Tenho a impressão de que, até esta semana, poucos poderiam imaginar que uma pandemia viral fosse capaz de levar o preço internacional do barril do petróleo a valores negativos. Mais um efeito econômico-financeiro devastador da “guerra” ao coronavírus, tecnicamente conhecido por Covid-19.
Entre os atentos aos desdobramentos da pandemia, cito o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
No final do mês passado, baseado na queda alarmante dos preços do crude e derivados, o executivo já antecipava, em videoconferência com os investidores, a pior crise mundial do setor do petróleo em 100 anos, responsável pela quase total paralisação da atividade e a diminuição da procura da commodity.
Ao contrário do quadro atual, nas crises anteriores, a cotação do chamado ouro negro dispararam em função de dois conflitos militares e um enfrentamento político no Oriente Médio: a Guerra do Yom Kipur (1973), a Revolução islâmica no Irã (1979) e a Guerra Irã-Iraque (de 1980 a 1988).
Em 73, a guerra entre Israel com o Egito e a Síria levou a OPEP a decretar, por seis meses, embargo das vendas de petróleo aos países apoiadores de Israel, principalmente aos EUA. Os preços nominais subiram de 3 para 12 dólares por barril.
Menos de uma década depois, a Revolução no Irã e o conflito armado entre iraquianos e iranianos provocaram subidas vertiginosas nos preços, aumentando de 13 para 34 dólares o barril, entre 1979 e 1981 (de 50 para 120 dólares a preços atuais).
O conflito entre israelenses, sírios e egípcios provocou uma prolongada recessão nos Estados Unidos e na Europa, desestabilizando a economia mundial.
A tendência atual de baixa acentuada do petróleo vai ao encontro da percepção dos mercados de que o corte de quase 10 milhões de barris/dia, divulgado pela OPEP dias atrás, será incapaz de reverter a queda do consumo mundial da commodity, estimado em, aproximadamente, 30%, devido à devastação causada pelo Covid-19.
Há dois dias, contrato WTI para maio chegou a cair 305,9% na Bolsa de Nova York e encerrou o dia cotado a US$ 37,63 negativos, indicando que os países produtores de petróleo pagariam aos comerciantes que tirassem o petróleo de suas mãos.
Ontem, o contrato se recuperou, subindo mais de 107,47%, já em índice positivo, com a cotação barril a US$ 2,81.
Nesta quarta-feira, o site Infomoney , maior site especializado em investimentos pessoais e educação financeira do Brasil, reportou “que após duas sessões bem negativas e de operar nas mínimas desde 1999 mais cedo, a sessão é de disparada para as cotações do petróleo. O contrato WTI com vencimento em junho sobe 27,48%, a US$ 14,75 o barril, enquanto o brent tem alta mais modesta, de 8,12%, mas volta a superar o patamar dos US$ 20 o barril, a US$ 20,90.”
Ainda, segundo o site, o pronunciamento da véspera de Donald Trump prometendo ajudar o setor de petróleo também movimento o mercado da commodity na sessão.
Aguardemos as próximas horas….
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