregados lá será muito mais oneroso. Ou seja: o risco de demissões também assombra esse segmento.

De acordo com o Jornal Valor Econômico, “para se ter uma ideia dos montantes movimentados em algumas das rubricas que contavam com isenção fiscal, os gastos com educação fora do país somaram US$ 804 milhões em 2015 até novembro; com saúde foram gastos US$ 5 milhões; as viagens de negócios atingiram US$ 1,538 bilhão; e as viagens pessoais outros US$ 9,321 bilhões. “

Sabem o que vai acontecer no meio disso tudo? O efeito inverso. Vai haver um retrocesso de dez anos, jogando fora todo trabalho do setor e do governo para regularizar essa operação, facilitando a vida dos brasileiros sem onerar o orçamento através de uma bitributação. Em vez de atrair mais divisas, o Brasil vai causar uma fuga imensa de capital e ainda inflar o mercado paralelo de maneira impensável.

É uma decisão retrógrada, que vai prejudicar as empresas e famílias que dependem do envio de dinheiro aos seus dependentes no exterior. Espero realmente que haja um movimento para que o governo repense a decisão.

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Bolsa, Investimentos
“Circuit Braker”: a paralisação da Bolsa chinesa
4 de janeiro de 2016 at 18:10 0

circuit braker

Começamos a primeira segunda feira útil do ano com a surpresa, que foi o "circuit braker" nas bolsas chinesas, que é a interrupção das operações, pela primeira vez na história. As bolsas do mundo inteiro foram afetadas. No Brasil, a BOVESPA entrou em queda e o dólar passou R$ 4,00.

A indústria chinesa vem encolhendo por 10 meses consecutivos, o que preocupa a todos, pois a China é um dos maiores importadores e também um grande exportador e, quando seu desempenho diminui, afeta os mercados do mundo todo.

Por sermos grandes parceiros comerciais, o problema na China agrava ainda mais a situação da economia brasileira. Com a perspectiva de redução do crescimento chinês neste ano, as nossas exportações serão diretamente afetadas, principalmente a de minério de ferro. Metade de todo minério de ferro extraído no Brasil é importado pela China. Sim, 50% de toda nossa produção. A soja também é uma commoditie que será afetada, porém temos as compensações em todo mercado global.

O movimento de desvalorização do dólar também é um fator preocupante para o Brasil. O ciclo de desvalorização das moedas dos países emergentes vai dificultar ainda mais o fortalecimento das exportações e das importações para as empresas brasileiras. As exportações são grandes aliadas à indústria neste momento de crise econômica no país.

O Brasil agora, mais do que nunca, precisa providenciar uma maneira rápida e eficaz de avançar nas reformas que, ao menos, possam impedir a piora deste quadro.

Feliz 2016, Brasil!

 
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