Algumas notícias e artigos me chamaram a atenção neste fim de semana de feriado prolongado. Obviamente todas citam o nosso momento econômico e político. Uma das que mais me chamou atenção foi um artigo no Estadão, cujo título é “A crise de Dilma vai a Turquia“. O artigo, além de chamar a atenção para o momento político e econômico bastante complexo, cita alguns comentários na reunião do G-20, realizada em Ancara, cidade Turca.
Vou relatar alguns trechos deste artigo, pois relata a nossa atual realidade, vista pelo lado de fora, dentro da análise do cenário global esboçado pelos economistas do FMI, como: “condições políticas em deterioração”, “no Brasil, a fraca confiança de empresários e consumidores, no meio de condições políticas difíceis, e o necessário aperto da política macroeconômica devem enfraquecer a demanda interna, com o investimento caindo de forma particularmente rápida”.
O Brasil foi citado por todas as suas dificuldades que são momentâneas, mas maiores que de seus pares emergentes em função, principalmente, de “condições políticas e deterioração”.
Outra pequena matéria, que não me passou desapercebida, foi sobre uma pesquisa oculta feita com políticos do PMDB em que se constatou que 50% já apoiam o impeachment. O que significa isto? Cada vez mais temos a percepção de que hoje o PMDB é quem realmente vai dar as cartas para decidir o futuro da Presidenta Dilma. Além disso, a fala do vice Michel Temer sobre a inviabilidade de governabilidade com baixa popularidade, também noticiada durante todos os meios de comunicação, deixou claro que existe um possível movimento de desembarque. Meu entendimento é que o mesmo já se coloca como uma real via alternativa de transição pois, em tese, o Vice não deveria se posicionar em público. E não é só uma forma de mostrar insatisfação, mas sim de se posicionar diante do possível desenrolar das decisões de aprovações – ou não – das contas, que sairão nos próximos dias.
Enfim, foi um feriado bastante movimentado.
O aspecto de mercado que me chamou a atenção nessa semana:
A persistente alta do dólar tem chamado a atenção, pois as tesourarias dos grandes bancos locais e estrangeiros começam a perceber que os sinais emitidos pelo Banco Central de que há tendência de queda das taxas de juros já não é a mesma percepção do mercado. O BC ofereceu títulos federais na semana passada, em um leilão de taxas pré-fixadas, mas o mercado pediu um prêmio mais alto. Assim, o BC cancelou o leilão e já avisou que vai oferecer leilões de Swaps em dólar, para diminuir a volatilidade e manter a paridade mais equilibrada. Isto não é um bom sinal, pois as tesourarias já começam a pedir um prêmio alto na dívida local, dado o risco institucional e o Investment Grade em questão. O problema é que não conseguimos enxergar o que é o preço técnico do dólar, se é que tem. Tecnicamente pode ser R$ 4,00 ou R$ 4,50, depende do grau de deterioração econômica e política que agora passam a andar de mãos dadas. Isso significa que não tem nada certo em relação ao dólar e juros.
Os juros, que até então aparentavam calmos e já se esperava uma possível queda no primeiro trimestre de 2016 – o que parecia ser suficiente para manter a meta de inflação sob controle, começam a despertar desconfiança caso o dólar continue nessa escalada de preço. Somado a isso, o prêmio mais alto pedido pelo mercado é uma sinalização preocupante. A indefinição na área política e nos ajustes necessários para a contenção de um déficit minimamente aceitável, criam uma situação bastante incômoda para o BC controlar a corrida para o dólar.
Pode ser que só vender Swap não seja suficiente para acalmar os agentes, que começam a duvidar do equilíbrio econômico e é aí que as coisas se complicam, pois isso vai demandar vendas spot do dólar e alta de juros.
O mercado está assustado, transmite sua inquietação através de preços dos ativos e sabe que, se não tivermos rapidamente uma solução para o embrulho político/econômico, as coisas podem ir para caminhos bem mais difíceis de serem resolvidos. Então, só restará a política econômica ortodoxa, com juros altos e controle de câmbio, ocasionando a queima de reservas cambiais. Já vimos isso antes.
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